Enquanto os líderes dos dois maiores partidos andam empolgados pelo país a prometer meter Portugal nos eixos 150 mil novos empregos, crescimento de 3% ao ano, emagrecimento da FP em 75 mil efectivos (PS); ou peso do Estado no PIB de 48% para 40%, diferencial de produtividade face à média da UE de 64% para 75%, peso da economia paralela no PIB de 23% para 10% (PSD) os seus assessores são mais comedidos: Mexia referiu, na 5ª feira, que estes números eram Metas Aspiracionais e Vitorino asseverou, na entrevista ao programa "Diga Lá Excelência", que veio a lume hoje no Público, que aqueles números eram Metas Indicativas".
Quer um quer outro são indivíduos competentes e sensatos, com experiência, um com experiência mais empresarial (Mexia), outro mais administrativa (Vitorino), mas ambos com práticas vividas que lhes sugerem que, embora aqueles números correspondam a vontade de mudança das estruturas do país por parte das lideranças de ambos os partidos, a dura realidade dos hábitos instalados no sector público, os lobbies sindicais e os interesses corporativos, que também se insinuam internamente quer no PS, em maior grau, quer no PSD, irão dificultar as acções correctivas e que aqueles números quase de certeza não serão atingidos.
Uma plumitiva do Público, Eunice Lourenço, com a objectividade e o espírito de isenção que a caracteriza, desancou no Sábado passado, no Público, o PSD pelas declarações de Mexia, dizendo que foi o sinal mais evidente do desnorte e desgoverno em que vai o PSD e o reconhecimento mais descarado do verdadeiro programa eleitoral do PSD. E a partir daí seguiu furibunda, glosando em diversos tons agrestes o conceito de Metas Aspiracionais.
Eunice Lourenço cometeu dois erros. O primeiro foi a forma acintosa e desabrida como caracterizou a conferência de imprensa de António Mexia. São palavras espectáveis de responsáveis pela campanha do partido opositor, ou de quem não aprecie o actual PSD ou apenas António Mexia. Todavia, são palavras que deveriam ser evitadas por uma jornalista, de um jornal de referência, quando noticia um evento.
O segundo erro de Eunice Lourenço foi a sua precipitação. Quando escreveu aquela diatribe, ou pelo menos quando ela veio a lume, já Vitorino havia dado a entrevista onde falava das Metas Indicativas. Teria sido preferível ter ficado calada, pois agora Eunice Lourenço tem a obrigação ética de produzir uma igualmente furiosa catilinária contra o desnorte e o desgoverno de Vitorino. Isto admitindo que Eunice Lourenço tem qualquer ética profissional.
Da entrevista de Vitorino respigo o seguinte parágrafo, pelo que ele tem de lucidez, vindo, como veio, de um destacado militante do PS e membro do governo de Guterres. Sobre as expectativas falaciosas de progresso criadas no país durante o consulado de Guterres, Vitorino reconhece a responsabilidade do PS, pela perspectiva de adesão ao euro e a baixa das taxas de juro, o que provocou um desafogo extraordinário nas famílias e, portanto, uma espiral de sobreendividamento. A verdade é que nos devíamos ter concentrado mais nos "basicks", como dizem os ingleses. E isso o que é? Neste período de integração europeia fomo-nos aproximando do rendimento médio per capita a nível europeu e tivemos um progresso assinalável com cerca de 20 pontos acima em matéria de rendimento per capita mas a nossa produtividade como país não acompanhou essa subida de rendimento..
Ora isto corresponde a afirmações que eu tenho produzido aqui e contrariam a generalidade das declarações de dirigentes do PS, como Cravinho e Santos Silva, entre muitos outros. Vitorino reconhece que o nosso crescimento de então era falacioso. Era o crescimento do rendimento das famílias decorrente da política de despesa pública de Guterres, mas esse crescimento do rendimento não tinha contrapartida no crescimento da produtividade. Era artificial e teria impacte negativo no défice orçamental e no aumento do saldo negativo das nossas contas com o exterior.
Não é possível sustentar o crescimento do país baseado no aumento da procura interna (consumo), sem correspondente aumento da oferta interna. E como parte do aumento do consumo se dirige a bens importados, parte do aumento dessa oferta interna deve dirigir-se à procura externa, de forma a assegurar o equilíbrio da balança de transacções com o exterior.
Vitorino compreendeu isso perfeitamente. As declarações dos restantes líderes do PS não evidenciam, de forma alguma, essa compreensão.
Mexia aspira a que as coisas aconteçam; Vitorino indica o gostaria que a malta fizesse.
E nós temos que escolher um deles
ou não escolher nenhum..
Afixado por: the little big man em janeiro 31, 2005 10:13 PMPelo que foi dito por Joana, nem sequer vale a pena discutir as propostas de Mexia tão desparatadas elas são!
Pelo contrário as de Vitorino merecem-lhe algum crédito.
Ainda bem!
Conclusão : Mexia versus Vitorino , estão bem um para o outro e a Joana gosta ; o que ela não suporta são jornalistas, pior se forem do sexo feminino e, ainda pior, se forem ...do Público !!!
Afixado por: zippiz em janeiro 31, 2005 11:41 PMAs mulheres são umas invejosas
Afixado por: nuncio em fevereiro 1, 2005 12:09 AMAinda as havemos de ver a arrancarem os cabelos umas às outras, aos gritos.
Afixado por: nuncio em fevereiro 1, 2005 12:10 AMMetas Aspiracionais e Indicativas
Acabadinha de chegar esta notícia:
Em 2002, havia 26 000 famílias ricas que entregaram IRS acima de 250 000 euros de rendimento, ora em 2004 só 2000 dessas famílias apresentaram rendimentos superiores a 250 000 euros.
Pergunta:
de 2002 a 2004 - Empobreceram 24 000 famílias ?
Há 24 000 famílias ricas que fugiram aos impostos?
Afixado por: Templário em fevereiro 1, 2005 12:36 AME, se bem se recordam, esta fuga generalizada ao fisco das famílias mais ricas, acontece com um director-geral de impostos que ganha mais do dobro do PR e veio da banca privada, justificando-se a sua contratação com o presumível aumento de eficácia da máquina fiscal. Mais uma vez está à vista a hipocrisia da direita.
Afixado por: pyrenaica em fevereiro 1, 2005 09:49 AMEu, por exemplo, aspirava ter um governo em condições
Afixado por: Susana em fevereiro 1, 2005 10:01 AMQuanto a isso nem como indicativo vais ter, Susaninha
Afixado por: David em fevereiro 1, 2005 10:33 AMSempre são boas notícias saber que os verdadeiros cérebros dos dois maiores partidos sao mais conscientes que os pivots que fzem de líderes.
Especialmente no caso de Vitorino (porque a esta altura só um milagre impediria o PS de ganhar as eleições).
Afixado por: Mário em fevereiro 1, 2005 11:26 AMbasics (6º parágrafo) não leva "k" - que erro de palmtória, joaninha ;-)
Afixado por: miguel em fevereiro 1, 2005 06:09 PMbasics (6º parágrafo) não leva "k" - que erro de palmatória, joaninha ;-)
Afixado por: miguel em fevereiro 1, 2005 06:09 PMVitorino não manda nada dentro do PS. Porque é que ele não quis candidatar-se? Porque sabia que seria trucidado pelo aparelho
Afixado por: David em fevereiro 1, 2005 06:47 PMmiguel em fevereiro 1, 2005 06:09 PM:
Fiz c&p do Público. Reparei nessa palavra, mas achei que não devia emendar uma transcrição de um jornal de referência.
Eu também li isso no Público. Será erro, ou alguma nova palavra do choque tecnológico?
Afixado por: Domino em fevereiro 1, 2005 07:57 PM