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maio 30, 2005

A França escreve direito por linhas tortas

A votação de ontem em França e, principalmente, o que foi dito durante a campanha, mostraram que não é apenas o modelo social europeu que está em risco – É a própria Europa que está à beira do abismo. A Constituição Europeia não ia trazer qualquer alteração à mundialização e à contínua deslocalização das empresas para o Leste da Europa ou para a Ásia. A Constituição Europeia é contestável em termos da soberania dos Estados membros, nunca em termos de modelo social de cada Estado membro, sobre o qual não é directiva, limitando-se à retórica social aqui e ali. Os franceses não discutiram e votaram a Constituição Europeia: apenas exorcizaram os seus temores face a um mundo em mutação, que não compreendem, de que têm medo e que não aceitam.

O Tratado de Maastricht ou a recente adesão dos 10 países de Leste tiveram impacte na economia europeia, mas são factos consumados: hoje temos a moeda única e 10 novos países com baixos custos de mão de obra e com uma legislação laboral liberal. E a França vai ter que viver com eles, com Constituição ou sem ela. A UE não impediu Mitterrand de nacionalizar empresas em 1981, nem impediu Chirac de as reprivatizar em 1986. A Constituição não passa de um rosário de banalidades repetidas e redundantes, de uma tentativa perigosa de “cristalizar” situações, blindando-as ao longo de centenas de páginas. A Constituição Europeia sofre do mal das constituições de raiz jacobina, estatizante e iliberal (como a portuguesa, aliás) – porque teme o futuro, tenta “imobilizar” o presente.

Os franceses estão contra um grande mercado europeu concorrencial, basta ver como contestaram a Directiva Bolkestein que visava a liberalização do mercado de serviços, inserida na agenda de Lisboa que pretendia fazer da UE a "a zona económica mais competitiva do mundo" no horizonte 2010; os franceses estão contra a globalização e as suas exigências competitivas, a partir do momento em que essa globalização trouxe o reverso da medalha – a emergência dos gigantes asiáticos; os franceses estão contra a flexibilização laboral e contra o regresso ao horário de trabalho anterior à reforma do governo PS, porque não prescindem das “conquistas irreversíveis”; os franceses estão contra as deslocalizações, sem se aperceberem que elas são o resultado de uma legislação laboral incomportável; os franceses estão contra a entrada da Turquia na UE e contra a imigração porque têm medo de um futuro imprevisível. A França está contra tudo o que lhe cheire a mudança.

Quando a sociedade está confrontada com mutações exógenas cujas causas e consequências tem dificuldade em compreender, quando sente que “tudo o que é sólido se dissolve no ar”, entra numa crise de consequências imprevisíveis. Nos alvores da Revolução Industrial, populares irados invadiam as fábricas e escavacavam as máquinas sob a alegação que estas geravam o desemprego. A Grande Guerra e os desequilíbrios económicos provocados pelas destruições maciças e pelas alterações políticas, nomeadamente a implosão da monarquia austro-húngara, levaram a Europa continental a enveredar por uma via totalitária, por uma via de autarcia económica e a deixar-se seduzir por ideologias totalitárias, de esquerda e de direita, que tinham em comum a teoria da conspiração segundo a qual todos os males da sociedade e da economia são devidos a uma conspiração dos poderosos (a «classe dominante» marxista ou a «plutocracia e o judaísmo» nazi), que a sujeitam aos seus desígnios egoístas e tenebrosos. Sabe-se a que é que esta crise de valores e este desatino social conduziram.

Os países anglo-saxónicos e do norte da Europa, onde o pensamento liberal tem raízes mais fortes e onde o centralismo administrativo e a ideia jacobina do Estado centralizado e omnipresente não fizeram história, estão mais imunes ao desatino político e social em que vive a França e em que, mutatis mutandis, vive Portugal.

Quando a esquerda francesa acha a Constituição ultraliberal e a direita acha que o liberalismo é tão perigoso como o comunismo, apenas dão socos no ar. As empresas francesas e alemãs que deslocalizam unidades de produção, fazem incidir essa deslocalização em produções de baixo valor acrescentado ou de valor acrescentado não competitivo, para poder depois exportar para o resto do mundo. A Alemanha é o 2º maior exportador do mundo. A sua grande indústria só conseguirá sobreviver pela deslocalização dessas unidades que perderam a competitividade devido aos elevados encargos fiscais e legais na Alemanha.

A autarcia que alguns anseiam como “panaceia” para uma situação para a qual não encontram remédio por estarem agarrados a velhos ícones, apenas conduzirá à ruína e à disseminação de ideias totalitárias baseadas no “remédio Estado”, que apesar de já ter conduzido a tantos desastres, regressa sempre em roupagens novas.


Sobre a crise francesa ler ainda:
A Eurosclerose da França abril 03, 2005
Chirac e Eastwood abril 15, 2005
Esquerda e Direita? março 29, 2005

Bom Senso e Bom Não Junho 5, 2005

O Novo Waterloo

Publicado por Joana às maio 30, 2005 08:12 PM

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Comentários

La France Profonde: Cuidado com ela...

A outra, a superficial (Paris-Ile-de-France, Lyon, etc), votou maciçamente no SIM...

Publicado por: P Vieira às maio 30, 2005 08:45 PM

E a Bretanha e ... Strasbourg, claro ...
Dá-me ideia, à distância, que as zonas de maior domínio do Não são aquelas onde o desemprego é, geralmente, maior.

Publicado por: Joana às maio 30, 2005 09:07 PM

Publicado por: Joao P às maio 30, 2005 10:17 PM

aqui e não onde disse anteriormente.

Publicado por: Joao P às maio 30, 2005 10:22 PM

Joao P em maio 30, 2005 10:22 PM:
Obrigada. Era o que eu calculava: zonas tradicionalmente operárias, onde o desemprego é maior e as ameaças grandes. Os jovens, que são os mais ameaçados ... embora não pela globalização, mas pela rigidez laboral dos insiders que é um travão ao desenvolvimento, e os agricultores que vivem muito subsidiados e temem perda de regalias.

Publicado por: Joana às maio 30, 2005 10:40 PM

Excelente análise. Concordo que os franciús devem ter votado bem, por motivos errados!

Publicado por: Rui Sá às maio 30, 2005 10:57 PM

Mas como a Joana "inventariou" mais de 600 razões para o Não, qualquer serve.

Publicado por: Rui Sá às maio 30, 2005 10:59 PM

Todos os resultados em

http://www.liberation.fr/elections/resultats/ref1

Publicado por: carlos alberto às maio 30, 2005 11:11 PM

Joana,

Porque razão é que uma autarcia económica não funcionaria, num espaço de 500 milhões de pessoas? O liberalismo é interessante porque permite o alargamento dos mercados, mas um mercado de 500 milhões de consumidores com alto poder de compra não precisa de ser alargado. O que é lógico, do ponto de vista da preservação das economias e do desenvolvimento, é dividir o planeta numa dúzia de regiões economicamente auto-suficientes, que permitisse às mais desenvolvidas preservar a sua economia e permitisse às menos desenvolvidas gerar a sua própria capacidade produtiva. Num futuro longínquo, quando essas economias regionalizadas tivessem convergido, poder-se-ia finalmente globalizar. O que se sacrificaria em termos de poder de compra por não tirar vantagem dos produtos mais baratos, facilmente seria compensado pela manutenção de postos de trabalho. Repare-se que a África do Sul deveu muito do seu desenvolvimento industrial ao boicote devido ao apartheid, e que a antiga Rodésia ía pelo mesmo caminho pelas mesmas razões. Os inconvenientes das economias fechadas notam-se quando a escala é relativamente pequena, porque isso não permite uma especialização nem permite as economias de escala. Em economias de centenas de milhões de pessoas os inconvenientes são mínimos. Até porque a concorrência externa pode ser substituída pela concorrência interna. É altura de nos deixarmos de reacções pavlovianas quando se fala de proteccionismo.

Publicado por: Albatroz às maio 31, 2005 12:01 AM

Albatroz

Essa é a solução !

Aliás era esse o caminho que estava traçado até os Neo-liberais terem inventado a Globalização.

O Mundo terá que ter grandes Blocos. ( só havia 3) e há várias possibilidades...

EUA+Canadá, UE+Rússia, China, India, Brasil+Sul Americanos. E os Japoneses com Estatuto Especial tal como a Austrália.

o Perigo de uma 3ª Guerra Mundial, vem de se querer dividir o Globo em Hemisfério Norte e Hemisfério Sul.... e com estas politicas funestas, é para lá que nossos dirigentes nos estão a encaminhar.

E Aqui até concordo com a Joana, pode muito bem, levar ao resurgimento do Neo-Fascismo na Europa, a começar pelos partidários de Le Pen !

Publicado por: Templário às maio 31, 2005 12:45 AM

Análises muito lúcidas, esta e as anteriores, que indicou.

Publicado por: v Forte às maio 31, 2005 01:22 AM

A França escreveu direito por linha esquerda. Foi um não de esquerda

Publicado por: Cisco Kid às maio 31, 2005 01:48 AM

"as deslocalizações [...] são o resultado de uma legislação laboral incomportável"

Não. A Joana não gosta da legislação laboral, e portanto atribui as deslocalizações a essa legislação. Mas o facto evidente é que haveria deslocalizações mesmo que a legislação laboral na Europa Ocidental fosse muito liberal. Prova disso é o caso dos EUA, onde a legislação laboral é muito mais liberal do que na Europa, mas em que também as deslocalizações são muito mais abundantes (e antigas).

Há deslocalizações basicamente por dois motivos:

1) Lei da oferta e da procura de mão-de-obra. No Terceiro Mundo a mão-de-obra é super-abundante, logo barata.

2) Proximidade dos mercados. As empresas preferem produzir no Brasil ou na China os produtos que pretendem vender a sul-americanos ou a chineses.

Ambos estes fatores são, na sua génese, independentes da legislação laboral. Mesmo que a legislação laboral em França fosse super-liberal, os trabalhadores franceses continuariam a ser escassos e tendencialmente caros. A China não se pode dar ao luxo de ter uma legislação laboral restritiva, porque tem que empregar centenas de milhões de pessoas.

Publicado por: Luís Lavoura às maio 31, 2005 09:17 AM

Não deixa de ser irónico que a esquerda proteste contra governos que "deixam" as empresas ser deslocalizadas para países, onde afinal essas mesmas empresas vão dar trabalho a famintos, que são e serão, ou eram, as suas bandeiras de luta.

Afinal onde é que está a solidariedade ?

Publicado por: carlos alberto às maio 31, 2005 09:31 AM

Sim, Luis, é verdade que nos Estados Unidos também existem situações de deslocalização, principalmente para o Sul (México, Brasil, etc). No entanto, a verdade é que o mercado laboral americano não sofre do mesmo imobilismo que o europeu. Sem dúvida que foram destruídos muito mais postos de trabalho nos Estados Unidos que na Europa, nos últimos 10 anos (cerca de 300 milhões de postas de trabalho perdidos nos EUA) mas em contrapartida muitos mais foram criados (uns 350 milhões) com um saldo largamente positivo. É verdade que isto significa que, em média, cada americano mudou duas vezes de posto de trabalho nos últimos 10 anos, e que por vezes terá sido para melhor, outras para pior. A verdade, no entanto, é que o tão desprezado modelo económico-social neoliberal cria emprego - nem é necessário atravessar o Atlântico, temos os exemplos do Reino Unido e da Irlanda aqui mesmo ao pé - enquanto o tão glorificado estado social 'europeu' os destroi lentamente, é certo - o proteccionismo estatal trava, embora não completamente a sua erosão - sem que seja efectuada a sua reposição. Não admira. Quem é que vai contratar trabalhadores se depois necessita fechar a empresa para que os possa despedir?

Publicado por: Pedro Oliveira às maio 31, 2005 09:50 AM

carlos alberto às maio 31, 2005 09:31 AM

Eu não protestei contra as deslocalizações, nem contra os governos que deixam que elas ocorram.

Pedro Oliveira às maio 31, 2005 09:50 AM

Eu não disse que o modelo liberal não tenha uma balanço positivo no saldo de empregos. Apenas disse que ele não impede as deslocalizações, que estas não se devem a uma qualquer rigidez das leis laborais, que ocorrem mesmo que as leis labroais sejam muito flexíveis.

Publicado por: Luís Lavoura às maio 31, 2005 10:08 AM

Luís Lavoura às maio 31, 2005 09:17 AM:
Faço minhas as palavras do Pedro Oliveira. A taxa de desemprego do UK, um país da UE, é metade da taxa francesa.

Publicado por: Joana às maio 31, 2005 10:09 AM

Albatroz às maio 31, 2005 12:01 AM: As economias alemã e francesa, principalmente a primeira, vivem da exportação. Essa sua tese conduziria a uma ruína rápida dessas duas economias e, a seguir, do resto da Europa.
Se você não acredita nos economistas, veja os exemplos históricos. Olhe, este que não citei no texto: a primeira medida proteccionista "a sério", foi o Bloqueio Continental estabelecido por Napoleão para arruinar a economia inglesa. Em vez disso arruinou a economia europeia, que sofreu de muito longe mais que a inglesa.
Não são reacções pavlovianas quando se fala de proteccionismo. São análises fundamentadas.

Publicado por: Joana às maio 31, 2005 10:17 AM

Por causa disto :

Perpignan, cidade do Sul de França, está desde ontem em estado de alerta. Dezenas de polícias reforçaram o patrulhamento nas ruas, temendo confrontos entre as comunidades magrebina e cigana, tudo porque, no lapso de uma semana, duas pessoas da primeira terão sido assassinadas pelos segundos. Vive-se, dizem as autoridades, uma onda de violência sem precedentes nos últimos anos.
(Público de hoje)

Acontece aquilo:

http://www.liberation.fr/elections/resultats/ref1/4971.html

Publicado por: carlos alberto às maio 31, 2005 10:26 AM

As deslocalizações são um fenómeno próprio do desenvolvimento. Quando um país se desenvolve, as actividades de valor acrescentado mais baixo e menos qualificado movem-se para zonas de menor qualificação e de custos adequados às qualificações exigidas.
O que está a suceder com os têxteis portugueses, sucedeu em sentido inverso há vinte anos, quando se estabeleceram cá.
O problema é que há deslocalizações de produtos de alguma tecnologia da Europa Central para a Europa de Leste e, a nós, calhou-nos agora a vez nos têxteis.
O grave foi que a Europa social (e Portugal mais que todos) construiu uma legislação laboral blindada que dificulta que estas transformações ocorram de forma menos atribulada.

Publicado por: Joana às maio 31, 2005 10:27 AM

Joana às maio 31, 2005 10:17 AM

"As economias alemã e francesa, principalmente a primeira, vivem da exportação."

Isso é verdade, mas a imensa maior parte dessas exportações é para outros países da UE. Se a UE fosse um espaço economicamente liberal no seu interior, mas protecionista em relação ao exterior, as exportações alemãs e francesas praticamente não sofreriam com isso, porque elas são sobretudo orientadas para outros países da UE.

As exportações alemãs e francesas para fora da UE são em boa parte de produtos de alta tecnologia, ou de grande qualidade, que dificilmente podem ser objeto de boicote por parte de outros países. Mesmo que a Europa fosse protecionista, dificilmente países de fora da Europa retaliariam, a não ser sobre produtos secundários (vinhos ou queijos franceses, por exemplo), de pouca monta nas exportações totais da UE.

Publicado por: Luís Lavoura às maio 31, 2005 10:35 AM

Joana às maio 31, 2005 10:09 AM

"A taxa de desemprego do UK [...] é metade da taxa francesa."

No outro dia vi no PÚBLICO umas análises sobre a economia do UK, e fiquei com a vaga impressão de que aquilo é uma economia guterrista. O desemprego é baixo, como o era no Portugal de Guterres. Mas a balança de pagamentos está fortissimamente deteriorada, e a economia do UK parece viver essencialmente à base de uma procura interna inflacionada (isto é, sem contrapartidas no aparelho produtivo), tal qual como a economia portuguesa no tempo de Guterres.

Ou seja, eu, se fosse a Joana, não apresentaria o UK como exemplo de sucesso económico. O desemprego no Portugal de Guterres também era metade do francês... e veja-se no que isso deu.


Publicado por: Luís Lavoura às maio 31, 2005 10:40 AM

Luís Lavoura em maio 31, 2005 10:35 AM: o que você está a sugerir é que os USA e o Japão fiquem com as quotas de mercado europeias. Porque se houver proteccionismo, será assim que os outros países, excepto algumas semi-colónias francesas que estão de "tanga", reagirão.
Veja como os chineses estão a reagir aos pedidos europeus acerca dos têxteis.

Publicado por: Hector às maio 31, 2005 10:54 AM

Hector às maio 31, 2005 10:54 AM

Eu não estou a sugerir nada. Apenas corrigi afirmações da Joana que me pareceram incorretas ou, digamos, enganadoras ("misleading").

Publicado por: Luís Lavoura às maio 31, 2005 10:58 AM

No suplemento de economia do PÚBLICO da semana passada vinham umas análises sobre o desenvolvimento da economia chinesa. Dizia lá que se tratava de um problema nunca visto em termos económicos, porque nunca antes um país de grande dimensão crescera economicamente em regime de mercado aberto. Mais dizia que europeus e americanos estão a ficar preocupados com o ritmo ao qual a China avança para a produção de bens de alta tecnologia.

Se se trata de um problema nunca visto em termos económicos, então o risco é grande, e as lições do passado são de pouco interesse.

A China tem atualmente um acelerador de partículas (que é uma coisa muito complicada de fazer) a funcionar excelentemente. Está a colaborar com a Europa na produção de um sistema de posicionamento por satélite. Inventou independentemente um combóio de levitação magnética, atualmente em fase de testes.

O que acontece é que em breve a Europa nada será capaz de exportar para a China. A única vulnerabilidade da China, como os americanos há longo tempo perceberam, é a sua dependência do petróleo, e a sua incapacidade de competir por ele em termos militares.

Publicado por: Luís Lavoura às maio 31, 2005 11:30 AM

A incapacidade militar chinesa não é total, Luis. Basta lembrar que a China tem (tropas) conselheiros militares no Sudão, a (proteger) orientar os seus investimentos no petróleo sudanês.

Publicado por: Pedro Oliveira às maio 31, 2005 11:51 AM

Pedro Oliveira às maio 31, 2005 11:51 AM

Segundo li recentemente (no livro "Portugal e o petróleo", de dois autores portugueses) os investimentos chineses em petróleo estrangeiro não têm sido muito bem sucedidos. A tecnologia chinesa de exploração de petróleo parece ainda estar longe do "state of the art".

É claro que a China tem grandes capacidades militares, mas ainda está longíssimo de poder competir com os EUA. Os EUA dominam a região do Golfo Pérsico, que é a única com potencial para ainda produzir quantidades substanciais de petróleo daqui a 20 anos. Dominam também o mar, e é por mar que vem praticamente todo o petróleo que a China importa (ou seja, metade daquele que consome).

Publicado por: Luís Lavoura às maio 31, 2005 12:00 PM

Luis, a china, essencialmente, não dispõe (eventualmente, ainda) da capacidade de projecção mundial de poder que está reservada aos Estados Unidos, e em muito menor grau, ao Reino Unido e França. No entanto desenganem-se aqueles que pensam que o poder económico chinês não terá reflexos no seu poder militar, pelo menos a médio prazo. Claro que neste ponto dos acontecimentos não é do interesse da China elevar o grau de conflito: a sua economia seria duramente punida. Por outro lado, um ponto positivo no extremo oriente para o mundo ocidental é a gestão trapalhona por parte da China da crise nuclear na Coreia do Norte, que está lentamente a levar a um rearmamento japonês, e a um dispersar dos seus esforços militares. O bluff relativamente a Taiwan prova isso mesmo: é de recordar a humilhação militar da China face ao Vietname, em 1979 quando da resposta à invasão do Cambodja e derrube do respectivo governo.

Publicado por: Pedro Oliveira às maio 31, 2005 12:24 PM

De qualquer forma, uma coisa que ressalta é que, a médio prazo, a dependência de petróleo do mundo conduzirá a sérios conflitos armados, dada a distribuição muito desigual dos recursos petrolíferos (ou então a graves problemas económicos). Só um rearranjar das economias no sentido da utilização de recursos energéticos internos - principalmente renováveis - poderá evitar esses sérios conflitos armados, ou problemas económicos.

Publicado por: Luís Lavoura às maio 31, 2005 12:46 PM

Recursos energéticos renováveis? Os únicos minimamente viáveis que me lembro são energia eólica (mas necessita de outra fonte como backup), e hídrica. Devia-se era investir a sério na energia nuclear - principalmente fusão. No entanto não é de descuidar a actual tecnologia de fissão. O que vale é que a persistência dos altos preços do petróleo vão voltar a tornar a energia nuclear atractiva, digam o que disserem os 'ecologistas' e 'ambientalistas'.

Publicado por: Pedro Oliveira às maio 31, 2005 01:11 PM

Luís Lavoura às maio 31, 2005 11:30 AM:
Essas análises são "economicistas" no verdadeiro sentido do termo... A experiência mostra que o desenvolvimento da alta tecnologia só em possível em sociedades abertas e democráticas. Nas sociedades totalitárias com uma grande dimensão é possível estabelecerem-se nichos de alta tecnologia, mas têm dificuldades em desenvolver-se ao mesmo ritmo das sociedades abertas. Têm custos muito maiores, que são suportados pelo apoio estatal. E este processo não é sustentável.
Basta ver o que sucedeu na URSS. Basta ver o que sucedeu na Alemanha Nazi, onde muitas invenções não foram levadas à prática, pela ineficiência própria de uma sociedade totalitária.

Publicado por: Joana às maio 31, 2005 01:27 PM

Joana às maio 31, 2005 01:27 PM

A Joana exibe muita fé (no sentido religioso), poucos argumentos.

"A experiência" não é boa conselheira no caso da China. A China não é uma sociedade fechada, como a URSS: há dezenas de milhar de estudantes e cientistas chineses no estangeiro, a aprender e importar técnicas e ciência. O mesmo se passa com a Índia, que também não é uma sociedade fechada. Além disso, tanto a China como a Índia gozam de um enorme investimento externo, que crescentemente leva para lá tecnologias que eles depressa aprendem a copiar. A Índia é, aliás, uma sociedade muito aberta e muito democrática.

Comparar a China e a Índia atuais com a URSS de há 40 anos, e pretender que seguirão o mesmo caminho porque, pretensamente, são todos sistemas "fechados" e "totalitários", é cair num enorme erro.

Publicado por: Luís Lavoura às maio 31, 2005 02:28 PM

Luís Lavoura às maio 31, 2005 02:28 PM
Porque é que você fica transtornado com o empecilho incómodo dos factos?
Apresento factos e você diz que é fé!!

Publicado por: Joana às maio 31, 2005 03:15 PM

«Basta ver o que sucedeu na Alemanha Nazi, onde muitas invenções não foram levadas à prática, pela ineficiência própria de uma sociedade totalitária».
.
O meu ponto de vista não pode ser senão empírico, mas não estou nada de acordo ; desde os «Foguetes» de Von Braun aos «Messerschmitt 262» a jacto, foi uma sorte a guerra ter terminado na altura em que terminou.

Publicado por: asdrubal às maio 31, 2005 03:24 PM

Os alemães estavam inicialmente muito mais avançados e atrasaram-se muito depois. Veja o caso da bomba atómica, por exemplo.

Publicado por: Joana às maio 31, 2005 03:27 PM

Joana às maio 31, 2005 03:15 PM

Quais factos? Eu estava a discutir o caso da China, você vem-me com argumentos abstratos sobre "sociedades totalitárias", URSS e Alemanha Nazi! A China dificilimamente pode ser comparada com um sistema fechado como a URSS: há milhões de chineses por esse mundo fora, a estudar e a trabalhar, as empresas estrangeiras investem em grande quantidade na China (e cada vez mais as empresas chinesas investem no estrangeiro), etc. Isto nada tem a ver com a URSS, com a Alemanha Nazi, e nem mesmo com uma sociedade totalitária!

A Joana é que tem uma fé cega na doutrina liberal. Quando não tem factos nem argumentos para apresentar, apresenta a doutrina de que a URSS e a Alemanha Nazi foram más...

Publicado por: Luís Lavoura às maio 31, 2005 03:45 PM

Não se zanguem !!!
É claro que a China não é uma sociedade fechada.
Isso foi dantes.

Claro que só têm um partido, mas também é verdade que todos podem aderir ao mesmo.
Claro que matam imensa gente, especialmente ladrões, mas isso é um exemplo a copiar.
Os tribunais são complicados.
Pudera é tudo em chinês.

Concedo que não foi bonito lá no tal comboio de levitação terem pegado em quatro milhões de chinezinhos, que estavam num hotel ali ao lado, e como são muito pequeninos, mal se viam por baixo do comboio e foi assim que ele levitou durante cem metros.

Juro que é verdade e se não for que o Livro Vermelho do Camarada Mão caia ali da estante em cima da minha cabeça.

Publicado por: carlos alberto às maio 31, 2005 05:36 PM

Do «Sítio do Não»
.
“Grande Plano” apresentado pela jornalista Conceição Lino, com José Pacheco Pereira, Jorge Miranda, Guilherme D´Oliveira Martins, Paulo Almeida Sande e Teresa de Sousa (em príncipio).
.
Na «SIC Notícias», hoje, às 22.30

Publicado por: asdrubal às maio 31, 2005 06:17 PM

O Mr. Bean também vai?

Publicado por: sururu às maio 31, 2005 06:27 PM

É de fugir, só se safa pela jornalista do Público.
O Pai da Constituição se o deixarem fala o programa todo e no fim nem ele percebe o que disse.

Apostem em qualidade, fugam para o Lusomundo Gallery e vejam pelas 21:00

http://www.imdb.com/title/tt0069995/

Publicado por: carlos alberto às maio 31, 2005 07:12 PM

Joana às maio 31, 2005 10:17 AM

Reforçando o comentário de Luís Lavoura (maio 31, 2005 10:35 AM), pergunto: Quanto das exportações alemãs se dirige para outros países da UE e quanto se dirige para países fora da UE? Só depois de termos esses valores se pode dizer se um quadro proteccionista para a Europa iria arruinar a Alemanha. Ou não será? E depois seria sempre possível canalizar a produção anteriormente dirigida para fora da Europa para o mercado europeu. Por exemplo, se se deixasse de importar automóveis americanos, japoneses e sul-coreanos, haveria mercado para automóveis alemães anteriormente exportados para fora da Europa.
Volto a dizer que o proteccionismo num mercado desenvolvido de 500 milhões de pessoas não impede nem o crescimento nem o progresso. A concorrência interna se encarregaria de garantir esse progresso, impedindo ao mesmo tempo os efeitos nefastos do dumping social. Num sistema de blocos económicos regionais fechados as empresas multinacionais que exploram em seu benefício as possibilidades da deslocalização teriam de ir produzir em cada bloco económico os bens que quisesse aí vender, promovendo o desenvolvimento dos menos desenvolvidos sem ameaçar os mais desenvolvidos. Este sistema perturba as mentes preguiçosas? Paciência, porque penso bem que esse será o caminho que iremos seguir num futuro não muito longínquo.

Publicado por: Albatroz às junho 1, 2005 01:47 AM

"Os franceses não discutiram e votaram a Constituição Europeia: apenas exorcizaram os seus temores face a um mundo em mutação, que não compreendem, de que têm medo e que não aceitam."

Sim, que, pelos vistos não compreendem. Porque, na melhor das hipóteses para eles, apenas adiaram.

A Europa das Nações é a Utopia e, se bem que a política viva de utopias, há-as que se revelam desmesuradas.

cumprimentos

Ruben

Publicado por: ruvasa às junho 1, 2005 02:21 PM

Muito boa esta análise. Claro e indo ao âmago da questão.

Publicado por: Valente às junho 1, 2005 05:20 PM

Jobs & Investment

* German companies are responsible for roughly 700,000 jobs in the US, and US companies have created roughly the same number in Germany.
* German investments in the US total about $35 billion.
* About 20 percent of German foreign direct investment goes to the US.
* About 10 percent of US investments in Germany are in the new federal states, making the US the largest investor in eastern Germany.
* 46 % of US direct investment abroad was in the countries of the EU as of 2000.
* EU countries accounted for more than 60 % of foreign direct investment in the US as of 1999.

Germany-US Trade

The US remains the second largest market, behind France, for German exports. And the US is the third largest importer, behind France and the Netherlands, of goods into Germany.

* 3.75 % of US exports went to Germany in 2000 4.8 % of US imports came from Germany.
* 10.3 % of German exports went to the US in 2000 8.5 % of German imports came from the US

EU ­ US Trade

* At $1 billion a day in transatlantic trade and investment flows, the EU and the US have the largest bilateral trading and investment relationship in the world.
* Together the EU and the US account for roughly half the entire world economy.
* The US is the top destination for EU exports and the top source of imports into the EU.
* 24.8 % of EU exports went to the US in 2000 19.2% of EU imports came from the US
* 21% of US exports went to the EU in 2000 18 % of US imports came from the EU.

Haha queria ver o pessoal a voltar a pagar 100 contos por uma TV mixuruca . Aliás é espantoso como os EUA nunca pensaram nisso!
Proteccionismo seria a pobreza geral devido ao aumento de eficiênca quanto maiores forem os mercados.

Publicado por: lucklucky às junho 2, 2005 01:15 AM

lucklucky às junho 2, 2005 01:15 AM: Esses números são claros. Só gente que não faz a mínima ideia como a economia funciona fala em proteccionismo total.
O caminho não é esse.

Publicado por: v Forte às junho 2, 2005 01:39 AM

Vou tentar mais uma vez:

O comércio entre economias vastas, de mesmo nível de desenvolvimento, nada tem a haver com especializações ou com preços mas com gostos ou preferências. Os EUA exportam automóveis para a Europa e importam automóveis da Europa. Quais desses automóveis são mais baratos ou melhores?

A partir de uma certa escala não é verdade que a dimensão dos mercados aumente a eficiência. As economias de escala não são ilimitadas. A partir de determinada dimensão temos mesmo deseconomias de escala. Uma economia evoluida, com 500 milhões de consumidores pode isolar-se sem perder eficiência. Não se pode extrapolar as vantagens do comércio internacional de economias com 30 ou 50 milhões de consumidores, para economias com várias centenas de milhões de consumidores. Para perceber isto não basta ter folheado o Samuelson. É preciso ter reflectido um bocado...

Publicado por: Albatroz às junho 2, 2005 02:21 AM

"É preciso ter reflectido um bocado..."

Então reflecte e tenta descobrir onde a Europa é competitiva no mercado da electrónica é só um exemplo há muitos mais... Teve piada ver o Sousa Tavares a perorar contra o "novo capitalismo globalizante" quando provávelmente nem haveria TVI caso o capital necessário para construir a estação tivesse de ter em conta a compra de equipamento fabricado na Europa.

Não tens a noção que há biliões de produtos fundamentais e que o mercado não se reduz aos produtos de bandeira e que o preço dos bonitos Airbus depende de milhões de componentes?
Nem sequer o Exército do EUA compra só Americano e agora queres tu fechar as fronteiras!


"A partir de uma certa escala não é verdade que a dimensão dos mercados aumente a eficiência. As economias de escala não são ilimitadas"

A minha argumentação não tem nada haver com economias de escala mas sim com a existência de mais competitividade devido á existência de mais empresas no mercado que injecta mais criatividade humana, mais ideias e imaginação para fabricar a mesma peça de maneira mais eficente que funcione melhor tenha mais fiabilidade, seja mais pequena, etc...

Publicado por: lucklucky às junho 2, 2005 12:00 PM

lucklucky às junho 2, 2005 12:00 PM: Quem quer estabelecer o proteccionismo não faz ideia como o processo industrial está interligado e globalizado. Teria que se começar quase tudo de princípio.
Estabelecer o proteccionismo agora seria levar rapidamente à falência as indústrias de tecnologia mais avançada da Europa. A prazo era a estagnação e a ruína da economia europeia.
Não consigo perceber como se continua a bater esta tecla.

Publicado por: Joana às junho 2, 2005 12:57 PM

Também não percebo; mais um exemplo: foi a industriosidade Japonesa que diminuiu a dimensão e aumentou a qualidade de muitos produtos que usamos. Isso foi feito contra fabricantes americanos e europeus que estavam demasiado descansados á sombra da bananeira. Só o facto de estarem no mercado mundial os recompensou desse esforço e é um exemplo do impacto que um novo participante mesmo num mercado de 500 milhoes de pessoas(EUA+Europa Ocidental) pode ter.

Publicado por: lucklucky às junho 2, 2005 03:13 PM

A Holanda também escreveu direito, mas por linhas menos tortas.

Publicado por: Susana às junho 2, 2005 04:59 PM

Desde que escrevam não, tanto faz que as linhas sejam direitas, tortas ou assim assim

Publicado por: Fred às junho 2, 2005 05:04 PM

Eu já não tenho muita paciência para repisar argumentos óbvios, e já sou demasiado velho para gostar que desconhecidos me tratem por tu. Sobretudo quando essas pessoas nada mais fazem do que disparar para o ar.

"A minha argumentação não tem nada haver com economias de escala mas sim com a existência de mais competitividade devido á existência de mais empresas no mercado que injecta mais criatividade humana, mais ideias e imaginação para fabricar a mesma peça de maneira mais eficente que funcione melhor tenha mais fiabilidade, seja mais pequena, etc..."

Tive o cuidado de referir que numa economia de 500 milhões de pessoas o problema da competitividade não se põe. Ou seja, as outras economias só excepcionalmente poderiam acrescentar alguma coisa, em termos de competitividade, àquilo que já existirá numa economia de mercado com 500 milhões de pessoas.

E diz a Joana:

"Quem quer estabelecer o proteccionismo não faz ideia como o processo industrial está interligado e globalizado. Teria que se começar quase tudo de princípio."

Salvo raros nichos de mercado qualquer grande economia - como é a economia da UE - ou produz todo o tipo de bens de que pode necessitar, ou produz coisas parecidas, o que permitiria responder rapidamente a necessidades eventualmente mal satisfeitas a nivel interno. A procura de bens no exterior não resulta de incapacidade produtiva, mas de condições de preço ou de fornecimento. A não ser que se trate de bens com base em recursos naturais. Quem quiser mármores de Estremoz não os pode ir buscar a Xangai...
Sempre disse que fechar fronteiras, mesmo à escala continental, teria alguns custos. Mas também disse que esses custos são menores comparados com as vantagens. E estou tão certo do que afirmo que estou disposto a apostar que é isso que vai acontecer: a globalização está tão condenada como o tratado dito constitucional da UE. Há é ainda muita gente que tem na fé a fonte das suas covicções económicas.

Publicado por: Albatroz às junho 2, 2005 07:43 PM

Albatroz: O que está a sugerir é uma impossibilidade prática. Muitos dos produtos de alta tecnologia europeus incorporam componentes importados da Ásia ou de outras paragens. Não era possível reconverter indústrias para passar a produzir esses produtos cá.
Os produtos de alta tecnologia vendem-se em todo o mundo. Se as encomendas caissem, serim centenas de milhares de desempregados, que arrastariam a uma crise que levaria milhões para o desemprego e a um encarecimento geral dos produtos.
O proteccionismo, tal como você o apresenta não tem qualquer viabilidade

Publicado por: Joana às junho 2, 2005 07:55 PM

O Albatroz está a comparar dois modelos: um que é o existente, e outro, que é um modelo que funciona em autarcia.
Há dois problemas. O primeiro é que este último modelo seria insustentável e levaria à ruína e ao empobrecimento da Europa, mas admito que você não concorde comigo. O segundo é insuperável: você não consegue, na prática, passar de um para o outro. As economias estão de tal maneira ligadas que essa passagem seria impossível ou, se fosse tentada, catastrófica.

Publicado por: Joana às junho 2, 2005 08:00 PM

Picuinhices por causa do tu,
para quem considera que o outro dispara para o ar estou-me positivamente nas tintas quer tu gostes ou não do tu principalmente quando parece que queres apenas lançar poeira para os olhos. Capisce?

"Tive o cuidado de referir que numa economia de 500 milhões de pessoas o problema da competitividade não se põe. Ou seja, as outras economias só excepcionalmente poderiam acrescentar alguma coisa, em termos de competitividade, àquilo que já existirá numa economia de mercado com 500 milhões de pessoas."

E eu tive o cuidade de apresentar o exemplo Japonês; Será o que tu chamas um situação de excepção?

Então estás a dizer que 500 milhões é o nível a partir do qual os melhores génios da humanidade estão representados.
Estás dizer que necessáriamente em 500 milhões estarão empresas equivalentes ás melhores do mundo em qualquer dominío e tecnologia e todos chegam a essas tecnologias essencialmente ao mesmo tempo. Ora quais são os factos que tens para suportar essa afirmação? Qualquer análise mais cuidada de vários mercados anulam essa ideia.

Eu posso indicar dezenas de áreas onde a Europa está atrasada e outro tanto para os EUA ou a Àsia; E a maior parte das tecnologias nasceu num ambiente propício e esse ambiente de excelencia não é repetível. Uma das melhores empresas de aglomerados é portuguesa e alguns dos produtos que faz são os melhores do mundo para determinados requisitos. O que faz que seja exportada para o Canadá ou EUA. O que quer dizer simplesmente que caso essa empresa não tivesse direito a competir todos perdiam excepto temporáriamente os competidores norte-americanos. Mas todos seriam mal servidos a prazo porque os americanos não seriam forçados a responder com vantagens competitivas para ganhar o mercado conseguido pela empresa portuguesa e esta não teria de responder.
E não esquecer em muitas áreas mesmo no contexto do mercado mundial têm apenas uma mão cheia de empresas a competir. Um exemplo é a famosa Halliburton que nos serviços de petróleo tem mais duas ou três concorrentes.

Publicado por: lucklucky às junho 2, 2005 11:36 PM

Ahhhhhh!... Bocejo...

Publicado por: Albatroz às junho 3, 2005 09:31 AM

Não caias no oceano! :)

Publicado por: lucklucky às junho 3, 2005 09:50 AM

Não deixa de ser engraçado que a Joana tenha escrito três posts a comentar o facto de os franceses terem votado Não, mas não escrever post nenhum sobre o facto de os holandeses, de forma ainda mais expressiva, terem feito o mesmo.

Aparentemente a Joana gosta de emitir comentários mais ou menos jocosos sobre as peculiaridades francesas, mas não tem o mesmo prazer em relação aos holandeses.

Publicado por: Luís Lavoura às junho 3, 2005 10:46 AM

O "Não"! em França e Holanda ? Foi o voto da ralé, dominada por um onda avassaladora de xenofobia, de medo ao progresso, de perda de "privilégios" num mundo mais global, que uniu fascistas, comunistas, soberanistas, socialistas anti-mercado e toda a classe de despeitados, incompetentes, falhados e ignorantes. Um regabofe de populismo, de islolacionismo, de egoísmo e de colaboracionismo (com Bush e Blair, os grandes ganhadores de ontem).

O resultado será o isolamento da França e de todos os estados do Não (Holanda, GB ?)através de um cordão sanitário. Os outros votarão "sim" (10 já o fizeram) e a Europa seguirá em frente. Os que mantiverem o não terão apenas um caminho a seguir: a porta de saída. E é claro que não haverá renegociações de um compromisso a 25 tão difícil de obter. E se houvesse, seria inevitavelmente mais liberal, dado que a maioria dos europeus o é. Os franceses voltarão decerto à lealdade à Europa, quando virem que a chantagem populista não resulta e que a persistência na traição implica a sua expulsão definitiva da UE...

Publicado por: EUROLIBERAL às junho 5, 2005 10:32 PM

Muito bom este post. Se o compararmos com as intervenções de ontem dos prós e contras, está ao nível das melhores

Publicado por: rudy às junho 7, 2005 11:30 AM

É claro que esta minha opinião tem a ver com o que eu penso sobre a questão europeia. Provavelmente os que pensam o contrário, têm outra opinião sobre este post.

Publicado por: rudy às junho 7, 2005 11:32 AM

Há muitos disparates que se dizem por aqui sobre federalismo, como dizer que a vontade dos portugueses não valeria aí nada. É exactamente o contrário. Portugal sozinho é que não é nada no mundo. Integrado na EU é outra coisa. Perguntem a um brasileiro ou a um chinês. Uma federação cria sinergias: a força do todo é muito superior à mera soma das partes e cria economias de escala: projectos como o Airbus (bye bye Boeing), Ariane (bye, bye Nasa) ou a futura industria de armamento só são possíveis, dadas as despesas de investigação, à escala europeia.

Muitos esquecem que um estado federal não é macrocéfalo, pois tem dois (ou mais) níveis de governação (federal, estadual, regional, municipal), sendo que o principio constitucional da subsidariedade obriga a escolher o nível mais baixo em que a solução do problema possa ser mais eficaz. Assim a educação será exclusivamente da competência nacional (a UE apenas estabelece equivalências de diplomas superiores e isto apenas para facilitar a libre circulação de pessoas). Isto é, só é da competência da federação aquilo que só possa, pelo menos com mais eficácia, ser resolvido a esse nível. Isto está consagrado na Constituição. Aprendam, leiam e deixem de falar de cor. Só é contra esta Constituição quem é estúpido e se os estúpidos destruirem a Europa deverão ser tratados à estalada. A democracia pressupõe cidadãos responsáveis, não cretinos que nem sequer sabem qual é o seu interesse próprio é que cospem no prato... Graças à UE vivemos hoje muito melhor do que há 18 anos. Querem pôr isso em risco? E julgam que os contribuintes alemães e nórdicos não viveriam muito melhor se não tivessem que subsidiar cães que mordem a mão do dono ? Por enquanto fazem-no por amor à Europa e à Paz, porque sabem onde leva o nacionalismo na Europa... Mas a paciência deles tem limites, e olhem que isto não é bluff nem ameaça. Conheço bem os alemães. Se lhes quebrarem o sonho europeu, mandam passear toda a gente e dedicam-se ao seu projecto de dominar a Mitteleuropa com o seu poderio económico e tecnológico. E depois, que fazem os irresponsáveis do Não ? Vão pedir batatinhas aos EEUU ? Se eles nem sequer pagam as Lajes... Juízo, meninos.

Só mais uma pergunta aos anti-europeus: se vocês só querem uma europa intergovernamental e não supranacional, por que não protestam também contra os subsídios UE dos fundos de coesão, regional e social ? É que tais subsídios só se justificam no quadro de uma solidariedade federal ! Em todos os estados federais, os estados mais ricos auxiliam os mais desfavorecidos, para reforçar a coesão do todo. Numa simples união aduaneira e mercado comum entre estados soberanos, NÂO HÁ SUBSÍDIOS ! É cada um por si. Só há colaboração inter-governamental para assegurar a livre circulação de pessoas, serviços, capitais e mercadorias. Mais nada !

Se a Alemanha e Portugal não são partes de um mesmo estado federal, por que razão é que os contribuintes alemães deveriam pagar biliões (recebemos 25 biliões só nos últimos sete anos !!!) durante décadas para ingratos que os insultam e não consideram compatriotas ? Vocês aceitam o federalismo financeiro e rejeitam a suas consequências políticas e constitucionais ? Acham isso ético ? Que gentinha tão foleira, tão falha de princípios, de honra, de ambições, de patriotismo... É por isso que Portugal está na cauda da Europa ... com tanto estúpido à solta...


Publicado por: EUROLIBERAL às junho 7, 2005 07:54 PM

Portugal tem 9.999.999 estúpidos e 1 inteligente: o divino Euroliberal... Democraticamente ganha o Euroliberal...

Publicado por: Albatroz às junho 10, 2005 09:16 AM

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