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maio 18, 2005
Barnabé ida e volta
Um Barnabé exulta com a expropriação de parte do imóvel da Bombardier (ler abaixo), exclamando: Um anúncio útil, quem quiser desinvestir em Portugal não é bem vindo!
Julgo que o correcto seria: Um anúncio útil, quem quiser desinvestir em Portugal não é bem ido!... ... e acrescentaria O Governo adverte: investir em Portugal pode prejudicar seriamente os seus activos.
Publicado por Joana às maio 18, 2005 02:10 PM
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Comentários
Não prejudica nada os ativos, pelo contrário... o tribunal atribuirá certamente uma bela compensação à Bombardier.
Pode até ser um belo negócio para os investidores... quando se deslocalizam, o Estado compra-lhes as máquinas velhas, e eles compram para o seu novo local de instalação máquinas novas e mais modernas - porque, é preciso não esquecer, a maquinaria industrial está em permanente modernização!
Publicado por: Luís Lavoura às maio 18, 2005 02:50 PM
Neste caso é capaz de ser. A Bombardier já fala em que aqueles 40% valem 20 milhões de euros. Sempre quero ver o buraco em que a secretária de Estado nos meteu.
É claro que, com o vagar dos tribunais, só o próximo governo vai pagar isto.
Publicado por: David às maio 18, 2005 03:03 PM
Provavelmente o melhor anúncio seria:
Invista em Portugal, porque quando o seu equipamento estiver obsoleto, o Estado português compra-o como novo.
Publicado por: David às maio 18, 2005 03:05 PM
É mau para todas as partes. Os irreponsáveis gritam vitória, porque têm o hábito de só analisar os problemas na perspecticva do curto prazo.
É mau para o Estado (para nós) porque a "birra" vai ser condenada em tribunal, e vai sair bem caro aos contribuintes.
É mau os investidores porque, mesmo que venham a ter indeminizações compensatórias, tão cedo não se querem meter numa embrulhada destas, que pode durar anos.
É mau para o investimento que não quererá colocar os pés num país dominado por estas actitudes infantis, a roçar o chauvinismo. Dá a ideia que o Estado se comporta como os pais de antigamente que queriam casar as filhas à força. Quem é que quer um sogro assim?
Publicado por: Mário às maio 18, 2005 03:10 PM
Um engenheiro alemão, quadro superior das grandes indústrias petroquímicas situadas a meio caminho entre Colónia e Bona, contou-me que, quando as tropas ingleses estavam como forças de ocupação na bacia industrial do Ruhr, depois da 2ª Grande Guerra, levaram para Inglaterra, a título de compensações pela guerra, grande parte da maquinaria que conseguiram encontrar nas fábricas, mas que, de facto, esse roubo acabou por ser muito benéfico para os alemães, e muito prejudicial para os ingleses, porque a Alemanha aproveitou o ter ficado sem máquinas para se reequipar toda com máquinas modernas, enquanto que os ingleses levaram para a terra deles tecnologia já obsoleta.
O alemão dizia-me isto com evidente satisfação, pois que ele era natural de Dresden, e não perdoava aos ingleses o puré em que eles (conjuntamente com os americanos) tinham transformado a sua cidade.
Publicado por: Luís Lavoura às maio 18, 2005 03:15 PM
O problema é que o estado nem sequer expropriou a maquinaria, só as instalações. Agora o processo vai-se arrastar durante uns anos nos tribunais, até que o governo seja substituido. Finalmente o estado recuperará uns trocos da indemenização que vai pagar à Bombardier vendendo o terreno a uns amigalhaços quaisquer para construir uma ... urbanização.
Publicado por: Pedro Oliveira às maio 18, 2005 03:49 PM
Eu peço imensas desculpas por vir aqui patentear a minha enorme ignorância, a minha esclerosada memória, mas ... o Vasco Gonçalves fez algo semelhante? Também ele, depois do 11 de Março de 1975, expropriou propriedades que eram património de estrangeiros? É que não me lembro ...
Publicado por: JM às maio 18, 2005 05:04 PM
Não. O Vasco Gonçalves nunca fez algo semelhante. Teve sempre o cuidado de não nacionalizar as propriedades dos estrangeiros. Mesmo as dos holandeses da zona da reforma agrária.
Esta gaja deve estar maluca! Ou então é uma ganda rábula.
Publicado por: V Forte às maio 18, 2005 05:07 PM
O Xô Lavoura nunca deve ter sido expropriado, para julgar que as indemnizações pagas pelo Estado são um bom negócio.
Quanto ao débil mental do Companheiro Vasco, realmente é verdade que nem ele foi tão estúpido como o Ministro Lino, percebendo bem que, com a desgraça que se abateria sobre o país com as nacionalizações de activos pertencentes a portugueses, afastar totalmente o capital externo era atingir um ponto Coreia. Do Norte, naturalmente.
Publicado por: Nuno às maio 18, 2005 05:50 PM
Obrigado V Forte. A minha pergunta pretendia ser irónica.
Claro que só pode ser uma rábula. Rábula? Fui ver ao dicionário. Diz que significa "advogado que fala muito, embaraçando as questões com os artifícios que a lei lhe faculta. Homem muito falador, que não chega às conclusões do seu arrazoado". Bem me parecia que só o termo "rábula" era curto para classificar a situação. Pode ser que estejam a utilizar uma rábula, mas falta diagnosticar o porquê, a razão escondida da monobra.
Publicado por: JM às maio 18, 2005 05:54 PM
Peço desculpa. O texto que vou transcrever não tem nada a haver com a Bombardier. Tem a haver com o referendo em França sobre o Tratado constitucional, e é muito engraçado porque é a opinião de Jacques Chirac sobre a Europa, em 1978. Conseguirão alguns ver a diferença entre essa posição e a que Chirac assume hoje? Aqui vai:
" Il est des heures graves dans l'histoire d'un peuple où sa sauvegarde tient toute dans sa capacité de discerner les menaces qu'on lui cache.
L'Europe que nous attendions et désirions, dans laquelle pourrait s'épanouir une France digne et forte, cette Europe, nous savons depuis d'hier qu'on ne veut pas la faire.
Tout nous conduit à penser que, derrière le masque des mots et le jargon des technocrates, on prépare l'inféodation de la France, on consent à l'idée de son abaissement.
En ce qui nous concerne nous devons dire NON.
En clair, de quoi s'agit-il ? Les faits sont simples, même si certains ont cru gagner à les obscurcir.
L'élection prochaine de l'Assemblée européenne au suffrage universel direct ne saurait intervenir sans que le peuple français soit directement éclairé sur la portée de son vote. Elle constituera un piège si les électeurs sont induits à croire qu'ils vont simplement entériner quelques principes généraux, d'ailleurs à peu près incontestés quant à la nécessité de l'organisation européenne, alors que les suffrages ainsi captés vont servir à légitimer tout ensemble les débordements futurs et les carences actuelles, au préjudice des intérêts nationaux.
1. Le gouvernement français soutient que les attributions de l'Assemblée resteront fixées par le traité de Rome et ne seront pas modifiées en conséquence du nouveau mode d'élection. Mais la plupart de nos partenaires énoncent l'opinion opposée presque comme allant de soi et aucune assurance n'a été obtenue à l'encontre de l'offensive ainsi annoncée, tranquillement, à l'avance. Or le président de la République reconnaissait, à juste raison, dans une conférence de presse récente, qu'une Europe fédérale ne manquerait pas d'être dominée par les intérêts américains. C'est dire que les votes de majorité, au sein des institutions européennes, en paralysant la volonté de la France, ne serviront ni les intérêts français, bien entendu, ni les intérêts européens. En d'autres termes, les votes des 81 représentants français pèseront bien peu à l'encontre des 329 représentants de pays eux-mêmes excessivement sensibles aux influences d'outre-Atlantique.
Telle est bien la menace dont l'opinion publique doit être consciente. Cette menace n'est pas lointaine et théorique : elle est ouverte, certaine et proche. Comment nos gouvernants pourront-ils y résister demain s'ils n'ont pas été capables de la faire écarter dans les déclarations d'intention ?
2. L'approbation de la politique européenne du gouvernement supposerait que celle-ci fût clairement affirmée à l'égard des errements actuels de la Communauté économique européenne. Il est de fait que cette Communauté - en dehors d'une politique agricole commune, d'ailleurs menacée - tend à n'être, aujourd'hui, guère plus qu'une zone de libre-échange favorable peut-être aux intérêts étrangers les plus puissants, mais qui voue au démantèlement des pans entiers de notre industrie laissée sans protection contre des concurrences inégales, sauvages ou qui se gardent de nous accorder la réciprocité. On ne saurait demander aux Français de souscrire ainsi à leur asservissement économique, au marasme et au chômage. Dans la mesure où la politique économique propre au gouvernement français contribue pour sa part aux mêmes résultats, on ne saurait davantage lui obtenir l'approbation sous le couvert d'un vote relatif à l'Europe.
3. L'admission de l'Espagne et du Portugal dans la Communauté soulève, tant pour nos intérêts agricoles que pour le fonctionnement des institutions communes, de très sérieuses difficultés qui doivent être préalablement résolues, sous peine d'aggraver une situation déjà fort peu satisfaisante. Jusque-là, il serait d'une grande légèreté, pour en tirer quelque avantage politique plus ou moins illusoire, d'annoncer cette admission comme virtuellement acquise.
4. La politique européenne du gouvernement ne peut, en aucun cas, dispenser la France d'une politique étrangère qui lui soit propre. L'Europe ne peut servir à camoufler l'effacement d'une France qui n'aurait plus, sur le plan mondial, ni autorité, ni idée, ni message, ni visage. Nous récusons une politique étrangère qui cesse de répondre à la vocation d'une grande puissance, membre permanent du Conseil de sécurité des Nations unies et investie de ce fait de responsabilités particulières dans l'ordre international.
C'est pourquoi nous disons NON.
NON à la politique de la supranationalité.
NON à l'asservissement économique.
NON à l'effacement international de la France.
Favorables à l'organisation européenne, oui, nous le sommes pleinement. Nous voulons, autant que d'autres, que se fasse l'Europe. Mais une Europe européenne, où la France conduise son destin de grande nation. Nous disons non à une France vassale dans un empire de marchands, non à une France qui démissionne aujourd'hui pour s'effacer demain.
Puisqu'il s'agit de la France, de son indépendance et de l'avenir, puis qu'il s'agit de l'Europe, de sa cohésion et de sa volonté, nous ne transigerons pas. Nous lutterons de toutes nos forces pour qu'après tant de sacrifices, tant d'épreuves et tant d'exemples, notre génération ne signe pas, dans l'ignorance, le déclin de la patrie.
Comme toujours quand il s'agit de l'abaissement de la France, le parti de l'étranger est à l'oeuvre avec sa voix paisible et rassurante. Français, ne l'écoutez pas. C'est l'engourdissement qui précède la paix de la mort.
Mais comme toujours quand il s'agit de l'honneur de la France, partout des hommes vont se lever pour combattre les partisans du renoncement et les auxiliaires de la décadence.
Avec gravité et résolution, je vous appelle dans un grand rassemblement de l'espérance, à un nouveau combat, celui pour la France de toujours et l'Europe de demain.
Jacques CHIRAC, le 6 décembre 1978"
Publicado por: Albatroz às maio 18, 2005 06:05 PM
Não prejudica nada os ativos, pelo contrário... o tribunal atribuirá certamente uma bela compensação à Bombardier.
Pode até ser um belo negócio para os investidores... quando se deslocalizam, o Estado compra-lhes as máquinas velhas, e eles compram para o seu novo local de instalação máquinas novas e mais modernas - porque, é preciso não esquecer, a maquinaria industrial está em permanente modernização!
Luis Lavoura, 18,2005 2:50pm
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Plenamente de acordo com o Luis Lavoura. O tribunal atribuirá certamente uma boa compensação à Bombardier. Mas não vai ser um tribunal português a atribuir essa compensaçâo! Porque ninguém pode ser bom juiz em causa própria. Será um tribunal Europeu. Que atribuirá compensações/indemnizações de nível europeu. Que até dará para se fazer desde já um acordo em que a solução passe por esse cenário, com a Bonbardier a, como contrapartida, financiar um partido político.
Publicado por: JM às maio 18, 2005 07:12 PM
Acaso não foi a Joana quem, em Janeiro de 2004, escreveu isto:
"(...) Não tenho mais elementos sobre esta matéria, para além das notícias dos jornais e de declarações de políticos, algumas delas absolutamente disparatadas. Apenas sei que é importante salvar a Sorefame, o know-how que ela tem e que se deve pôr a imaginação a funcionar para, no quadro institucional vigente e dentro das obrigações internacionais do país, encontrar uma solução para a manutenção daquela empresa e do seu quadro de efectivos."
Não percebo bem como é que se pode articular esta posição com a que agora expressa. Por um lado, se deve salvar a empresa (mas é um governo que vai salvar uma empresa que o investidor decidiu abandonar ?) Por outro lado a intervenção do Estado é constantemente zurzida com todo o vigor. Conviria que se decidisse...
Como já escrevi algures, há na sociedade portuguesa uma assimetria no tratamento das falências das empresas: o caso das empresas têxteis, com mão-de-obra maioritariamente feminina; não entusiasma nem jornalistas nem políticos - nem bloguistas - no sentido de as tentar "salvar"; apenas compaixão ("prestações da casa por pagar", etç).
Já com a "classe operária" da Sorefame/Bombardier, o caso é diferente: para além de ser uma coisa de "homens", ainda com ecos revolucionários da "cintura industrial de Lisboa"; suscita discurso heróico da "capacidade tecnológica" e da tradição industrial que se vai perder, etç, Nos têxteis, argumenta-se que é uma inevitabilidade da globalização; na Sorefame/Bombardier apregoa-se que é uma "maldade" da multinacional: ecos das teorias conspirativas do período revolucionário.
(puraeconomia.blogspot.com)
Publicado por: J.A. às maio 18, 2005 07:49 PM
Albatroz em Maio 18, 2005 06:05 PM,
.
Grande cheque-mate.
O texto merecia ser publicado num fórum francês acerca do tema !
Publicado por: asdrubal às maio 18, 2005 08:19 PM
J.A. às maio 18, 2005 07:49 PM:
Continuo a achar que teria sido "importante salvar a Sorefame, o know-how que ela tem" e que se devia ter posto a "imaginação a funcionar para, no quadro institucional vigente e dentro das obrigações internacionais do país, encontrar uma solução para a manutenção daquela empresa e do seu quadro de efectivos."
Mas nunca entregando os restos (já só sobejam 50 trabalhadores) à CP e tomando estas atitudes precipitadas.
Nunca escrevi que se devia "salvar" a Sorefame a qualquer preço. Aliás, só vejo que se esteja a "salvar" parte dos imóveis ... vazios.
Publicado por: Joana às maio 18, 2005 09:09 PM
Afinal, o que é que poderá ser expropriado?
Só se forem uns velhos barracões que apenas servirão para o Estado armazenar a sucata que produz.
Por exemplo, a CP e vários outros organismos públicos podiam muito bem lá ser guardados à espera do leilão final.
Publicado por: Senaqueribe às maio 18, 2005 09:39 PM
Ao menos façam as jantes de 40" dos «Pandur» ...
Ao que tudo isto chegou.
Publicado por: asdrubal às maio 18, 2005 10:37 PM
Albatroz em Maio 18, 2005 06:05 PM,
.
Veja no «Abrupto» o "Sítio do Não" à Constituição Europeia.
Publicado por: asdrubal às maio 18, 2005 11:49 PM
Luís Lavoura às maio 18, 2005 03:15 PM:
Essa história que o "seu" engenheiro alemão lhe contou é conhecida e citada em alguns livros de economia. Nem sei se não a terei citado já neste blog.
Mas mais paradoxal que essa, foi a questão das reparações a que a Alemanha foi obrigada pelo Tratado de Versalhes. Serviu de motor à recuperação alemã e de travão à indústria francesa. Contei essa história algures neste blog.
E o mais interessante é que Keynes, de certa forma previu isso em "As Consequências Económicas da Paz" escrito em Dezembro de 1919 e traduzido em português em 1921 (naquela época eramos mais rápidos que agora!)
Publicado por: Joana às maio 19, 2005 12:10 AM
asdrubal às maio 18, 2005 11:49 PM
Obrigado pela informação. Já está nos meus favoritos.
Publicado por: Albatroz às maio 19, 2005 09:36 AM
Os Pandur foram cancelados/suspensos pelo ministro da defesa, Segundo a opinião do dito os chaimites com 40 anos não são equipamentos obsoletos...
Publicado por: lucklucky às maio 19, 2005 08:38 PM