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novembro 27, 2005

O Kitsch do Possível

Adenauer disse que “a política é a arte do possível”. Sócrates está a reescrever aquela frase. Há uma evidente impossibilidade (ou, mais propriamente, dificuldade) governativa. O Condicionamento Industrial e o Corporativismo acabaram, mas foram substituídas por outras instituições, de facto e já não de jure, como os diferentes grupos de interesses que se criaram no sector público, à sombra do laxismo governativo e das ilusões públicas. Manteve-se apenas uma instituição: a Constituição – antes coarctava a liberdade política e económica, agora coarcta apenas a liberdade económica. Em face destas dificuldades, o que Sócrates tem mostrado é que “a política é o kitsch do possível”. Ou em português vernáculo, “a política é a pirosice do possível”.

Sócrates, quando está a ver qualquer bandeira do seu programa a ser derribada pelo empecilho da realidade, dá o golpe de rins do “reality show”. Convida as forças vivas eventualmente interessadas na matéria em apreço e monta uma operação de charme. Há técnicos que produzem estudos mediante complexos e laboriosos mapas de Excel, repletos de rotinas em Visual Basic e socorrendo-se de gigantescas bases de dados em Access. Tudo isto acompanhado de um volumoso texto explicativo, processado em Word. Sócrates só conhece o Power Point.

O preâmbulo do Plano Tecnológico reconhece «que o mercado tem um papel fundamental como mecanismo dinamizador das actividades económicas. A maioria das inovações é fruto de trocas complexas de ideias, de produtos e de experiências, de projectos que dão frutos no tempo, de interacções entre agentes, num ambiente de concorrência que leva cada um a procurar a sua própria superação. A inovação envolve agentes variados, mas importa que chegue ao mercado e favoreça a modernização administrativa. Contudo, reconhece-se a existência de falhas de mercado, nomeadamente ao nível do investimento em capital humano e nas actividades de Inovação, Investigação e Desenvolvimento (II&D). Essas falhas, motivadas pelo facto de os benefícios associados aos investimentos em educação e às actividades de investigação, desenvolvimento e inovação serem insuficientes ou não serem totalmente apropriados pelos agentes que os executam, conduzem a um sub-investimento nessas áreas que, no entanto, são críticas para o crescimento económico. No nosso país, essas falhas são tão mais importantes quanto se reconhece que entre os maiores entraves ao crescimento económico estão precisamente a qualidade dos recursos humanos, a capacidade tecnológica e a permeabilidade à inovação

Ora o que o Governo continua a fingir ignorar é o nó górdio do nosso sub-desenvolvimento, como eu escrevi há dias: «o país precisa, prioritariamente, de uma justiça célere e eficiente, uma completa desburocratização da administração pública, uma fiscalidade eficiente (e simplificada) e tendencialmente menos pesada e uma progressiva privatização de actividades que o Estado desenvolve mas para as quais não tem vocação nem as realiza com um mínimo de eficiência.». Sem desatar esse nó, o Governo não consegue «que o mercado tenha um papel fundamental como mecanismo dinamizador das actividades económicas». Não há mercados que funcionem com eficiência quando uma justiça não obriga ao cumprimento dos contratos em tempo oportuno (e, às vezes, em tempo algum); não há «trocas complexas de ideias, de produtos e de experiências, de projectos que dão frutos no tempo, de interacções entre agentes, num ambiente de concorrência que leva cada um a procurar a sua própria superação» com uma máquina administrativa que emperra tudo, que não toma decisões em tempo útil, nunca toma decisões ou, pior ainda, toma as decisões erradas.

Sócrates julga (julgará?) que as «falhas de mercado, nomeadamente ao nível do investimento em capital humano e nas actividades de Inovação, Investigação e Desenvolvimento» se devem às razões que aponta. Nuns casos essas razões não colhem, noutros, as razões que indica têm, elas próprias, causas mais profundas. Portugal não tem, actualmente défice de licenciados e de doutorados. Portugal tem défice de empresas que utilizem os licenciados e doutorados actuais, para além do défice em utilizar licenciados e doutorados que temos a menos que os outros países da UE.

Há imensos licenciados em áreas científicas e tecnológicas que, ou estão desempregados, ou têm empregos precários como trabalhadores independentes. Há imensos doutorados que, ou estão desempregados, ou se arrastam pelo país e pelo estrangeiro, com bolsas sucessivas, fazendo investigação apenas para manter as bolsas, sem horizontes de emprego em Portugal e mesmo lá fora.

Nós, os contribuintes portugueses, andamos a pagar, há mais de uma década, bolseiros, doutorandos, etc., que, na situação em que o nosso tecido económico está actualmente, só servem para gastar o nosso dinheiro. Não têm qualquer utilidade.

Nós não precisamos de licenciados e de doutorados para compor as estatísticas. Precisamos deles para desenvolver o país. Mas para precisarmos deles, temos que ter empresas que precisem deles, e para termos essas empresas precisamos de lhes criar um ambiente favorável.

Há evidentemente algumas metas práticas que terão um eventual efeito dinamizador, se forem atingidas: desenvolvimento de um cluster eólico, a incrementação das novas centrais de biomassa, generalização da banda larga e acesso à Internet, banalização da informática nas escolas e serviços públicos, etc. Mas serão efeitos sempre muito limitados. Também é importante a criação de um conselho consultivo de fiscalização, que ficará responsável por fazer propostas e monitorizar a execução do Plano, integrando gente ligada ao mundo empresarial e um grupo de consultores liderado por Philippe Aghion, da Universidade de Harvard. Esperemos que esses consultores façam propostas pertinentes e não se fiquem apenas por tentar conciliar o grau de pertinência das propostas e a manutenção das avenças que recebem. Porque, como todos reconheceram, o que é importante é passar da teoria à prática.

Já por diversas vezes vi reportagens televisivas de departamentos públicos onde os entrevistados apontavam para as caixas de cartão e reclamavam: «compraram computadores que estão para aqui há muitos meses e ainda ninguém os veio cá ligar». Quando vejo essas entrevistas penso sempre «se nenhum de vocês, ao fim desses meses, teve curiosidade em abrir a caixa, tirar o computador para fora, ligá-lo à corrente, pô-lo a trabalhar e ver como funciona, é porque esses computadores não vos irão servir para nada». Este comportamento representa, felizmente apenas em parte, o estado do nosso país e da nossa mentalidade perante a inovação.

Sócrates citou uma frase da Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. É sempre interessante ver um político a citar clássicos. Esperemos que ao citar eventos de um mundo virtual, não esteja a ter uma premonição subliminar. Quem será que está no País das Maravilhas? Alice ou Sócrates?

Publicado por Joana às novembro 27, 2005 06:24 PM

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Comentários

"Portugal não tem, actualmente défice de licenciados e de doutorados"

Isto é FALSO.

Não só Portugal tem falta de licenciados em geral, como tem uma ENORME FALTA de licenciados na área tecnológica.

Ainda recentemente li uma entrevista do director da Siemens em que ele confirmava aquilo que várias estatísticas têm trazido a lume: ele dizia que os grupos actuais da Siemens "raparam o mercado" no que respeita a engenheiros e que, apesar de serem das unidades mais produtivas da Siemens a nível mundial, a Siemens não colocou mais grupos em Portugal por HAVER FALTA DE MÃO DE OBRA.

E o mesmo se sucede com outras empresas tecnológicas.
Há poucos desempregados em engenharia, e é preciso formar-se mais engenheiros para que Portugal atraia mais empresas tecnológicas que os empreguem, e criem riqueza (muita!).

Publicado por: Alfredo às novembro 27, 2005 06:41 PM

Ah! E eu tenho tido contacto com grupos de investigação no IST e nas empresas, e tenho ouvido muitas queixas relativas à falta de DOUTORADOS nas áreas da tecnologia.

Publicado por: Alfredo às novembro 27, 2005 06:43 PM

Tirando algumas questões relacionadas com o papel do Estado, estou de acordo consigo.

Parece-me é que há aqui uma espécie de pescadinha de rabo na boca, porque para Portugal ter a I&D de que precisa é necessário ter empresas que a apoiem.

O que é que nasce primeiro: o investigador ou a empresa?
_________________________

(Espero que o Sócrates caia nas mãos da rainha)

Publicado por: (M) às novembro 27, 2005 06:59 PM

"O Condicionamento Industrial e o Corporativismo acabaram"... acabaram mesmo?

No papel podem ter acabado, mas nas mentes continuam... quando oiço, como hoje numa entrevista na al-jazeera radiofónica portuguesa, os "empresários" a pedir apoios e mais apoios ao estado, continua lá.

Continuam a querer ser empresários como os da EDP e PT, querem ser empresários mas não querem correr riscos...

Publicado por: diogenes às novembro 27, 2005 07:01 PM

Quanto aos licenciados... trace-se o perfil do licenciado português, li algures um quadro que mostrava que mais de 50% dos licenciados portugueses são-no nas áreas de humanidades e 30 a 35% nas áreas tecnológicas, ou seja há muito mais licenciados em história, direito, sociologia, ... do que a nossa sociedade consegue acomodar.

Publicado por: diógenes às novembro 27, 2005 07:05 PM

Quanto aos licenciados... trace-se o perfil do licenciado português, li algures um quadro que mostrava que mais de 50% dos licenciados portugueses são-no nas áreas de humanidades e 30 a 35% nas áreas tecnológicas, ou seja há muito mais licenciados em história, direito, sociologia, ... do que a nossa sociedade consegue acomodar.

Publicado por: diógenes às novembro 27, 2005 07:06 PM

Há também muitos licenciados nas áreas tenológicas no desemprego ou com bolsas a perder de vista

Publicado por: soromenho às novembro 27, 2005 07:18 PM

Esta mania de se dizer mal de tudo ainda há-de acabar com Portugal.
Há oitocentos anos lançou-se o plano de uma nova nação e não querem certamente que tudo seja feito de imediato sem estudos e sem ponderação.
Não me vou pronunciar sobre o que se diz aqui por manifesta falta de espaço e porque todos os argumentos estão realmente em Power Point e aqui não podem ser reproduzidos.
Já iniciamos transformações.
Vamos retirar os crucifixos das paredes das escolas.
Aguardem, temos muitas ideias.

Publicado por: Aceçor especialisado em marqueting. às novembro 27, 2005 07:20 PM

soromenho:

Há muita gente no desemprego, seja qual for a área, portanto é natural que existam vários licenciados nas áreas tecnológicas no desemprego, em número absoluto.

MAS não só a licenciatura, em geral, é a MELHOR garantia contra o desemprego: é muito mais difícil um licenciado estar no desemprego que um não licenciado (REPITO: é muito mais fácil um licenciado encontrar emprego que um não-licenciado - isto são FACTOS que todas as estatísticas comprovam) como esta diferença se acentua mais na área da tecnologia.

NÃO HÁ MELHOR GARANTIA CONTRA O DESEMPREGO QUE UMA LICENCIATURA NA ÁREA CIENTÍFICA-TECNOLÓGICA.

É ridículo falar-se em licenciados no desemprego ou, pior, licenciados científicos do desmprego, quando o problema GRAVE em Portugal é a falta destes licenciados, e NUNCA o excesso.

Publicado por: Alfredo às novembro 27, 2005 07:27 PM

Nós não precisamos de licenciados e de doutorados para compor as estatísticas. Precisamos deles para desenvolver o país. Mas para precisarmos deles, temos que ter empresas que precisem deles, e para termos essas empresas precisamos de lhes criar um ambiente favorável.
Ora aí está! E não são os doutorados nem mestrados que desenvolvem o país. A transposição da teoria para a prática tem que ser levada a cabo por pessoas com uma boa base teórica, mas com capacidade de concretização, isto é, que saibam como se faz (know-how). De nada adianta pôr as pessoas a estudar, só estudar, sem que elas sintam vontade de pôr a mão na massa, realizar, vêr a teoria transformar-se em valor. As pessoas falam, falam... e não fazem nada!!! Assim não dá...

Publicado por: TNT às novembro 27, 2005 09:37 PM

E mais:
Respondendo a alguém que disse que a licenciatura é a melhor garantia contra o desemprego, direi que, se a licenciatura é apenas a garantia de arranjar emprego no super da esquina, mais vale ficar analfabeto de pai e mãe. Esclavagismo, não!!!!!

Publicado por: TNT às novembro 27, 2005 09:44 PM

TNT:

A Licenciatura não é apenas a melhor garantia contra o desemprego: é também a melhor forma de ter um rendimento favorável.

Foi feito um estudo sobre os rendimentos médios dos licenciados, e dos não licenciados. As conclusões foram que:

a) Tendo em conta os custos do ensino e custos de oportunidade (as despesas associadas ao ensino politécnico e universitário, e o dinheiro que não se está a ganhar enquanto se podia trabalhar), a decisão de estudar compensa MUITO. A "rentabilidade" do dinehiro e tempo investido varia entre os 50% e 15%, sendo que o valor médio anda na casa dos 30%. Note-se que isto é válido considerando os rendimentos médios e taxas de emprego, e é válido MESMO para cursos de pouca empregabilidade (sociologia, antropologia, etc...) que têm as rentabilidades mais baixas (15%), que mesmo assim são elevadas.

b) A variável que tem maior poder explicativo nos rendimentos E na taxa de emprego é o desempenho académico do aluno, o que mostra que, ao contrário do rumor obscurantista que circula, UM BOM DESEMPENHO ACADÉMICO É IMPORTANTE NA CRIAÇÃO DE RIQUEZA.

Isto são factos.

Mas, no que respeita a opinião, devo dizer-lhe que, do ponto de vista social, é muito melhor ter um caixa de supermercado com doutoramento em antropologia, do que analfabeto. É que a formação académica, apesar de gerar dinheiro (E MUITO) não serve apenas para isso: é uma questão de cidadania: a educação académica é algo de positivo, cujos benefícios não se limitam ao dinheiros que geram.

Publicado por: Alfredo às novembro 27, 2005 10:08 PM

TNT:

"Criar um ambiente favorável" para as empresas tecnológicas investirem cá passa por formar mais gente nas áreas tecnológicas. Elas não virão enquanto houver escassez no mercado. Nesse sentido, são importantes as estatísticas que desvaloriza, porque os investidores vão consultá-las.

Ainda há algum tempo a Joana escreveu um artigo sobre os pontos em que Portugal se distinguia pela positiva em termos de competitividade, e os pontos em que se distinguia pela negativa. A Joana deu (e bem!) imensa importância ao facto de Portugal ter falta de engenheiros, como algo que afasta o investimento externo. Compôr essa estatística é boa estratégia SIM. Ainda por cima se fôr integrada numa série de outras estratégias para atraír investimento tecnológico no nosso país.

Publicado por: Alfredo às novembro 27, 2005 10:17 PM

Há vinte faculdades de Direito em Portugal.
Uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, ...................

Publicado por: asdrubal às novembro 27, 2005 10:21 PM

A maior prioridade deve realmente ser formar na área científica, mais que em qualquer outra área.

Publicado por: Alfredo às novembro 27, 2005 10:24 PM

é muito melhor ter um caixa de supermercado com doutoramento em antropologia, do que analfabeto
Ai é? Para quem? Para os sr.s doutores da merda? Para os que falam muito e não fazem nada? Sim, porque eu sou engenheiro, e dos bons. Dos que sabem "como se faz" e nem por isso tenho emprego decente nesta coutada dos doutores, sejam antropólogos ou sociólogos. E você? O que sabe fazer?

Publicado por: TNT às novembro 27, 2005 10:27 PM

é muito melhor ter um caixa de supermercado com doutoramento em antropologia, do que analfabeto
Ai é? Para quem? Para os sr.s doutores da merda? Para os que falam muito e não fazem nada? Sim, porque eu sou engenheiro, e dos bons. Dos que sabem "como se faz" e nem por isso tenho emprego decente nesta coutada dos doutores, sejam antropólogos ou sociólogos. E você? O que sabe fazer?

Publicado por: TNT às novembro 27, 2005 10:29 PM

Estou a trabalhar em fusão. Sei programar um tanto, e fazer umas continhas.

E, respondendo à sua pergunta, é melhor porque, como disse, a função da educação não se esgota com a riqueza que permite criar. O saber vale por POR SI. Enriquece o indivíduo.

Publicado por: Alfredo às novembro 27, 2005 11:00 PM

E sabe fundir o quê? Só se for a mona das pessoas que investem o que têm e não têm para tirar um curso, sacrificando os "velhotes" para depois andarem na boa-vai-ela, a gastar dos papás e fingirem que estão a trabalhar. A maior parte dos empregos que temos é para escravos. Já agora, quanto ganha? Eu, com 54 anos feitos hoje, ganho 1700 € a enganar uns quantos, prometendo-lhes bons empregos se estudarem. Pudera, sou professor do ensino secundário e tenho interesse em que eles acreditem nessa patranhada. Sejamos honestos, isto não vai a lado nenhum...

Publicado por: TNT às novembro 27, 2005 11:09 PM

Há um filme italiano com o título «Alfredo, Aldredo».
Salvo erro com o Sordi.
Era para rir.

Publicado por: (M) às novembro 27, 2005 11:10 PM

«Alfredo,Alfredo», claro

Publicado por: (M) às novembro 27, 2005 11:11 PM

Saber programar um pouco e fazer umas continhas? Isso taném eu. E planear e executar o circuito de arrefecimento do reactor? Sabe, Alfredo?

Publicado por: TNT às novembro 27, 2005 11:12 PM


Parabéns TNT. 54 anos, engenheiro, 340 contos.
É uma merda. Vá para Espanha que é aqui mesmo.

Publicado por: asdrubal às novembro 27, 2005 11:19 PM

Caro Asdrubal, já estive lá fora a ganhar 500 contos, há 15 anos. Voltei para tentar ajudar este Portugal, mas não me dão ouvidos. O amor à Pátria é superior ao do dinheiro. E viva Portugal.

Publicado por: TNT às novembro 27, 2005 11:25 PM

O excesso de procura de emprego de engenheiros de que fala o Alfredo é numa estreita faixa de competências. Fora disso há bastantes enegenheiros desempregados, dependendo dos cursos. É claro que a Borealis (Sines) e a Siemens Évora, sempre que querem engenheiros têm que os ir procurar a Lisboa ou Porto.

Publicado por: Vasco Forte às novembro 28, 2005 12:01 AM

Ó Vasco Forte, não nos deixe na ignorância :
Qual é essa " estreita faixa de competências" de engenheiros solicitados ?
É que eu tenho um filho que quer fazer engenharia, há pelo menos uma dezena e meia de engenharias, e eu não consigo aconselhar-lhe ...

Publicado por: asdrubal às novembro 28, 2005 12:28 AM

Caro Asdrubal, o meu filho cursou Engenharia Aeronáutica no IST e teve que emigrar para a Alemanha. Trabalha na ESA (Agência Espacial Europeia), mas antes esteve como escravo de reputadas empresas portuguesas que vendem mão-de-obra (ou cabeça-de-obra) a empresas estrangeiras. Por isso, quando se fala em termos que nos qualificar para atrair investimento estrangeiro, o que se pretende é escravizar cérebros.

Publicado por: TNT às novembro 28, 2005 12:43 AM

E que grande ajuda o TNT presta, num altruismo desinteressado: educa pessoas, mas sem acreditar no valor da educação, nem em termos de rendimento e emprego, nem em termos do valor cultural que isso tem para as pessoas.

E 340cts não é um mau ordenado. Sem curso superior não seria fácil auferi-lo. É uma reacção corporativa achar que "já há engenheiros a mais". É uma opinião que os factos desmentem, e que revela uma postura um tanto egoísta, na minha opinião.

PS- Não, não sei planear o circuito de arrefecimento de um reactor de fusão. Não é essa a minha área. Trabalho em códigos de simulação de equilibrio e controlo em tempo-real.

Publicado por: Alfredo às novembro 28, 2005 12:49 AM

Finalmente estamos de acordo. 340 cts para um engenheiro com 54 anos e filhos para educar não é nada mau. É péssimo!!!! Mas quanta ganha você para estar todo o dia à frente do PC a fazer simulações? E que idade tem?

Publicado por: TNT às novembro 28, 2005 12:56 AM

E nunca disse que havia engenheiros a mais! O que digo é que não há trabalho para eles porque estamos no país em que estamos, que anda vendido aos interesses estrangeiros.

Publicado por: TNT às novembro 28, 2005 12:59 AM

TNT em Novembro 28, 2005 12:43

Não é de certeza qualquer um que trabalha na ESA. Não sei se hei-de concordar consigo, caro TNT. Um cérebro não se pode «escravizar» e o seu filho é a prova disso.
Quem sabe se ele não vem "parar" à nossa Santa Maria, nos Açores, exactamente no âmbito do projecto da ESA cujo protocolo foi assinado ontem mesmo ? Quem sabe ?

Publicado por: asdrubal às novembro 28, 2005 01:07 AM

Valor cultural? Isso existe hoje em dia? Por acaso já viveu a frustração que advém das expectativas frustradas de quem estudou e tem que passar o dia numa caixa de supermercado a ganhar o salário mínimo?

Publicado por: TNT às novembro 28, 2005 01:07 AM

Publicado por: Alfredo às novembro 27, 2005 11:00 PM

Você disse que está a trabalhar em fusão.

Fique então sabendo que a maioria dos pouquíssimos licenciados em Eng. Física, estão no desemprego ou nalgum Call-Center da TMN como operadores não qualificados.

Outros foram para o estrangeiro, não para o que aprenderam, mas para o que conseguiram encontrar. Se eventualmente a Siemmes emprega alguns, especilmente na área da programação, não quer dizer, que haja falta de Eng. Tecnológicos.

Publicado por: Templário às novembro 28, 2005 01:08 AM

Publicado por: TNT às novembro 27, 2005 11:12 PM

Estamos num País que nunca quis o Nuclear...

Publicado por: Templário às novembro 28, 2005 01:10 AM

Publicado por: Templário às novembro 28, 2005 01:10 AM

Eu não defendi o Nuclear. Aliás, também sou contra. O que digo é que o engenheiro deve estar apto "embrenhar-se" em qualquer técnica. Para tal, tem que adquirir competências na realização de coisas concretas, e não só altos estudos de mestrados e doutoramentos.

Publicado por: TNT às novembro 28, 2005 01:22 AM

Voltando ao Post, até estaria optimo se a Joana não voltasse a cair na sua ardilosa perseguição socrática.
Deve ser o complexo do crucifixo....

Publicado por: Templário às novembro 28, 2005 01:24 AM

"Fique então sabendo que a maioria dos pouquíssimos licenciados em Eng. Física, estão no desemprego ou nalgum Call-Center da TMN como operadores não qualificados."

Falso. Vejas as estatísticas.
Não só todos os meus colegas que acabaram o curso já estão empregues, como as estatísticas demonstram que a taxa de desemprego entre os licenciados em Eng. Física é baixíssima. Na verdade, esse curso é, tal como medicina e farmácia, dos que tem maior empregabilidade. O rendimento médio auferido também é muito bom.

Publicado por: Alfredo às novembro 28, 2005 01:28 AM

E quanto ao Nunclear, Portugal fará muito bem em encarar de frente essa possibilidade!!!

Publicado por: Alfredo às novembro 28, 2005 01:29 AM

E quanto ao Nuclear, Portugal fará muito bem em encarar de frente essa possibilidade!!!

(Refiro-me à fissão. Mas a investigação em fusão também tem de avançar a todo o vapor!)

Publicado por: Alfredo às novembro 28, 2005 01:30 AM

Publicado por: asdrubal às novembro 28, 2005 01:07 AM

Garanto-lhe que não é qualquer um. Mas ele apenas tirou uma boa licenciatura (sem brilho), não fez mestrados nem doutoramentos da treta que só servem os interesses da máfia das universidades e mais nada.

Pois é possível que venha para Santa Maria... Isso é uma excepção...

Publicado por: TNT às novembro 28, 2005 01:30 AM

O engenheiro Sócrates, coitado, como não arranjou emprego num call center teve de ir para primeiro-ministro...
E dizem que o ordenado não é mau de todo.
Parece, até, que vai ter mais uns pózinhos, com este negócio da Ota.

Publicado por: (M) às novembro 28, 2005 02:05 AM

Publicado por: Alfredo às novembro 28, 2005 01:28 AM

Alfredo, não quero insistir no falso e no verdadeiro das afirmações. O que lhe conto é com casos concretos de licenciados em Eng. Física de Coimbra que terminaram ( eram apenas uma dezena ) há 3 anos o curso e nada, nadinha neste País existe para eles.

A sua posição é normal. É a de quem está bem, e portanto nem percebe como os outros não conseguem.

Em resumo e pense reflicta um pouco:

- A não ser no Estado (qualquer tacho, professor, assistente, assessor, director de qualquer treta) onde pode em Portugal um Licenciado em Eng. Física empregar-se ?

Nem na auto-europa... pois os estudos, experiências e desenvolvimento tecnológico é feito fora de Portugal.

Publicado por: Templário às novembro 28, 2005 02:25 AM

Siemens, Portugal Telecom, EDP, Serviços de patentes, Consultoras (imensas!!!), até na Renova (onde são muito procurados).

Enfim... No meu ano entraram 45 alunos. Destes, 20 não desistiram. Todos os que já acabaram encontraram emprego.

Uma colega minha, que tinha uma média mediana e demorou 6 anos a acabar o curso, teve cerca de 10 propostas (todas no sector privado), só teve de escolher a melhor.

A dar explicações consegue-se de 10e por hora para cima, até esse último recurso está disponível para quem tiver um mínimo de garra.

Publicado por: Alfredo às novembro 28, 2005 02:45 AM

As empresas na área da electrónica e das nano-tecnologias (que existem, poucas mas muito produtivas) têm-se queixado da falta de doutorados e mestrados. Tenho conhecimento directo dessa situação.

Publicado por: Alfredo às novembro 28, 2005 02:49 AM

bom dia. Eu então acho injusto que não tenham deixado uma kpk a jeito, para um enginhero, mestri e doutori (a recibos verdes), papar pela manhã...

Publicado por: py às novembro 28, 2005 08:40 AM

"O Condicionamento Industrial e o Corporativismo acabaram, mas foram substituídas por outras instituições, de facto e já não de jure, como os diferentes grupos de interesses que se criaram no sector público"

Não só no setor público. Também no privado se mantiveram, ou foram criadas de novo, e de qualquer forma prosperaram, grupos de interesse corporativos. Por exemplo as Ordens profissonais, notoriamente a dos médicos. Mas também as farmácias. Agora também os notários. E cada vez mais profissões tendem a, ou pretendem, corporativizar-se, com a proteção do Estado: os psicólogos, os advogados, e até também os biólogos e os engenheiros.

A tendência corporativa neste país tem história e prossegue, gloriosa. No setor privado, como no estatal.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 28, 2005 11:18 AM

ora bem, um primo:

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=203666

Publicado por: py às novembro 28, 2005 11:44 AM

Luís Lavoura: Esses grupos de pressão existem em todos os países, mas são mais fáceis de controlar, porque podem ser estabelecidas barreiras legais à sua influência. Existem autoridades da concorrência, etc. A questão é que em Portugal os poderes públicos são incapazes de controlar isso, como são incapazes de fiscalizar obras públicas, etc.

Publicado por: Vasco Forte às novembro 28, 2005 11:57 AM

No sábado passado, na Antena 1 às 13 horas, houve um programa no qual o caso irlandês foi focado e foram estudadas as razões desse sucesso económico. Disse-se que foram duas, basicamente, as estratégias seguidas:

(1) A criação de um clima favorável ao estabelecimento na Irlanda de grandes multinacionais estrangeiras, nomeadamente das sedes europeias de multinacionais americanas; em particular, uma taxa muito baixa de imposto sobre os lucros das empresas.

(2) Um investimento de longo prazo na educação, que gerou uma mão-de-obra muito qualificada, pronta a ser empregue por essas multinacionais.

Ou seja, as duas estratégias, a joanina - ponto (1) - e a socrática - ponto (2) - complementaram-se na Irlanda. Nenhuma delas tem sucesso por si só. Ambas são necessárias.

É preciso um bom clima para as empresas, como a Joana bem diz, e uma população tecnologicamente capaz, como Sócrates bem diz.

Só a raiva da Joana contra Sócrates faz com que ela o critique, quando ele também tem razão.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 28, 2005 11:59 AM

Vasco Forte às novembro 28, 2005 11:57 AM

Eu não falei de grupos de pressão. Falei de grupos corporativos. Ou seja, de grupos que absorvem para si mesmos os poderes regulativos do Estado.

Por exemplo, a Ordem dos Médicos auto-regula os médicos. Em vez de ser o Estado a regular os médicos, os quais teriam independentemente do Estado o seu próprio grupo de pressão, o Estado delegou nos próprios médicos o poder de se auto-regularem, constituindo assim uma corporação.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 28, 2005 12:02 PM

As ordens e associações patronais não fazem greve, nem agitação social. Fazem lobbying e tenta viciar as regras do jogo dissimuladmente.

Publicado por: Vasco Forte às novembro 28, 2005 12:08 PM

A violência escolar aumentou no ano lectivo de 2004/2005, com mais de 1200 casos registados segundo os dados do Departamento de Segurança do Ministério da Educação. Entre alunos, professores e funcionários, 191 pessoas tiveram que receber tratamento hospitalar devido a agressões nas escolas.
(no Público online)

Ora, quem é que se importa? O perigo está todo em duas miúdas de língua na boca numa escola de Gaia...

Publicado por: (M) às novembro 28, 2005 02:01 PM

(M) às novembro 28, 2005 02:01 PM: O sexo é que vende. A violência está banalizada

Publicado por: Sa Chico às novembro 28, 2005 03:05 PM

Eu sou professora (mas não prima da Joana) e conheço duas professoras que dão aulas na Escola de Alfornelos e que me contaram coisas incríveis. A maior parte dos miúdos anda armada de navalhas. A droga circula livremente e é um milagre ainda ninguém ter sido morto.
É mesmo uma zona de alto risco.
Contaram-me isto há uns 4 anos. Não sei se se mantém assim ou se piorou ainda mais.

Publicado por: Filipa Sequeira às novembro 28, 2005 03:53 PM

Coitado do Sócrates, ninguém gosta dele!
A cicuta!, depressa!

Publicado por: Senaquerib às novembro 28, 2005 04:31 PM

Cara Joana:

Onde se pode fazer o download desse tal de "Plano Tecnológico?

Obrigado

Publicado por: diogenes às novembro 28, 2005 05:17 PM

Filipa Sequeira às novembro 28, 2005 03:53 PM

Isso é uma consequência direta do facto de haver drogas ilegais. Essas drogas tornam-se então altamente valiosas e justificm um tráfico muito lucrativo e também muito violento. Formam-se gangs que dominam e competem por esse tráfico.

A solução para este problema passa inevitavelmente pela legalização de todas as drogas. A distribuição das drogas tem que ser controlada e limitada, com o fim de limitar os danos dessas drogas. Mas essa distribuição deve ser suficientemente livre para que não se justifique a existência de um tráfico.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 28, 2005 05:18 PM

Luís Lavoura em novembro 28, 2005 05:18 PM:
Essa teoria que, para acabar com o crime, basta descriminalizar o respectivo acto, é costume designar por meter a raposa no galinheiro.

Publicado por: David às novembro 28, 2005 05:30 PM

O David não entendeu.
O Luís falou em acabar com o crime associado ao tráfico, não em descriminalizá-lo.

Ao legalizar-se as drogas, o tráfico deixava de ser lucrativo, pelo que tenderia a acabar, mas continuaria ilegal. E com ele muita da criminalidade associada aos gangs, etc...

Por princípio, também me parece correcto. A lei seca não funcionou com o Alcool, não vejo porque será útil com as drogas. A experiência parcial na Holanda parece ter funcionado bem.

Publicado por: Alfredo às novembro 28, 2005 05:48 PM

eu concordo com o Luís e o Alfredo sobre isso da legalização das drogas. Já agora, pelo que percebi as nossas assinaturas para a Manuela Magno não serviram para quase nada, não? Resta o quase: os gestos simbólicos são sementes de futuro.

Publicado por: py às novembro 28, 2005 06:19 PM

outro primo: acho obsceno que se tenha privatizado as pousadas de Portugal. Como é possível ter privatizado património histórico como o palácio de Extremoz ou o Mosteiro da Flor-da-Rosa, ou o Castelo de Palmela, antiga sede da ordem de Santiago?

Quem é que são os donos? Quando é que isso aconteceu?

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=203764

Publicado por: py às novembro 28, 2005 06:28 PM

David às novembro 28, 2005 05:30 PM

Em estados tão diferentes como a Pensilvânia e a Suécia entende-se -- e bem -- que o álcool é uma droga perigosa, cujo comércio deve estar estritamente controlado por forma a evitar que ele esteja facilmente disponível. O álcool paga um imposto elevado e só é vendido em certas lojas especiais; a maioria dos restaurantes também não serve bebidas alcoólicas. Neste enquadramento, procura-se controlar os efeitos deletérios desta droga sem no entanto a proibir, porque se entende que a proibição levaria a efeitos ainda piores - o tráfico tornar-se-ia altamente lucrativo e formar-se-iam gangs, etc.

Penso que um esquema semelhante deveria ser utilizado cá, não só para o álcool como para todas as drogas que atualmente são ilegais.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 28, 2005 06:29 PM

py às novembro 28, 2005 06:28 PM

Saiba que os tão apreciados castelos do Reno, na Alemanha, são todos propriedade privada.

O Estado alemão impõe muito estritamente a conservação desses castelos aos seus proprietários privados. Como consequência não fica nda barato ser seu proprietário. Alguns desses castelos aparecem ocasionalmente à venda por valores simbólicos - 1 euro - precisamente porque os seus proprietários se vêem à rasca para os manter.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 28, 2005 06:33 PM

Momento de poesia:

Eu não sei nada, sou um ignorante.
Como não sei nada, não faço nada.
Como não faço nada, nunca erro.
Como nunca erro, sou um sábio!

Publicado por: Senaquerib às novembro 28, 2005 06:35 PM

Não concordo em definitivo que património histórico tão significativo como aquele que mencionei e outros tenha sido vendidos a estrangeiros. Se eu percebi foi a estes: Manor Houses, que parece que é irlandês.

Vou deslindar esta história, isto deve ter sido a FLeite, não?

Publicado por: py às novembro 28, 2005 06:36 PM

A questão é que a Pensilvânia e a Suécia não produzem V.Q.P.R.Ds nem D.O.Cs.

Publicado por: Senaquerib às novembro 28, 2005 06:42 PM

É bom ter garra, mas é muito melhor ter garras.

Publicado por: Senaquerib às novembro 28, 2005 06:47 PM

Inspirado pelos comentários aqui vertidos, um excerto de um post meu actual, escrevinhado mal cheguei a casa:

"O que se quer dizer com clima favorável ao investimento? Bom clima já nós temos! Mas eles referem-se, obviamente, a impostos mínimos para as empresas, facilidades logísticas, mão-de-obra barata e qualificada, leis laborais que permitam despedimentos fáceis, etc., etc.. Se isso convém à nossa classe dominante, que poderá viver à sombra da economia, não convém a quem trabalha. Porque o que convém a quem tem que trabalhar é viver o melhor possível sem levar uma vida de cão, enquanto os "espertos" sem escrúpulos conseguem escapar ao inferno com negociatas, compadrio e golpes."

Publicado por: TNT às novembro 28, 2005 07:45 PM

Publicado por: (M) às novembro 27, 2005 11:11 PM

(M), o filme "Alfredo, Alfredo" é uma comédia de costumes de 1973, e o seu realizador foi Pietro Germi. O actor principal, o "Alfredo", era Dustin Hofman, numa rara aparição pelo cinema italiano a fazer de ingénuo, como no "A primeira noite", mas agora na Europa. No filme, contracenou com uma talentosa Stefania Sandrelli, que fazia de sua esposa grávida. Contudo, nem tudo eram rosas...

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 28, 2005 11:59 AM

Luís Lavoura: sem qq crítica ao que afirma, que é verdade, mas sabe-se que muito do êxito irlandês se deve tb a duas razões intrínsecas: a) falarem a língua inglesa; e b)muitos dos investidores americanos terem origens irlandesas. Outros países europeus não têm estas condições.

Publicado por: Saloio às novembro 28, 2005 07:46 PM

Quanto a Moçambique tudo bem, claro.

Quanto à TAP comprar a Varig ainda tudo bem.

Quanto a Stanley Ho comprar a TAP tudo mal, e livre-se o Sócrates de ficar com esse ónus... (já se o chinês for um parceiro menor do financiamento ainda pode ser)

http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24755453

Publicado por: py às novembro 28, 2005 07:46 PM

O problema de Sócrates é que fala muito mas não escreve nada.

Publicado por: Senaquerib às novembro 28, 2005 09:13 PM

Saloio às novembro 28, 2005 07:46 PM

Publicado por: (M) às novembro 29, 2005 12:50 AM

Senaquerib: e quem lhe diz que os projectos devam ser obrigatoriamente constituidos por peças escritas e desenhadas?
Porque não só peças verbais?

Publicado por: David às novembro 29, 2005 03:54 AM

Não podemos ser exclusivistas

Publicado por: David às novembro 29, 2005 03:55 AM

"O problema de Sócrates é que fala muito mas não escreve nada."

Eu acho que o problema dele é achar que não tem problema algum.

Publicado por: Mário às novembro 29, 2005 10:22 AM

esta

Publicado por: py às novembro 29, 2005 10:24 AM

é

Publicado por: py às novembro 29, 2005 10:25 AM

minha

Publicado por: py às novembro 29, 2005 10:25 AM

Eu também acho que este país tem licenciados a mais e pouca gente com "know-how". Mas é o Estado quem alimentou essa situação. Em Portugal vive-se sobre o síndroma do "não és doutor não és nada - nem ninguém". À luz desse síndroma muitos dos nossos jovens, muitas vezes por pressão "psicológica" encaputada dos pais, outras vezes porque dá mais jeito passar 5 ou 6 anos fora de casa, na boa vida, a fingir que se estuda, outras - poucas - vezes por vontade própria e consciência dum investimento em si mesmos, acabam por concorrer ao Ensino Superior. E aí vários cenários são possíveis. Por um lado a grande procura pelos ditos cursos de "humanidades" tem muito que ver com a tal história da matemática - e como o importante é ter um curso, deixa cá escolher um que pareça mais "acessível" em termos de horas de estudo a ter de dispender. Por outro lado, nos casos em que há realmente vocações consolidadas, muitos dos alunos acabam por não conseguir vaga nos cursos que realmente os motivavam, e sujeitam-se a ingressar noutros para os quais eventualmente tinham menor apetência e estímulo. Depois há ainda os que tanto lhes faz qual é o curso desde que a média seja baixa e a entrada esteja garantida, e possam fazer um "figurão" porque entraram... E há os cromos, claro. Lembro-me bem dum colega de faculdade (que desistiu ao fim dum semestre) que tinha concorrido a Arquitectura e a Medicina "porque como tinha boas notas escolheu os cursos com média mais alta". No comments.
Um curso superior não é garante de nada - parece que até vão fechar 200 no próximo ano, tal foi a rebaldaria dos processos que possibilitaram a sua abertura. Muitos dos cursos que actualmente existem, sobretudo em Universidades que não de Lisboa, Porto ou Coimbra, e em grande parte dos Politécnicos, resultaram de decisões conjunturais que nada, rigorosamente nada, tiveram que ver com perspectivas de empregabilidade dos seus estudantes e graduados. Foram muitas vezes criados cursos em função dos corpos docentes disponíveis, porque qualquer terrinha queria ter uma Universidade. E o Estado, e os Governos, foram cúmplices activos. Portanto agora não se queixem.
Mestrados e doutoramentos, tirando alguns casos muito específicos, são meros investimentos individuais que pouco têm que ver com empregabilidade. Eu no meu caso particular, quando analiso toda a formação pós-licenciatura que as Universidades Portuguesas oferecem na minha área fico com uma grande dose de raiva e indignação. São uma espécie de aulas de culinária de autor, de chefs que nunca sequer trabalharam num 2 estrelas Michelin, e que o topo da sua carreira foi conseguido num hotel 4 estrelas no Algarve. É incrível como se criam - e deixam criar - Cursos de Mestrado e Pós-graduação só para "dar curriculo" aos docentes, e sacar uns cobres aos discentes. E mais ridículo ainda é que se eu por acaso me canditatasse a algum desses mestrados de treta que por cá há era capaz de ficar pelo caminho na hora da selecção porque não tinha lá nenhum amiguinho. Em contrapartida fui admitido num MSc no Univesity College London e a única pessoa que lá conheço é o rapaz do College Admission's Office que me recebeu a candidatura. É isto que me indigna, é esta país da treta, das "Pitinhas da Cunha", sem qualquer cultura de mérito nem de "savor faire". Não importa sê-lo, basta parece-lo. E nisso Sócrates é exemplar. Mas lá diz o ditado : pode enganar alguns durante algum tempo, mas não vai enganar todos durante todo o tempo...

Publicado por: Xiko às novembro 29, 2005 11:55 AM

Xiko às novembro 29, 2005 11:55 AM

Excelente comentário.

Deve-se acrescentar que esse síndroma do "não és licenciado, não és nada" foi e continua a ser alimentado pelo Estado, que contrata e paga na função pública largamente em função do curriculum académico. Ou seja, os salários na função pública estão indexados aos canudos que se tem, e não à capacidade para efetuar trabalho útil.

Nestas condições, o próprio Estado incentiva a noção de que não é preciso ser sabedor, basta parecê-lo -- ou melhor, ter um canudo que ateste sê-lo.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 29, 2005 12:38 PM

Luís Lavoura às novembro 29, 2005 12:38 PM

Sinceramente a minha experiência, pelo menos nos últimos tempos, é um pouco contrária ao que relata. Sei duma Câmara Municipal que há uns 2-3 anos abriu concurso para 10 auxiliares administrativos (salário mínimo, leia-se). Concorreram centenas de pessoas está claro, 90% das quais licenciadas. O resultado do concurso dispenso-me de o comentar. A questão coloca-se depois ao nível dos pedidos de reclassificação que, uma vez as pessoas dentro do sistema, começam a chover. Aí sim, poderá haver a tal indexação. Mas há muito licenciado a submeter-se a trabalho de escravo e para o qual tem habilitações (canudo, não "skills") a mais.
.
Não é preciso dizer mais : eu sou arquitecto e tive ha uns tempos uma proposta de trabalho em que me pagavam menos do que e minha mãe paga à empregada de limpeza.... posso estar um bocado farto do sítio onde trabalho actualmente, mas pelo menos a esse nível ainda assim é menos mau.

Publicado por: Xiko às novembro 29, 2005 02:55 PM

Mário às novembro 29, 2005 10:22 AM

Eu estava a referir-me ao Sócrates e não ao... Sócrates.

Publicado por: Senaquerib às novembro 29, 2005 08:59 PM

É evidente que, na administração pública (AP), os salários não são uma função do desempenho nem da responsabilidade.
Também me parece evidente que, algures no futuro, a administração pública terá, forçosamente, de pagar mais, se quiser seduzir os melhores. Isto exige uma revolução nas formas de organização em particular nos estatutos do pessoal dirigente.
Actualmente, a AP não passa de um refúgio onde o melhor mesmo é não levantar ondas e não se chatear muito.

Publicado por: Vítor às novembro 29, 2005 09:08 PM

Eh Pá, era só para agradecer que Continues o milagrezito à maneira:

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1240693

Publicado por: py às dezembro 1, 2005 01:43 PM

Yin-Kuo era para te dizer que de acordo com o livrinho que me deram, aí pelo distrito da Bracara Augusta não classificam árvore nenhuma desde 1953. Só tem 2 magníficos robur, 1 escalitre, e um maciço bonito. Agora não sei se faltam algumas. Se quiseres sei como é o procedimento mas é como está na página do endereço: tem que se fazer uma fotografia e uma sinalização do local junto com o pedido e identificar os proprietários que têm de ser ouvidos.

Publicado por: py às dezembro 1, 2005 01:49 PM

py às dezembro 1, 2005 01:49 PM

Obrigado.
De facto, nas últimas décadas as árvores têm sido classificadas, não como exemplares de interesse público, mas como alvos a abater.
Em relação ao parzinho, tenho uma ideia para mobilizar as consciências. Vamos ver se resulta.

Publicado por: Vítor às dezembro 1, 2005 02:07 PM

a ver

Publicado por: py às dezembro 1, 2005 07:43 PM

vamos

Publicado por: py às dezembro 1, 2005 07:44 PM

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