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setembro 25, 2005

Deitar dinheiro à rua

Comprei o Público, hoje, única e exclusivamente por causa de um dossiê “O que têm a Finlândia e a Irlanda, que Portugal não tem?”. Há estudos que se baseiam em estatísticas ou em estudos quantitativos realizados por outros. Este baseou-se nas opiniões de outros. Inclusivamente no gráfico do PIB ppc per capita, a curva relativa à Finlândia aparece com o nome da Irlanda e vice-versa. Um erro grosseiro que salta imediatamente à vista, pois é sabida a enorme queda do PIB finlandês a seguir à implosão da URSS. Obviamente que têm interesse as opiniões de diversas pessoas, entre elas a de Medina Carreira. Mas são opiniões apresentadas de uma forma pouco estruturada e sem suportes estatísticos adequados.

Há um ponto interessante. Segundo o dossiê, as diferenças de desenvolvimento resultam de apostas em estratégias diferentes. Portugal apostou nas infra-estruturas públicas, enquanto a Finlândia e a Irlanda, para além da aposta na captação de investimento directo estrangeiro orientado para as novas tecnologias, apostaram na qualificação e educação (no caso da Irlanda a aposta incidia ainda nos regimes fiscais e laborais favoráveis). Todavia a diferença das despesas em Educação não corresponde a essa alegada diferenciação de apostas (Portugal = 5,8% do PIB em 2000, Finlândia = 5,9% e Irlanda = 4,4%), nem é explicada essa incongruência. Afinal Portugal até teria investido em Educação tanto quanto a Finlândia e bastante mais que a Irlanda. Simplesmente deitou dinheiro à rua. Como eu, hoje.

Publicado por Joana às setembro 25, 2005 10:08 PM

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Comentários

Parece que a weblog está em panne. Isso é capaz de se reflectir nos comentários

Publicado por: Joana às setembro 25, 2005 10:40 PM

É por isso que eu não gasto um cêntimo a comprar "O Diabo".

Publicado por: zippiz às setembro 25, 2005 11:19 PM

Cara Joana:

A grande diferença entre Portugal e países como a Espanha, a Irlanda e a Finlândia, assenta, na minha humilde opinião, em que nós nunca nos sentimos a viver no meio do oceano em cima de uma jangada a arder, nunca estivemos verdadeiramente sobre uma "burning platform" que nos obrigasse a mexer (talvez os retornados tenham sentido isso). Estamos com cerca de 7% de desempregados... a Espanha esteve perto dos 20% de desempregados, a Finlândia esteve perto dos 29% de desempregados, a Irlanda esteve também acima dos 15% de desemprego. Foi esta massa crítica que gerou a mudança!

Publicado por: diogenes às setembro 25, 2005 11:36 PM

Essa do digenes parece-se com os lamentos que também eu já proferi: mas que pena que Portugal não tenha entrado na II Guerra Mundial... Infelizmente Salazar conseguiu mexer os cordelinhos de modo a que Portugal ficasse de fora... Claro que os nossos pais, ou avós são capazes de ter uma opinião diferente...

Publicado por: Pedro Oliveira às setembro 25, 2005 11:45 PM

Diogenes: Nós não temos essa taxa de desemprego porque cá esses desempregados estão na Administração Pública, incluindo as autarquyias.

Publicado por: Rui Sá às setembro 25, 2005 11:47 PM

Diogenes: Nós não temos essa taxa de desemprego porque cá esses desempregados estão na Administração Pública, incluindo as autarquyias.

Publicado por: Rui Sá às setembro 25, 2005 11:47 PM

O problema de Portugal é um problema de subdesenvolvimento agudo. Uma parte significativa da população portuguesa não sabe pensar, é ignorante, é altamente manipulável. E a elite - ou o que passa por tal - não é muito melhor. Façamos nós o que fizermos, inevitavelmente o processo de desenvolvimento vai-se dar. Mas vai levar duas ou três gerações. A questão é a de saber se aguentamos até lá...

Publicado por: Albatroz às setembro 25, 2005 11:51 PM

Esse engano no gráfico é tramado. Ou seja, os estudos que os jornais apresentam não oferecem confiança.

Publicado por: David às setembro 25, 2005 11:56 PM

Albatroz: Não me parece que a população seja mais manipulável que as dos outros países europeus. O eleitorado português temm-se comportado como o eleitorado francês, alemão, italiano, etc.

Publicado por: David às setembro 25, 2005 11:58 PM

Rui Sá às setembro 25, 2005 11:47 PM

Então farto-me de trabalhar para agora descobrir que estou no desemprego?!

Qual a sua profissão? Pode ser que também esteja no desemprego.

Publicado por: Vítor às setembro 26, 2005 12:21 AM

O que eu escrevi foi que se não houvesse um excessivo emprego na função pública, incluindo as câmaras (que, em muitas terras são o principal empregador), teríamos taxas de desemprego daquela monta.

Publicado por: Rui Sá às setembro 26, 2005 01:05 AM

Falei em termos estatísticos e não em termos pessoais.
Se você se farta a trabalhar e exerce uma função útil, certamente que não estará naquele excesso.

Publicado por: Rui Sá às setembro 26, 2005 01:07 AM

Nem me parece que a função púbica se defenda fingindo ignorar que, em termos gerais, tem pessoal em excesso.

Publicado por: Rui Sá às setembro 26, 2005 01:08 AM

Se a Finlândia custou a recuperar era por dependia das exportações para a URSS. A sua queda prova aliás a fragilidade de um modelo de desenvolvimento baseado nas exportações e não no consumo interno. Diga lá a Manuela Ferreira Leite o que disser.

Publicado por: Rui Martins às setembro 26, 2005 01:13 AM

Tive mais sorte.
Como sou assinante da versão on-line fui poupado a esse problema.
Na versão on-line não se pode ler o jornal todo.
Não trás os gráficos, as fotografias, os suplementos são actualizados com uma semana de atraso e alguns artigos não vem assinados, alem de misturarem assuntos de Lisboa na zona do Porto e vice-versa quando não os repetem em ambas as secções.
É muito estimulante ler o Público na versão on-line e encontrar os dez erros diários.

Publicado por: carlos alberto às setembro 26, 2005 01:51 AM

«Esse engano no gráfico é tramado. Ou seja, os estudos que os jornais apresentam não oferecem confiança»

David às setembro 25, 2005 11:56 PM

Imagine-se que nós aplicávamos a mesma lógica aos blogues e os qualificávamos de acordo com a ideia que se pode fazer desta generalização do David...

Publicado por: (M) às setembro 26, 2005 02:01 AM

Por mim, podem reactivar a «Camionete de Lisboa».
Já tarda.

Publicado por: asdrubal às setembro 26, 2005 02:06 AM

“O que têm a Finlândia e a Irlanda, que Portugal não tem?”

Uma classificação elevada nos índices de liberdade económica.

Publicado por: Dos Santos às setembro 26, 2005 05:13 AM

carlos alberto às setembro 26, 2005 01:51 AM

É um exemplo (juntamente com a legenda do gráfico, notada pela Joana) da excelência das nossas empresas privadas.

A Joana passa a vida a mandar vir (frequentemente com razão) contra a ineficácia e falta de profissionalismo dos serviços estatais. Deveria criticar, com mais frequência, as coisas análogas que se passam em empresas privadas... como, neste caso, no "Público".

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 26, 2005 09:42 AM

A nossa comunicação social sofre do mal comum: ignorância e falta de profissionalismo

Publicado por: AJ Nunes às setembro 26, 2005 09:51 AM

Há pessoas que ainda não entenderam a diferença entre uma empresa privada (que não seja um monopólio apoiado pelo Estado) e o sector público.
Se uma empresa privada presta um mau serviço, diminui a procura e a empresa ou muda de postura ou arrisca-se a ir à falência.
Se um sector público presta um mau serviço (educação, saúde, etc.) por muito que a procura desça, o sector nunca falirá, porque nós pagamos

Publicado por: Joana às setembro 26, 2005 09:56 AM

Se uma empresa conclui que tem custos elevados, tenta diminui-los, diminuindo os efectivos, cortanto em algumas despesas e fazendo um política salarial restritiva.
No caso do sector público sucede que este nunca conclui que tem custos a mais. Mas mesmo quando tal se torna evidente, a solução é ... nós pagarmos

Publicado por: Joana às setembro 26, 2005 10:00 AM

E falei em monopólios protegidos pelo Estado, porque eles só existem como monopólios, porque são protegidos pelo Estado.

Publicado por: Joana às setembro 26, 2005 10:02 AM

Joana às setembro 26, 2005 09:56 AM

O que acontece com muitas empresas privadas portuguesas, como se verifica experimentalmente, é que são ineficientes e servem mal o público, mas não vão à falência. Porquê? Porque as suas concorrentes são tão ou mais ineficientes e displicentes do que elas.

Um exemplo é o jornal "Público", que está de ano para ano pior, mas que eu (e a Joana) continuo a comprar, de vez em quando. Porque os outros jornais conseguem ser ainda piores do que ele.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 26, 2005 10:18 AM

O emprego do Zé...

O Zé , depois de dormir numa almofada de algodão (MADE IN EGIPT) começou o dia bem cedo, acordado pelo despertador (MADE IN JAPAN) às 6 da manhã. Depois de um banho com sabonete (MADE IN GERMANY) e enquanto o café (IMPORTADO DA COLÔMBIA) estava a fazer na máquina (MADE IN CHINA), barbeou-se com a máquina eléctrica (MADE IN SRI LANKA), vestiu jeans de marca (MADE IN SINGAPORE), calçou uns ténis (MADE IN KOREA) e um relógio de pulso (MADE IN SWITZERLAND). Depois de preparar as torradas de trigo (PRODUCED IN USA) na sua torradeira ( MADE IN INDIA) e enquanto tomava o café numa chávena (MADE IN FRANCE), pegou na máquina de calcular (MADE IN MEXICO) para ver quanto é que poderia gastar nesse dia. Depois de acertar o relógio de parede (MADE IN TAIWAN) pelo rádio (MADE IN INDIA),ainda bebeu um sumo de laranja (PRODUCED IN ISRAEL), entrou no carro (MADE IN KOREA) e continuou a sua busca por um emprego bem pago em PORTUGAL... Ao fim de mais um dia frustrante, com muitos contactos feitos através do seu telemóvel (MADE IN FINLAND), o Zé decidiu relaxar por uns instantes. Calçou as suas sandálias (MADE IN BRAZIL), sentou-se num sofá (MADE IN UK), serviu-se de um copo de vinho (MADE IN SPAIN), ligou a TV (MADE IN INDONESIA) e pôs-se a pensar porque não conseguia encontrar um emprego bem pago em PORTUGAL...

Será que alguém poderá descobrir a razão ... ?

Publicado por: Senaqueribe às setembro 26, 2005 10:37 AM

Senaqueribe às setembro 26, 2005 10:37 AM

Boa.

O Zé pode descobrir um emprego, eventualmente até bem pago, como vendedor, ou como gestor de produto, de algum desses produtos estrangeiros.

É que produzir alguns desses produtos custa bem pouco dinheiro. As remunerações aos seus produtores são, frequentemente, irrisórias. O dinheiro pago pelo consumidor vai, em boa parte, para os gestores de marketing e outro pessoal congénere.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 26, 2005 10:48 AM

Faltou o duche: esquentador vulcano made in Portugal!

E depois na esteira do que o Luís Lavoura disse não esquecer o sr. Oliveira da Figueira do Tintin.

E o Damásio, o Saramago ou o Mourinho, etc.

Publicado por: pyrenaica às setembro 26, 2005 10:52 AM

oops, não vá haver confusões: o Damásio da Neurobiologia, que também recuperou Spinoza, não o outro.

Publicado por: pyrenaica às setembro 26, 2005 10:54 AM

A minha mulher, por exemplo, foi gestora de produto na Compal. Disse-me que o sumo de maçã Compal é importado da Argentina, sob a forma de um pozinho, ao preço da chuva. Em Portugal o pozinho argentino vai para a fábrica da Compal em Almeirim, na qual se lhe mistura água portuguesa, e se embala a mistela resultante.

O dinheiro que o pessoal paga pelo sumo de maçã ia, maioritariamente, para a minha mulher e para os seus congéneres, mais para o carro e cartão visa da empresa, mais para os computadores nos quais o Pires de Lima (o patrão da Compal) passava o tempo a ver mulheres nuas na Internet, etc.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 26, 2005 11:06 AM

Luis Lavoura

Recebeu o meu correio?

Publicado por: diogenes às setembro 26, 2005 11:10 AM

Att Rui Sá:
Bem sei que existe excesso de gente na AP e, pior que isso, mal distribuídos. Acresce que, infelizmente, a Administração Local, demagogicamente, não foi "apanhada" pela proibição das admissões de pessoal nem pela recente proibição de aquisição de viaturas e imóveis. Disseram-me há dias (onde poderei confirmar isto?) que uma Câmara Municipal como a de Freixo de Espada à Cinta (com cerca de 4.000 habitantes) tem cerca de 300 funcionários.

Publicado por: Vítor às setembro 26, 2005 11:27 AM

diogenes, recebi o seu correio sim senhor. Muito obrigado. Já li, achei interessante.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 26, 2005 11:37 AM

A título de exemplo sobre aquilo eu eu digo das empresas portuguesas, veja a Joana o caso das cervejas. A Joana vai a um supermercado qualquer comprar uma cerveja, vê cervejas de quatro fábricas portuguesas, os preços típicos são 70 escudos por uma garrafa de 33 cl Todas as cervejas, sem exceção, contêm conservantes e, com exceção da Tagus, contêm cereais variados para além do malte e do lúpulo. Ora, se a Joana fôr ao Lidl, encontra cerveja alemã a 60 escudos por garrafa de 50 cl (portanto muito mais barata), e além disso produzidas sem conservantes nem corantes nem resíduos de cereais.

As fábricas portuguesas vão à falência, ou perdem consumidores? Não, muito pelo contrário, estão de excelente saúde financeira. Apesar de produzirem uma cerveja pior e mais cara do que as concorrentes.

Explique-me lá a Joana este fenómeno de acordo com os seus livros de economia.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 26, 2005 11:44 AM

Claro que chavões sobre a função pública não resolvem nada.

Ao contrário do que diz a Joana, eu, funcionário público, sinto na pele uma política salarial (e não só) restritiva, uma diminuição assustadora de efectivos no meu serviço e uma gritante falta de meios.

É desejável que o contribuinte seja exigente no que respeita ao rigor orçamental e à qualidade dos serviços públicos.
Mas também o sector privado deve merecer a n/ atenção de contribuintes e consumidores. Era bom que, como refere a Joana, as empresas que insistem em prestar um mau serviço fossem à falência. Teríamos, só para dar um exemplo, uma restauração de luxo...

Publicado por: Vítor às setembro 26, 2005 11:46 AM

Outro exemplo.

O meu miúdo mais velho sofre de alergias. Os avós insistiram que eu devia ir com ele a um alergologista. Assim fiz. Paguei um dinheirão por uma consulta, e saí de lá sem qualquer instrução útil sobre o que fazer ao miúdo. Fui atendido de forma não rude mas, digamos, pouco afável.

Levei-o então ao serviço de alergologia do Hospital Dona Estefânia, serviço, por sinal, presidido precisamente por aquele médico que me atendera no seu consultório. Fui atendido por um outro médico, que me deu uma série de dicas úteis sobre como prevenir as alergias do miúdo. Esse médico atendeu-me da forma mais amigável e prestável possível.

De então para cá, como é evidente, nunca mais larguei esse médico, que me atende de borla no dito hospital, de 3 em 3 meses.

Na última consulta disse-me que o Hospital Dona Estefânia está na penúria. Já nem dinheiro têm para comprar vinhetas para as receitas médicas, pelo que os médicos têm que poupar na passagem de receitas.

É este um exemplo da qualidade dos servios privados de medicina em Portugal. Será que vão à falência ou perdem clientes? Não, de forma nenhuma!

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 26, 2005 12:04 PM

Vítor em setembro 26, 2005 11:27 AM:
É capaz de ser verdade. Há uns 10 anos tive umas reuniões com o Presidente da CM Bragança (na altura era do PS) e fiquei com a ideia que a CM deveria ter bem mais de meio milhar de funcionários. Eram tantos que ele, quando adjudicava obras, tentava arranjar maneira dos empreiteiros utilizarem algum pessoal da Câmara.
A teoria dele é que assim combatia o desemprego. É evidente que ele, do ponto de vista teórico e em termos gerais, estava errado. Mas para a sua terrinha prestava um serviço meritório. Àquela escala não se avaliam os efeitos colaterais do excesso de gastos públicos.

Publicado por: Hector às setembro 26, 2005 12:27 PM

Publicado por: Senaqueribe às setembro 26, 2005 10:37 AM

Há uma história alternativa, num Portugal fechado ao comércio com o exterior, e cheio de indústrria ineficiente.

O Zé não conseguia dormir, especialmente depois de ter ficado sem almofada (a sua rasgou-se, e uma nova, produzida covilhã, custa 15 contos) e irrita-se especialmente quando o despertador de famalicão (a corda) toca, não percebendo porque diabo foi gastar 10 contos naquilo, se de qualquer modo não consegue dormir. Lá se levanta às seis da manhã, e vai tomar banho com sabão azul e branco, ali do barreiro, que lhe deixa a pele e o cabelo sequíssimos (tem que telefonar novamente para o hospital para saber se a consulta de dermatologia que conseguiu marcar no hospital público com seis meses de antecedência (tem lá um primo na secretaria) ainda se mantém). A barba lá a fez com a gilette BIC descartável (ainda ninguém em Portugal faz outras) e vestiu-se: ténis Sanjo (12 contos), calças de ganga (sem marca 10 contos), camisa de polyester (8 contos), que ao algodão ninguém chega, tudo alí do vale do Ave. Relógio, vai ver se consegue untar os 100 contos que custam os da Boa Reguladora, ali de famalicão. Queira uma torrada, mas a torradeira, feita em Sintra, custa 20 contos (quando for tratar da almofada a badajoz, a ver se trago também uma torradeira indiana, que custa 1,5 contos). etc...

Mas o Zé está feliz, porque mesmo assim tem um emprego cá em Portugal que, pelo menos, vai dando para comer. E para ir a badajoz todos os anos comprar o que não há cá a 10% do preço.

Publicado por: NS às setembro 26, 2005 12:31 PM

As empresas que trabalham em regime concorrencial aberto não podem degradar a sua imagem, senão perdem clientes e podem não sobreviver.
No caso dos jornais, a concorrência dá-se numa economia fechada. Portanto, se a mediocridade for geral não há transferências de clientelas. Haverá, mas de uma forma mais rígida, uma diminuição de procura geral. As vendas globais descerão. O problema é que esta descida pode sempre ser interpretada de várias maneiras (diminuição do rendimento disponível, efeitos de outros meios de informação, etc.) e não induzir uma tentativa de melhoria da qualidade.

Publicado por: Joana às setembro 26, 2005 01:11 PM

A má qualidade da nossa informação também tem a ver com a nossa iliteracia. Num país com baixa qualificação, essa baixa qualificação reflecte-se em tudo.

Publicado por: Joana às setembro 26, 2005 01:12 PM


A função do espectáculo, de alta e/ou baixa qualificação, que em todos os quadrantes se teima em fazer é, em ultima análise, não tornar visivel que as Sociedade de carneiros, conduzem sempre a governos de Lobos!
por isso, a ileteracia é um negócio de Estado - via universidade Católica

Publicado por: xatoo às setembro 26, 2005 02:53 PM

ili

Publicado por: xatoo às setembro 26, 2005 02:55 PM

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 26, 2005 11:06 AM

Nem sabe (penso eu) a sorte que teve.
A maioria dos gestores quer ver as miudas nuas mas é em cima da secretária.

Estão mais á mão!

Publicado por: Carlos Triste III às setembro 26, 2005 03:56 PM

Joana às setembro 26, 2005 01:12 PM

"Num país com baixa qualificação, essa baixa qualificação reflecte-se em tudo."

Isto é verdade. Mas então, cabe observar que este "tudo" tanto inclui os setores estatais como os setores privados de atividade. E que, portanto, as disfunções do setor estatal que a Joana repetidamente aponta (frequentemente com razão) podem muito bem ter contrapartidas no setor privado. Pois que as razões profundas de tais disfunções podem não ter origem no facto de a atividade em questão ser paga pelo Estado, mas sim no baixo nível de qualificação e na péssima qualidade da organização, típicos de Portugal no seu todo.

A propósito, a baixa qualificação da população é, crescentemente, um problema de outro país: os EUA. Desde há cerca de 30 anos que os EUA se encontram em regressão ou estagnação dos níveis educacionais, culturais e científicos. Sem dúvida que essa estagnação tem algo a ver com o declínio relativo dos EUA em termos de capacidade económica - declínio que é mascarado pela relativa pujança demográfica, e por um setor de serviços muito forte, mas que praticamente nada produz que seja transacionável com outros países.


Publicado por: Luís Lavoura às setembro 26, 2005 04:00 PM

Baixa qualificação.
Baixos salários.
Baixa produção.
É sempre a descer, até bater!

http://www.jetphotos.net/viewphoto.php?id=548921

Publicado por: carlos alberto às setembro 26, 2005 04:09 PM

"O que têm a Finlândia e a Irlanda, que Portugal não tem?"

Tirando umas loiras deliciosas, quase nada...

Publicado por: Vítor às setembro 26, 2005 04:33 PM

Quanto a loiras, na Irlanda estão a meia distância (ou menos) entre Portugal e a Finlândia.

Publicado por: Surpreso às setembro 26, 2005 05:20 PM

Aposto que a Ana Sá Lopes não vai escrever uma das suas crónica da Joaninha sobre isto:

http://www.boston.com/news/local/massachusetts/articles/2005/09/26/passengers_aboard_plane_salute_fallen_hero/

Publicado por: carlos alberto às setembro 26, 2005 05:34 PM

Albatroz às setembro 25, 2005 11:51 PM
"a população é ignorante (...)e a elite - ou o que passa por tal - não é muito melhor".
isso é verdade!
salvo rarissimas excepções, POrtugal anda há 30 anos a formar ignorantes com cursos superiores.

Publicado por: xatoo às setembro 26, 2005 05:39 PM

Preciso de Si!

Publicado por: Fátima Felgueiras às setembro 26, 2005 06:02 PM

Alguém que se acuse. Ela precisa de um de nós

Publicado por: Coruja às setembro 26, 2005 06:07 PM

Mas como Si está escrito com maiúscula, ela deve referir-se a Deus.

Publicado por: Coruja às setembro 26, 2005 06:08 PM

Publicado por: xatoo às setembro 26, 2005 05:39 PM

Permita-me que discorde.
Acha que anda é a formar superiores com cursos ignorantes.

Publicado por: carlos alberto às setembro 26, 2005 06:51 PM

Publicado por: Fátima Felgueiras às setembro 26, 2005 06:02 PM

Eu é que preciso de Si!

Publicado por: Indigena com poucos recurssos mas muito boa-vontade. às setembro 26, 2005 06:54 PM

Pode ser um Si bemol?

Publicado por: Senaqueribe às setembro 26, 2005 09:31 PM

Por falar em "erros grosseiros que saltam imediatamente à vista". A afirmação de que "Portugal até teria investido em Educação tanto quanto a Finlândia" merece algumas qualificações: é que a Finlândia tem cerca de 5,2 milhões de habitantes - aproximadamente metade de Portugal (10,5 milhões). A Irlanda tem apenas 4 milhões de habitantes.

É verdade que o "output" do sistema de ensino é bastante diferente como atestam os resultados dos testes PISA, todavia atribuir as culpas exclusivemente ao sistema de ensino é simplista. Seria interessante analisar outros aspectos tais como o valor social atribuído à educação, as taxas de sucesso no ensino secundário, a proporção de licenciados, etc.)

Já agora convirá lembrar que na Finlândia o custo médio por estudante do ensino secundário era de de 4600 EUR (2003-4). Curiosamente no caso de Portugal a falta de clareza das tabelas é tal que se torna impossível efectuar o cálculo homólogo. Acresce que os dados disponíveis datam de 2001 (fonte www.eurydice.org).

Publicado por: Carlos José às setembro 27, 2005 12:50 AM

Chi, eu só vi isto agora, está engraçado! Corujinha eu estava a dormir ontem. Mas o si não pode ser comigo, com aquele louro...

Cá para mim é: o pessoal de Felgueiras é que sabe.

Publicado por: pyrenaica às setembro 27, 2005 08:00 AM

Carlos José: Não percebo como um indicador expresso em percentagem tenha a ver com as populações dos países.

Publicado por: David às setembro 27, 2005 10:32 AM

O custo médio, em Portugal, por estudante do ensino secundário era de de 6.000 EUR, em 2003, segundo números de há uma semana do Público, baseados num relatório da OCDE.
Como o nosso PIB deve ser metade do da Finlândia, temos um ensino muito caro.

Publicado por: David às setembro 27, 2005 10:35 AM

"Seria interessante analisar outros aspectos tais como o valor social atribuído à educação"
O valor social que ela tem, se prestasse um serviço em termos, ou o valor social de acordo com o serviço que presta actualmente?

Publicado por: soromenho às setembro 27, 2005 10:56 AM

Carlos José às setembro 27, 2005 12:50 AM

V. levanta aqui talvez a questão mais importante nesta discussão: o valor social atribuído à educação.
De facto, o português médio tem uma posição aparentemente ambígua: dá importância aos títulos (sempre um Doutor ou Engenheiro na ponta da língua) embora, na prática e tradicionalmente, não valorize por aí além a educação/formação.
Cresci num meio rural. Entre os colegas de infância, fui o único a concluir o ensino secundário e a seguir estudos universitários. Era visto como uma ave rara. Quando eu concluía os estudos, já os meus vizinhos tinham casa própria e filhos na escola.
E quem os pode censurar? A trabalhar nas obras, como motoristas dos transportes internacionais, soldadores ou emigrantes ganham mais do que o "Zé Engenheiro".

Somos de facto um país curioso: há dias visitei uma empresa (das maiores do país no seu sector) cujo gerente paga 1500 € limpos/mês e telemóvel aos motoristas dos camiões e menos de 1.000 € ao Engenheiro responsável pelo controlo de qualidade.
Em muitos sectores de actividade, o conhecimento não é valorizado. O trabalho intelectual é menosprezado. O que vale ainda é o suor e a sujidade na roupa, ao fim do dia...

Publicado por: Vítor às setembro 27, 2005 11:14 AM

Vítor: provavelmente esse engenheiro do controlo de qualidade era um estagiário (ou quase) que o empresário admitiu, porque é obrigado pelas normas ISO a manter uma estrutura de controlo, mas é desvalorizado em temos da produção da empresa.
É vulgar, em muitas empresas mesmo certificadas, que a Qualidade seja encarada como um mal necessário.
É uma visão muito incorrecta, mas vulgar.

Publicado por: Hector às setembro 27, 2005 11:45 AM

Pois é Yin-Kuo, mas o teu português é muito bom e andas (nadas?) na Revolução Digital e eles não.

Publicado por: pyrenaica às setembro 27, 2005 02:08 PM

corujinha...

Publicado por: pyrenaica às setembro 27, 2005 02:39 PM

A pagar menos de 1.000 € ao Engenheiro responsável pelo controlo de qualidade, essa empresa arrisca-se a perder a certificação.
Esse engenheiro é capaz de ser para "inglês ver"

Publicado por: Rui Sá às setembro 27, 2005 02:43 PM

Tou a chegar

Publicado por: Coruja às setembro 27, 2005 02:45 PM

Eis-me

Publicado por: Coruja às setembro 27, 2005 02:45 PM

Olá :) Olha que ainda ajarvadamos isto tudo outra vez... Ando a acabar de arrumar o escritório, puf, tal como o Yin-Kuo, e já tá quase. Entretanto pus ali de lado um artigo sobre o habitat de uma spotted owl.

Publicado por: py às setembro 27, 2005 03:09 PM

Isto em mortes por tufões parece que corre melhor no socialismo do que no liberalismo:

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=194150

Publicado por: py às setembro 27, 2005 03:19 PM

Ao ilustre autor do comentário:

"Não percebo como um indicador expresso em percentagem tenha a ver com as populações dos países"

Aqui está a demonstração de que o problema da iliteracia é bem mais grave do que os mais pessimistas poderiam imaginar. Quer mesmo que lhe explique?

A sua observação seria pertinente se porventura o indicador fosse expresso em termos do PIB per capita (o que não é manifestamente o caso).

Publicado por: Carlos José às setembro 27, 2005 07:59 PM

Estamos a nos esquecer que desde que vivemos num "paraíso" nos anos 90, uma espécie de loucos anos 20... Aliás os anos 90 vistos daqui a 50 anos vão ser analisados muito críticamente, não só cá.


Eu partilho totalmente das críticas de Luís Lavoura a muitas empresas privadas. Muitas são más , incompetentes, mas isso é resultado de anos a viver de subsídios, esquemas e de uma solideriadade negativa entre todos os portugueses: eu não te aponto as asneiras e tu também estás caladinho com os meus esquemas.
Isso vem desde a escola secundária e agora já provavelmente da primária.

Além disso quando se tem um sistema de Justiça que impede a punição dos imcumpridores dos contratos não se pode esperar que o mercado funcione.

Publicado por: lucklucky às setembro 27, 2005 08:49 PM

"Somos de facto um país curioso: há dias visitei uma empresa (das maiores do país no seu sector) cujo gerente paga 1500 € limpos/mês e telemóvel aos motoristas dos camiões e menos de 1.000 € ao Engenheiro responsável pelo controlo de qualidade.
Em muitos sectores de actividade, o conhecimento não é valorizado. O trabalho intelectual é menosprezado. O que vale ainda é o suor e a sujidade na roupa, ao fim do dia..."

Pode ser a escassez , muito bom electricista ou canalizador sem curso superior ganha muito mais que muitos funcionários que tiveram na Universidade. Como a educação vingente nos anos 60-80 de uma certa burguesia era: Tiras um curso para seres alguém.
Passou a haver um certo elitismo e uma escassez de trabalhadores para certos serviços.

Não sei se é este caso de que falas. Mas eu conheço alguns engenheiros novos que ganham nessa ordem de valores em trabalhos de responsabilidade.

Publicado por: lucklucky às setembro 27, 2005 08:56 PM

corujinha..

Publicado por: py às setembro 28, 2005 09:17 PM

este primo é meu

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 09:45 PM

Há muita exploração nos empregos para a malta jovem, licenciada. Há falta de trabalho.

Publicado por: Filipa Sequeira às setembro 29, 2005 09:41 AM

Pois, a procura é mutia e a oferta é baixa, logo os salários aviltam-se

Publicado por: vitapis às setembro 30, 2005 11:15 AM

A culpa é da malta que procura empregos. Se procurasse menos ...

Publicado por: Coruja às setembro 30, 2005 11:42 AM

fazia os salários subirem

Publicado por: Coruja às setembro 30, 2005 11:43 AM

OK

Publicado por: Coruja às outubro 9, 2005 01:34 AM

OK

Publicado por: Coruja às outubro 9, 2005 01:35 AM

OK

Publicado por: Coruja às outubro 9, 2005 01:35 AM

OK

Publicado por: Coruja às outubro 9, 2005 01:35 AM

OK

Publicado por: Coruja às outubro 9, 2005 01:35 AM

OK

Publicado por: Coruja às outubro 9, 2005 01:35 AM

OK

Publicado por: Coruja às outubro 9, 2005 01:35 AM

OK

Publicado por: Coruja às outubro 9, 2005 01:36 AM

OK

Publicado por: Coruja às outubro 9, 2005 01:36 AM

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