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outubro 23, 2003
Princípios da Esquerda e Eficácia da Direita - 1
Virtudes e vícios do espectro político
Face a alguns comentários que li relativos aos textos sobre o PS e a Casa Pia, quero referir que nunca afirmei que a direita fosse mais ou menos virtuosa que a esquerda. O que referi foi a hipocrisia de uma certa esquerda (sublinho, uma certa esquerda) em postular como sendo ela a depositária das virtudes cívicas e da democracia em contraponto com a depravação e venalidade da direita.
Vícios e virtudes, espírito democrático e espírito totalitário há-os em todos os quadrantes políticos, embora em ambos os extremos do espectro político haja uma perversa tendência para considerar que os fins justificam os meus e que a verdade é a “nossa verdade”.
Nos textos anteriores apenas referi o pragmatismo da direita. Não falei em eficácia, como alguns comentadores me contrapuseram, nem nos seus princípios, que não vieram à colação.
Aliás tal não faria sentido porque eu própria referi a inabilidade do actual governo na gestão de alguns dossiês (o da Metropaço, p. ex.).
O governo actual não tem sido eficiente, no sentido económico do termo. É certo que recebeu uma herança desastrosa do governo PS (e quem finge não perceber isso, ou argumentar que essa herança tem um prazo de validade curto, é de uma enorme hipocrisia). O actual governo é, numa apreciação generalista, tecnicamente pouco competente, tirando algumas excepções, politicamente inábil e não tem tido coragem para tomar todas as medidas necessárias para colocar o país na rota certa, mas as críticas que eu vejo serem feitas são as dos anestesiados pelas facilidades e laxismo guterristas, dos saudosos da época em caminhávamos, tranquilamente para o abismo.
A questão é que as críticas que ouço me inquietam, porque prefiguram uma alternativa muito pior que o actual governo. O governo não será eficiente, mas a alternativa é absolutamente catastrófica.
Vender as jóias da família, mesmo que elas estejam a render pouco ou a dar prejuízo, não é necessariamente competência, embora se reconheça que dado o estado em que as finanças do país estavam seriam necessárias diversas medidas de emergência.
Quando eu escrevi que a direita é pragmática quis significar que ela, normalmente, não fica refém de princípios que entretanto se tornaram mitos e que perderam a sua força operacional.
E esse pragmatismo, na situação actual, em que o que se pede é que o governo faça uma gestão cuidadosa da coisa pública, é absolutamente imprescindível.
Publicado por Joana às outubro 23, 2003 12:00 AM
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Lista dos links para blogues que mencionam Princípios da Esquerda e Eficácia da Direita - 1:
» a semíramis from laranja amarga
Neste texto do semíramis a Joana acaba dizendo o seguinte: "...o que se pede é que o governo faça uma gestão cuidadosa da coisa pública, é absolutamente imprescindível." Isso é imprescindível em qualquer governo, tem razão, mas o que é... [Ler...]
Recebido em outubro 22, 2003 03:51 PM
Comentários
Já começou o ordinário. Deve ser um funcionário que não tem nada que fazer e entra às 10.
Publicado por: J Correia às outubro 22, 2003 10:09 AM
Lá começa esta história!
Publicado por: vde às outubro 22, 2003 10:09 AM
Este tipo deve ser estúpido.
Que ganha com isto?
Publicado por: J Correia às outubro 22, 2003 10:09 AM
Este tipo deve ser estúpido.
Que ganha com isto?
Publicado por: J Correia às outubro 22, 2003 10:09 AM
Venho aqui só para aprender o vernáculo
Publicado por: anonimo às outubro 22, 2003 10:09 AM
Este tipo deve ser estúpido.
Que ganha com isto?
Publicado por: J Correia às outubro 22, 2003 10:09 AM
Será esta a esquerda que temos?
Publicado por: J Correia às outubro 22, 2003 10:09 AM
Já começou o ordinário. Deve ser um funcionário que não tem nada que fazer e entra às 10.
Publicado por: J Correia às outubro 22, 2003 10:10 AM
Este tipo deve ser estúpido.
Que ganha com isto?
Publicado por: J Correia às outubro 22, 2003 10:13 AM
Este tipo deve ser estúpido.
Que ganha com isto?
Publicado por: J Correia às outubro 22, 2003 10:13 AM
A divulgação das escutas telefónicas é um crime e como tal deve ser punido.
Mas é ridículo ninguém se ter preocupado com a violação do segredo de justiça feitas pelo PS que se constata nas escutas que vieram a público.
E o Bastonário vir agora a exigir a cabeça do PGR, depois de se verificar que ele tinha mentido sobre o encontro com o António Costa e que ele próprio saberia de matérias que estariam em segredo de justiça.
Será que esta gente não tem o sentido do ridículo?
Publicado por: L M às outubro 22, 2003 11:28 AM
Joana:
Quero cumprimentá-la pela sua paciência em aturar isto tudo.
Publicado por: L M às outubro 22, 2003 11:29 AM
Estes comentários repetitivos são um nojo!
Publicado por: A Nereu às outubro 22, 2003 02:44 PM
Estes comentários repetitivos são um nojo!
Publicado por: A Nereu às outubro 22, 2003 02:44 PM
Estes comentários repetitivos são um nojo!
Publicado por: A Nereu às outubro 22, 2003 02:44 PM
Nãoé possível pôr cobro a isto?
Publicado por: A Nereu às outubro 22, 2003 02:44 PM
Queria exprimir mais uma vez as minhas felicitacoes oela sua coragem em aturar isto e pela lucidez dos seus escritos.
Continue
Publicado por: Filipa Zeitzler às outubro 22, 2003 03:37 PM
Ainda bem que a Joana me avisou para não me impressionar com a imundície que ia aqui encontrar. Se não estivesse à espera teria ficado enjoado.
Cara Joana:
A eficácia não é prerrogativa da direita: é um mito da direita. Do mesmo modo que a virtude, sem ser prerrogativa da esquerda, é um mito da esquerda.
No plano da realidade, é claro, há em ambos os campos gente virtuosa e gente eficaz. Mas você estava a desenvolver o seu argumento no plano do mito, e foi nesse plano que eu lhe respondi no online do Expresso. De resto, cabe perguntar: será que a virtude é só um mito da esquerda em relação a si própria, ou também um mito da direita em relação à esquerda? E, "mutatis mutandis", a eficácia? Se o mito, como o define Mircea Eliade, é uma narração, porque há-de você partir do princípio de que é uma narração na primeira pessoa?
Cumprimentos cordiais. Continue a ser democrata. Como você escreve algures, até com os energúmenos podemos aprender; e, se mantiver neste site certos comentários, quem sabe? Até talvez eu me venha a converter à doutrina da desigualdade humana.
PS: O que é um URL? Eu tenho uma coisa dessas?
Publicado por: Zé Luiz às outubro 22, 2003 09:14 PM
Excelente
Publicado por: JCorreia às outubro 22, 2003 09:47 PM
Parece que o vândalo voltou
Publicado por: A Valente às outubro 22, 2003 09:47 PM
"SISTEMA" - OS ABUSOS - O "sistema" é mau, permite abusos de poder, tem escasso controlo? Com certeza. Mas já era mau antes do caso Pedroso e havia quem o dissesse, curiosamente ninguém dos que agora clamam contra ele e o ajudaram a construir. Proença de Carvalho, Mário Soares (em defesa de Leonor Beleza) e alguns outros, disseram-no. Recordo-me de muitas discussões com José Magalhães no Flashback sobre esta matéria, quando este, um dos que construíram o "sistema", o defendia "à outrance", baseado nas posições socialistas.
NUNCA ANTES - Dito isto, sou obviamente defensor de alterações profundas no "sistema", mas nunca, jamais, em tempo algum, antes do fim do processo Casa Pia, por razões do modo como deve funcionar uma democracia e um Estado de direito. Pode acabar injustamente com a "imagem" de alguns políticos? É verdade, mas também não é de agora. Injustiçados permanecem alguns membros do governo de Cavaco Silva, sem ninguém se lembrar disso. Pode esta situação penalizar os arguidos deste processo, como certamente já vitimizou muitos outros? Com certeza, mas não chegará ao ponto de transformar, em tribunal, inocentes em culpados.
Publicado por: Dicionário da Duplicidade Quotidiana do JPP às outubro 23, 2003 09:41 AM
FUGAS SELECTIVAS - Choca-me ler as informações das escutas, choca-me ver a sua fuga selectiva do processo, sinto um enorme incómodo, com um sentimento de violação de privacidade, como se fosse comigo - sem sombra de dúvida. Repito: sem sombra de dúvida e esta é matéria para tratar com a dureza necessária, depois. Depois, porque este "sistema" tornou estas escutas legais e ainda não vi ninguém, com responsabilidades na justiça, a dizer que o não são.
Agora também não esqueci que as primeiras fugas de escutas no caso Casa Pia estavam no documento entregue pelo juiz à Assembleia, e foram utilizadas selectivamente para mostrar como eram irrelevantes e até "ridículas" (o adjectivo veio nos jornais) as acusações a Pedroso. Como a divulgação dessas escutas parecia ser benévola, foi essa a parte escolhida para aparecer nos jornais e não as acusações de pedofilia contidas no mesmo documento, que só apareceram mais tarde. E não houve qualquer clamor público quanto à sua divulgação, porque as escutas eram "úteis".
Publicado por: Dicionário da Duplicidade Quotidiana do JPP às outubro 23, 2003 09:45 AM
FUGAS DE INFORMAÇÃO - São o maior factor de descredibilização do sistema judicial, mas as fugas de informação não começaram com o processo Casa Pia, nem têm agora maior gravidade do que tiveram em casos anteriores. Ou se muda a lei do segredo de justiça, ou se encontra finalmente algum responsável por uma destas fugas, e se actua com toda a força da lei. As fugas são também um instrumento fundamental na manipulação da opinião pública a que se tem assistido e nenhum dos intervenientes no processo pode lavar as mãos do que acontece. Pouca coisa mais higiénica haveria, neste ruído público, do que identificarem-se os autores das fugas.
Publicado por: Dicionário da Duplicidade Quotidiana do JPP às outubro 23, 2003 09:46 AM
ESCUTAS - Criou-se um sistema excessivamente laxista de escutas telefónicas, que foi alegremente e unanimemente votado, em sucessivas ondas de "lei e ordem". Quando se liberalizou e alargou a utilização de escutas telefónicas, a intenção era usá-las para combater a criminalidade organizada, o tráfico de droga, o branqueamento de capitais, o terrorismo, a corrupção. Mas, convém não esquecer que este processo é sobre pedofilia, e que toda a gente bate (ou batia) com as mãos no peito, considerando-a um "crime hediondo". Não me venham dizer que, se se perguntasse ao então ministro António Costa se a pedofilia e as redes de prostituição infantil eram excepção a este tão liberal e laxista regime das escutas, ele responderia com outra palavra que não fosse um sonoro "nunca". Mas os tempos eram outros.
Publicado por: Dicionário da Duplicidade Quotidiana do JPP às outubro 23, 2003 09:46 AM
"SISTEMA" - PARA OS "OUTROS" - Enquanto as vítimas eram do PSD, os justiceiros estavam no tandem "Independente"-PGR (com aplauso total da esquerda política, que lhes dava continuidade no Parlamento), e as fugas sistemáticas eram só de um lado e sem defesa, porque ninguém tinha coragem para a fazer e a comunicação social não se dividia, como hoje, nunca houve problemas com "o sistema". Pelo contrário, a cada caso, o clamor era para novas medidas de reforço dos poderes judiciais e do Ministério Público. Foi assim que se chegou à situação presente - por razões políticas, por motivos políticos, pela tentação sinistra de usar a justiça como arma política. Ao mesmo tempo, com singular cegueira, havia a ideia de que isso nunca nos tocaria a "nós".
Publicado por: Dicionário da Duplicidade Quotidiana do JPP às outubro 23, 2003 09:46 AM
"SISTEMA" - A CONSTRUÇÃO - Sim, porque houve quem, nos últimos vinte anos, em Portugal, quisesse fazer uma "república dos juízes" à italiana, respondendo às vantagens eleitorais do populismo justiceiro. Houve quem não tivesse coragem, com receio das consequências eleitorais negativas, devidas igualmente ao populismo justiceiro, de dizer não à excessiva concentração de poderes num Ministério Público que não responde efectivamente perante ninguém. A combinação destes dois factores construiu o "sistema" actual.
Foram políticos do PSD, PS e PCP que construíram este "sistema" por razões estritamente políticas, numa competição por agradar (ou pelo medo de desagradar) ao populismo, debaixo dos ventos italianos. Do meu partido, recordo-me da acção de dois ministros, Fernando Nogueira e Laborinho Lúcio, que o iniciaram, mas recordo-me também que, a cada momento, nas revisões constitucionais, na discussão dos principais diplomas sobre justiça, havia uma forte e agressiva pressão para uma "república dos juízes" à portuguesa, vinda do PS e do PCP. PS e PCP comportavam-se como se fossem os "partidos do Ministério Público". O último ministro que prosseguiu neste caminho foi António Costa.
Publicado por: Dicionário da Duplicidade Quotidiana do JPP às outubro 23, 2003 10:19 AM
DUPLICIDADE - Se há coisa que peço a mim próprio, e, se não fosse incréu, ao Senhor, é não cair na duplicidade na análise deste processo, todo ele impregnado de duplicidade. Tenho as minhas opiniões, gostos e antipatias, que é impossível não mostrar; posso cair em contradição, porque isso às vezes é inevitável, mas farei todo o possível para não ser dúplice. O que é difícil quando se vai escrever essencialmente sobre as duplicidades dos outros.
Publicado por: Dicionário da Duplicidade Quotidiana do JPP às outubro 23, 2003 10:21 AM
FALAR - Há momentos a que a uns convém que se fale, a outros que se faça silêncio. Nas sociedades democráticas, não há nunca silêncio, porque o silêncio fala, embora também possa apenas haver ruído.
Publicado por: Dicionário da Duplicidade Quotidiana do JPP às outubro 23, 2003 10:21 AM
Zé Luiz
URL (Universal Resource Locator) é o endereço de uma página web que se escreve
na barra de endereços do browser (Internet Explorer por exemplo).
Exemplo de um URL (ou uma, não sei qual o género em português):
http://semiramis.weblog.com.pt/
Zé Luiz, eu não falei da esquerda como um todo, até porque tem contornos difusos. Mário Soares não foi várias vezes qualificado de direita? E o mesmo sucede quanto à direita.
Eu falei de uma certa esquerda, que engloba a esquerda radical (incluindo os movimentos participativos ), o PC e algumas franjas do PS.
O PS de António Guterres, mais centrista, não tinha o tipo de discurso Ferrista que eu critiquei nos textos que teve a amabilidade de ler. O PS de António Guterres governou de forma absolutamente desastrosa porque não teve capacidade de liderança, não teve competência, fomentou os lobbies e a feudalização do país e deixou-se enredar nesse sistema.
Sou muito crítica relativamente ao governo de Guterres, mas Ferro é muito pior. Ferro é a deriva esquerdista, é a hipocrisia da esquerda radical autoconvencida da sua virtude.
Não me parece que a Direita tenha o mito da eficácia. São os empresários (normalmente mais à direita), quando falam dos políticos verberam a sua ineficácia, em geral, embora ponham sempre alguma esperança nas capacidades da direita em endireitar a economia. Para eles, a ineficácia é a política. Por isso é natural que o discurso da eficácia apareça conotado com a direita.
Publicado por: Joana às outubro 23, 2003 10:21 AM
Fartei-me de rir com o sketch do "vandalo do semiramis". Foi bem pensado!
Publicado por: Filipa Zeitzler às outubro 23, 2003 05:33 PM
Para castigo da minha ordinarice, a Joana obrigou-me a transcrever "Saudades de Esquerda " de HELENA MATOS
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 06:58 PM
A frase começou a ser dita cada vez com mais frequência: "Dantes era bem melhor!" Depois, como se tal fosse a coisa mais natural do mundo, uma espécie de consequência inevitável do confronto com o presente, começaram a deixar cair: "Isto é pior que o fascismo!" Em seguida entraram no processo de reabilitação da ditadura. Mas este "remake" do "Ó tempo volta para trás, dá-me tudo o que perdi" não é entoado por vozes como Kaúlza de Arriaga ou Rosa Casaco. Nada disso! É a esquerda, gente que sempre fez profissão de fé de antifascismo, alguns deles perseguidos pela PIDE, quem agora produz este nostálgico discurso.
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 06:58 PM
O próprio Manuel Alegre veio recentemente legitimar esta recuperação da ditadura declarando ao PÚBLICO: "Vivemos num clima mais perverso do que aquele que vivemos na ditadura. É muito desagradável dizer isto, mas é mais perverso: porque, na ditadura, eu sabia quem era o inimigo, sabia os riscos que corria, e, quando era preso, sabia por que é que era. Era uma situação clara. Neste momento, é uma situação perversa."
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 06:59 PM
Estas declarações de Manuel Alegre exprimem, por um lado, a extraordinária desorientação a que o PS chegou com o caso Pedroso e, por outro, são reveladoras da incapacidade de uma esquerda que se formou na oposição ao salazarismo de aceitar a realidade da democracia por que tanto lutou e as inevitáveis mudanças que o tempo acarreta.
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 06:59 PM
Este tipo de discurso começou a fazer-se ouvir, primeiro, nos sectores derrotados no 25 de Novembro de 1975. Alguns pretendiam que a situação saída desse golpe reinstituíra no país algo semelhante ao que se vivia antes do 25 de Abril de 1974. Mas ficavam-se geralmente por umas frases de lirismo "kitsch" sobre essa data - o tempo em que os sonhos se desfizeram; o fim dos dias em que tudo era possível... De qualquer forma não diziam ainda que o fascismo tinha sido melhor.
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 06:59 PM
Não só se mantinha viva como até em muitos casos se exacerbava o que fora a resistência à ditadura e, por outro lado, a estratégia de comunicação da esquerda afecta ao PCP passava sobretudo por agitar o espantalho do retorno do fascismo a qualquer alteração legislativa. O PS, durante os governos de Cavaco Silva, também ocasionalmente invocou o regresso do fascismo mas apostou mais no denegrir do presente, o "cavaquistão".
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 06:59 PM
Anos depois, um dos sinais óbvios de que o PS tinha perdido a dinâmica do poder e consequentemente a vontade de fazer o presente aconteceu durante a última campanha autárquica, quando João Soares escolheu, num total desacerto com o tempo e o lugar, o "slogan" "Fascismo nunca mais"! para ganhar a Câmara de Lisboa.
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 06:59 PM
E agora que não só está na oposição como a sofrer o imenso desgaste do caso Casa Pia, o PS irmanou-se aos saudosos do PREC e outros vencidos da vida e, todos a uma só voz, choram de saudades dos bons velhos tempos. Exactamente esses em que Portugal foi uma ditadura. Ter-se-ão tornado fascistas? De modo algum, mas têm saudades desse tempo em que dividiam o mundo em bons e maus. Sendo que eles eram sempre bons fizessem o que fizessem.
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 06:59 PM
Durante a ditadura, a censura e a própria repressão policial permitiram a muitos iludirem a sua mediocridade imaginando sucessos e reconhecimento público que efectivamente não mereciam. Por isso, quando chegou a democracia e já não tinham o censor a dar-lhes importância nem a polícia a impedir-lhes as actividades e ficaram sós perante o público, o povo e, sobretudo, perante si mesmos, começaram por amaldiçoar o mercado, a competitividade e a concorrência. Em seguida, fizeram discursos sobre esse tempo em que todos se conheciam. Em que havia valores e ideais. Em que se faziam espectáculos de qualidade...
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 06:59 PM
Depois, face a um presente cuja mudança não acompanham, face à chegada de novas gerações de políticos, autores, jornalistas..., começaram a sentir saudades daquele lápis azul que lhes dava tanta importância. Daquele censor seu espectador, leitor, ouvinte... enfim seguidor atento. Daí a balbuciarem que queriam a sua ditadura de volta foi um passo.
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 06:59 PM
É certo que as democracias são injustas. É certo que podem estar detidos inocentes. É certo que as novelas da TVI têm mais audiência que as séries da RTP2. Mas não há qualquer comparação entre democracia e ditadura. Estas últimas são naturalmente perversas. Porque conferem um ignominioso estatuto de excepcionalidade a quem as governa mas também a quem se lhes opõe. Todos nós ouvimos falar da farsa que foi o julgamento dos membros do regime no caso Ballet Rose.
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 07:06 PM
Mas a farsa não acabava aí. A farsa é a ilusão de normalidade numa ditadura. Para o ditador, para aqueles que o rodeiam e para os que se lhe opõem. Por exemplo, caso um qualquer dirigente da oposição, durante a ditadura, tivesse sido acusado de abuso sexual de menores nunca ninguém acreditaria porque se tratava duma invenção da PIDE. Caso durante a ditadura um qualquer oposicionista fosse acusado de ter desviado dinheiro, isso seria sempre uma calúnia.
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 07:06 PM
Caso durante a ditadura um militante comunista ou de extrema-esquerda fosse acusado de ter assassinado alguém que consideravam dissidente, traidor ou informador da polícia, restava sempre a possibilidade de ter sido a PIDE... Por isso têm saudades desse tempo em que, como nas histórias infantis, os maus eram sempre maus e os bons sempre bons.
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 07:06 PM
Têm saudades desse tempo em que eles que agora assim falam, artistas, profissionais liberais e jornalistas de oposição, se sentiam investidos duma superioridade quase aristocrática. Ridicularizavam os censores e desprezavam os polícias. E estes últimos sabiam bem que nos calabouços não se tratava da mesma forma um trabalhador rural ou um frequentador da Brasileira.
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 07:06 PM
É desse mundo em que tudo era perversamente familiar, em que a cunha da União Nacional coexistia, do outro lado, com o apoio cego e incondicional a quem se declarasse correlegionário, é desse mundo em que cada um sabia que o seu estatuto não seria beliscado, antes reforçado pela outra parte, de que a esquerda hoje tem saudades. É desse mundo em que a vida de cada um era condicionada e julgada pelo que se dizia ser e não pelo que de facto se era e fazia que a esquerda quer de volta. Tudo isto é muito triste e não creio que a culpa seja do fado.
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 07:06 PM
Acabou ... as coisas que me obrigam a fazer por ser um ordinário
Publicado por: Saudades de Esquerda às outubro 23, 2003 07:06 PM
Desculpem estes problemas, aos quais sou alheia.
Publicado por: Joana às outubro 23, 2003 07:09 PM
Ontem vi na televisão uma entrevista com um dos principais banqueiros portugueses. A certa altura ouvi-o defender a continuação da Caixa Geral de Depósitos na posse do Estado, porque, segundo ele (que fez questão de sublinhar que não é propriamente um partidário da estatização), esta é a única maneira de assegurar que certas decisões continuarão em mãos portuguesas.
Ao ouvir isto pensei: ora aqui está um homem pragmático. Por pragmático entendo alguém que, defendendo embora certos princípios, está disposto a avaliar cada caso pelos seus méritos próprios.
O problema é, repito, a questão do "para quê". Para que é que queremos que os centros de decisão continuem em mãos nacionais? Para que Portugal continue independente? E para que queremos que Portugal continue independente?
Quando seguimos um encadear de objectivos, e por muito que prezemos o pragmatismo e a eficácia, bem cedo chegamos aos valores - isto é, ao irracional que está no coração de toda a racionalidade. Ou, se quiser, aos mitos. Aos da direita e aos da esquerda.
Isto não confere à esquerda - ou à direita, nos momentos históricos em que é caso disso - qualquer espécie de superioridade moral. Confere-lhe, tão-somente, uma vantagem estratégica. Vantagem essa da qual a direita prescindiu a favor das vantagens tácticas do momento, e isto para desgosto de um homem de esquerda como eu a quem "uma certa direita" sempre fascinou.
Publicado por: Zé Luiz às outubro 23, 2003 10:47 PM
Estou completamente de acordo com este texto
Publicado por: Bsotto às outubro 28, 2003 07:02 PM
A esquerda de facto é muito hipócrita
Publicado por: Dominó às outubro 28, 2003 07:02 PM
Estás sempre a deitar a esquerda abaixo.
Publicado por: Cisco Kid às outubro 28, 2003 07:02 PM
Tenho sido eu o vândalo. Peço desculpas!
Publicado por: B E às outubro 29, 2003 10:01 AM
Tenho sido eu o vândalo. Peço desculpas!
Publicado por: B E às outubro 29, 2003 10:01 AM
Concordo plenamente
Publicado por: B E às outubro 29, 2003 10:01 AM
Concordo plenamente
Publicado por: B E às outubro 29, 2003 10:01 AM
Concordo plenamente
Publicado por: B E às outubro 29, 2003 10:01 AM
Os comentarios que foram apagados eram um nojo.
Agora sem eles, a leitura dos que ficaram oerde muito do sentido
Publicado por: anonimo às novembro 1, 2003 10:48 PM
Na verdade a esquerda é muito hipócrita
Publicado por: Daniel às novembro 1, 2003 10:55 PM
A esuqerda perdeu os princípios e a direita perdeu a eficácia
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:48 PM
A esquerda perdeu os princípios, a direita perdeu a eficácia e o país perdeu o norte
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:48 PM
A esquerda perdeu os princípios, a direita perdeu a eficácia e o país perdeu o norte
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:48 PM
A esquerda perdeu os princípios, a direita perdeu a eficácia, o país perdeu o norte e a Joana não andará a perder o seu tempo?
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:48 PM
A esquerda perdeu os princípios, a direita perdeu a eficácia, o país perdeu o norte e a Joana não andará a perder o seu tempo?
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:49 PM
A esquerda perdeu os princípios, a direita perdeu a eficácia, o país perdeu o norte e a Joana não andará a perder o seu tempo?
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:49 PM
Quem a avisa!
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:49 PM
Todos somos hipócritas
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:49 PM
Quando defendemos os nossos interesses
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:50 PM
Embora você ache que assim defendemos um mundo melhor
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:50 PM
Acabei
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:50 PM
Este anonimo fala muito
Publicado por: Rui Silva às novembro 2, 2003 09:50 PM
Venho práqui cavaquear
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:51 PM
Estou frustado
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:51 PM
Não é com a esquerda
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:56 PM
Nem com a direita
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:57 PM
Nem com a Joana
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:57 PM
bem ... com a Joana, talvez
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:57 PM
Mas com o Benfica!
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:58 PM
Só me dá desgostos
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:58 PM
Com o Beira-Mar?
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:59 PM
Nem tem nome de clube!
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:59 PM
Inté fiquei a falar sozinho
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 09:59 PM
Adeus, vou afogar o desgosto no álcool
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 10:00 PM
e bater na mulher
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 10:00 PM
A safa da Joana é não estar casada comigo
Publicado por: anonimo às novembro 2, 2003 10:00 PM
A esquerda sempre gostou de usar de grande fraseologia, coisas retoricas.
É por isso que parece ter princípios. Mas tudo aquilo é oco
Publicado por: GPinto às novembro 2, 2003 10:01 PM
O espectro político tem virtudes? Eu só lhe conhecia vícios.
Publicado por: KK às novembro 5, 2003 10:40 PM
Isto mudou de cor.
A Joana está com o período?
Publicado por: A Nunes às novembro 6, 2003 11:52 AM
Devias engolir isto!
Publicado por: anonimo às junho 14, 2004 12:28 AM
Devias engolir isto!
Publicado por: anonimo às junho 14, 2004 12:28 AM
Devias engolir isto!
Publicado por: anonimo às junho 14, 2004 12:28 AM
Devias engolir isto!
Publicado por: anonimo às junho 14, 2004 12:28 AM
Devias engolir isto!
Publicado por: anonimo às junho 14, 2004 12:28 AM
Devias engolir isto!
Publicado por: anonimo às junho 14, 2004 12:28 AM
Devias engolir isto!
Publicado por: anonimo às junho 14, 2004 12:29 AM
Não vejo qualquer eficácia
Publicado por: anonimo às junho 15, 2004 12:42 AM
Não vejo qualquer eficácia
Publicado por: anonimo às junho 15, 2004 12:42 AM
Não vejo qualquer eficácia
Publicado por: anonimo às junho 15, 2004 12:42 AM
Não vejo qualquer eficácia
Publicado por: anonimo às junho 15, 2004 12:42 AM
Não vejo qualquer eficácia
Publicado por: anonimo às junho 15, 2004 12:42 AM
Não vejo qualquer eficácia
Publicado por: anonimo às junho 15, 2004 12:42 AM
Não vejo qualquer eficácia
Publicado por: anonimo às junho 15, 2004 12:42 AM
Não vejo qualquer eficácia
Publicado por: anonimo às junho 15, 2004 12:42 AM
Não vejo qualquer eficácia
Publicado por: anonimo às junho 15, 2004 12:42 AM
Não vejo qualquer eficácia
Publicado por: anonimo às junho 15, 2004 12:42 AM
Não vejo qualquer eficácia
Publicado por: anonimo às junho 15, 2004 12:43 AM
Não vejo qualquer eficácia
Publicado por: anonimo às junho 15, 2004 12:43 AM
Não vejo qualquer eficácia
Publicado por: anonimo às junho 15, 2004 12:43 AM