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abril 15, 2005
Chirac e Eastwood
Jacques Chirac, no debate crucial de ontem sobre o referendo europeu, na TF1, obteve um share de 30,8 % contra os 26,6% da France 3, que transmitia Pale Rider (O Justiceiro Solitário), um filme de Clint Eastwood, antigo de vinte anos, onde este faz de pregador, um pregador directo, com pouca retórica, mas muito rápido a sacar da arma e certeiro em atingir os alvos. O que faltou seguramente a Chirac, encurralado entre ser um anti-liberal militante na cena internacional e a necessidade de introduzir reformas liberais no Estado social francês, chez lui. Clint era certeiro com o revolver, Chirac errático com o boomerang.
Chirac, perante um painel de 83 jovens, voltou a fazer a sua profissão de fé anti-liberal, atacando a corrente ultra-liberal, anglo-saxónica, atlantista (!?). Atacou a mundialização desencadeada por uma corrente liberal em proveito dos mais fortes e garantiu que só uma Europa forte e organizada se poderia opor a esta evolução. Só não explicou como o faria. E quando lhe perguntaram porque é que o desemprego no Reino Unido era muito inferior ao francês, Chirac replicou que o modelo social britânico seria inaceitável em França(!!). Ou seja ... a droga está a levar-me ao túmulo, mas não consigo passar sem ela.
É interessante ver Chirac repetir os mesmos argumentos da vasta união popular que vai desde a extrema esquerda (PCF, LCR, Verdes), passando por José Bové e acabando na extrema direita de Le Pen. Só que estes usam aqueles argumentos para pedirem o Não, enquanto Chirac usa-os para pedir o Sim. Talvez por isso Valéry Giscard d'Estaing, o pai da Constituição, tenha declarado que Chirac não era credível. Se a França votar Não, os outros 24 Estados terão que nos vir comer à mão, pensam os adeptos do Não; se a França votar Sim, a Europa forte e organizada destroçará a mundialização e o liberalismo, contrapõe Chirac. E dá como exemplo o ter posto a directiva Bolkestein, sobre a liberalização dos serviços, em banho Maria, após ter falado com voz grossa à Comissão Europeia.
O ridículo desta história é que a Constituição Europeia não vai trazer qualquer alteração à mundialização e à contínua deslocalização das empresas para Leste ou para a Ásia. O Tratado de Maastricht ou a recente adesão dos 10 países de Leste tiveram importância nesta matéria, mas são factos consumados: hoje temos a moeda única e 10 países com baixos custos de mão de obra e com uma legislação laboral liberal. A Constituição Europeia pode ser contestável em termos de soberania, nunca em termos de modelo social de cada Estado membro. Os franceses não estão a discutir a Constituição Europeia, estão a exorcizar os seus temores face a um mundo em mutação.
O problema francês é a quadratura do círculo. A França pretende conservar intocável um modelo que, segundo afirmou ontem em Montpellier Nicolas Sarkozy, o ex-ministro da Economia, significa «duas vezes mais desempregados que os outros». Sarkozy, criticando Chirac sustentou que a França não tem lições a dar aos seus parceiros sobre modelos sociais, dado o abismo a que conduziu o seu, finalizando com um mordaz «Felizmente que o ridículo não mata!». Bem ... o ridículo não mata ... mas levou à evicção de Sarkozy da pasta da Economia, para acalmar os temores franceses sobre a invulnerabilidade do seu modelo social.
A França pretende igualmente opor-se às deslocalizações, ao fecho das fábricas, ao aumento do desemprego, etc.. Mas pretende opor-se julgando que tal é possível construindo uma «Muralha da China» à sua volta, ou à volta da Europa (mas de qual Europa? A dos 25? A dos 15? A dos 6?). Ora há mais de 20 anos que governos de direita e de esquerda (inclusive com a inclusão do PCF) tentam medidas para diminuir o desemprego e falharam sempre. O grave, actualmente, é que a mundialização, a emergência dos gigantes asiáticos e os novos 10 Estados membros (e os outros que se perfilam no horizonte), são dados incontornáveis e cada vez mais determinantes. A «Muralha da China» e as profissões de fé anti-liberais de Chirac não levam a sítio nenhum. São apenas retórica. Retórica de tal forma vazia que, perante um debate tão importante, um número quase igual de franceses preferiu ver um velho filme de Clint Eastwood.
O problema francês é, mutatis mutandis, o actual problema português: queremos resolver uma situação que se agrava dia a dia, mas não queremos submetermo-nos às cirurgias necessárias; queremos reformas, mas não as queremos no nosso grupo social ou corporativo os outros que as façam. Só não queremos uma «Muralha da China» porque sabemos que a nossa reduzida dimensão económica tornaria essa pretensão totalmente ridícula.
O futuro não se constrói tentando congelar o passado. O processo que levou à actual situação europeia e portuguesa entrou numa fase de aceleração. Não a resolvemos olhando nostálgicos para o passado.
Publicado por Joana às abril 15, 2005 10:17 PM
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Comentários
Apesar das declarações em contrário, o estrondo de um Não ao referendo europeu irá chamuscar certamente Chirac e o governo... Dependendo da sua escala, o presidente poderá mesmo ser obrigado a demitir o governo, já que muito do descontentamento resulta da acção governativa dos últimos meses, mais do que de um "chumbo" de um texto complexo que a maioria dos franceses (et moi...) não entende completamente.
Por outro lado, o argumento de que o chumbo não vai levar à revisão é absurdo e desesperado. É claro que vai... A Constituição europeia tem mesmo que ser aprovada nesta Europa a 25. Mas não esta... Ou o povo já não é soberano?
Publicado por: Rui Martins às abril 15, 2005 10:25 PM
Rui Martins às abril 15, 2005 10:25 PM:
Os franceses estão com um medo irracional do futuro. Estão contra qualquer mudança. A situação em França é semelhante à portuguesa, só que o desemprego é muito maior. Todos os dias há empresas que fecham. A Peugeot pretende ir para a Polónia, etc., etc.
O governo de Jospin levou o modelo social francês ao paroxismo: 35 horas, aumento das férias, etc., etc. Isto numa altura em que já era visível que a França não iria aguentar. Jospin e o PS apenas se esqueceram de fazer as contas.
Simplesmente ... as "conquistas" sociais tornam-se de difícil reversibilidade. Distribuir benesses é simples ... apertar o cinto é o Diabo.
Publicado por: Joana às abril 15, 2005 10:33 PM
Esse filme não tem piada nenhuma. Deve ser dos piores do Clint. Já passou cá várias vezes, julgo que no Hollywood. Se os franceses ficaram indecisos entre os 2 programas era porque o Chirac deve ter sido muito mau.
Publicado por: Sa Chico às abril 15, 2005 11:22 PM
Também vi esse filme. É uma seca. Os franceses devem andar muito por baixo em programação televisiva.
Publicado por: Rave às abril 15, 2005 11:38 PM
A História, em Portugal, prova à saciedade que os regimes não se reformam. Os Regimes caem de podre. Hossana !
Publicado por: asdrubal às abril 15, 2005 11:44 PM
asdrúbal: então este está próximo da queda.
Publicado por: Coruja às abril 16, 2005 12:35 AM
os regimes também se regeneram, não se limitam a prolongar a agonia.
Esta atitude de cruzar os braços e ter tantas certezas de que não há nada a fazer levame a pensar que, se é assim, porquê ainda comentar estes assuntos? Que se assuma coerentemente uma atitude fatalista e de resignação.
Publicado por: Mario às abril 16, 2005 12:56 AM
leva-me...
Publicado por: Mario às abril 16, 2005 12:57 AM
Eu convenço-me de que este Governo do PS é a derradeira oportunidade de uma qualquer Regeneração do Regime. Vislumbram-na ? Por mim oxalá, oxalá !
Quando não, é a ruptura que iniciará um novo ciclo democrático. Como sempre aconteceu em Portugal desde há 200 anos, exceptuando, é claro, o interregno peculiar do Estado Novo.
Quem sabe até se a «fuga em frente» prá Europa do Directório, não será o dobre a finados ?
Publicado por: asdrubal às abril 16, 2005 02:13 PM
A Joana continua com o seu discurso das inevitabilidades históricas. Faz lembrar o «socialismo científico» em voga nos anos 70. A previsão que faz dá por garantido que a mão dem obra será eternamente barata na ásia e na europa de Leste; mas certamente os habitantes desses países também vão querer um «modelo social» assim que tenham suficiente riqueza e suficiente democracia.
Ou será que a Joana conta que a China continue para sempre a fuzilar sindicalistas?
Publicado por: Zé Luiz às abril 16, 2005 02:55 PM
Como cada vez mais acontece, considera-se que falar da política a seguir é comentar taxas de desemprego, de crescimento ou défice. Assim é claro que os cidadão se desinteressam da política e preferem ver outra coisa qualquer.
O processo de integração europeia é fundamentalmente político, sendo a economia apenas uma parte desse processo, a parte pela qual se desenvolve um perigoso fetiche. O Presidente Chirac tem pelo menos o mérito de falar da Contituição Europeia(CE) numa outra prespectiva, apesar de não concretizar como vai atingir os objectivos a que se propõe.
Afinal, o que é que o refendo sobre a CE tem a haver com a taxa de desemprego inglesa? Ou com as reformas (normalmente importações de ideiazecas de eficácia duvidosa) de que a França precisa ou deixa de precisar?
Se o tempo de discussão é escasso, seria bem melhor aproveitá-lo para falar da integração Europeia e do papel que a UE pretende desempenhar no mundo.
Publicado por: Daniel às abril 16, 2005 04:20 PM
O discurso de Chirac é apenas mais un clin d'oeil ao eleitorado ultra-conservador (à esquerda Bové e à direita Lepenista) para conquistar votos para um futuro embate eleitoral contra Sarkozy; não esquecer que a alternativa para Chirac é a de ir parar à prisão se não for reeleito.
É evidente para muitos franceses educados, e para os demais europeus em geral (exceptuando nós claro), que o modelo social "escandinavo", foi chão que deu uvas e que secou. Espanta-me o absurdo dos portugueses que criticam a directiva Bolkestein como se nós tivessemos a temer a concorrência da mão de obra barata de serviços oriundos de França. É mais uma prova que os intelectuais portugueses apenas fazem copy/paste dos artigos do Le Monde, a la Prado Coelho.
Publicado por: Joao P às abril 16, 2005 04:28 PM
Gostava que a França votasse não, para eu poder votar não à vontade.
Publicado por: lopes às abril 16, 2005 05:34 PM
Publicado por Zé Luiz em abril 16, 2005 02:55 PM:
Desculpe lá mas eu não li nada no texto sobre eternidades.
E nem era preciso.
Para mim (e para Portugal) bastam vinte anos até aos Chineses deixarem de fuzilar sindicalistas para pôr o nosso país em completa falência.
Não me interessam eternidades. Bastam os 10 anos até à minha reforma e depois o tempo até deixar de ser "cliente" da Segurança Social.
Publicado por: fbmatos às abril 16, 2005 05:39 PM
E quanto às inevitabilidades, elas acontecem, ou não.
Se eu tiver uma pneumonia tenho que tomar antibióticos, senão vou desta para melhor.
Se eu for um drogado, tenho que fazer uma cura de desintoxicação, se quiser ficar curado.
Você é contra estas inevitabilidades. Está no seu direito.
Publicado por: fbmatos às abril 16, 2005 05:43 PM
Joao P em abril 16, 2005 04:28 PM:
Inteiramente de acordo consigo. Não sei é se Sakorzy terá possibilidades. Ele é de origem húngara e os franceses são xenófobos.
Publicado por: AJ Nunes às abril 16, 2005 07:07 PM
fbmatos às abril 16, 2005 05:43 PM
E se tiver um tumor maligno tenho que ser operado.
Mas primeiro consulto outro médico, para o caso de o primeiro estar a tratar da sua própria saúde e não da minha...
Publicado por: Zé Luiz às abril 16, 2005 08:50 PM
Enquanto os chineses não pararem de fuzilar sindicalistas, ou os europeus não começarem a faz~e-lo, a concorrência entre os dois blocos estará viciada. E as medidas «proteccionistas» que os liberais tanto abominam continuarão a ser necessárias: não para distorcer a concorrência, mas para a endireitar.
Publicado por: Zé Luiz às abril 16, 2005 09:03 PM
Ehehehe, isto está divertido !
Eu ouvi o Sarkozy (Info, TV5) há coisa de uma hora mais ou menos, interrogado pelos jornalistas no âmbito de uma sondagem catastrófica para Chirac e para o «sim» ao "Tratado da União" (56% não e 45% sim).
Disse uma conversa meio-enigmática :
«Moi qui fait trois ou quatre tours par semaine en France, bien-sûr que j'écoute les gens et que c'est clair qu'ils ont envie de renverser la table. Seulement il faut que la table ne leur tombe dessus» ...
Publicado por: asdrubal às abril 16, 2005 09:19 PM
Eu voto não no referendo europeu porque não me apetece votar sim. E além disso pode voltar a fazer-se o referendo daqui a 2 anos se entretanto valer a pena mudar de ideias.
Tenho muito orgulho em ser português e gosto muito dessa coisa da lusofonia.
Publicado por: pyrenaica às abril 16, 2005 10:01 PM
asdrubal em abril 16, 2005 09:19 PM:
Nao acho que essa conversa do Sarkozy seja meio-enigmática. Acho até muito bem observada!
Esse Sarkozy é o político mais lúcido da França actual
Publicado por: Hector às abril 16, 2005 10:45 PM
Julgo que sim, Hector, julgo que sim. É pelo menos tido por um indivíduo brilhante, um trabalhador incansável, e um sério candidato à Presidência da República francesa.
Continuo todavia a achar «enigmática» aquela expressão « Seulement il faut que la table ne leur tombe dessus», aproveitando eu para corrigir «Moi, je fais». Com ésse.
Entretanto, desculpem-me o meu ecletismo, e também já agora o francês, mas não resisto em aqui colocar o «discurso políticamente correcto» de Jean Daniel, Director do "Nouvel Observateur" acerca desta temática. É o que "me mata" no meio de toda esta tralha :
.
«Se détournant [Jorge Semprun] de toute charité chrétienne car il nest, dit-il, « ni chrétien ni charitable », il fait une citation en vérité bien édifiante - dun discours de Laurent Fabius au moment du référendum de Maastricht, en février 1992 : « Si lon regarde hors de France, tous les partis de gauche, dans tous les pays dEurope, sans aucune exception, ont pris position pour le Traité. Comment peut-on alors se réclamer de la gauche et tourner le dos à toute la gauche européenne ? ».
Semprun montre bien dautre part que le « non de lextrême droite souverainiste et populiste-xénophobe na rien de surprenant ». Pas plus, dailleurs, que le non « des communistes du PCF et des militants de la nébuleuse altermondialiste ». Ancien marxiste, il sait bien en quoi consiste le « léninisme résiduel » qui conduit à sopposer à toute construction dite « bourgeoise ».
Fica a saber-se que o «Tratado da União» é uma "construcção burguesa", e por troca, diz ainda Jean Daniel no seu eloquente texto, de Jeanne D'Arc por Robespierre.
Venha a guilhotina !
Publicado por: asdrubal às abril 16, 2005 11:20 PM
"a extrema esquerda (PCF, LCR, Verdes)"
Eu não conheço bem o espetro político francês (e não lamento não o conhecer), mas creio que não se pode afirmar que os Verdes façam parte da extrema esquerda, ou que possam ser confundidos com a LCR.
De qualquer forma, os Verdes são a favor do Sim à constituição europeia, ao contrário da LCR (ver post no PuxaPalavra sobre o assunto).
"A Constituição Europeia pode ser contestável em termos de soberania"
Em relação a isto aplica-se o mesmo argumento que a Joana aplicou: os tratados anteriores (Maastricht etc) já eram contestáveis em termos de soberania. Aliás, a União Europeia atual já é extremamente conestável em matéria de soberania nacional. A constituição pouco lhe vai acrescentar nessa matéria.
Publicado por: Luís Lavoura às abril 17, 2005 09:09 AM
Também não acho enigmática a observação de Sarkosy. Quem vira a mesa arrisca-se sempre, naturalmente, a que ela lhe caia em cima.
Quanto ao Tratado da União ser uma construção burguesa, julgo ser esse o seu maior mérito.
O caracter «burguês» da Europa é justamente o que os seus inimigos - revolucionários de raiz leninista ou neocon, não importa - mais detestam nela.
Mas leiam o livro de Mark Leonard «Why Europe Will Run the 21st Century»: um dos argumentos do autor é o de que uma boa parte do poder europeu está na sua profunda desconfiança relativamente às pirotecnias revolucionárias.
Publicado por: Zé Luiz às abril 17, 2005 12:08 PM
A expressão «neocon» deve querer dizer neoconservador, qualidade depressa endossada aos «soberanistas», gente óbviamente de extrema-direita, xenófoba e populista.
Ninguém terá dúvidas de que a «construcção europeia» tem sido um exemplo ímpar de transparência democrática (sobretudo em Portugal) que urge agora formalizar no «Tratado da União». Que ironia !
E se há livro que valha a pena ler, é o do socialista João Ferreira do Amaral :
«Contra o Centralismo Europeu ; um Manifesto Autonomista» (Edições Grifo). Serve para situar o «neoconismo» universal.
Publicado por: asdrubal às abril 17, 2005 12:46 PM
Incapaz de ter ideias a esquerda ataca os outros chamando-lhes nomes: "neo"liberais, "neo"conservadores e outros. Mas não combate estas ideias. Atribui-lhes motivos diabólicos e depois acusa os adversários de serem o diabo.
É a prova de que a Esquerda está ao nível da Inquisição de outros tempos e do estalinismo de há poucos anos.
Publicado por: Bastien às abril 17, 2005 02:48 PM
Os últimos dados de economia mundial dizem-nos o seguinte:
1º- maior exportador mundial - Alemanha
2º - os ...EUA
3º - ...China.
Ora comparando os 85 milhões de habitantes da Alemanha com os 250 milhões de américas, verfica-se que os alemães estão 300% à frente dos EUA.
E nem os mil e trezentos milhões de escravos chinas, conseguem superar os alemães...(por enquanto...)
Ora...ao estarmos a atravessar uma mundança, é óbvio que a Europa reflicta no seu futuro, e na sua economia...e que possa até chegar à conclusão que não é inevitável o Neo-liberalismo, puro e duro, pois somos a terra da Solidariedade, da Liberdade e da Fraternidade.
Os que as Joânicas liberais se esquecem, é que os povos devem poder escolher os seus caminhos, e podem preferir, pão,paz e sossego, a....indústrias, guerras, competitividades... aliás... há... esperanças...no novo coloço...Brasil !!! Lembrançam-se que o Brasil... até se lembrou... ai vocês.. acham que se deve pagar tudo como mercadoria... então que tal pagarem o oxigénio que respiram ???
Ganda Brasil...
Outra.. novidade... enquanto os altos especialistas economistas, apresentavam o Brasil como falido... Este novo Brasil, acabou por romper com o FMI, Libertando-se assim das garras dos EUA e podendo agora falar alto e de voz grossa com Bush e seus acólitos. Um País do 3º mundo a enfrentar o gigante EUA ?
Publicado por: templário às abril 17, 2005 04:21 PM
Bastien às abril 17, 2005 02:48 PM
Oh...Bastien... é ao contrário...os neo-liberais é que não conseguem responder a questões simples, ( pois só conseguem resolver as complexas...)
questões simples:
As empresas, são entidades anónimas ou não, mas constituídas por pessoas, o seu obejctivo é o de criar riqueza...mas com que fim ?
Eu e a maioria das pessoas aqui e na Europa, entende que essa riqueza, deve ser redistribuída por quem a cria, pelo Estado (com os impostos ) e pelos Capitalistas ( com as mais valias ) e assim as lutas, são do tipo:
a) quero ganhar mais, pois até produzo muito e a empresa tem grandes lucros.
b) Estado, também quer mais, pois precisa para satisfazer as questões Públicas.
c) Empresário Não Quer.. prescindir...das suas Mais-Valias e ameaça da seguinte maneira:
- Vou para outro lado, pois tenho escravos mais baratos e terei maiores lucros e serei ainda mais rico do que já sou.
Perante estas ameaças, anda todo o mundo sem saber bem o que responder, os economistas nem se deitam para tentarem arranjarem a solução... e esqueçem-se da solução mais simples que qualquer puto da Cova da Moura sabe:
Ai vais prá China, então vai e é já !!!
Ah! e a quem vais vender a tua mercadoria feita pelos teus escravos chinas ?
A quem ?
Esta é a questão...
Ora como se trata aqui de questões burguesas, os Senhores Eurpoeus, sabem que a Europa não se deixará comer pela Manufactura Esclavagista Chinesa e como tal, o que Poderá Acontecer...
As mercadorias Chinesas ao Chegarem à Europa, serem confiscadas, pela população, obrigando assim os Empresários e os Chineses a tomarem outras medidas....
Publicado por: Templário às abril 17, 2005 04:57 PM
Bastien
Nunca te esqueças Guerra é Guerra !
Se for necessário...
Ainda deves ser novo..e verás os Estados da Europa a Cobrarem altas Taxas, para os empresários serem aceites, depois de trem sido degolados na China...
C´est la vie... elle tourne...tourne...
Publicado por: Templário às abril 17, 2005 05:02 PM
Este tipo não deve regular bem da pinha.
Publicado por: Gros às abril 17, 2005 06:33 PM
pelo contrário
Publicado por: pyrenaica às abril 17, 2005 06:53 PM
Joana,
o Vicente Jorge Silva escreveu-lhe, no DN de hoje!
http://dn.sapo.pt/2005/04/17/opiniao/incorrecto.html
Publicado por: zippiz às abril 17, 2005 07:29 PM
(...) Nada há mais parecido com o velho discurso esquerdista do "politicamente correcto" do que o discurso de uma nova direita que, nomeadamente em Portugal, exibe o festivo estandarte do "politicamente incorrecto". A arrogância, a sobranceria, a pose de infalibilidade inquisitorial são rigorosamente as mesmas. Mas não é fortuito que grande parte dos actuais intelectuais de direita "politicamente incorrectos" tenham sido nados e criados nas águas "politicamente correctas" dos seus verdes anos de militância esquerdista (designadamente estalinista e maoísta). Eles têm contas a ajustar com o seu próprio passado, mas recusam- -se obstinadamente a confrontar-se com ele e, por isso, arranjam oportunos bodes expiatórios para rasurar um incómodo cadastro pessoal. Daí, por exemplo, o ódio primitivo que hoje votam a figuras emblemáticas como Sartre (que alguns chegam, sem nenhum sentido do ridículo, a comparar a Salazar!)"
VJS in DN
Publicado por: zippiz às abril 17, 2005 07:32 PM
Caro Asdrúbal:
Tenho a certeza que os neo-conservadores não são populistas - pelo contrário, são uma pequena elite vanguardista e intelectual. Penso que não são xenófobos: são compatriotas de todos os ricos e estrangeiros a todos os pobres. Mas lá que são de direita, são.
O que até os tornaria simpáticos aos meus olhos, se fossem da direita conservadora e burguesa que está a construir a União Europeia. Mas são revolucionários e radicais de direita.
Soberanistas? Soberanista sou eu, que quero que o Soberano tenha jurisdição em tudo em que tem jurisdição o Mercado - ou seja, no tempo que corre, jurisdição pelo menos continental, e de preferência global.
Neste aspecto, os neocons americanos têm razão: o Mundo precisa de ser governado e eles propõem-se governá-lo. Só que eles querem que seja uma nação (a deles) a governar o Mundo, e hoje nenhuma nação (nem a deles) se governa sequer a si própria.
Publicado por: Zé Luiz às abril 18, 2005 12:07 AM
Pois é, caro Zé Luís, mas o «cliché» segundo o qual a "Direita" está com os ricos e a "Esquerda" com os pobres, em Portugal pelo menos, é um grande-grande Mistério.
Há décadas governado pelo PS e pelo PSD, partidos não-conservadores e até social-democratas ou reformistas, consta-nos dois milhões de pobres, meio-milhão de desempregados e uma carga fiscal das mais pesadas, senão mesmo a mais pesada da Europa.
O tempo útil do direito a um módico de felicidade, do direito de saborear a vida, não é compaginável com este estado de coisas que se arrastam ano após ano. A demonstração de falência do «sistema» parece-me óbvia. De acordo com o «cliché», por onde passou a "Direita" ? Entre as pernas do PS ? Debaixo do braço do PSD ? Pelo amor de Deus, já chega. Basta !
Publicado por: asdrubal às abril 18, 2005 11:44 AM
Eu prefiro de longe o Clint Eastwood. Está feito um grande realizador.
Publicado por: johnashtray às abril 18, 2005 12:03 PM
Pois não, caro Asdrúbal, a «direita» não «está com» os ricos. Não passa pela minha cabeça - nem, segundo creio, pela de ninguém - que uma qualquer porção da sociedade se organize, decida que é de direita, adopte uma ideologia e por fim, posta perante a opção entre ricos e pobres, decida pelos primeiros.
As coisas não funcionam assim. Funcionam ao contrário.
Os «ricos» querem continuar a ser ricos, os «poderosos» querem continuar a ser poderosos, etc. Organizam-se para defender os seus interesses, os legítimos e os outros. Às expressões políticas dessa organização dá-se, por pura convenção, o nome de «direita». Como nem os «ricos» nem os «poderosos» são grupos homogéneos, a «direita» também não o pode ser.
E como direitas, há muitas, há lugar a preferências. Eu, pela minha parte, simpatizo muito mais com a direita conservadora e burguesa do que com a direita radical e revolucionária.
Publicado por: Zé Luiz às abril 18, 2005 09:32 PM
Zé Luiz em abril 18, 2005 09:32 PM:
Tem piada. Quem vejo organizados em Sindicatos, Comissões de trabalhadores, de Moradores, de Utentes de Hospitais, Autoestradas, Ruas, etc., são os pobres, ou quem se quer fazer passar por pobre.
São estes que "Organizam-se para defender os seus interesses, os legítimos e os outros".
Publicado por: David às abril 18, 2005 10:52 PM
David em abril 18, 2005 10:52 PM
E quem é que você vê organizado em associações empresariais, em «country clubs», em «jockey clubs», em maçonarias, na Opus Dei? Quem é que você vê a formar dinastias e clans? Quem é que você vê a organizar redes de influência?
Os sindicatos, as comissões de trabalhadores, os utentes dos hospitais, etc, esperam na rua, à chuva, que o assistente do secretário do director-geral os receba. Com isso ganham a possibilidade de aparecer uns segundos na televisão, e você vê-os.
Os outros convocam os ministros para almoçar, em lugares discretos. Por isso você não os vê.
Publicado por: Zé Luiz às abril 18, 2005 11:27 PM
Vc. caro Zé Luís, não lhe falta água ao leme.
Há-de todavia reconhecer, de acordo com o seu raciocínio, que, em termos eleitorais, quer as organizações ideológico-partidárias que eu citei, quer o voto dos cidadãos nessas organizações, bem como a respectiva representação parlamentar que vem a ser a Casa da Democracia, constituem sucessivamente um equívoco e um embuste. São, de facto e de jure, «conservadores de geometria variável». O Zé Luís sabe-o. E quem não gostar dos «conservadores de geometria variável» porque neles não se revê ou vê representado, não tem com o que operacionalizar o seu voto senão num qualquer «radicalismo», um nome há muito tempo investido de conotação inaceitável.
Em Portugal, em termos ideológicos, político-partidários e eleitorais, «conservar» o quê com este espetáculo de falências, deslocalizações, desemprego, iliteracia, pseudo-reformas, uma brutal carga fiscal etc, etc ?
Já que a minha participação política na cidade é o voto, em qual é o partido, s.f.f., que eu devo votar para não ficar mais pobre ?
Publicado por: asdrubal às abril 19, 2005 12:33 AM
OK. Temos de um lado os sindicatos e do outro o Clube de Golf da Quinta da Marinha
Publicado por: David às abril 19, 2005 01:03 AM
Onde o (legítimo) entusiasmo Europeu de Zé Luís, não «condiz» com metade do PSF :
.
http://www.legrandsoir.info/article.php3?id_article=2121
Publicado por: asdrubal às abril 19, 2005 11:18 AM
David: tem alguma dúvida de que o Clube de Golf da Quinta da Marinha tem muito mais poder do que qualquer sindicato (exceptuados os dos camionistas)?
Publicado por: Zé Luiz às abril 19, 2005 11:54 AM
Caro Asdrúbal:
Em que partido deve votar para não empobrecer? Comecemos por dizer em que partidos NÃO deve votar: nos que se proponham enriquecer o País empobrecendo-o a si. Mesmo no caso pouco provável de não estarem enganados nem a mentir, o enriquecimento do País só interessa a quem beneficia dele.
Isto arruma à partida com os liberais.
Vote no partido que lhe der algumas garantias de defender os seus interesses e não se preocupe com o bem comum - que em todo o caso resulta, como não se cansa de repetir a Joana, dos egoismos individuais.
Na falta de um partido que defenda os SEUS intereses, vote no partido mais radical e fora do sistema que houver. Tanto faz, para o caso, que seja de esquerda ou de direita.
Parece aqui que estou a cair em contradição; não estou. Quando digo que prefiro os conservadores burgueses aos radicais revolucionários estou a referir-me às linhas políticas, não às organizações partidárias. Para efeitos de voto, prefiro muitas vezes os partidos revolucionários - desde que não tenham nenhuma hipótese de chegar ao poder, é claro.
Só espero que a mesa não me caia em cima...
Publicado por: Zé Luiz às abril 19, 2005 12:16 PM
Dou-lhe toda a razão numa coisa, Asdrúbal: como pode haver conservadores credíveis em Portugal se quase não há nada que valha a pena conservar?
Mas na Europa há...
Publicado por: Zé Luiz às abril 19, 2005 12:19 PM
Zé Luiz às abril 19, 2005 12:16 PM:
Você é adepto das falácias atrás do biombo das "frases sonoras":
"NÃO deve votar: nos que se proponham enriquecer o País empobrecendo-o a si."
Não vejo como é possível enriquecer o país e não fazer prosperar a generalidade dos cidadãos. Aliás, não há país nenhum próspero, em que a generalidade dos cidadãos não viva melhor que em países menos prósperos.
Publicado por: Joana às abril 19, 2005 12:51 PM
Caro Zé Luís :
Na «linha política» do seu penúltimo "post", não tenho aqui nenhuma à mão ... ehehee
Publicado por: asdrubal às abril 19, 2005 01:27 PM
"Não vejo como é possível enriquecer o país e não fazer prosperar a generalidade dos cidadãos. Aliás, não há país nenhum próspero, em que a generalidade dos cidadãos não viva melhor que em países menos prósperos."
Não sei se isto é verdade ou não. A China é um país muito próspero, com uma cada vez maior classe média. No entanto, uma cada vez maior percentagem dos seus cidadãos, ao que parece, está na miséria. O desemprego é brutal, muito pior do que aqui há uns decénios, quando o país era bem menos próspero.
O mesmo se diga do Brasil. Portugal sofre neste momento uma vaga de imigração brasileira, causada diretamente pela extrema miséria no Brasil. No entanto, como país, o Brasil está bastante próspero.
Publicado por: Luís Lavoura às abril 19, 2005 03:14 PM
Joana:
1. O que entende por «a generalidade» dos cidadãos?
2. Quem fica fora da «generalidade» não é gente?
Publicado por: Zé Luiz às abril 19, 2005 03:43 PM
Luís Lavoura: estou confuso. A China um país próspero? Com um PIB per capita 15 a 20 veses inferior ao nosso?
E o Brsail, com 25% a 30% do nosso?
Então somos riquíssimos!
Publicado por: Hector às abril 19, 2005 04:09 PM
Eu não sei qual é o PIB da China, mas deve ser um país prospérrimo a avaliar pela insistência com que os liberais no-la propõem como exemplo a seguir.
Publicado por: Zé Luiz às abril 19, 2005 04:16 PM
Não resisto em transcrever esta pequena ironia do destino :
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«(...) Encore faut-il, pour tromper la gauche et ses bases électorales, substituer au clivage-gauche droite sur lequel repose la démocratie et le mouvement, lartifice dun clivage sommaire entre « pro ou anti- Européen ». Soit on est pour lEurope et il faut en accepter lorientation libérale. Soit on refuse cette évolution libérale et on se retrouve classé dans le rang des anti-européens, des Euro-sceptiques, voire des souverainistes !».
(Henri Emmanuelli, "Lettre ouverte aux Socialistes")
Publicado por: asdrubal às abril 19, 2005 04:27 PM
Podemos apresentar outros exemplos. A Inglaterra no século 19 era um país muito próspero, em rápido enriquecimento. No entanto, a generalidade do seu proletariado vivia em condições horríveis - de facto, vivia bastante pior do que os seus antepassados tinham vivido. A prosperidade da Inglaterra era obtida à custa do empobrecimento de uma parte considerável da sua população.
Outro exemplo: fruto da repressão franquista, na década de 1950 os salários dos trabalhadores rurais espanhóis eram 60% daquilo que tinham sido no princípio dos anos 30, antes da guerra civil. A miséria grassava como nunca nos campos espanhóis. No entanto, Espanha estava próspera. Fruto em parte desses salários baixos, o investimento estrangeiro no país era considerável. Espanha é hoje muito mais rica do que nós.
De facto, parece haver quase que um teorema histórico: o desenvolvimento de um país coincide frequentemente com a redução à miséria de uma parte substancial da sua população.
Publicado por: Luís Lavoura às abril 19, 2005 04:56 PM
O empobrecimento artificial de grandes grupos populacionais não é novidade nenhuma: sempre fez parte do arsenal político dos grupos dominantes. É claro que em democracia é mais difícil, mas aqui é que entra a beleza da globalização: para baixar os salários e a protecção social na Europa não é preciso prender nem fuzilar europeus, basta prender e fuzilar chineses. O Generalíssimo pode dormir descansado no Vale dos Caídos.
Publicado por: Zé Luiz às abril 20, 2005 12:34 AM