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fevereiro 09, 2005
A Vitimização e o Vale-Tudo
A relação da comunicação social com Santana Lopes faz lembrar a relação da madrasta cavernícola e autoritária com o enteado depois de o sovar, quando o miúdo se apresta num vago queixume, grita-lhe: e se choras apanhas mais! Não há nada a fazer primeiro sovam-no em todos os tons e sons; depois quando ele menciona os agravos, é sovado por se estar a vitimizar. Vem isto a propósito de uma jornalista do Público, Eunice Lourenço, que eu já citei mais que uma vez (aqui e aqui), pelas suas notícias absolutamente destituídas de rigor e ética, ter escrito ontem (em co-autoria com a colega Helena Pereira) um artigo em que afirmava peremptoriamente que Cavaco aposta na maioria absoluta de Sócrates.
É uma notícia escrita de uma forma absolutamente perversa, pois pela sua leitura se verifica que aquela afirmação, e outras de teor idêntico nela insertas, não provêm directamente de Cavaco, mas de alegadas fontes próximas. Aquela notícia foi imediatamente desmentida.
Hoje o Público traz, das mesmas autoras, uma notícia intitulada Ex-primeiro Ministro Incomodado com Notícia do PÚBLICO, onde as autoras sugerem que aquele desmentido apenas indiciava que Cavaco estaria incomodado. Ou seja, não era a primeira notícia daquelas jornalistas que era uma mentira, o mentiroso seria agora Cavaco que mentia (desmentindo) por estar incomodado ...
Agora o ex-primeiro-ministro enviou uma declaração à Lusa onde afirmou: "Ontem, dia de Carnaval, fui surpreendido com uma notícia no jornal PÚBLICO intitulada 'Cavaco Silva aposta em maioria absoluta do PS'. A notícia não tem qualquer fundamento". "Trata-se de uma total invenção da parte de quem a escreveu. Não fiz qualquer declaração ou comentário sobre o processo eleitoral em curso. Embora ausente de Lisboa, tive oportunidade de transmitir o meu protesto ao director do PÚBLICO".
Curiosamente esta informação aparece no Público on-line sob a epígrafe de Cavaco Silva recusa envolver-se em manobras eleitorais e nem está sequer assinada. Provavelmente a intenção será a de insinuar que se trata de mais uma mentira de Cavaco Silva para evitar envolver-se em manobras eleitorais. Conclusão, não vale a pena desmentir, pois a notícia continua lá, incólume, indiferente aos factos.
É óbvio que este jornalismo sórdido não é produzido às escondidas da Direcção do Público. Ele terá que ter a conivência dessa Direcção, ou pelo menos de parte dela. Um jornal como o Público pode errar uma vez, pois é natural que um chefe confie nas suas colaboradoras e não vá verificar a seriedade das notícias. Todavia é um indício terrível que publique os sucessivos desmentidos a esse erro metamorfoseados em mentiras piedosas. É o indício que é o próprio jornal que não é isento; é o indício que a falta de ética e a sordidez jornalística daquelas plumitivas têm a cobertura da Direcção do jornal.
Não vou discutir quais as intenções destas notícias. Santana Lopes está impedido de se queixar qualquer queixa dele não passa de vitimização. Cavaco Silva está impedido de desmentir qualquer desmentido dele é apenas mais uma mentira para disfarçar o seu incómodo. Não há pois nada a fazer quando a nossa comunicação social cria um facto político. Mesmo que não exista ... é um facto político!
Para mim, é justamente esse o incómodo: a fabricação pela nossa comunicação social e, mais grave, por um órgão de referência dessa mesma comunicação, de um facto político e a sustentação desse facto político para além de todos os desmentidos.
Chegámos ao Vale-Tudo.
Publicado por Joana às fevereiro 9, 2005 07:58 PM
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Comentários
Joana:
"...a fabricação pela nossa comunicação social e, mais grave, por um órgão de referência dessa mesma comunicação, de um facto político...."
Ora, nem mais... Pobre País, como dizia o outro.
O mais pobre neste País, como se vê, é esta imprensa 'de referência'.
Pobre País, digo eu também..
Publicado por: P Vieira às fevereiro 9, 2005 07:22 PM
Então Joana a campanha eleitoral neste fim de semana com ponte, correu-lhe bem ?
Depois de uma leitura atenta desta "tonelada de palavras" faço os meus cumentários, por agora e só.
Publicado por: Gato Fedorento às fevereiro 9, 2005 07:25 PM
Jornalismo especulativo:
«Cavaco aposta na maioria absoluta de Sócrates»
«O ex-primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva aposta numa maioria absoluta do PS nas legislativas de dia 20 e considera que esse é o melhor cenário para o lançamento da sua candidatuta à Presidência da República. Cavaco está mesmo convencido de que esse cenário se vai concretizar e tem manifestado essa opinião em reuniões sociais em que tem participado e nas quais se tem encontrado com figuras do PSD, sobretudo críticos da actual liderança de Pedro Santana Lopes.»
(artigo publicado no jornal "Público" - versão integral)
Atente-se que Cavaco Silva não é referido como fonte de informação em nenhum momento do referido artigo. De facto, não existe qualquer tipo de discurso directo atribuído ao antigo primeiro-ministro, nem sequer se citam as habituais fontes próximas da personalidade em questão. Ou seja, o jornalismo meramente especulativo na sua máxima expressão.
Publicado por: xatoo às fevereiro 9, 2005 07:29 PM
Inacreditável... E que dirá a isto a administração do "Público"? Não verá que o descrédito do jornal está a ser fabricado pela respectiva direcção e por pseudo-jornalistas como a Eunice Lourenço? Que espera para dar a vassourada que se impõe?
Publicado por: Duarte às fevereiro 9, 2005 10:18 PM
São todos coniventes!
Publicado por: David às fevereiro 9, 2005 10:45 PM
... eu proporia a fusão formal da AACS, da CNE e do TC para a consolidação das amplas liberdades em curso ...
Publicado por: asdrubal às fevereiro 9, 2005 11:15 PM
Estas coisas acontecem com frequência no Público. É um jornal cheio de "jornalistas de causas".
Publicado por: Hector às fevereiro 9, 2005 11:20 PM
Já tinhamos "as facadas nas costas" "os pontapés na incubadora" e agora temos "a madrasta que sova o rapaz".
Arranjem mais que nós gostamos.
Publicado por: Gato Fedorento às fevereiro 9, 2005 11:28 PM
xatoo: os meus cumprimentos e parabéns. E obrigada pela visita
Publicado por: joana às fevereiro 10, 2005 12:06 AM
E não me parece que o Público se retrate. O Público é um saco de gatos onde há de tudo. Há os honestos, há os facciosos e há as facciosas aldrabonas.
Publicado por: Joana às fevereiro 10, 2005 12:08 AM
Eu também acho que o Público vai ignorar as críticas e esperar que a malta esqueça
Publicado por: Hector às fevereiro 10, 2005 12:11 AM
Será espantoso se o Público ignorar esta chuva de contestação.
Publicado por: Romeu às fevereiro 10, 2005 12:23 AM
Na verdade o ódio da comunicação social e dos politicamente correctos ao PSL é tão grande e tão diversificados, que há imensas comparações possíveis.
E há os imbecis que não as percebem.
Publicado por: Hector às fevereiro 10, 2005 12:44 AM
Vítimas e Jornal Público
Num destes dias a Dona Joana, aproveitou um artigo de uma tal Graça sem graça nenhuma, a propósito do aborto, e o artigo era tão do agrado dela, que até disse:
O artigo que eu gostava de ter escrito !!!
Está no seu direito de reconhecer que a dita autora e jornalista do Público, comunga suas ideias e como tal nessa altura esqueceu-se de tecer as críticas que agora apresenta neste blog, sobre o mesmo jornal, os mesmos redactores e o mesmo Director.
Vá-se lá perceber estas críticas agora..alguém percebe ?
Bem sei que não vai entender, que eu por exemplo me senti insultado por essa Graça, e no entanto não me vitimizei, e limitei-me a chamá-la de burguesinha que ganha muito bem, para ter os filhos bem educadinhos etc e tal, e no entanto ela ofendeu e humilhou milhares de portuguesas que são obrigadas a abortar em condições inhumanas muitas vezes correndo risco de vida.
Pois fique sabendo e para que fique registado, foi bem pior esse artigo sobre o aborto do que esta brincadeira de canarval !
Publicado por: Templario às fevereiro 10, 2005 02:53 AM
É preciso perceber que os jornais são órgãos económicos como outros quaisquer, e que os jornalistas almoçam e jantam como alguns dos portugueses.
Querer ver nesta classe de profissionais os paladinos da verdade suprema e os cavaleiros sem mácula que se bateriam pela Verdade é crer no Pai Natal.
Fazem pela vidinha
Publicado por: carlos alberto às fevereiro 10, 2005 09:14 AM
Pois, mas podiam fazer de uma forma menos repelente
Publicado por: David às fevereiro 10, 2005 09:59 AM
É um nojo, o Público. Ainda por cima convencidos que são a elite
Publicado por: Diana às fevereiro 10, 2005 10:29 AM
E aqueles gajos não têm emenda. Basta ler a declaração deles de hoje
Publicado por: VSousa às fevereiro 10, 2005 11:23 AM
Joana, o que é certo é que o Prof mandou tirar a sua imagem dos cartazes do PPD!
E isso é prova descontentamento, e de que o homem não se quer envolver nas "traquinices" do PSL.
O resto é folclore, como aquela de se culpar a CC pelas "facadas"...e não os amigalhaços, que foi quem lhas deram!
Cá pra mim a notícia teve origem na contra-informação laranja, arranjou um bom tabú (Cavaco é sempre um...) para destrair as atenções do essencial.
Publicado por: E.Oliveira às fevereiro 10, 2005 12:06 PM
Os jornalistas são de facto a elite. Aliás, representam várias elites: As dos mentirosos, dos propagandistas, dos incultos, dos sem escrúpulos, dos hipócritas, dos des-memoriados...
Publicado por: Mário às fevereiro 10, 2005 04:02 PM
Tem razão Mário, essas duas notícias eram um nojo. E a desculpa do Público também foi de mau pagador, mas isso discute-se posts mais acima!
Publicado por: Sa Chico às fevereiro 11, 2005 01:02 AM
Cavaco é um esqueleto a desfazer-se cheio de pó,colocado numa casa abandonada coberto com um lençol branco,cujo passado representa a passagem de um governante que protegeu os grandes,que nada fez por uma economia que liderasse no nosso país,representou a direita reacionária.Agora é apenas um fantasma que espalha o medo perante os fracos deste país. É preciso que estejamos alerta para darmos cabo deste fantasma que anda a espalhar o medo e também a morte.
Publicado por: antonio às setembro 16, 2005 12:23 AM