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novembro 21, 2005

A Tragiconomia das Taxas de Juro

O presidente do BCE dá a entender que o BCE vai aumentar as taxas de juro, após o que o Conselho de Governadores decide que não há aumento, todavia, posteriormente, o BCE afirma-se preparado para, em breve, subir as taxas de juro, contudo, a seguir, o BCE recusa aumento das taxas de juro em série, etc., etc.. Uma telenovela dramática que tem como argumento de fundo a estagnação económica europeia. Sabe-se que, no curto prazo, um aumento da taxa de juro provoca a queda do produto e o aumento do desemprego. Cada vez que ouvem falar em aumentos das taxas de juro, os empresários mostram-se horrorizados e o BCE retrai-se.

Todavia, a UE está naquilo que julgo ser a armadilha da liquidez. A taxa de juro real é praticamente zero (a taxa de juro de referência está próxima da inflação, sendo mesmo inferior, em Portugal). O euro, depois de já ter andado pelos 1,30 dólares, desceu para 1,17 dólares (as taxas de juro nos EUA estão a 4%, o que ajuda à valorização do dólar face ao euro). Isso significa que, apesar das descidas recentes da cotação do crude, a Eurolândia não vai sentir essas descidas, podendo mesmo vir a pagá-lo mais caro. Aumentam assim as pressões inflacionistas. O BCE tem mantido as taxas de juro excepcionalmente baixas desde fins de 2002, mas sem quaisquer efeitos na dinamização da economia europeia.

A principal razão pela qual o BCE não se decide é porque todas as decisões (incluindo o não tomar qualquer decisão) são más. Embora haja alguns países na Eurolândia com economias sólidas e em crescimento, no seu conjunto a Área Euro está estagnada em virtude do mau desempenho das principais economias (Alemanha, França e Itália). Apesar deste cenário negro, fala-se num aumento da taxa de juro de 0,25%. Mas fala-se igualmente que haverá ajustamentos posteriores progressivos. Ver-se-á.

A situação em Portugal é duplamente má. O endividamento das famílias atingiu já 117% do rendimento disponível, percentagem que tem tendência para aumentar, pois o crédito à habitação, que representa cerca de 80% do endividamento, tem crescido a um ritmo de 10% ao ano. Além do mais, em Portugal praticamente todos os empréstimos à habitação estão indexados à Euribor, ligada à taxa de referência do BCE, e têm taxas variáveis a menos de um ano. Portanto qualquer aumento da Euribor vai reflectir-se imediatamente na prestação mensal referente à habitação. Vai reflectir-se imediatamente no orçamento familiar e no consumo privado.

Mas toda a economia portuguesa vai ser afectada: dívida pública, créditos às empresas, etc.. O aumento da taxa de juros também afectará negativamente o investimento. Ou seja, a probabilidade da economia portuguesa sair do pântano em que se encontra irá diminuir.

O gráfico seguido (fonte “O Público”) mostra a variação da Euribor nos últimos anos.
TaxasBCE.jpg

Publicado por Joana às novembro 21, 2005 10:21 PM

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Comentários

Tenhamos fé em Durão Barroso, esse português presidente da comissão, empurrado para Bruxelas por toda a nata empresarial, que se mostra agora horrorizada com o aumento das txs juro. É caso para perguntar qual é o papel deste presidente na defesa das pequenas economias europeias, se se concluir que um aumento das txs é prejudicial a economias pequenas e médias .

Publicado por: zippiz às novembro 21, 2005 10:46 PM

Não são as pequenas economias, zippiz. A Irlanda, a Finlândia e, claro, o Luxemburgo, são economias solidas. A Austria, apesar de alguma desaceleração, também. A Espanha tem crescido de forma sustentada.

O problema são as economias em que o paternalismo estatal ou a subserviência perante o Estado dominam. Grandes (Alemanha, França e Itália) ou pequenas (Portugal).

Publicado por: Joana às novembro 21, 2005 11:03 PM

Veja lá, Joana, como são as coisas: olhei de relance para o título do seu post e li A TRAGICOMÉDIA DAS TAXAS DE JURO.

Julgo que foi resultado do seu efeito subliminar e, ao mesmo tempo, da minha expectativa de ver alguém pôr a nu os efeitos desta política monetária.

É que, lembrando-me das máscaras do teatro grego, lembrei-me, também, que nisto de taxas de juro bancárias são sempre os mesmos que riem e são sempre os mesmos que choram.

Publicado por: (M) às novembro 21, 2005 11:08 PM

É um híbrido de Tragicomédia e de Economia ...

Publicado por: Joana às novembro 21, 2005 11:11 PM

Isso quer dizer que a Irlanda, Finlândia, Luxemburgo e Austria, são a favor do aumento da tx de juro?
E já agora que está disponível, qual o papel dos EUA na deterioração dos termos de troca com prejuízo para a Europa? Interessa aos EUA uma tx juro baixa, ou alta? Porque é que os EUA vêm aumentando a sua tx quase todos os trimestres?

Publicado por: zippiz às novembro 21, 2005 11:16 PM

Estes "ameaços" em relação à taxa de juro fazem-me lembrar aqueles toques com o varapau na fera, para ver se ela está mesmo morta.
Se, ao fim de meia dúzia de toques, não bulir, podemos aproximar-nos sem medo.
Se der sinais de vida, aplicam-se mais umas pauladas bem assentes e acaba-se-lhe com a tosse.

Shiu! Façam-se de mortos...

Publicado por: Vítor às novembro 21, 2005 11:24 PM

tenho a impressão que depois do esquentador=esquentamento no pensador, e mais umas kapikuas, a Joana ficou gamada em neologismos! Tá bem, sempre é kurtido.

Publicado por: py às novembro 21, 2005 11:33 PM

Afinal na técnica pode haver cultura e arte

Publicado por: Coruja às novembro 21, 2005 11:50 PM

Levar à cena a Tragiconomia de Portugal Agrilhoado

Publicado por: Coruja às novembro 21, 2005 11:51 PM

http://www.dumpalink.com/media/1132578940/Bush_His_Escape_Route_Is_Blocked

este homem não existe !

Publicado por: zippiz às novembro 22, 2005 12:13 AM

Podiamos ter aprendido algo com os últimos 15 anos da economia Japonesa.
Mas, afinal, parece que o processo se vai repetir ad nauseum...

Publicado por: Cirilo Marinho às novembro 22, 2005 12:27 AM

Falta a coragem política, a população europeia foi embalada no mito que o Estado tratava de tudo e agora é o trágico despertar

Publicado por: soromenho às novembro 22, 2005 12:56 AM

Despertar ... muitos não querem despertar

Publicado por: soromenho às novembro 22, 2005 12:57 AM

Se as taxas de juro aumentam muito há muita família que vai à falência. Não consegue pagar a casa

Publicado por: VSousa às novembro 22, 2005 01:12 AM

Parece que a malta não está muito ciente disso. Vêm para aqui dizer coisas a rirem-se, sem pensarem que isto vai doer e muito.

Publicado por: VSousa às novembro 22, 2005 01:14 AM

VSousa em novembro 22, 2005 01:14 AM:
Plenamente de acordo. Acho que a maioria dos portugueses ainda não interiorizou a situação

Publicado por: Madeira às novembro 22, 2005 01:20 AM

É esta a situação mais aflitiva do país. Estar mal e não ter forças para mudar

Publicado por: Madeira às novembro 22, 2005 01:24 AM

É esta a situação mais aflitiva do país. Estar mal e não ter forças para mudar

Publicado por: Madeira às novembro 22, 2005 01:29 AM

"Afinal na técnica pode haver cultura e arte"

Na cultura e arte é que existe técnica, como em tudo o resto.

Joana, não te parece que o déficit externo americano é totalmente insustentável?

Não te parece também que o facto de os americanos estarem a retirar 7% do seu rendimento disponível de cashouts de equity das tuas casas é totalmente insustentável? (principalmente se forem só 10-20% da população a faze-lo, caso em que as %s de rendimento disponível dessa camada seriam de 35-70% ...).

Eu parece-me que vem aí uma tempestade das grandes, e que essa tempestade vai apanhar o mundo afogado em dívida como nunca na história.

Publicado por: Incognitus às novembro 22, 2005 09:01 AM

"O BCE tem mantido as taxas de juro excepcionalmente baixas desde fins de 2002, mas sem quaisquer efeitos na dinamização da economia europeia."

Isto não é bem assim. As taxas de juro baixas estimulam o consumo, nomeadamente a compra de habitação. Em viagem recente à Alemanha, disseram-me que hoje em dia se passa uma situação impensável há uma dúzia de anos atrás: cada vez mais pessoas compram casa própria, dado os juros serem tão baixos. Dantes, só as pessoas muito ricas e bem instaladas na vida tinham casa própria na Alemanha; a maior parte da população vivia em apartamentos alugados.

O problema principal da economia europeia é o seu baixo consumo, o qual se deve a uma demografia deprimida. As baixas taxas de juro combatem, de alguma forma, esse problema.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 22, 2005 10:04 AM

"[a] Euribor, ligada à taxa de referência do BCE"

Segundo me explicou um especialista, isto não é, em rigor, assim. A Euribor é uma média das taxas de juro às quais os 20 ou 30 principais bancos europeus emprestam dinheiro entre si. Essas taxas são diferentes de banco para banco e não têm necessariamente a ver com a taxa de juro à qual o BCE empresta dinheiro.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 22, 2005 10:07 AM

Joana às novembro 21, 2005 11:03 PM

"A Espanha tem crescido de forma sustentada."

Se "sustentada" quiser dizer "contínua", isto é verdade. Se quiser dizer "bem apoiada, sólida", não é tão verdade assim. O crescimento da economia espanhola depende em parte dos mesmos fundamentos que o da economia portuguesa:

(1) especulação imobiliária e um setor da construção civil inflacionado em relação à dimensão da economia,

(2) mão-de-obra barata que viabiliza algumas indústrias,

(3) um deficit externo muito grande, uma taxa de consumo interno superior àquilo que a economia real permite.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 22, 2005 10:11 AM

CUriosamente na Alemanha, os preços das habitações são comparáveis aos Portugueses, e em alguns casos até mais baratos.

Publicado por: Incognitus às novembro 22, 2005 10:13 AM

Luís Lavoura às novembro 22, 2005 10:04 AM: As taxas de juro baixas estimulam o crescimento (e o investimento e consumo) e o emprego. O que eu escrevi foi que apesar do BCE ter mantido a taxa baixa, a economia da Zona Euro não saiu da estagnação.
Isto é o que dizem as estatísticas. Visitas ocasionais podem dar uma ideia diferente.
Como me refiro ao crescimento per capita, a questão demográfica no que respeita ao consumo é irrelevante.

Publicado por: Joana às novembro 22, 2005 10:34 AM

Impõe-se um post sobre esta presidência de Blair.
Pelo que se tem visto a velha aliança anda a dar resultados.
Pelo menos no que respeita à União Europeia, os ingleses já se deixaram contaminar pelos portugueses: fica tudo para a última da hora...

Publicado por: Vítor às novembro 22, 2005 10:36 AM

"Essas taxas são diferentes de banco para banco", mas têm "necessariamente a ver com a taxa de juro à qual o BCE empresta dinheiro", como é óbvio.

Publicado por: Joana às novembro 22, 2005 10:36 AM

A construção civil é cara em Portugal, quer pela má organização das empresas, quer pela ausência de bitolas que permitam a feitura de peças em série. Como os projectistas conhecem mal os materiais, projectam sem ter em conta a possibilidade de estandardização. Como isso acontece, a indústria de materiais de construção civil não produz esses modelos estandardizados.

Publicado por: Joana às novembro 22, 2005 10:41 AM

Se a economia americana continuar a evoluir como está e a serem cometidos os erros actuais, é provável uma recessão em 2007.

Publicado por: Joana às novembro 22, 2005 10:43 AM

Vítor às novembro 22, 2005 10:36 AM:
A questão central é a PAC, que Chirac não quer abdicar e que Blair acha que deve ser eliminada. Uma vaca europeia (francesa, principalmente) recebe em subsídios cerca de 3 vezes mais que o rendimento de um africano sub sahariano. A agricultura representa talvez (não tenho de memória) uns 3% do PIB europeu.

A retórica do Freitas não passou de um frete feito ao Chirac.

Publicado por: Joana às novembro 22, 2005 10:48 AM

Deixo aqui algo a que vão achar piada, sobre este tema ...

http://www.thinkfn.com/artigo.php?id=167


Senhor Comissário da Agricultura,

O meu amigo Robert, que vive na Bretanha, recebeu um cheque de 100.000 EUR da UE para não criar porcos este ano. Por essa razão eu estou a pensar entrar no programa de não-criação de porcos no próximo ano. O que eu gostaria de saber era qual é a melhor quinta possível para não criar porcos e também qual a melhor raça a não criar. Gostaria de não-criar Javalis, mas se eles não forem uma boa raça para não-criar, fico igualmente satisfeito se puder não-criar uns Landrace ou uns Large White. O trabalho pior neste programa parece-me ser manter um inventário preciso do número de porcos que não criámos. O meu amigo Robert está muito entusiasmado quanto ao futuro do seu negócio. Criou porcos durante mais de 20 anos e o máximo que tinha conseguido ganhar foram uns 35.000 EUR em 1978... até este ano, que recebeu o tal cheque de 100.000 EUR para a não-criação de porcos. Se eu posso receber um cheque de 100.000 EUR para não-criar 50 porcos, então receberei 200.000 EUR por não-criar 100 porcos, etc.?

Proponho-me começar por baixo para depois chegar a não-criar uns 5000 porcos, o que significa que receberei um cheque de 10.000.000 EUR para poder comprar um iate e para outras necessidades urgentes. Mas há outra coisa: os 5000 porcos que eu não criarei deixarão de comer os 100.000 sacos de milho que lhe estão destinados. Entendo, portanto, que irão pagar aos agricultores para não produzir esse milho. Isto é: receberei alguma coisa para não-produzir 100.000 sacos de milho que não alimentarão os 5000 porcos que não-criarei? Pretendia começar o mais cedo possível, porque parece que esta altura do ano é a mais propícia à não-criação de porcos.

Com os melhores cumprimentos,

(Assinatura ilegível)


Publicado por: Incognitus às novembro 22, 2005 10:56 AM

Joana às novembro 22, 2005 10:48 AM

O facto de Blair não gostar da PAC dificilmente é uma desculpa para ele agir da forma que está a agir. A Europa tem que se reger por uma maioria, e não pelos gostos de um ou dois ou três países. Blair tem razão em não gostar da PAC, mas não é correto que, por isso, sabote o progresso da União.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 22, 2005 10:58 AM

Joana às novembro 22, 2005 10:34 AM

A questão demográfica é relevante mesmo quando se fala do crescimento per capita. Se analisarmos o crescimento do PIB dos EUA vs o do PIB europeu, verificamos que uma parte da vantagem dos EUA se esvai quando consideramos as diferentes demografias. Mas, mesmo considerando o PIB per capita, os EUA têm uma vantagem demográfica derivado de boa parte da sua população ser jovem e ser recém-imigrada. Uma população jovem, com casais em vias de se formar e de procriar, tem naturalmente mais propensão ao consumo do que uma população idosa e sem perspetivas de longo prazo. Também, boa parte da população dos EUA são imigrantes recentes, ainda com um nível de consumo baixo e grande ambição.

Mesmo se tivermos em conta este fator demográfico (a juventude da população americana), ainda assim os EUA levam vantagem sobre a Europa. Mas essa vantagem é largamente explicada pelo facto de os EUA consumirem largamente a crédito, uma atividade que na Europa é bem menos popular. 6% do PIB dos EUA é um PIB fictício, dado que o deficit da balança de pagamentos americana é dessa ordem de grandeza. Os EUA "fabricam PIB" à custa de importações cada vez maiores (o deficit da balança de pagamentos dos EUA cresce praticamente todos os meses!). Trata-se de um PIB que não corresponde a competitividade nem a produção da economia americana, mas apenas a importações.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 22, 2005 11:08 AM

Joana às novembro 22, 2005 10:41 AM

Você dá-nos aqui uma visão pungente das causas reais do atraso de Portugal: má organização, ineficiência. Essas causas reais estão na economia toda, incluindo o setor privado, como Você aqui claramente indica com um exemplo. Contrariamente à sua retórica, a economia portuguesa não funciona mal apenas por causa do setor estatal, nem passaria a funcionar bem logo que o Estado adoptasse as políticas que Você diz corretas. Este exemplo que Você dá mostra que a economia funciona mal por causas que nada têm a ver com o Estado, mas tão-somente com os empresários.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 22, 2005 11:14 AM

O facto de o Blair não gostar da PAC É motivo suficiente, e o facto de existir uma maioria a defender a PAC não é motivo suficiente para a dita existir.

Não existe motivo nenhum para um Estado, ou uma maioria, roubarem os cidadãos para atribuirem o produto desse roubo arbitrariamente a uma dada actividade.

Publicado por: Incognitus às novembro 22, 2005 11:19 AM

Incognitus às novembro 22, 2005 11:19 AM

A democracia no seu melhor ou "o princípio da proporcionalidade perversa".

Publicado por: Vítor às novembro 22, 2005 11:48 AM

Incognitus às novembro 22, 2005 11:19 AM

Você é claramente um democrata. A maioria (na governação da UE) deve ser deitada às malvas, porque a opinião de Blair é que conta. Se aquilo que a maioria decide é, na sua opinião, um "roubo" aos cidadãos da UE, então isso é motivo suficiente para aquilo que a maioria decide não dever ser levado à prática. Você (e Blair) é que define aquilo que é um roubo. A sua definição é imposta à UE toda.

Pela mesma lógica, um pacifista também poderia afirmar que, na sua opinião, a guerra é um assassínio e que, portanto, nenhuma guerra deve ser levada a cabo, mesmo que eventualmente uma maioria dos cidadãos até esteja a favor da guerra.

Um muçulmano também poderia declarar que, na sua opinião, o adultério é um crime e que, portanto, quem o comete deve ser castigado pelo Estado com umas boas vergastadas, mesmo que, eventualmente, a maioria dos cidadãos não esteja de acordo com tal castigo.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 22, 2005 11:59 AM

Joana às novembro 22, 2005 10:48 AM

As vacas francesas sairam sempre muito caras.

Publicado por: (M) às novembro 22, 2005 12:02 PM

...«Como os projectistas conhecem mal os materiais, projectam sem ter em conta a possibilidade de estandardização»...

Joana às novembro 22, 2005 10:41 AM
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Quererá isso dizer que a cultura dos projectistas tem algumas lacunas?

Publicado por: (M) às novembro 22, 2005 12:05 PM

Luís Lavoura em novembro 22, 2005 11:08 AM:
"6% do PIB dos EUA é um PIB fictício, dado que o deficit da balança de pagamentos americana é dessa ordem de grandeza."
Isso é absolutamente falso. Para o cálculo do PIB entram aquilo que se designa por exportações líquidas (X-M). Se o saldo for negativo, o PIB calculado diminui desse valor. Portanto o que você escreve é falso.
Leia um qualquer manual, mesmo elementar, de macroeconomia.

Publicado por: Rui Sá às novembro 22, 2005 12:21 PM

Luís Lavoura em novembro 22, 2005 11:08 AM:
"6% do PIB dos EUA é um PIB fictício, dado que o deficit da balança de pagamentos americana é dessa ordem de grandeza."
Isso é absolutamente falso. Para o cálculo do PIB entram aquilo que se designa por exportações líquidas (X-M). Se o saldo for negativo, o PIB calculado diminui desse valor. Portanto o que você escreve é falso.
Leia um qualquer manual, mesmo elementar, de macroeconomia.

Publicado por: Rui Sá às novembro 22, 2005 12:26 PM

O Luis Lavoura e o Rui Sá estarão a referir-se à balança de pagamentos ou à balança comercial????

Publicado por: (M) às novembro 22, 2005 12:38 PM

(M) às novembro 22, 2005 12:05 PM
É um facto. Há meia dúzia de anos estive numa reunião por causa de um projecto bastante grande, liderado por uma firma de Project Management americana. Num intervalo fui à pastelaria da esquina beber um café e foi comigo o chefe do sector de civil dos projectistas. Dizia-me: «estes americanos têm coisas interessantes. Uma delas é que quando surgem ideias sobre alterações, antes de passar adiante querem uma estimativa de custos dessa alteração».
O sujeito estava na casa dos 50. Enquanto sorvia os goles do café e sorria para ele, pensava: «como é que este distinto engenheiro chegou a esta altura da vida profissional e só agora descobriu esta possibilidade (ou melhor ... necessidade)? O que é que ele andou a projectar a vida inteira? Que prejuízos causou aos clientes?

Publicado por: Joana às novembro 22, 2005 12:50 PM

(M) às novembro 22, 2005 12:05 PM
A questão dos materiais de construção acaba por ser uma “pescadinha de rabo na boca”. A nossa indústria não fabrica produtos estandardizados em série por falta de procura e os nossos arquitectos desconhecem as possibilidades de estandardização e portanto quase todas as dimensões da construção estão relacionadas com critérios estéticos e não com estandardizações. Há obviamente excepções: portas, janelas (às vezes), louças sanitárias, algumas dimensões nas cozinhas (espaços para frigoríficos, máquinas, etc.)

É a diferença entre o alfaiate antigo da Canção de Lisboa e o pronto a vestir.

Publicado por: Joana às novembro 22, 2005 12:53 PM

Luis Lavoura, pelo contrário, o que eu estou a dizer é que se uma maioria fascista (ou muçulmana, ou outra qualquer) decidir que um determinado grupo tem que ser exterminado, ISSO não lhe dá o direito de impor a sua opinião.

Ou seja, a maioria também não tem o direito de confiscar a riqueza de todos, para a atribuir a uma minoria arbitrariamente, como faz com a agricultura. É um roubo puro e simples.

Publicado por: Incognitus às novembro 22, 2005 01:04 PM

E no seu exemplo da guerra, se a maioria dos cidadãos está a favor de uma guerra, isso não deveria ser suficiente para obrigarem um cidadão que não está a favor da guerra a combater.

Publicado por: Incognitus às novembro 22, 2005 01:08 PM

Ou seja, a capacidade do Estado obrigar deve ser mínima e apenas exercida em casos em que a liberdade de uma pessoa, interfira com a liberdade de outra.

Obrigar uns a viabilizar a actividade económica de outros (como na PAC) cai fora desse âmbito.

Obrigar terceiros a lutar por nós, cai fora desse âmbito.

E por aí em diante ...

Publicado por: Incognitus às novembro 22, 2005 01:12 PM

Note-se que a maioria discordar dessa capacidade do Estado, dentro desta lógica não tem validade.

Ou seja, a maioria NÃO tem o direito de acrescentar capacidades ao Estado de obrigar terceiros.

Obviamente, isso não é o que se passa na realidade... mas o não se passar, não legitima o que se passa.

Publicado por: Incognitus às novembro 22, 2005 01:15 PM

bom dia, é só para lembrar:

The Portuguese diamond: a fatal blue stone

Publicado por: py às novembro 22, 2005 01:41 PM

A PAC é assim: Subsidiamos alguns agricultores com os nossos impostos; depois pagamos os produtos agrícolas ou agro-alimentares mais caros, devido às barreiras aduaneiras de protecção da agricultura europeia; depois pagamos, indirectamente, pelos nossos impostos, auxílios aos países (ditadores) africanos que vivem na miséria porque a sua agricultura não consegue competir com a europeia. Auxílios inúteis, porque o desenvolvimento deles está estrangulado.

Isto faz parte do Modelo Social Europeu

Publicado por: soromenho às novembro 22, 2005 02:01 PM

Joana às novembro 22, 2005 12:53 PM

A sobreposição de critérios estéticos aos funcionais encontra-se, em Portugal, em muitos domínios.
É aí que eu lhe dou razão. Não é só a desvalorização da ciência em geral que está em causa: nas profissões não técnicas encara-se com muita displicência — quando não se ignora — a componente científica.

Publicado por: (M) às novembro 22, 2005 02:02 PM

Momento de poesia:

A Europa está dormindo
Um soninho sossegado
Quando acordar ficará
Com os olhos em bico

(não rima mas é verdade)

Publicado por: Senaquerib às novembro 22, 2005 02:06 PM

"Eles" agora estão calados. Desde anteontem que não falam nas taxas.

Publicado por: Diana às novembro 23, 2005 03:57 PM

Quando aumentarem vai ser mais um rombo no meu orçamento familiar.
Enquanto o pau vai e vem ...

Publicado por: Diana às novembro 23, 2005 03:58 PM

"Eles" agora estão calados. Desde anteontem que não falam nas taxas.

Publicado por: Diana às novembro 23, 2005 04:00 PM

pois

Publicado por: py às novembro 23, 2005 06:39 PM

Acho inconcebível aumentar as taxas de juro, neste momento tão difícil que a Europa atravessa, apenas com a ideia de dar resposta aos E.U.A.

Aumentem as taxas de juro e veram a crise social em que a Europa mergulhará.
Resultados Simples:
-Desemprego
-Familias Falidas
-Crises Financeiras
-Aumento de dívidas
-Empresas Endividadas
-Falta de investimento
-ETC...

Os E.U.A agradecem...

Publicado por: João às novembro 24, 2005 10:52 PM

É o que a Joana quer.

Publicado por: Cisco Kid às dezembro 4, 2005 02:31 AM

É o que a Joana quer.

Publicado por: Cisco Kid às dezembro 4, 2005 02:31 AM

É o que a Joana quer.

Publicado por: Cisco Kid às dezembro 4, 2005 02:31 AM

É o que a Joana quer.

Publicado por: Cisco Kid às dezembro 4, 2005 02:31 AM

É o que a Joana quer.

Publicado por: Cisco Kid às dezembro 4, 2005 02:32 AM

É o que a Joana quer.

Publicado por: Cisco Kid às dezembro 4, 2005 02:32 AM

É o que a Joana quer.

Publicado por: Cisco Kid às dezembro 4, 2005 02:32 AM

É o que a Joana quer.

Publicado por: Cisco Kid às dezembro 4, 2005 02:32 AM

É o que a Joana quer.

Publicado por: Cisco Kid às dezembro 4, 2005 02:32 AM

É o que a Joana quer.

Publicado por: Cisco Kid às dezembro 4, 2005 02:33 AM

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