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abril 20, 2005

Conservação Destrutiva

... em vez da Destruição Criativa

É um dado adquirido que o principal motor do crescimento económico é a inovação tecnológica (e a concomitante melhoria da qualificação laboral). E a experiência do último século e meio provou que essa inovação assenta num permanente movimento de substituição e/ou reafectação dos factores de produção – Capital e Trabalho. Sem essa Destruição Criativa, utilizando a terminologia de Schumpeter, não teria havido crescimento, ou esse crescimento teria sido muitíssimo mais lento. Em Portugal, Governos e sindicatos têm apostado, preferencialmente, na Conservação Destrutiva.

Há dias, a CGTP e a UGT exigiram ao ministro do Trabalho e da Solidariedade que procedesse à revalorização do Salário Mínimo Nacional (SMN) numa perspectiva económica e não pelo impacto que vai ter no Orçamento de Estado. Exigiram igualmente a revisão do Código do Trabalho, obviamente numa perspectiva de uma maior rigidez. Isto é, os sindicatos privilegiam os “insiders”, face aos restantes; privilegiam a rigidez dos factores de produção, face à sua mobilidade; privilegiam a “conservação” do statu quo face à Destruição Criativa; em suma privilegiam a Conservação Destrutiva.

O progresso económico só se consegue com uma contínua renovação e reafectação dos factores de produção. No caso do Capital, todos estão de acordo. É mais simples ... é o empresário a pagá-lo. No caso do Trabalho há uma forte oposição. Governos e sindicatos não perceberam que sem mobilidade laboral não há inovação, ou esta é muito lenta. Governos e sindicatos não perceberam que sem mobilidade laboral não há incentivos ao investimento e à renovação do factor capital. Nenhum empresário está disposto a fazer investimentos vultuosos, a arriscadas rupturas tecnológicas, com efectivos cuja imobilidade não incentiva à requalificação. A rigidez laboral desincentiva a Destruição Criativa do Capital.

Li há tempos que na década de 1990 foram criados, nos EUA, cerca de 330 milhões de postos de trabalho e destruídos cerca de 305 milhões. Ou seja, o número de postos de trabalho aumentou cerca de 25 milhões. Sem aquela enorme “Destruição” não teria sido possível a criação de uma tão grande quantidade de empregos e o elevado ritmo de progresso económico dos EUA. Aqueles números indicam que um trabalhador americano mudou, em média, duas vezes de emprego durante a última década

A rigidez do mercado do trabalho torna o desemprego friccional das economias dinâmicas, em desemprego estrutural, de longa duração, nas economias “conservativas”, como a nossa.

Quanto ao SMN, se ele se mantém baixo, a sua influência sobre o nível de emprego é despicienda. Todavia, se ele aumenta, a partir de certo nível torna-se um travão ao aumento do nível de emprego, nomeadamente no segmento dos menos qualificados. E, na actual situação da Economia global e da baixa qualificação laboral portuguesa, pode ser um incentivo à deslocalização e ao aumento do desemprego. É uma protecção envenenada aos menos qualificados. Os sindicatos acenam com ilusões, atrás das quais se perfilam as duras realidades.

No caso português coexistem dois mercados de emprego: um rígido e outro pouco ou nada regulado (contratos a prazo e recibos verdes). É este último mercado que, apesar dos disparates económicos que se têm cometido, serve de travão a um aumento mais acelerado do desemprego. É esse mercado que propicia alguma Destruição Criativa. Também é neste mercado que há os comportamentos mais indecorosos de alguns empresários (conjuntamente com o banditismo fiscal do Estado sobre os trabalhadores em regime de recibo verde) que são tomados como manifestações da impiedade neoliberal, quando eles resultam de uma política cobarde e deliberada do Estado que, incapaz de regulamentar o mercado de trabalho de forma eficiente, deixa continuar a rigidez excessiva no mercado “normal” e é obrigado a permitir uma total desregulação no mercado “lateral” de forma a incentivar o emprego e evitar que o nível de emprego caia drasticamente devido à rigidez dos “insiders”. Uma obrigação com que ele, aliás, não deixa de lucrar abusivamente.

Mas não é só no mercado do trabalho que prevalece a Conservação Destrutiva. Portugal é o segundo país da União Europeia (dos 15) que mais ajudas concedeu às suas empresas em 2003, com 1,24% do PIB, atrás da Finlândia (1,41%) e muito à frente da Alemanha (0,77%), para uma média da UE (dos 15) de 0,57%. Não é apenas o ónus para a despesa pública e para os bolsos do contribuinte que tal representa. Proteger empresas ineficientes desvirtua a concorrência, provoca uma deficiente afectação dos recursos e conduz a um nível menor do bem estar social. E leva a que os empregados dessas empresas percam a noção de que estão a servir uma clientela e se julguem numa sinecura.

Ao pôr entraves à Destruição Criativa, em nome de uma “Conservação” ilusória, o nosso país protege o que é obsoleto, avesso ao risco e à mudança. É uma Conservação Destrutiva, porquanto julga conservar, mas cria as condições para a destruição progressiva do nosso tecido económico.


Sobre esta matéria ler:
O Caso Bombardier
Construtores de Pirâmides
Estado de Silêncio

Publicado por Joana às abril 20, 2005 10:55 PM

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Comentários

Título genial.

Publicado por: JoaoMiranda às abril 20, 2005 11:52 PM

Excelente post

Publicado por: Novais de Paula às abril 21, 2005 12:46 AM

Na generalidade estou de acordo com a Joana, mas não exageremos os efeitos positivos da "destruição". Às vezes a destruição é apenas isso: destruição. Do tipo maremoto do Sueste da Ásia... Ou, no campo da economia, do tipo Grande Depressão da década de 30 do século passado.

Publicado por: Albatroz às abril 21, 2005 09:05 AM

"os factores de produção – Capital e Trabalho"

Esta é uma divisão clássica, marxista. A estes dois é preciso acrescentar pelo menos mais dois: energia (que não é bem uma forma de capital) e recursos naturais (água por exemplo).

É claro que se pode ser generoso e pretender que o "capital" engloba por definição tudo aquilo que não é trabalho", incluindo portanto os recursos naturais e a energia. Mas eu creio que é bem mais claro se se explicitar estes dois recursos, os quais muitas vezes não dependem da vontade, nem do capitalista, nem do trabalhador. Por exemplo, se não chove, como no Algarve, não há capital nem trabalho que possam endireitar a situação.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 21, 2005 09:49 AM

"o elevado ritmo de progresso económico dos EUA"

Sem pôr em causa tal progresso, há que lembrar que os EUA têm uma dinâmica demográfica muito positiva, ao contrário da Europa e (ainda mais) do Japão. Os EUA têm - por motivos antropológicos dificilmente explicáveis - uma natalidade muito superior à europeia. Têm, além disso, uma imigração muito abundante - a maior parte dela permanecendo na ilegalidade. Devido a estes dois fatores, a população dos EUA é crescente e muito mais jovem do que a europeia. Isto gera uma procura sempre crescente de bens, a qual por sua vez justifica o crescimento económico.

A economia estagnada da Europa - e a ainda mais estagnada economia japonesa - explicam-se em grande parte por uma população que não cresce, ou cresce muito pouco, e que além disso é muito idosa - os idosos têm menos ambição, vontade e capacidade de progesso no consumo e na tecnologia do que os jovens.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 21, 2005 09:54 AM

Uma coisa que tenho reparado e que acontece sitematicamente nos comentários é que raqramente vão ao essencial e se perdem em pormenores.

Faço um exercício oposto:

Temos sindicatos obtusos, governos de vistas curtas e um povo cobarde. É curioso que num páis onde não existe realmente direita sejam todos tão conservadores no pior sentido do termo (se é que há algum sentido positivo...).

Publicado por: Mário às abril 21, 2005 10:13 AM

Em Israel também não chove e, no entanto, lá vão endireitando a situação. Assim como em Cabo Verde, por exemplo.

Publicado por: Senaqueribe às abril 21, 2005 10:17 AM

"e se perdem em pormenores [os comentários]"

Eu não me perco em pormenores. Foco, apenas, alguns pormenores que acho interessantes, que penso serem relevantes. Se não digo nada sobre o resto do post, é porque nada tenho a dizer. Quem cala, consente.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 21, 2005 10:21 AM

Se os Estados Unidos têm uma natalidade muito superior à europeia, será mesmo por motivos antropológicos? Ou existirão outros motivos mais "caseiros", como a maior ou menor disponibilidade para cuidar dos filhos?

Publicado por: Senaqueribe às abril 21, 2005 10:29 AM

Luís Lavoura em abril 21, 2005 09:49 AM:
Os factores de produção são o Capital e o Trabalho em toda a Teoria Económica e não apenas na economia marxista.
Os outros produtos utilizados na produção designam-se por bens intermédios - matérias primas e subsidiárias, energia, água, etc.
As funções de produção da economia são construídas com o capital e o trabalho.
O PIB é, grosso modo, o somatório de todos os VAB's. O VAB é a remuneração dos factores de produção - remunerações dos trabalhadores (incluindo as sociais) e do capital (encargos financeiros e lucros).

Publicado por: L M às abril 21, 2005 10:39 AM

Gostei do post e começo a deixar de embirrar com o Sr. Luis Lavoura. Acho que lhe tem feito bem ser leitor assíduo da Joana. É pois indiscutível o efeito didático deste blogue, no qual tenho aprendido muitíssimo. Parabéns e obrigado, Joana e os meus respeitos ao Sr. Luis Lavoura.

Publicado por: JMTeles da Silva às abril 21, 2005 10:45 AM

O post está excelente e o título vai fazer história.

Publicado por: AJ Nunes às abril 21, 2005 10:59 AM

Senaqueribe às abril 21, 2005 10:29 AM

Eu não percebo nada de antropologia, nem sequer sei bem o que é, limito-me a seguir uns livros de Emmanuel Todd (um antropólogo francês) que li. Ele faz notar que a Inglaterra e os EUA têm ambos natalidades "anormalmente" altas, tal como a França, enquanto que outros países, como a Alemanha ou a Itália, têm natalidades "anormalmente" deprimidas. Estes factos dificilmente se explicam com variáveis como o bem-estar económico das populações, o muito ou pouco trabalho dos pais, etc. Por exemplo, na Alemanha é comum as mães não trabalharem, enquanto que nos EUA em geral se trabalha mais horas do que na Europa. Isto sugeriria ser mais fácil ser-se mãe na Alemanha do que nos EUA mas, pelo contrário, o que se observa é que a natalidade é muito maior nos EUA do que na Alemanha. Parece pois haver atitudes antropológicas em relação à natalidade que diferem de país para país.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 21, 2005 11:01 AM

"começo a deixar de embirrar com o Sr. Luis Lavoura"

Agradeço, embora não perceba porque motivo é que começou a embirrar comigo em primeiro lugar. Fiz-lhe algum mal?

Publicado por: Luís Lavoura às abril 21, 2005 11:04 AM

Publicado por: Luís Lavoura às abril 21, 2005 10:21 AM

O que disse das pessoas se perderem em pormenores ao comentário não era directamente para si. Também me acontece a mim. E é algo que acontece muito em blogs e foruns, que acabam por ser divagações estéreis muitas vezes.

Contudo, o mais importante é que se fale livremente. Seja lá o que saia daí.

Publicado por: Mário às abril 21, 2005 11:11 AM

"Os factores de produção são o Capital e o Trabalho em toda a Teoria Económica"

Claro que sim, não duvido. Resta saber se esta Teoria Económica (clássica, herdada do século 19) não está implicitamente a tomar a energia e os recursos naturais, nomeadamente a água, como sendo infinitos. Ou seja, se essa Teoria Económica não necessita de algumas correções, no século 21, para ter em conta, de forma explícita, a possível escassez de fatores de produção que não são bem, nem Capital, nem Trabalho.

É claro que essa escassez pode ser suprida. Por exemplo, se falta água, essa falta pode ser suprida por capital - pode arranjar-se uma instalação de dessalinização. Se falta energia, isso pode ser suprido por trabalho - põe-se pessoas a cortar a relva dos jardins com tesouras, como eu vi fazer na Índia, em vez de se usar uma máquina para o efeito.

Tal como a física do século 19 foi corrigida no século 20 para tomar em conta novas situações (velocidades muito elevadas, quantidades de energia muito pequenas), também a Ciência Económica do século 19 pode ter que ser corrigida para tomar em conta as novas situações que se nos põem no século 21.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 21, 2005 11:25 AM

Nunca percebi tão claramente, como com este "post" de Joana, a radiografia portuguesa e a "grandiosidade" dos equívocos eleitorais. Parece até que vivemos colectivamente uma situação objectiva de «double bind». É bonitinho.

Publicado por: asdrubal às abril 21, 2005 11:35 AM

Na verdade este post, e principalmente o título, está bem esgalhado.

Publicado por: Sa Chico às abril 21, 2005 01:08 PM

"Agradeço, embora não perceba porque motivo é que começou a embirrar comigo em primeiro lugar. Fiz-lhe algum mal?"

Óbvio que não me fez qualquer mal. O embirrar aqui traduz tão simplesmente o meu desagrado por alguns dos seus pontos de vista perante determinados assuntos. Nada de grave. Era preciso dizer? Note bem, importe-lhe ou não,
se fiz estas observações é porque considero que vale a pena redimir-me pelo que o julguei.
Comentadores habituais há aqui que nem sequer reconheço que existem dado o seu fanatismo ideológico e conduta ordinária. A Joana não tem estômago, tem moela, ao não lhes responder como mereceriam.
Sem mais...

Publicado por: JMTeles da Silva às abril 21, 2005 01:32 PM

Nem todas as destruições são criativas, e em geral não o são, como é o caso da bem conhecida falácia da "janela partida".

Há poucos meses atrás este blog era alvo de ataques diários, destrutivos e que não permitiam qualquer troca de ideias. Muitas pessoas afirmaram que, devido a isso, deixavam de ler o blog ou pelo menos não o comentavam.

Agora estamos numa fase mais serena mas também mais activa, discute-se algo, nem sequer há barricadas bem assentes. Até porque as soluções para os problemas (se existirem) não necessitam de ideologias.

Publicado por: Mário às abril 21, 2005 01:56 PM

Luís Lavoura às abril 21, 2005 11:25 AM:
Numa produção há "agentes" da transformação e há aquilo que é transformado.
Por exemplo, quando produz cimento, há o capital, que consiste nos eequipamentos de moagem, transportadores, forno, etc., e há o trabalho. Estes são os agentes da transformação. Há adicionalmente os bens "intermédios": a matéria prima (calcários e margas), a energia (o fuel ou o carvão moido que são injectados no forno, e cujo custo é de longe o mais avultado, a energia eléctrica ou mecânica das moagens, transportes etc.) e as matérias subsidiárias (inclusivamente os clips usados nos escritórios, os telefones, etc.).
No exemplo que você dá há uma substituição de quantidades do factor trabalho pelo factor capital (um equipamento mecânico em vez de uma tesoura). Isso acarreta um consumo maior de energia, mas não faz desta um factor de produção no sentido económico do termo. Também vai gastar mais em manutenção (o equipamento mecânico tem custos de manutenção muito mais elevados que uma tesoura) e isso não faz da manutenção um factor de produção.
Você está a raciocinar em termos de "senso comum", enquanto o termo "factor de produção" em Economia tem um significado preciso.

Publicado por: Joana às abril 21, 2005 02:01 PM

Mário às abril 21, 2005 01:56 PM:
É preciso ter paciência e fazer que prevaleça o que é essencial face ao supérfluo.

Publicado por: Joana às abril 21, 2005 02:03 PM

Luís Lavoura às abril 21, 2005 11:25 AM

Já é possível encontrar economistas a desenvolver "Green Economics", já vi alguns trabalhos nessa área. É relativamente recente e está um pouco fora da teoria neoclássica, mas já tem em conta, entre outras coisas, a escassez de recursos naturais.

Publicado por: Daniel às abril 21, 2005 02:17 PM

- Já é possível encontrar economistas a desenvolver "Green Economics" -

Por exemplo Herman Daly, "Steady-state economics", um livro muito interessante.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 21, 2005 02:25 PM

Daniel: essa questão resulta do facto dos recursos ambientais (ar, água dos aquíferos, rios e oceanos, etc.) não terem "proprietários", logo, não terem um preço estabelecido pelo equilíbrio normal de mercado.
As soluções têm sido a de atribuir preços à sua utilização por via indirecta (taxas e tarifas de saneamento, pagamento das emissões de CO2, etc.), quer obrigando, por meio dos licenciamentos, a que empresas poluentes tenham estações de tratamento e que os seus efluentes tenham níveis de poluição abaixo dos fixados por lei, quer pura e simplesmente, não licenciando as instalações.
No meio disto tudo, há muito trabalho teórico, muitos modelos que são propostos para dirimir as questões, etc.

Publicado por: Joana às abril 21, 2005 02:30 PM

Quanto à rigidez do mercado de trabalho, existem restrições não-legais como a incapacidade de alguns trabalhadores se reintegrarem na vida activa caso exista uma "destruição criativa". O fenómeno de histerese já foi abordado anteriormente no blog, em Portugal provocaria um aumento significativo da taxa de desemprego estrutural. Daqui pode resultar uma necessidade de apoiar algumas empresas, de modo a preservar esses postos de trabalho, mesmo que essas empresas sejam relativamente menos eficientes. É a solução possível.

Publicado por: Daniel às abril 21, 2005 02:40 PM

Luís Lavoura às abril 21, 2005 11:01 AM

Só li um livro de Emmanuel Todd, "A Queda Final", em que ele previa o fim das economias planificadas do sistema soviético. Foi muito aplaudido mesmo antes de se confirmar a sua previsão.
Agora parece que publicou outro em que prevê a queda do sistema económico americano e já está a ser contestado. Enfim, vamos ver o que acontece.
Quanto à questão da dinâmica demográfica e dos indíces de natalidade nos países desenvolvidos (e nos outros), seria desejável que a Joana, com a competência que lhe é reconhecida, lançasse o tema para debate aqui no blogue, uma vez que se trata de um assunto interessante que "mexe" com a economia e com a política. Que tal?...

Publicado por: Senaqueribe às abril 21, 2005 02:48 PM

Joana às abril 21, 2005 02:30 PM

Isso são "environmental economics", "green economics" tem uma abordagem muito diferente.

Publicado por: Daniel às abril 21, 2005 03:24 PM

Senaqueribe às abril 21, 2005 02:48 PM

O livro de Emmanuel Todd a que me referia é o penúltimo (julgo) dele, "A ilusão económica". Infelizmente, creio que a edição portuguesa se encontra esgotada. Nesse livro, ele pretende demonstrar que muitos dos factos económicos que os economistas pretendem explicar têm de facto explicações extra-económicas; por exemplo, as diferentes dinâmicas demográficas, ou os diferentes padrões antropológicos, dos diferentes países. Ou seja, que o (in)sucesso das diferentes economias é uma ilusão (daí o título), que não tem essencialmente a ver com as caraterísticas da vida económica em si, mas sim com outros fatores.

Independentemente de concordarmos ou não com as diversas teses de Todd (nomeadamente com a tese do declíneo dos EUA expressa no seu último livro "O fim do império"), vale a pena lê-lo, já porque ele escreve muito bem, já porque apresenta muitos dados, já porque tem uma argumentação muito interessante.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 21, 2005 03:37 PM

Mário em Abril 21, 2005 01:56 PM,
.
Ó Mário não podia explicar aqui ao preto o que é a «falácia da janela aberta» ?

Publicado por: asdrubal às abril 21, 2005 05:25 PM

Publicado por: asdrubal às abril 21, 2005 05:25 PM

Podia explicar, mas acho que a Joana está bem mais capacitada para isso, assim como outros que comentam este blog.

Publicado por: Mário às abril 21, 2005 06:01 PM

Correção: Janela partida.

Publicado por: Mário às abril 21, 2005 06:05 PM

«Podia explicar, mas acho que a Joana está bem mais capacitada para isso, assim como outros que comentam este blog».
.
Era uma interpelação de boa-fé, embora com a troca do partido pelo aberto. Em todo o caso registo.

Publicado por: asdrubal às abril 21, 2005 07:16 PM

Sobre a falácia da janela partida:

http://en.wikipedia.org/wiki/Broken_window_fallacy

Publicado por: Mario às abril 21, 2005 09:51 PM

Mario: Eu referi a Destruição Criativa, utilizando a terminologia de Schumpeter.
Para Schumpeter a concorrência é um processo a longo prazo em que as empresas competem desenvolvendo totalmente novos produtos e processos. Por exemplo, um monopólio não pode se manter por longos períodos porque os seus preços e os seus lucros criam um forte incentivo para que os empresários concorrentes produzam novos bens e descubram novos métodos de produção (isto, desde que haja liberdade de entrada nos mercados). Essa inovação empresarial resulta em destruição criativa pois cria novos produtos e métodos de produção e destrói a força do monopólio existente.

É uma destruição (de bens de capital obsoletos) que cria (bens de capital mais produtivos).

Nunca a falácia de Bastiat que se refere à destruição de bens de consumo, julgando que tal dinamiza a economia.

Publicado por: Joana às abril 21, 2005 11:39 PM

Uff, muito obrigado Mário, muito obrigado !
.
« (...) En matière économique, il [Bastiat] insiste souvent sur la distinction entre ce qu'on voit et ce qu'on ne voit pas (on parlerait aujourd'hui des coûts cachés). Ce thème, élargi pour critiquer l'activité interventionniste de l'État, est développé à l'origine dans sa parabole de la fenêtre cassée. L'argent dépensé pour réparer une fenêtre cassée apportera du travail au réparateur ; ce dernier pourra augmenter ses dépenses, ce qui produira plus d'affaires pour d'autres. Ce qu'on ne voit pas ici, c'est comment l'argent aurait été dépensé si la fenêtre n'avait pas été cassée. La fenêtre cassée a seulement détourné de l'argent vers d'autres dépenses. Selon Bastiat, l'État agit continuellement de la sorte en prenant aux plus actifs pour subventionner des groupes d'intérêt, des associations corporatistes ou assister les inactifs (...)».

Publicado por: asdrubal às abril 22, 2005 12:02 AM

Publicado por: asdrubal às abril 22, 2005 12:02 AM

Não quero que fique equivocado com a minha atitude. Venho a este blog para aprender algo (de vez enquando atiro umas bocas...), não para ensinar o que não sei.

Publicado por: Mário às abril 22, 2005 10:15 AM

Mário em Abril 22, 2005 10:15 AM,
.
Pelo amor de Deus, não pense isso.
Aqui "venho ao mesmo", mais a minha circunstância ...

Publicado por: asdrubal às abril 22, 2005 05:53 PM

Joana,

Daqui fala o Papa mas não é para te ordenhar, perdão, ordenar ainda.

O Telmo Correia mandou-me perguntar se o apoias amanhã lá no congresso dos palhaços e anedotas do CDS. Isto não é coisa que se peça a um Papa, ainda por cima fresquinho. Deve ter a ver com as tuas características de laxante electrónico, pois o Telmo já deve estar com dores e barriga.
V~e lá se lhe ligas que eu tenho mais que fazer e ainda nem fiz o inventário aqui das freiras do Vaticano.

Teu Papa amigo

Bento XVI

Publicado por: Bento XVI às abril 22, 2005 10:58 PM

Está de facto excelente este post. Vem anunciado em diversos blogs

Publicado por: Ronaldo às abril 23, 2005 04:15 PM

Está muito bem achado

Publicado por: Surpreso às abril 24, 2005 03:09 PM

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