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outubro 05, 2005

A Frase Estúpida do Dia

“No clima neoliberal que tem inspirado as políticas de défice zero” é a frase que inicia um artigo de opinião de Luís Fernandes (que se intitula professor universitário) no Público. Calculo que LF seja coerente e não aplique o neoliberalismo na gestão da sua economia doméstica. Se assim for, dou como provável que o merceeiro da esquina, o homem do talho, a pastelaria em frente tenham um gigantesco rol de calotes que LF, em obediência aos seus princípios ideológicos, teria pregado a torto e a direito. E se essa coerência ideológica for inexorável, o seu gestor de conta estará porventura, neste momento, à beira de uma crise de nervos – é que o homem, além de ser insolvente, tem uma poderosa e incontornável teoria justificativa que o coloca a salvo de qualquer hipótese de quitação: cada vez que tal se prefigure, há o risco que se exalte e solte a temível catilinária: Seu neoliberal relapso e empedernido!

Publicado por Joana às outubro 5, 2005 02:23 PM

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Comentários

Há gente que usa o "palavrão" neoliberalismo sem saber o que significa nem os disparates que está a dizer

Publicado por: AJ Nunes às outubro 5, 2005 04:27 PM

O raciocínio implícito neste post é, no mínimo, confrangedoramente primário.

Como será possível tentar equiparar uma economia doméstica com a economia de um país ou até de uma empresa?

A construção de uma auto-estrada é semelhante à compra de um Fiat?

Não saberá porventura a autora que as empresas (pergunte ao Eng.º Belmiro de Azevedo) se endividam e com isso podem obter ganhos extraordinários significativos derivados da alavancagem financeira?

A Joana pode ser boa quando transcreve os textos das sebentas de economia I e II, é péssima nas conclusões políticas e a sua visão do neoliberalismo não passa do funcionamento grosseiro de um mercado selvagem inspirado na literatura do século XIX.

Publicado por: António às outubro 5, 2005 05:29 PM

Você está equivocado. Uma empresa (ou um país) pode endividar-se para satisfazer determinados objectivos. Mas tarde ou cedo, terá que pagar essas dívidas.
O que é "confrangedoramente primário" é não perceber isso.

Publicado por: Hector às outubro 5, 2005 05:55 PM

pronto, nem dá gozo comentar... aparecem logo os pró-joaninas primários com as certezas absolutas acerca do que é bom pa'tosse!

Publicado por: zippiz às outubro 5, 2005 06:17 PM

...pensei que Joana tivesse algo a dizer acerca do artigo de FRosas "Borboletas de asas de ouro" na pagina 5 do Público; ou nem o facto de se tratar de gente do PS a conforta, face à possibilidade de o assunto ser tranversal ao PSD e ao CDS?

Publicado por: zippiz às outubro 5, 2005 06:20 PM

Não sabia que o Belmiro de Azevedo se endividava para fazer alavancagens financeiras e depois não pagava as dívidas.
É uma novidade. Devo ser um pró-joanino primário.

Publicado por: Rui Sá às outubro 5, 2005 06:33 PM

Clima neoliberal?

Ontem fui bombardeado todo o dia pela rádio al-jazeera sobre a greve geral em França... ou os estagiários que fizeram a reportagem não sabiam francês, ou os franceses estão doentes... querem que o governo crie mais postos de trabalho, querem aumentos salariais, querem, querem, querem... também eu queria. Numa sociedade em que acima dos 55 anos trabalha apenas uma minoria, numa sociedade em que abaixo dos 25 anos quem não estuda também está desempregado, numa economia de empresas privadas que vivem à sombra das ajudas públicas, como é possível resistir? Será que os franceses acreditam que o governo tem uma máquina de fazer dinheiro? Será que acreditam na existência de uma cornucópia qualquer de onde se vai retirar tudo?

Quando o estado rapar a caixa do dinheiro até ao fim e deixar de pagar o salário na íntegra ao professor universitário luis fernandes, talvez a realidade lhe entre pelos olhos adentro, aí, no meio da sinfonia de tachos e panelas a serem batidas nas ruas pelos populares (armados em inocentes apanhados desprevenidos), gostaría de ouvir o senhor professor, mas o tsunami não vai deixar ouvir mais nada que não seja o romper de um novo mundo, mais livre e flexível.

Publicado por: diogenes às outubro 5, 2005 06:41 PM

Hector às outubro 5, 2005 05:55 PM

Ilustre:

Se olhar os balanços de uma empresa, ao longo de anos, irá ver no passivo as dívidas de curto, médio e longo prazo. Verá também que têm tendência para permanecer a um certo nível.
Não confunda endividamento com insolvência. São coisas completamente diferentes.

As economias modernas dos países também elas têm tendência para estabilizar a um certo nível. Por essa razão Portugal tem os problemas que tem com o défice excessivo, mas isso não significa insolvência, nem que o recurso ao endividamento não seja, em certas circunstâncias obviamente, bem-vindo.

Isto é elementar, quem não perceber isto não sabe nada de economia, nem deve discutir problemas económicos.

Publicado por: António às outubro 5, 2005 06:43 PM

Rui Sá às outubro 5, 2005 06:33 PM

Você não é obrigado a saber o que é a alavancagem financeira. Os empresários sabem.

Quando não sabemos certas coisas, devemos ficar caladinhos no nosso canto. É isso que você e a sua mentora neoliberal não sabem fazer .

Publicado por: António às outubro 5, 2005 06:54 PM

Antonio:
Você apenas mostrou que não sabe do que fala. Quando se analisa um balanço, têm que se analisar as 3 rubricas principais (Activo, de um lado, e Passivo e Situação Líquida, do outro).
Uma empresa tem dívidas, mas também tem Activos (Activo líquido, existências e créditos sobre terceiros). A regra é que, para cada grau de exigibilidade, os valores do Activo sejam superiores aos do Passivo.
Os empréstimos a longo prazo estão cobertos com os activos fixos líquidos que foram adquiridos com eles e cuja operacionalidade vai permitir pagar os empréstimos. Mas terão que estar parcialmente cobertos com rubricas da Situação Líquida, os Capitais próprios, para diminuir o risco.
Quando isso não acontece, a empresa vai à falência. No caso do Estado português aumentam os impostos para pagarem os desperdícios. Mas isso tem um limite e nós já o atingimos, porque os impostos são pagos por todos nós e quanto maior forem, menos possibilidades a nossa economia tem de concorrer com o exterior.

Publicado por: Hector às outubro 5, 2005 07:04 PM

É evidente que uma empresa tem sempre dívidas – empréstimos, pagamentos diferidos, etc. Não há empresa que não tenha um passivo. Isso exigiria não ter qualquer empréstimo e pagar os bens e serviços que compra no acto da entrega. Mas mesmo assim teria dívidas na conta do Estado, porque só pode pagar o IVA e o IRC nos prazos previstos na lei.

Publicado por: Hector às outubro 5, 2005 07:06 PM

1º Mandamento: Amar o Neoliberalismo sobre todas a coisas.
2º Mandamento: Não invocar o Santo Nome do Neoliberalismo em vão.

Publicado por: Senaqueribe às outubro 5, 2005 07:25 PM

Publicado por: Hector às outubro 5, 2005 07:04 PM

sinceramemnte pareceu-me a Joana naquele seu estilo professoral ... mas é o caro Heitor a mostrar que não esqueceu as lições de "introdução à economia de empresa" !

Publicado por: zippiz às outubro 5, 2005 07:35 PM

Senaqueribe: Não me parece que essa religião tenha muitos praticantes. A maioria prefere ou espera viver à custa do Estado

Publicado por: David às outubro 5, 2005 07:36 PM

Fernando Rosas o simpático apoiante de Mário Soares á presidência deste sítio mal frequentado é um tonto.
Consegue ver que:

“””E no cumprimento dos precisos termos estabelecidos por lei, em 1973, para a concessão (a preço simbólico) dos terrenos, no estuário do Sado, onde se instalara a produção, o governo(PSD) decretou a reversão para o domínio público desses terrenos e a perda a favor do Estado das obras e benfeitorias aí realizadas sem direito a qualquer indemnização. Não teve o executivo de então oportunidade de fazer cumprir a lei porque caiu.”””

Depois desata a copiar do trabalho do jornalista as diversas tropelias do PS e sus muchacos e conclui:

“”Desde logo, que diferença essencial há entre este processo e o escândalo dos negócios promíscuos que marcaram os governos e vários ministros do PSD e do PP?”””

Mas tem desculpa.
É míope conforme receita que temos em n/poder.

Publicado por: Multiópticas do Lumiar às outubro 5, 2005 07:38 PM

Hector às outubro 5, 2005 07:04 PM

Não vou discutir contabilidade financeira nem pública.

Apenas renovo o meu comentário inicial: comparar a situação financeira de um particular com a do Estado é um absurdo.

A sua guia ideológica serviu-se da velha comparação da dona de casa que vai ao mercado, tão do agrado de alguns políticos e de algum público menos avisado das questões de natureza financeira do Estado.

A abordagem do desperdício e excesso de Estado tem de ser feita de forma sensata e não ao sabor de uma qualquer inspiração neoliberal de baixa categoria.

Publicado por: António às outubro 5, 2005 08:22 PM

zippiz às outubro 5, 2005 07:35 PM: Está enganado. Se eu achasse que valia a pena "gastar cera com ruins defuntos", desenvolveria ainda o tema do rácio de solvabilidade e dos rácios de liquidez geral e liquidez reduzida

Publicado por: Joana às outubro 5, 2005 09:15 PM

Publicado por: Joana às outubro 5, 2005 09:15 PM

fui levado por algo que já li neste blogue sobre a existência de "fantasmas" de Joana; veja lá o processo de intençãoes desta malta !

Publicado por: zippiz às outubro 5, 2005 10:01 PM

zippiz às outubro 5, 2005 07:35 PM

Tem razão no seu comentário. Mas, o Heitor, neste tabuleiro, é apenas um peão.

Como pode verificar a autora do post já abandonou a defesa da sua ideia absurda e está disposta a discutir temas laterais como os rácios de solvabilidade e o enceramento de defuntos. Isto define o grau de seriedade com que trata os temas que escreve.

Publicado por: António às outubro 5, 2005 10:25 PM

António, a sua teoria económica exposta, faz-me pensar que você é um pseudónimo do prof. Boaventura Sousa Santos quer quer manter o anonimato neste blogue.
O prof. Luis Fernandes é professor de quê afinal?

Publicado por: Joao P às outubro 5, 2005 10:36 PM

Joana,Vc leu este artigo? É que tem lá uma referência a um dos seus ódios de estimação (e ainda por cima é norte-americano!)

http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?a=2005&m=10&d=04&uid=&sid=4710

Publicado por: zippiz às outubro 5, 2005 10:44 PM

Fantasmas? Há fantasmas aqui?

Publicado por: Coruja às outubro 5, 2005 10:45 PM

zippiz: Você viu quais eram os outros membros desse governo? O Greenspan da Reserva Federal, 4 magantas pró-globalização, entre eles o Bill Gates. O Bill Clinton é vice. O próprio Tony Blair falhou por um posto (ficou em 11º) o ter ficado nesse "governo".
Não sabia tão "neoliberal".
O Chomsky está lá para servir de ramo de salsa no Leitão da Bairrada.

Publicado por: Joana às outubro 5, 2005 10:54 PM

Publicado por: Coruja às outubro 5, 2005 10:45 PM

Não só fantasmas como candidatos ao Nobel de Economia; nem sei por que está a economia portuguesa de rastos, com tantos profs de solvabilidade!

Publicado por: zippiz às outubro 5, 2005 10:56 PM

Publicado por: Joana às outubro 5, 2005 10:54 PM

O quê ? Vc agora já é admiradora de Clinton e de Blair ? é preciso ter lata!

E o seu ódiozinho de estimação ficou em 4º lugar na votação; adjectivar Chomsky como Vc o faz é um pormaior que se compreende, vindo da parte duma neoliberal radical!

Publicado por: zippiz às outubro 5, 2005 11:02 PM

Joao P às outubro 5, 2005 10:36 PM

Não tenho teoria económica minha, embora gostasse muito de ter.

Não conheço o professor referido, nem o artigo eu apenas comentei o post.

Quanto ao pseudónimo de BSS, eu sou muito modesto e penso que procura desconsiderar o professor, mas não vai com toda a certeza conseguir isso.

Publicado por: Anónio às outubro 5, 2005 11:07 PM

Vários economistas, em debates na TV, têm comparado a questão do défice e da dívida pública com a economia doméstica e que os princípios que aplicamos na nossa economia doméstica, como não viver acima das nossas posses e não nos endividarmos sem sabermos se conseguiremos pagar, devem ser os mesmos que o Estado deveria aplicar

Publicado por: Rui Sá às outubro 6, 2005 12:36 AM

Fazem isso para ver se as pessoas percebem a importância das Finanças Públicas equilibradas.
O que eu verifico aqui é que muitos continuam a não perceber, ou a não querer perceber, ou a fingir que não percebem

Publicado por: Rui Sá às outubro 6, 2005 12:38 AM

Tal como é lícito (e recomendável) usar os exemplos mais terra-a-terra para explicar as questões macro-económicas, também é lícito ressalvar, contudo, que a economia de um país é diferente da economia de uma família. Sem correr o risco de alguém achar que nós não percebemos a importância das finanças públicas equilibradas...

Publicado por: Vítor às outubro 6, 2005 01:43 AM

Com todo o respeito pela Joana, que escreve uns artigos interessantes, este aqui é mesmo pateta.

Primeiro porque critica um artigo sem rebater um único argumento do mesmo. Sinceramente, gostaria de saber como é que o Professor defende as suas ideias, mas a única coisa que sei é que defende algo com o qual a Joana discorda, sem fazer ideia dos argumentos que apresenta.

Mas o argumento que a Joana usa para "encerrar" essa mais que complexa questão do défice não podia ser mais pateta: a pseudo-analogia com a economia doméstica.

Publicado por: Alfredo às outubro 6, 2005 03:59 AM

Ou então, de outra forma, seguindo o raciocínio análogo, se a Joana discorda com LF e acredita que as políticas de défice zero devem ser prosseguidas a todo o custo, não poderá, sendo coerente, ter adquirido qualquer bem ou propriedade a crédito.

Publicado por: Alfredo às outubro 6, 2005 04:04 AM

Publicado por: Alfredo às outubro 6, 2005 04:04 AM

Parece-me que a Joana critica essencialmente a frase. Cita-a, e parece-me que adicionar um argumetno que fosse seria redundante.

É que se o clima neoliberal inspira politicas de defice zero, das três uma: ou o professor Luis Fernandes não sabe que os valores do defice em portugal raramente têm descido dos 4% nos ultimos anos; ou, sabendo-o, mente - ou inventou ele esse clima neoliberal; ou se existiu esse clima neoliberal, inventou que inspira politicas de defice zero.

A critica da Joana é um exercicio ligeiro de boa-disposição, que é, malgre tout, a melhor forma de encarar estes delirios.

Publicado por: cordobes às outubro 6, 2005 05:56 AM

Alfredo às outubro 6, 2005 03:59 AM

Inteiramente de acordo com a sua observação quanto ao texto da autora

Publicado por: António às outubro 6, 2005 07:37 AM

É evidente que há diferenças entre as Finanças Doméstica e as Finanças Públicas . Mas os princípios essenciais são os mesmos: as despesas não podem ser superiores às receitas. Se o forem, aumenta a dívida pública, os encargos da dívida e, a partir de certo limiar, diminui a credibilidade do Estado. É o mesmo que sucede com um particular: a partir de certo valor de endividamento ninguém lhe empresta um chavo. Dizer que o princípio do equilíbrio orçamental é uma tese neoliberal é de quem não percebe nada do assunto e se limita a repetir chavões.

O Estado tem uma possibilidade (que Portugal não tem presentemente) que é diminuir parte da sua despesa desvalorizando a moeda. Ao desvalorizar pode inclusivamente aumentar as receitas, porque a competitividade internacional das empresas aumenta, as exportações aumentam, o emprego, os salários do sector privado e os lucros aumentam e as receitas fiscais também. Mas esta possibilidade já não existe na moeda única.

Portanto, mesmo esta diferença do Estado face ao privado já não existe.

Publicado por: Joana às outubro 6, 2005 08:48 AM

Portanto desvaloriza-se a moeda única, põe-se mais euros em circulação, que aliás já deve ser o que está a acontecer, depois de eu andar a qui a resmungar há meses. E canalizem-se bastantes para cá à conta das contas históricas que ficaram por saldar... Portugal é dragão (e pelicano)! A Europa precisa de ir miscigenar-se para África. Nada como os tugas, está mais que provado.

Publicado por: pyrenaica às outubro 6, 2005 08:53 AM

Europa precisa de ir miscigenar-se para África.

A avaliar pelas últimas noites em Melilla, não é preciso, a África já se está a miscigenar com a Europa.

Publicado por: Pedro Oliveira às outubro 6, 2005 10:45 AM

O professor Luís Fernandes se calhar deve ao banco (sob a forma de um empréstimo para a compra de habitação) mais do que aquilo que ganha num ano inteiro. Se calhar até a Joana está nessa situação! Muitos portugueses estão. É normal que um português que ganha 2.000 contos por ano tenha uma dívida de 20.000 contos ao banco. E nada nos garante que esse português não fique irremediavelmente desempregado já no próximo ano!

O Japão tem uma dívida externa de cerca de 120% do seu PIB. A dívida externa portuguesa é de apenas 65% do seu PIB.

Publicado por: Luís Lavoura às outubro 6, 2005 11:54 AM

Joana às outubro 6, 2005 08:48 AM

"aumenta a dívida pública, os encargos da dívida e, a partir de certo limiar, diminui a credibilidade do Estado"

Devia ir explicar iso a quem empresta dinheiro ao Japão que, como eu disse, tem uma dívida muito superior ao seu PIB. E eu nunca ouvi dizer que o Estado japonês fosse pouco credível!

"um particular: a partir de certo valor de endividamento ninguém lhe empresta um chavo"

Que disparate. Quantos particulares há por aí cheios de dívidas, e que ainda recebem mais empréstimos! Recebem empréstimos para comprarem casas, quando os bancos sabem que há o risco de as casas descerem de valor e se tornarem invendáveis; recebem empréstimos para comprar carros, os quais podem ficar destruídos num acidente a breve trecho!

Com os Estados isro passa-se ainda mais. É amplamente dito e debatido nos fora internacionais que uma das grandes causas da dívida externa de países do Terceiro Mundo é a avidez dos bancos em emprestar dinheiro. Os bancos internacionais mostram-se ávidos de emprestar dinheiro mesmo a países que, consabidamente, estão mais que falidos e mais que crivados de dívidas.

Publicado por: Luís Lavoura às outubro 6, 2005 12:06 PM

Joana às outubro 6, 2005 08:48 AM

Não há diferenças. Há grandes diferenças. E o facto de tentar desvalorizar o erro cometido só o agrava pois no fundo continua a demonstrar claramente a enorme confusão que faz entre endividamento e insolvabilidade.

São estes pormenores erráticos em que permanente cai que descredibilizam as suas intervenções.

Publicado por: António às outubro 6, 2005 01:59 PM

O Japão tem uma dívida externa de cerca de 120% do seu PIB. A dívida externa portuguesa é de apenas 65% do seu PIB.

Achou que há aqui confusão entre dívida externa e dívida pública. Já agora, a dívida pública astronómica dos Estados Unidos é de cerca de 60% do PIB.

Publicado por: Pedro Oliveira às outubro 6, 2005 02:03 PM

Pedro Oliveira às outubro 6, 2005 02:03 PM

Obrigado pela correção.

A dívida pública dos EUA não é astronómica, nem nunca ninguém argumentou tal coisa. O que é muito grande é o deficit da balança comercial dos EUA. Esse deficit é de cerca de 6% do PIB americano, com tendência crescente. A existência desse deficit impõe um forte stress à economia mundial, dado que 6% do PIB dos EUA equivale a 1,5% do PIB mundial. Ou seja, todos os anos o mundo tem que emprestar aos EUA 1,5% daquilo que produz, só para lhes permitir pagar os bens que compram ao estrangeiro.

Publicado por: Luís Lavoura às outubro 6, 2005 02:15 PM

Ou seja, todos os anos o mundo tem que emprestar aos EUA 1,5% daquilo que produz, só para lhes permitir pagar os bens que compram ao estrangeiro.

Isso não é bem assim. O investimento externo nos Estados Unidos também conta para tapar esse deficit na balança comercial dos Estados Unidos (equilibrando a balança de pagamentos, mesmo com um saldo comercial desfavorável). Curioso é que políticas tão aplaudidas nuns locais (investimento externo em Portugal), sejam tão criticados noutros (investimento externo nos Estados Unidos).

O que poderia ser criticável é o facto de os particulares dos Estados Unidos estarem a vender activos para sustentar consumo, mas para uma critica bem fundamentada seria necessário analisar qual o valor real desses activos...

Publicado por: Pedro Oliveira às outubro 6, 2005 02:46 PM

De qualquer modo, para que uns países tenham superavits na balança comercial, outros têm que ter deficits...

Publicado por: Pedro Oliveira às outubro 6, 2005 02:49 PM

Pedro Oliveira às outubro 6, 2005 02:49 PM

"para que uns países tenham superavits na balança comercial, outros têm que ter deficits"

Eis aqui uma observação muito pertinente.

De facto, os EUA fazem atualmente um importante favor à economia mundial: com o seu gigantesco deficit comercial, fornecem-lhe uma procura que ela de outra forma seria incapaz de gerar.

Atualmente é convencional aconselhar os países a procurar incentivar a procura externa, e não a interna. Todos os países são encorajados a baixar os seus salários por forma a tornar-se mais competitivos. Por força dessa baixa geral de salários, a economia mundial cada vez tem menos procura, o que, inelutavelmente, tende a conduzi-la à crise. Uma exceção brilhante destaca-se: os EUA, cuja procura largamente excedentária permite absorver os excedentes de imensos países.

Resta saber durante quanto tempo este mecanismo poderá perdurar.

Publicado por: Luís Lavoura às outubro 6, 2005 03:14 PM

Enquanto a moeda internacional for o dólar os EUA podem manter o seu crónico défice sem problemas graves. O défice não causa nenhuma crise nos EUA porque as importações a exportações são negociadas em dólares, não provocam quebras nas reservas do Banco Central.
O caso Português não é tão favorável, apesar de apresentar algumas semelhanças desde que entrámos no Euro.

A questão era a dívida pública e o défice público e não a dívida face a exterior. Nesse caso o défice público não é nenhum problema desde que seja inferior à taxa de crescimento do PIB (o stock de dívida pública diminui). A ideia do défice zero só será defendida por quem é contra a política económica, quem pretende que o Estado seja um mero árbitro que garante a segurança da propriedade privada, sem papel activo na economia. Ou seja, pelos idealistas do mercado.

Publicado por: Daniel às outubro 6, 2005 03:48 PM

Dizer que a política orçamental do défice zero é neoliberal é um perfeito disparate. Por esse raciocínio, Salazar foi um neoliberal.
E a presunção com que tantos mostram a sua ignorância é um espanto

Publicado por: Novais de Paula às outubro 6, 2005 05:55 PM

diss-se:
"O défice não causa nenhuma crise nos EUA porque enquanto as importações e exportações forem negociadas em dólares, não provocam quebras nas reservas do Banco Central"
Mas, basta a China, que é de longe o principal investidor, valorizar o yuan, para o dólar se desvalorizar, que é o que tem vindo a acontecer,,,
para se contrariar esta tendência o Greenspan tem de aumentar as taxas de juro, que é tb o que tem vindo a acontecer,,, se esta subida se mantiver rebenta a bôlha especulativa do Imobiliário (que substituiu a já rebentada bôlha do Nasdaq)
Persistindo a alta das taxas de juro,e derrocando outra vez a economia interna americana (lembrem-se das World`sCom, Enron`s, Parmalat`s, etc e até à HP de hoje) passados uns tempos rebentam as economias emergentes por ordem de fraqueza nas periferias - foi assim no México em 86, no Japão em 92, na Ásia em 96, depois na Argentina, etc. Crises que foram sempre precedidas de altas de juro no centro do capitalismo.
Segundo os alinhamentos politicos que se têm vindo a verificar na escala seguinte vem a Europa, enquanto Bloco (salvam-se a Grã-Bretanha e os mutuários das Lages)
Podemos concluir que a sorte de tudo isto está na decisão do Partido Comunista Chinês de valorizar, ou não valorizar, a moeda chinesa?

Publicado por: xatoo às outubro 6, 2005 05:59 PM

olha, se calhar...

E depois basta haver uma crise fiduciária nos EUA para o dólar desvalorizar automaticamente.

Publicado por: pyrenaica às outubro 6, 2005 06:16 PM

mas acho bem o investimento externo, desde que seja regulado por autoridades públicas em regimes democráticos.

O problema é que na lógica dos falcões perante uma crise fiduciária vão logo acentuar a guerra "para elevar o moral..."

Publicado por: pyrenaica às outubro 6, 2005 06:18 PM

Enganei-me e pus no outro (pode apagar Joana):

Quanto ao deficit: não terá de haver algum deficit para puxar a caruagem?

Publicado por: pyrenaica às outubro 6, 2005 06:21 PM

carruagem

Publicado por: pyrenaica às outubro 6, 2005 06:23 PM

Luís Lavoura às outubro 6, 2005 12:06 PM

No último parágrafo do seu comentário chama a atenção de uma questão extremamente importante.

E já agora lembro que é prática corrente dos bancos, mesmo no crédito interno, continuar a conceder crédito a empresas que caíram em situação difícil para liquidar crédito vencido como forma de evitar o reforço das provisões para incobráveis. Assim vão cobrando os juros e enquanto o pau vai e vem folgam as costas.

Publicado por: António às outubro 6, 2005 06:46 PM

Novais: de acordo

Publicado por: Ricardo às outubro 6, 2005 10:44 PM

Eu que me tenho treinado a dizer frases estúpidas

Publicado por: Coruja às outubro 6, 2005 11:04 PM

e sou ultrapassado por um prof! Isto está pra doutores.

Publicado por: Coruja às outubro 6, 2005 11:05 PM

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