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maio 17, 2005
A Rábula de Sócrates
Segundo a comunicação social Sócrates manifestou a sua preocupação com o estado das contas públicas portuguesas, depois da declaração proferida sábado pelo Governador do Banco de Portugal em como a situação orçamental de Portugal é bem pior do que ele próprio julgava. Todavia afirmou preferir esperar para conhecer os dados concretos para depois tomar qualquer medida.
Ora a situação financeira do país, com ± 1% de erro, era conhecida. E não apenas a situação financeira existente no mês X, como a sua dinâmica, que era calamitosa. Aliás, o que há de mais grave na situação financeira e económica do país é justamente o vórtice para onde ela desliza, cada vez mais inexoravelmente. Não seria de esperar que Sócrates lesse os blogs que a esquerda odeia, mas certamente deveria ter lido os diagnósticos feitos por Daniel Bessa, Silva Lopes, Miguel Cadilhe, Medina Carreira, etc.. Igualmente teria obrigação de ler, em matéria económica, os jornais da especialidade, em vez dos jornais generalistas, ditos de referência, onde os jornalistas escrevem sobre os seus desejos e nunca sobre as realidades.
Portanto aquelas afirmações significam uma de duas coisas:
1) Sócrates vive num mundo de quimeras afastado da realidade e não é competente para a tarefa que desempenha;
2) Aquelas declarações são uma rábula para ele protagonizar o papel de ingénuo perante a opinião pública e, quando conhecer os dados concretos, alegar ser vítima dos governos anteriores e tomar as medidas que sempre combateu ferozmente, quando era oposição aos governos anteriores. E um governante dado a este tipo de rábulas não é fiável nem competente para a tarefa que desempenha.
Qualquer das hipóteses anteriores é preocupante. Nomeadamente quando incidem sobre alguém que se prepara para mexer nos nossos impostos: Quais? Quanto? Como? Onde? Quando? Quantas vezes? Para quê?
Sócrates pode bem vir a protagonizar o novo Robin Hood, só que em moldes paleo-liberais: roubar a todos, incluindo os da floresta de Sherwood, para alimentar o séquito cada vez mais numeroso e ineficiente do xerife de Nottingham.
Ler sobre o OR rectificativo e antecedentes:
Fé, Esperança e Caridade
A Política dos Balões
O Apóstata Cravinho
Verba et circenses
Verba non Res
Poeira ou Descontrolo?
O Caso de Défice Misterioso
Publicado por Joana às maio 17, 2005 12:01 AM
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Comentários
Considero francamente preocupantes essas declarações de Sócrates.
Tudo leva a crer que ele vai meter a mão no meu bolso ( e nos outros) armado em vítima do relatório Constâncio.
Publicado por: Ant Curzio às maio 17, 2005 12:59 AM
A mãe do Josezito veio dizer, no período de pré-campanha eleitoral, que ele era magnânimo, tanto como o Rei que ficou com esse cognome. Aliás, ainda segundo a mãe e na mesma entrevista, depois de ter comprado os dois explêndidos apartamentos no mesmo excalente prédio da Rua Brancamp, em Lisboa, um para uso dele o outro para usufruto da mãe, comprou na aldeia avoenga das Beiras um palácio com ameias exactamente do tempo de D. João V. Tudo isto a mãe do Josezito disse em entrevista publicada em Jan/Fev 2005. Não disse de onde veio a possibilidade de ser assim tão magnânimo como D. João V. Deste sabemos que tal prodigaliddade provinha do ouro do Brasil. Do José Sócrates e do seu relacionamento com o Brasil, sabemos que foi à desamparada Angra dos Reis e aí demonstrou a sua prodigalidade entrando com uns milhões de Euros do nosso Erário Público (pois se é público!) para o saneamento dessa pobre terrinha abençoada por Deus e parece que apadrinhada pelo José Sócrates. Se não sabemos, apenas suspeitamos, como pôde ele até agora vender cabritos sem possuir cabras, como poderemos saber como pode ele continuar a ser magnânimo se dizem que ele não pode ser pródigo?
Publicado por: JM às maio 17, 2005 01:10 AM
"tomar as medidas que sempre combateu ferozmente, quando era oposição aos governos anteriores..."
... fazendo lembrar Durão Barroso que, quando era líder da oposição, fez espalhar pelas ruas cartazes com a frase de mau gosto "pena máxima para a colecta mínima", e que depois, mal se achou no governo, instituiu um Pagamento Especial por Conta que é, precisamente, uma forma de coleta mínima.
Joana: são todos iguais. Ou antes: cada qual é pior do que o outro.
Publicado por: Luís Lavoura às maio 17, 2005 08:43 AM
Se há coisa que eu detesto é quererem fazer de mim parvo. E, como a Joana tão bem explicou, é o que se passa. A única maneira de ultrapassar esta sensação de frustração e raiva é eu poder considerar que cada governante é um actor e o governo uma autêntica companhia de teatro. Mas aí surge outro problema: o preço do bilhete que vou pagando a prestações é estupidamente caro para a peça em cena. E as prestações aumentam com o passar dos anos e não se vê um fim ao drama. Acho que está na altura de armazenarmos uns quandos ovos e tomates podres para mostrarmos a nossa reprovação.
Publicado por: JMTeles da Silva às maio 17, 2005 09:28 AM
Já não há pachorra!!!! O discurso está gasto (parece um disco riscado...) Cada político novo (às vezes já são velhos nos seus lugares...) que chega ao poder, volta a repetir o mesmo, a mesma ladaínha!.. Mas pergunto: será que o país conseguirá, alguma vez, atingir a estabilidade económica e o progresso? Porque não deixaram a Manuela F. Leite continuar o seu trabalho?..Era assim tão mau?...
Publicado por: josé às maio 17, 2005 10:05 AM
As colectas mínimas têm o problema de serem cegas. As empresas que praticamente só existem no papel (amigos que se juntaram para fundar uma empresa fora das horas de expediente, por exemplo) são penalizadas e muito.
Publicado por: Hector às maio 17, 2005 10:21 AM
Luís Lavoura às maio 17, 2005 08:43 AM: Quando foi o fim do governo de Guterres não havia uma situação tão nítida, como agora, do descalabro financeiro do país. Principalmente aquilo que a Joana referiu da dinâmica vertiginosa para o abismo.
Sabia-se que havia um défice, que era superior ao que o G Oliveira Martins anunciava (cada vez que falava dizia um nº diferente), mas não se tinha a percepção do caos existente.
Publicado por: Hector às maio 17, 2005 10:26 AM
"As colectas mínimas têm o problema de serem cegas"
Pois têm. Mas são, não obstante, indispensáveis. Existem coletas mínimas noutros países - por exemplo em Espanha. É impraticável exigir-se faturas por todos os serviços e vendas - por exemplo, o quiosque de venda de jornais e revistas, o restaurante de bairro, os táxis, etc. Passar faturas custa tempo e papel e leva, efetivamente, a uma perda da eficiência do serviço. Justificam-se faturas numa empresa que faz poucas vendas, cada uma delas de grande valor; não se justificam numa empresa que faz múltiplas vendas de pequeno valor.
O problema das empresas fictícias deve ser resolvido diminuindo a burocracia e despesa para a criação e extinção de empresas. Não é a eliminação da coleta mínima que resolve o problema.
Publicado por: Luís Lavoura às maio 17, 2005 10:41 AM
Neste post, como em muitos que o antecederam, verifica-se a existência simultanea de dois factos curiosos e, obviamente antagónicos:
a)-A continuada sanha persucutória contra J. Sócrates, onde se procura duma forma despudorada implicá-lo pelo actual estado das finanças públicas;
b)-A sistemática desculpabilização dos verdadeiros responsáveis da crise orçamental.
Onde estão agora todos os que incensaram os ex-ministros das finanças e as suas politicas de controlo orçamental?
Estavam verdadeiramente convencidos que as meras medidas de engenharia financeira, (eu, por razões profissionais, prefiro chamar-lhe "operações de cosmética"), conduziam a uma situação diferente da actual?
Recordam-se da célebre operação da Quinta da Falagueira? Que frutos daí resultaram, à excepção
das controversas férias passadas numa ilha brasileira?
As virgens que se sentem agora ofendidas, não são as mesmas que cometeram adultério publico?
Caros amigos: o problema existe e toca-nos a todos. Porém, para a sua resolução nenhum de nós quer ser afectado de forma particular.
Publicado por: Luís Filipe às maio 17, 2005 11:24 AM
Sobre as colectas minimas convém dizer:
1)-O autor da famosa frase "pena máxima para a colecta mínima" foi Marcelo Rebelo de Sousa.
2)-Não existe actualmente colecta mínima. O famigerado PEC, que tem hoje o valoe de 1.250 euros, só passa a ter o conceito de imposto se as empresas, nos 4 anos subsequentes ao seu pagamento, não tiverem matéria colectável cuja incidência da taxa de IRC permita fazer a dedução do PEC.
O PEC aplica-se exclusivamente às empresas que optaram pelo regime de tributação geral, mesmo que o seu volume de vendas seja inferior a 30.000 contos. As outras empresas, abrangidas pelo regime simplificado, independentemente do seu resultado fiscal, pagam 1.250 euros.
Publicado por: Luís Filipe às maio 17, 2005 11:38 AM
Luís Filipe em maio 17, 2005 11:24 AM:
O principal responsável pela crise orçamental foi o consulado de Guterres. Foi ele que aumentou desmesuradamente os efectivos do sector público e aumentou o funcionalismo acima dos aumentos médios do sector privado. Esses efeitos não se sentiram imediatamente porque houve despesas que diminuiram (os encargos com a dívida que diminuiram pela entrada no euro). Como essa despesa é rígida (não se podem despedir funcionários públicos nem diminuir-lhes o vencimento) a partir daí ficou a "pesada herança" que ainda ninguém conseguiu resolver
Publicado por: Hector às maio 17, 2005 12:21 PM
Considero uma perfeita hipocrisia terem andado 3 anos em total oposição a medidas de contenção da despesa corrente, e agora responsabilizarem esses governos por não terem resolvido o problema.
E a hipocrisia maior é considerarem esses governos os responsáveis pela crise orçamental.
Em certa medida é merecido, pois esses governos deviam ter tido mais coragem para cortar a direito
Publicado por: Hector às maio 17, 2005 12:24 PM
Sampaio arranjou um casamento para Sócrates. Ficaram todos felizes na boda, mas nenhum deles se tinha apercebido que a noiva tinha um péssimo feitio.
Pensavam eles que a relação com os namorados anteriores (Durão e Santana) era má apenas por culpa destes, e a "bela" estava livre de pecado.
Publicado por: Mário às maio 17, 2005 02:02 PM
É uma escandaleira o caso da via do Infante. O Sócrates garantiu em Faro, na campanha, que não haveria portagens.
Publicado por: Rave às maio 17, 2005 02:22 PM
Pensando melhor, esta ameaça do fim de algumas SCUT é para prepara o terreno para outrso impostos ainda mais chatos e dizer depois todo satisfeito: Estão a ver como não mexi nas SCUT!
Publicado por: Rave às maio 17, 2005 02:29 PM
Importavam-se, por favor, de me explicar onde está a novidade?
Desde a saída (incluíndo) de Ferro, tudo foi encenado, combinado e organizado para retomar o poder.
E, na boa tradição socialista, um estratégia de recados (Constâncio), preocupações, estudos, e depois, a finalizar, as hipotéticas medidas, a contragosto, com ministros em estado de choque, a dizer que não há outra solução.
Let's face it: crise económica, instabilidade planetária, petróleo caro, gestão guterrista desastrosa, concorrência mais aberta = Atraso em Portugal, para MUITOS anos.
Quer gostemos, quer não.
Publicado por: Cirilo Marinho às maio 17, 2005 05:30 PM
Nós merecemos. Afinal, quando é para comentar somos todos muito espertos e finos nas criticas, mas quando toca a votar, a escolha cai sempre sobre quem nos promete menos sacrifícios. Desta vez foi no Sócrates. Alguém acredita sinceramente que 200+ anos de política de emendam num mandato? Ou mesmo em dois?
Basicamente, temos tido dois tipos de políticos: os reformistas (Costa Cabral, Fonte Pereira de Melo, Cavaco, etc.) que põem a sociedade aos pulos. O pessoal acalma-se depois com um qualquer Saldanha, Guterres ou Sócrates.
De resto a margem que qualquer governo tem para alterar as estruturas da adminsitração pública é minima, pelo menos sem sofrer uma forte erosão na sua própria base de apoio. Medidas desse tipo, com resultados muito afastados no tempo apenas preparam o terreno para populismos de direita ou esquerda. Parece que o futuro nos reserva tempos ainda mais tristes: Santana Lopes ou Francisco Louçã...
Publicado por: Pedro Oliveira às maio 17, 2005 05:51 PM
Bom, acjho que ficou provado que 3 anos de cortes aqui e ali não serviram de nada. Aliás M Ferreira Leite quando era Secretária de Estado do Orçamento (antes de ser Ministra da Educação de Cavaco Silva, fez o maior erro de previsão orçamental de que havia memória. Nesses tempos já o deficit era de 7%.
Portanto o argumento do deficit tem algo de falacioso como meta-dispositivo ideológico para aceitarmos restrições. No entanto haverá um deficit real que era melhor que não houvesse, pelo menos tão elevado. Também acho que o caminho é a inovação tecnológica dos portugueses no design, na multi-funcionalidade e na versatilidade. Os portugueses foram dos povos que mais se expandiram proporcionalmente à pool de origem, nessa coisa chamada lusofonia.
Publicado por: pyrenaica às maio 17, 2005 06:36 PM
Luís Lavoura,
O cartaz com o slogan "pena máxima para a colecta mínima" é da "autoria" do MRS, não do Barroso.
Publicado por: LR às maio 17, 2005 07:08 PM
pyrenaica às maio 17, 2005 06:36 PM
Inovação tecnológica? Agora já é tarde (300 anos de atraso).
E também não é preciso: compramos tudo já feito.
Publicado por: Senaqueribe às maio 17, 2005 09:43 PM
pyrenaica às maio 17, 2005 06:36 PM
Inovação tecnológica? Agora já é tarde (300 anos de atraso).
E também não é preciso: compramos tudo já feito.
Publicado por: Senaqueribe às maio 17, 2005 09:44 PM
A situação do défice é conhecida por todos, ou quase toda a a situação. O que me espanta é que o governo com maioria absoluta seja constantemente bombardeado por opiniões, predições, soluções, etc. Os chamados treinadores de bancada que dizem, por exemplo, GOVERNO VAI AUMENTAR IMPOSTOS, em letras garrafais nas primeiras páginas de alguns jornais e, depois em baixo, com letras mais pequenas - Governo "pode" aumentar os impostos. Ora, isto quer dizer que a imprensa já não sabe falar do presente, como li hoje num jornal e que à falta de notícias concretas e verdadeiras se "navegue" ao sabor da especulação e das vendas.Depois vemos debates televisivos com Bagão Félix e outros "experts" em finanças dizendo o que é inevitável e o que já ouvimos todos e, no fundo e ao certo, ninguém ou poucos sabem realmente onde são gastos os dinheiros públicos e que dinheiros são gastos exatamente. Porquê?
Publicado por: Simão às maio 24, 2005 08:15 PM
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Publicado por: military schools às junho 11, 2005 11:14 PM