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outubro 19, 2005

Fragilidades do OE 2006

A previsão de 1,1% de aumento do PIB em 2006, que condiciona todos os restantes rácios relativos à Despesa Pública e às Receitas do Estado, baseia-se por sua vez nas previsões sobre a variação das exportações (+ 5,7%) e das importações (+ 4,2%). Ora em 2005 a variação das exportações foi de + 1,2% e a das importações de + 2,1%. A previsão relativa ao aumento das importações (apesar da previsão sobre a diminuição do consumo privado e público) baseia-se na retoma do investimento. Estas previsões são muito frágeis e podem comprometer o valor final da Despesa Pública e do défice em termos de percentagem do PIB.

A principal fragilidade é a perda continuada de competitividade da economia portuguesa, como se pode observar no gráfico em anexo. Esta perda relativa de produtividade tem sido certamente menor nos sectores transaccionáveis, pois de outra forma as exportações teriam caído a pique, e terá sido maior nos sectores fechados, mormente no sector público, cujos aumentos da massa salarial foram muito superiores ao aumento da respectiva produtividade.
cs_un_trab.jpg

A reduzida contenção da despesa em 2006 não parece ser suficiente para contrariar a tendência desenhada naquele gráfico. Se a nossa produtividade continuar a divergir da UE (e da Espanha), dificilmente as exportações crescerão a um ritmo superior ao deste ano. Não haverá igualmente muitos incentivos ao investimento privado. Assim sendo, e face às restrições do consumo privado e público, as importações poderão igualmente crescer a um ritmo menor. As expectativas do Governo são diferentes, mas as razões que fundamentam essas expectativas não são explicitadas. Eu não vejo alterações no ambiente económico que permitam essa expansão das exportações ao ritmo indicado, mas não possuo os dados à disposição do Governo.

Portanto desenha-se uma forte incerteza sobre a variação do PIB. Tudo depende do comportamento do sector exportador e do investimento privado. E esse comportamento depende da evolução da competitividade da nossa economia, embora também possa ser influenciado, em menor grau, pela evolução da economia europeia (*). A base de cálculo dos principais indicadores macroeconómicos é o PIB previsto para 2006, ou seja, a previsão de um aumento do PIB de 1,1%. Mas é sobretudo a previsão de um aumento de 5,7% nas exportações.

Se essa previsão não se realizar, as previsões sobre a Despesa e sobre o Défice, em termos de percentagem do PIB, poderão ser postas em causa, com consequências não só em 2006, como nos anos seguintes.

Nota 1: Os quadros foram retirados da proposta do OE 2006

Nota (*): Com a globalização e a diminuição da nossa competitividade, não é seguro que uma eventual retoma europeia tenha os mesmo efeitos sobre a nossa economia que teve anos atrás. O nosso sector exportador de produtos mais tradicionais terá uma concorrência forte dos produtores asiáticos, o que era quase inexistente há alguns anos.
Cen_Macro.jpg

Publicado por Joana às outubro 19, 2005 10:28 PM

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Comentários

Pode ser que os pressupostos do OE tenham um bonus por causa do preço do petróleo. Estão a basear-se nos 65 USD/barril, e se, como penso, a subida dos preços se deve apenas a uma bolha especulativa, e esta rebentar, o bónus pode ser substancial... Para já o Brent anda pelos 58 USD/barril

Publicado por: Pedro Oliveira às outubro 19, 2005 10:22 PM

Se o crude diminuir, a mesma quantidade de crude custa menos dinheiro. As importações, em valor, serão menores, logo o PIB aumenta dessa diferença.

Publicado por: Joana às outubro 19, 2005 10:37 PM

Esse fenómeno, se ocorrer, poderá contrariar as expectativas muito optimistas sobre as exportações.

Mas atenção - o crude pode descer, em dólares, mas não descer em euros. Tudo depende da evolução da taxa de câmbio. Ultimamente o euro tem perdido terreno face ao dólar. Há flutuações, mas a tendência tem sido essa.

Publicado por: Joana às outubro 19, 2005 10:40 PM

Aqui há uns meses o pessoal do FC Liberal fartou-se de gozar com as previsões de Fernando Rosas acerca do preço do barril de petróleo poder chegar aos $80. Na altura o valor seria da ordem dos $40. Mas previsões só a direita sabe fazer...

Publicado por: zippiz às outubro 19, 2005 10:48 PM

Aqui há uns meses o pessoal do FC Liberal fartou-se de gozar com as previsões de Fernando Rosas acerca do preço do barril de petróleo poder chegar aos $80. Na altura o valor seria da ordem dos $40. Mas previsões só a direita sabe fazer...

Publicado por: zippiz às outubro 19, 2005 10:48 PM

Para mim a gasolina está sempre ao mesmo preço.
Meto sempre 50 € no depósito.

Publicado por: Senaqueribe às outubro 19, 2005 10:49 PM

Na zona onde mora o zippiz o preço do barril do petróleo chegou aos $80.

Publicado por: David às outubro 19, 2005 10:55 PM

David (se quiser ter paciência para ler...porque eu gosto muito das suas intervenções)

o valor do barril já esteve perto dos $70, se não o ultrapassou (Joana pode confirmar). Quando Rosas escreveu no Público que o valor do barril poderia chegar aos $80, o preço era de cerca de $40. Os "estimators" neoliberais da blogesfera arrasam o homem: "O quê? $80/barril? Mas onde estudou Rosas economia?..."
enfim, à segunda-feira toda a gente ganha o totobola!

Publicado por: zippiz às outubro 19, 2005 11:08 PM

Cotações do crude no mercado europeu, ver:
http://tonto.eia.doe.gov/dnav/pet/hist/rbrteD.htm

Publicado por: Joana às outubro 19, 2005 11:34 PM

Mas a questão é se existe, ou não, uma bolha especulativa. As previsões do Fernando Rosas não interessam aqui para nada, isso foi qualquer coisa que ele leu no Counterpunch, ou na ZMag.

Na minha humilde opinião, o que existe é uma bolha especulativa, e não é apenas a minha opinião. Claro que se esta fosse a opinião a geral, a dita bolha, a existir, já tinha rebentado. No entanto, é característica das bolhas parecerem construídas em sólido betão até rebentarem. Basta lembramo-nos das dot com nos idos dos noventa do passado século.

Publicado por: Pedro Oliveira às outubro 20, 2005 12:04 AM

fdx ! olha se o homem não fosse humilde !

Publicado por: zippiz às outubro 20, 2005 12:12 AM

Na Califórnia, vi eu numa reportagem do canal «História», há já um grande «punhado de maduros» que fazem excursões de automóvel de 150 ou 200 Km, à base de diversas energias alternativas. O que é autênticamente apreciável naquela gente, é a «criatividade em acção».
E não tarda muito mais, vão mesmo «dar a volta» aos combustíveis fósseis.

Publicado por: asdrubal às outubro 20, 2005 12:20 AM

As únicas bolhas que vão rebentar se o preço do petróleo não baixar, são as que se "ganham" por andar a pé...

Publicado por: Vítor às outubro 20, 2005 12:31 AM

Eu já tinha reparado que o crude estava com a bolha

Publicado por: Coruja às outubro 20, 2005 12:37 AM

Há imensas centrais eólicas nos desertos americanos nas zonas entre Vegas e LA

Publicado por: Gpinto às outubro 20, 2005 12:42 AM

São extensões de dezenas de kms seguidas

Publicado por: Gpinto às outubro 20, 2005 12:43 AM

Publicado por: zippiz às outubro 20, 2005 12:12 AM

Se eu não fosse humilde, se calhar pensava que a história estava pré-determinada.

Publicado por: Pedro Oliveira às outubro 20, 2005 12:43 AM

Publicado por: Gpinto às outubro 20, 2005 12:43 AM

Mas a QUERCUS lá do sítio também acham que prejudicam o ambiente porque cortam os abutres em postas...

Publicado por: Pedro Oliveira às outubro 20, 2005 12:45 AM

também acho !
nem a história está pré-determinada, nem a economia se explica por fenómenos físico/químicos!

Publicado por: zippiz às outubro 20, 2005 12:56 AM

Joana às outubro 19, 2005 10:40 PM

Esta, confesso que não percebo.
Sendo as cotações do crude em dólares e os pagamentos feitos em dólares, como é que o preço do crude pode descer em dólares e subir em euros???
Então se o barril descer de 60 para 50 dólares (por exemplo) não tenho que pagar menos euros por barril? A menos que o euro desça estrondosamente (o que não parece ser o caso) e nós não tenhamos divisas para pagar em dólares.
Mas se o euro descer estrondosamente o efeito benéfico sobre as exportações compensará o custo adicional do petróleo. Ou não?

Publicado por: (M) às outubro 20, 2005 01:03 AM

Publicado por: zippiz às outubro 20, 2005 12:56 AM

Mas as bolhas são um fenómeno real... Basta lembrar as dot com. As vantagens e um mercado é que chega um momento em que os traders já não conseguem continuar sendados em cima dos seus futuros...

Nota só as declarações na Arábia Saudita: Underscoring his point that the problem was not supply, Naimi said that after Katrina struck, OPEC had offered to put 2 million barrels a day on the market but had no takers, while the International Energy Agency had offered 60 million and only 11 million was taken.

Publicado por: Pedro Oliveira às outubro 20, 2005 01:09 AM

Publicado por: (M) às outubro 20, 2005 01:03 AM

Depende da paridade euro/dolar. De facto, o preço do petróleo não subiu tanto para os europeus como para os americanos enquanto o euro esteve a ganhar em relação ao dolar. Nota no entanto que em 2002 (salvo erro, isto é de memória) o euro valia cerca de 90 centimos de dolar, hoje anda perto do 120. Desconta o valor equivalente na cotação do Brent e vais ver que o peróleo não subiu tanto assim.

Agora que a economia dos Estados Unidos está a começar a aquecer, e que o FED se vê obrigado a subir as taxas de juro para controlar a inflação, os investidores, mesmo com a intervenção no Iraque e com todas as incertezas associadas, começam a achar que activos em USD são mais atractivos que os europeus, o que fará com que o euro deslize.

Publicado por: Pedro Oliveira às outubro 20, 2005 01:18 AM

Pedro Oliveira às outubro 20, 2005 01:18 AM

Isso não esclarece as minhas dúvidas.
A questão que eu coloquei não tem que ver com o passado, mas com a eventual futura desvalorização do euro.
E a pergunta mantem-se: os custos adicionais resultantes de uma estrondosa desvalorização do euro não serão compensados pelos efeitos benéficos sobre as exportações da zona euro?

Publicado por: (M) às outubro 20, 2005 01:26 AM

Não estou a ver, neste momento, qualquer motivo para uma estrondosa desvalorização do euro...

Publicado por: Pedro Oliveira às outubro 20, 2005 02:24 AM

Fazemos assim;

A pergunta continua a ser para a Joana, que percebe o que eu quero dizer.

Publicado por: (M) às outubro 20, 2005 06:07 AM

Publicado por: Pedro Oliveira às outubro 20, 2005 12:04 AM
"Na minha humilde opinião, o que existe é uma bolha especulativa".

Não duvido que existe uma componente especulativa no preço do petróleo, no entanto acredito que essa componente não será muito elevada. É impressionante a quantidade anual de novos automóveis que vão para a estrada, comprados pelos "escravos" chineses e indianos, mantendo os países da OCDE o mesmo nível de consumo de petróleo, é incrível o aumento vertiginoso do consumo de petróleo na India e na China, penso que a China já ultrapassou mesmo os Estados Unidos como o maior consumidor mundial. Acredito também que alguns compradores europeus estarão mergulhados na armadilha do "jogo da cerveja" continuando a comprar petróleo para um cenário de consumo industrial que já não existe.

Publicado por: diogenes às outubro 20, 2005 07:47 AM

Os culpados disto tudo foram aqueles "malandros" que inventaram o motor de combustão interna.
Sem isso, teríamos hoje máquinas a vapor aperfeiçoadíssimas, amigas do ambiente e consumindo combustíveis não importados.
Seríamos realmente independentes nesta matéria. E não somos. Mas...

...não percamos a esperança, porque...

"Que o hidrogênio será o combustível dos carros do futuro, as montadoras de automóveis não discordam. Empresas como a BMW, General Motors, Honda, entre outras, estão investindo bilhões de dólares para tornar viáveis as células a combustível e chegarem no mercado antes que seus concorrentes.

As principais marcas já estão colocando seus protótipos à célula a combustível para avaliação com alguns consumidores. O avanço da tecnologia é nítido, porém os desafios e objetivos de custo e desempenho das células combustíveis para automóveis são muito exigentes.

Isto está levando alguns fabricantes como a Ford e a BMW a desenvolverem motores a combustão interna a hidrogênio. Este tipo de motor, apesar de não ser tão eficiente quanto a célula a combustível, já é mais eficiente que os movidos a gasolina. E muito menos poluentes, visto que o hidrogênio (H2) não contém o átomo de carbono."
(Wilkipédia)

Publicado por: Senaqueribe às outubro 20, 2005 10:31 AM

Além disso, temos...

http://www.apve.pt/content01.asp?treeID=01&categoriaID=27&newsID=201

Haja esperança, portanto!

Publicado por: Senaqueribe às outubro 20, 2005 10:38 AM

O hidrogéneo é um elemento instável e perigoso, além do que a combustão do hidrogéneo tem um rendimento teórico muito baixo (como a dos combustíveis fósseis), menos de 30%

Publicado por: v Forte às outubro 20, 2005 10:56 AM

Este post da Joana tem considerações muito preocupantes. Eu também sou de opinião que o aumento das exportações tão elevado, na actual conjuntura, não é realista.

Publicado por: v Forte às outubro 20, 2005 11:00 AM

Pedro Oliveira, o preço do petróleo é e sempre foi especulativo, na medida em que as informações VERIFICÁVEIS sobre a produção e as reservas dos países da OPEP são basicamente inexistentes. Por exemplo, a Arábia Saudita desde 1982 que deixou de publicar informação sobre a produção de petróleo individual de cada um dos seus campos petrolíferos. Publica (com ataso) informação sobre a sua produção agregada anual, mas ninguém sabe se essa informação é correta. Também ninguém tem informação detalhada sobre as reservas que a Arábia Saudita (ou qualquer outro país da OPEP) calcula ter em cada um dos seus campos, individualmente.

Neste ambiente de falta de informação fiável e verificável, todo e qualquer preço é especulativo. Tanto é especulativo o preço ALTO, como é especulativo o preço BAIXO. Em 1999 o preço do petróleo era muito baixo por um puro efeito especulativo: não havia nenhuma abundância extraordinária de petróleo no mercado, as pessoas apenas ACREDITAVAM nessa abundância.

O que acontece é que a generalidade dos economistas não percebem pevas da extração de petróleo, da sua dificuldade técnica, e dos seus limites. ACREDITAM em coisas, e prontos. Umas vezes acreditam que o petróleo é super-abundante, outras vezes decidem acreditar que não. Se os economistas fossem capazes de pegar em artigos científicos sobre a extração de petróleo e as suas dificuldades técnicas, as quais são crescentes com o tempo, talvez tivessem uma perceção mais real daquilo que o preço do petróleo deve ser.

Infelizmente, os países da OPEP, com o seu secretismo, quando não com as suas mentiras, não ajudam nada nessa tarefa, bem pelo contrário. A linha oficial ("the Party line") da Arábia Saudita, em particular, é que o seu petróleo é abundante e que o preço deveria ser mais baixo. Mas isso é a tese que eles pretendem impôr ao mundo, e tem tanto de verdade como a cassete do Partido Comunista da URSS.

Publicado por: Luís Lavoura às outubro 20, 2005 11:03 AM

as bolhas especulativas são parte indissociável do sistema Capitalista!
sempre foi assim, e sempre assim será,
até ao rebentamento da bolha final - e esta, a que se transferiu da "economia virtual" (lindo nome,hem?!)para o Imobiliário, está a ficar parecida com a de 1929 - acrescida dos niveis de inflação nos efeitos que irá despoletar,claro
---
ainda mais, quando
o vélhinho Estado faminto e depauperado nem sequer está a conseguir cobrar os impostos à Banca,,, os principais senhorios do Imobiliário, que sonega os valores para os off-shores
ploff

Publicado por: xatoo às outubro 20, 2005 11:08 AM

Aquilo que se constata quando se estuda em detalhe as descobertas de campos petrolíferos, e as dificuldades técnicas que surgem na sua exploração, é que a disponibilidade de petróleo é cada vez menor. Pode ser que ainda existam grandes campos por descobrir no Ártico ou na Antártida - mas, se existirem, serão muito caros de explorar. Na Arábia Saudita o petróleo está longe de ser tão barato de extrair como se propagandeia - os enormes investimentos em tecnologia de ponta - científica, de prospeção, e de extração - que a Saudi Aramco tem feito mostram que aquilo não é tão fácil assim. Os grandes campos da Arábia Saudita - nomeadamente Ghawar, que fornece 60% da produção saudi - estão a debitar há 40 anos sem parar, e não podem aguentar muito mais tempo. A Arábia Saudita tem disponibilidades não exploradas, em particular nos seus campos offshore (Safania, etc), mas aí trata-se de petróleo mais grosso ("heavy"), menos fluido, que é mais difícil de refinar e menos apreciado pelo mercado.

Publicado por: Luís Lavoura às outubro 20, 2005 11:11 AM

o preço do petróleo é um macro-negócio para os Estados Unidos e para a Indústria da Guerra
Antes da 1ª guerra do Golfo o petróleo estava a menos de 200 dólares o barril
depois da guerra passou para 40,,,
Nesse caso foi assim que se financiou a guerra
mas:
desta cvez, a França e a Alemanha recusaram-se a fazê-lo novamente.
São os poucos apoiantes, que se reconheceram no Tratado das Lages, que estão a fazê-lo,,,
ou seja,
nós, os Tugas
entre outros mestiços

Publicado por: xatoo às outubro 20, 2005 11:14 AM

não é 200 - é evidente que são 20

Publicado por: xatoo às outubro 20, 2005 11:15 AM

Senaqueribe às outubro 20, 2005 10:31 AM

a Wikipédia já foi despedida daqui pela Joana com o rótulo de não credivel,,,
Por aqui só são admissiveis gajos(as) spin-doctors com bacharelatos em Neoliberalismo tirados nos Casinos de Atlantic City

Publicado por: xatoo às outubro 20, 2005 11:21 AM

Luís Lavoura "os economistas não percebem pevas da extração de petróleo, da sua dificuldade técnica, e dos seus limites", mas as revistas da especialidade são feitas por técnicos do ramo, com sólida experiência.
As grandes companhias de prospecção e exploração são americanas ou europeias. A capacidade de aldrabar os outros é muito limitada. A maior parte dos técnicos de topo que lá trabalham são ocidentais.

Publicado por: Hector às outubro 20, 2005 11:31 AM

xatoo: O sistema capitalista é um sistema cheio de defeitos, mas foi ele que promoveu a sociedade da abundância em que vivemos. É ele que está a fazer desenvolver a Ásia.
Só onde o sistema é uma farsa, onde não há concorrência e a corrupção manda, é que não saem da cepa torta.

Publicado por: Hector às outubro 20, 2005 11:37 AM

"a sociedade da abundância em que vivemos"
dependedo sitio, onde se vive,,,

Publicado por: xatoo às outubro 20, 2005 11:43 AM

Hector às outubro 20, 2005 11:31 AM

É falso que as grandes companhias petrolíferas, as mais sabedoras, sejam americanas ou europeias. A Petrobras (brasileira) é campeã em matéria de offshores de gande profundidade (2.500 metros e mais). Tem expertise imbatível na matéria. A Saudi Aramco tem dos melhores laboratórios científicos em matéria de prospeção do mundo. E é falso que os técnicos de topo destas companhias sejam europeus ou americanos. 85% do pessoal da Saudi Aramco são árabes sauditas, incluindo a maioria dos seus técnicos de topo.

As revistas da especialidade em matéria de prospeção e extração de petróleo são feitas por geólogos, engenheiros de petróleos, etc. Não são coisa de economistas, como é evidente. A prospeção e extração de petróleo é uma ciência, e bem complicada. Os economistas não percebem pevas dela, tal como eu e o comum dos mortais não percebemos.

Publicado por: Luís Lavoura às outubro 20, 2005 11:45 AM

Luís Lavoura: As revistas de hidrocarbonetos que regularmente folheio, têm informação em abundância, sobre produções, reservas e localizações, além de informações de carácter geológico e spbre as composições dos crudes.
Continuo a achar, pelo que conheço da quantidade enorme de técnicos ocidentais que trabalham no Médio Oriente (eu nunca referi a Petrobrás), que seria difícil uma ocultação de dados da forma como você refere

Publicado por: Hector às outubro 20, 2005 12:01 PM

Admitindo como certo que 85% do pessoal da Saudi Aramco são árabes sauditas, o que eu duvido, pela pouca vontade que tem a gente dali para trabalhar, importando ocidentais para técnicos de topo e paquistaneses, filipinos, etc., para profissões pior remuneradas, sobeja muita gente.
Não acha que se houvesse aldrabices, alguns dariam com a língua nos dentes.

Publicado por: Hector às outubro 20, 2005 12:05 PM

"A Shanghai Automotive Industry Corp (SAIC), um dos maiores fabricantes de veículos na China, revelou que tem planos para produzir veículos movidos a novas energias dentro dos próximos cinco anos.
(...)
Para além da SAIC, outros construtores estão a se preparar para produzir veículos híbridos como uma resposta para elevada procura de veículos na China"
(APVE)

Publicado por: Senaqueribe às outubro 20, 2005 12:08 PM

Hector às outubro 20, 2005 12:05 PM

Vou ser mais preciso:

"At the end of 2002, Saudi Aramco had nearly 54,000 employees, including geologists, engineers, computer and laboratory scientists, and plant workers, 86 percent of whom were Saudi nationals. The remaining 14 percent are expatriate employees, some 8,000 strong, with a healthy balance of Americans, Europenas, and Asians."

Em "Twilight in the Desert", de Matthew Simmons, John Wiley & Sons (2005), página 101

É claro que muitos ex-empregados da Saudi Aramco "dão com a língua nos dentes". Simplesmente, esses ex-empregados não sabem TUDO sobre a companhia; sabem daquilo em que trabalharam. Podem, por exemplo, falar sobre as crescentes dificuldades técnicas que enfrentaram na extração de petróleo de um determinado campo. Mas não podem falar, porque não sabem, sobre a quantidade total de petróleo que tem sido extraída desse campo, ou sobre a quantidade total de reservas existentes. Isso são segredos de Estado da Arábia Saudita. E são-no porque têm enome importânica política.

Publicado por: Luís Lavoura às outubro 20, 2005 12:26 PM

Hector às outubro 20, 2005 12:01 PM

O que o livro supra-citado afirma é aquilo que eu já referi: que desde 1982 que a Arábia Saudita não publica informação sobre a produção individual de cada um dos seus campos petrolíferos (que basicamente são uma meia dúzia apenas, os restantes dão pouco petróleo). Tudo o que há são "educated guesses". Não há informação verificável. A situação é comum aos outros países da OPEP, os quais especulam com as suas reservas. Quando a companhia de petróleos sauditas foi nacionalizada, as reservas de petróleo do reino eram de 100 biliões de barris; hoje a Arábia Saudita afirma ue são de 260 biliões de barris. Este número, este aumento, é literalmente inacreditável. Trata-se de uma especulação, que a Arábia Saudita, juntamente com os restantes países da OPEP, leva a cabo por motivos políticos.

As companhias petrolíferas ocidentais estão cotadas nos mercados e estão sujeitas às mais diversas obrigações de transparência. Não podem enganar os mercados (i.e. os acionistas), têm que fornecer regularmente informação sobre os poços de que dispõem, as suas produções e reservas. E essa informação tem que ser verificável. Os países da OPEP, pelo contrário, regem-se pelo secretismo. As revistas da especialidade que o Hector lê referem-se provavelmente às explorações da Shell na Nigéria ou da Exxon no Alasca. Os países da OPEP, no entanto, regem-se por parâmetros totalmente diferentes.

Publicado por: Luís Lavoura às outubro 20, 2005 12:35 PM

As capacidades de raciocínio dos alunos portugueses são as mesmas de há 20 anos. A aplicação de um inquérito em 33 escolas, no âmbito do programa AVES - Avaliação do Escolas com Ensino Secundário -, demonstra que não houve evolução no nível intelectual dos estudantes desde 1985. Este trabalho, que está no terreno desde 2000, avalia ainda outros factores, nomeadamente os conhecimentos adquiridos pelos alunos a matemática e português. E, contrariamente ao que se poderia pensar, os estudantes do 7º ano e 9º ano sabem mais hoje do que há três anos.

Publicado por: Braveman às outubro 20, 2005 01:19 PM

os estudantes do 7º ano e 9º ano sabem mais hoje do que há três anos? Esses tipos não terão uma avença da FENPROF para branquear o desempenho do ensino?

Publicado por: AJ Nunes às outubro 20, 2005 01:51 PM

Que eles tenham as mesmas capacidades acredito, pois as pessoas não se tornam estúpidas. Agora que saibam o mesmo de matemática??

Publicado por: Surpreso às outubro 20, 2005 01:59 PM

Hoje apareceram vários analistas a porem igualmente em dúvida a capacidade deste OE ser cumprido e se ele não conteria uma série de truques escondidos.

Publicado por: soromenho às outubro 20, 2005 03:02 PM

Luís Lavoura às outubro 20, 2005 12:26 PM

Pois. Deve ser por isso que a Petroleum Intelligence Weekly considera, há uma dúzia de anos, a Saudi Aramco a primeira companhia do mundo, em reservas e em produção.

Quanto aos «segredos», não me parece que a CIA tenha que andar a entrevistar ex-empregados da Aramco para saber o que lá se passa.

Publicado por: (M) às outubro 20, 2005 04:18 PM

Também não vejo como é possível manter o secretismo que o Luís Lavoura assegura que existe

Publicado por: Sa Chico às outubro 20, 2005 05:19 PM

Em qualquer organização, há sempre alguém que dá com a língua nos dentes.
Principalmente se tiver 54 mil empregados das mais diversas nacionalidades.

Publicado por: Sa Chico às outubro 20, 2005 05:21 PM

(M) às outubro 20, 2005 01:26 AM:
Não tenho dados para responder a essa pergunta. Para o mesmo preço do crude em dólares, se o euro cair face ao dólar (e a tendência dos últimos meses tem sido de queda ligeira), as importações de crude ficam mais caras.
Resta saber se o aumento das exportações, por melhoria da competitividade do nosso sector de bens transaccionáveis, compensa o aumento do valor das importações.
Atenção que a maior parte das nossas exportações se dirige para países da zona euro, embora aí possa concorrer com produtos oriundos de outras zonas monetárias.

Publicado por: Joana às outubro 20, 2005 07:54 PM

O py faz muita falta

Publicado por: Coruja às outubro 20, 2005 08:42 PM

aqui

Publicado por: Coruja às outubro 20, 2005 08:42 PM

«principal fragilidade é a perda continuada de competitividade da economia portuguesa, como se pode observar no gráfico em anexo. Esta perda relativa de produtividade tem sido.»

A autora confunde competitividade com produtividade, de facto muitas sebentas da introdução à economia também o fazem.

Já vai sendo tempo para que a autora compreenda a diferença entre erro e calinada.

Os erros devem ser perdoados as calinadas não.

Publicado por: António às outubro 21, 2005 07:06 PM

António às outubro 21, 2005 07:06 PM
Em primeiro lugar a competitividade tem a ver com a produtividade. A diferença é que a produtividade é um valor em si e a competitividade relaciona a produtividade dos sectores abertos ao exterior (e apenas destes) entre o nosso país e os outros.

Quando escrevi que «principal fragilidade é a perda continuada de competitividade da economia portuguesa, como se pode observar no gráfico em anexo» presumi que estava a escrever para gente que perceberia que o aumento dos custos unitários se traduziria numa perda de competitividade. Peço desculpa de não me ter lembrado que você poderia ler este post. Teria sido menos sintética.

Publicado por: Joana às outubro 21, 2005 07:40 PM

Em segundo lugar, e referindo-me exactamente ao gráfico, escrevi: «Esta perda relativa de produtividade tem sido certamente menor nos sectores transaccionáveis, pois de outra forma as exportações teriam caído a pique, e terá sido maior nos sectores fechados, mormente no sector público, cujos aumentos da massa salarial foram muito superiores ao aumento da respectiva produtividade»
E porquê? Porque nos sectores abrigados do exterior não faz sentido falar em competitividade, visto que não concorrem com ninguém ... estão abrigados, embora o seu nível salarial acabe por reflectir a competitividade relativa da economia portuguesa (sectores expostos). Por isso neste período usei exclusivamente o termo produtividade.
Percebeu?

Publicado por: Joana às outubro 21, 2005 07:42 PM

Não vou discutir o que é competitividade ou produtividade, nem interessa para o caso.

Agora utilizar o termo produtividade como sinónimo de competitividade, não tem desculpa, por mais retórica que imprima às suas desculpas.

É uma calinada de principiante. Não sei se testemunha ignorância, distracção ou outra coisa qualquer. É imperdoável no seu caso porque, por sistema, deita abaixo tudo e todos.

Publicado por: António às outubro 21, 2005 10:34 PM

Publicado por: António às outubro 21, 2005 10:34 PM


Não percebeu...

Publicado por: Pedro Oliveira às outubro 22, 2005 12:48 AM

Percebi.

A confusão entre competitividade e produtividade é muito comum nos órgãos de comunicação.

Mas são conceitos diferentes com aplicação distinta.

A um jornalista que comete esse erro é perdoável.

Mas, a quem tantos sinais dá de sapiência parda é uma asneira imperdoável.

Publicado por: António às outubro 22, 2005 09:22 AM

É que não percebe mesmo

Publicado por: David às outubro 22, 2005 11:03 AM

Repete sempre aquela cassete, qualquer que seja a coisa que se lhe diga.

Publicado por: David às outubro 22, 2005 11:04 AM

David é pseudónimo de Joana?

Aqui quem tem cassete é a Joana, eu apenas me limito a apontar asneiras grosseiras.


Publicado por: António às outubro 22, 2005 03:17 PM

O orçamento é frágil?

Publicado por: Coruja às outubro 22, 2005 07:07 PM

Ou tem gralhas?

Publicado por: Coruja às outubro 22, 2005 07:09 PM

E se tem gralhas, será que não apanha a gripe das aves?

Publicado por: Coruja às outubro 22, 2005 07:10 PM

Aquela polémica é para rir.

Publicado por: Sa Chico às outubro 23, 2005 10:53 AM

É a net que temos

Publicado por: Onada às outubro 23, 2005 12:56 PM

Fragilidade do OE ou dos comentários?

Publicado por: VMM às outubro 23, 2005 02:41 PM

Gralhas, ou erros grosseiros?

Publicado por: hanibal às outubro 23, 2005 03:40 PM

António:

O António não percebeu as explicações da Joana porque lhes chamou "retórica" e não respondeu aos argumento que ela deu.

Em física, a massa e o peso não são a mesma coisa. A minha massa será sempre de 65kg, não importa onde eu esteja, mas o meu peso depende do planeta em que estou (ou dos sistema de corpos que me rodeia). Na terra peso 65kg força (cerca de 640 Newtons), mas na Lua peso muito menos.

Posto isto, se eu estiver a falar de uma experiência que só se passa na terra, falar da massa de um corpo ou do seu peso é a mesma coisa. Eu posso dizer qualquer coisa como "como comi 4kg de comida, fiquei com mais 4kg de peso" (na lua isto não seria verdade). Posso partir do princípio que o leitor conhece o contexto a que me estou a referir (terra), e suprir a diferença entre peso e massa nesse contexto.
Há muitos casos em que isso acontece, mas este é dos mais simples.

A Joana fez o análogo: focou duas variáveis relacionadas, num contexto em que existia algum isoformismo: um aumento de produtividade implicaria um aumento de competividade, etc... Assumindo que os leitores conheciam a distinção e o contexto, cortou os passos intermédios, para sintetizar o seu texto.

A Joana esclareceu que sabe muito bem que, em rigor, não são a mesma coisa, e até explicou a diferença entre ambos os termos, explicando porque é que naquele contexto poderiam ser usados como foram.

Publicado por: Alfredo às outubro 23, 2005 05:11 PM

Comentário interessante

Publicado por: Valente às outubro 24, 2005 10:36 AM

Ah sim?

Publicado por: Coruja às outubro 25, 2005 12:26 AM

Ah sim?

Publicado por: Coruja às outubro 25, 2005 12:26 AM

Ah sim?

Publicado por: Coruja às outubro 25, 2005 12:26 AM

Ah sim?

Publicado por: Coruja às outubro 25, 2005 12:27 AM

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