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setembro 05, 2005
Catarse Katrina
No nosso pequeno mundo dos aspirantes a fazedores de opinião, o furacão Katrina tem servido como catarse colectiva da nossa impotência e da nossa mesquinhez. Como não sabemos, não queremos e não podemos resolver os nossos problemas, empenhamo-nos em digladiarmo-nos sobbre os problemas dos outros. Os defensores do estatismo lêem o filme da catástrofe tentando extrair argumentos para criticar o modelo estatal americano, fingindo esquecer que Portugal tem um Estado quase escandinavo, pela sua dimensão, mas quase latino-americano pelos serviços que presta à colectividade. Eficaz em pilhar os recursos da sociedade, mas ineficaz em lhes prestar os serviços que os contribuintes pagaram.
Ataca-se levianamente a alegada lentidão das autoridades americanas, esquecendo que se uma catástrofe com uma amplitude de proporções semelhantes tivesse ocorrido em Portugal, ficaríamos à mercê de nós próprios. O nosso SNS é ineficiente mesmo em situações de normalidade, atendendo, apenas e tardiamente, aqueles que não têm possibilidades de usar outros recursos; numa catástrofe teríamos que ser nós a cuidar de nós próprios e dos nossos semelhantes. A nossa polícia é ineficiente, mesmo num clima de normalidade; em caso de catástrofe teríamos que ser nós a velar pela segurança de pessoas e bens. As nossas forças armadas são quase inexistentes e já não têm serviços de engenharia; em caso de catástrofe teríamos que esperar pelo socorro de forças estrangeiras. Os incêndios, em Portugal, são apagados pelos bombeiros voluntários, que as empresas disponibilizam, e com a ajuda de meios exteriores, enquanto os profissionais estão aquartelados; em caso de catástrofe teríamos que ser nós a tratar da protecção civil, da nossa protecção.
Portugal está completamente inerme perante qualquer catástrofe que ocorra. E os adoradores do Moloch regozijam-se que a acção das autoridades americanas não foi tão lesta quanto deveria ser e que isso é fruto do reduzido peso do Estado americano (cerca de 70% do nosso) e da ideologia que tornou esse Estado tão débil, quando deveriam estar preocupados pelo facto do nosso Estado ser proporcionalmente muito maior que o americano e não ter, nem de perto nem de longe, a capacidade de actuação que as autoridades americanas tiveram.
Será que essa gente pensa no que poderia acontecer em Portugal com uma catástrofe de proporções semelhantes? O que é perverso nas discussões sobre o Katrina e o seu rescaldo é que os adoradores do Moloch apenas discutem a dimensão do Estado e a ideologia que está na base das opções que lhe estiveram subjacentes. Nenhum se questionou se estaríamos preparados para uma catástrofe idêntica. Nada. Apenas arremesso de frases sobre a ineficiência das autoridades americanas. Os adoradores do Moloch não estão interessados em extrair lições para a melhoria da nossa capacidade de resposta. Apenas estão interessados em defender uma concepção de Estado. Uma concepção perversa, pois que é um Estado Social, pela sua dimensão, mas A-Social ou Anti-Social pelo seu funcionamento.
Há 2 anos, a França, um dos paradigmas do Estado Social europeu, teve cerca de 15 mil mortos pela vaga de calor, certamente muitos mais que as vítimas do Katrina. O governo e as principais autoridades estavam de férias; não me consta que as tivessem interrompido. É certo que foram mortes pouco mediáticas, e não localizadas. É certo que, à beira da morte, as vítimas não escreveram nas janelas e nos telhados help us, perdão, au secours nem se alinharam na estrada gritando em coro a mesma frase para as câmaras de televisão. Não podiam, estavam dispersos. É certo que as câmaras de TV não puderam captar que era gente das classes mais desfavorecidas. Só puderam captar estatísticas, e as estatísticas não comovem.
A controvérsia do Katrina é Portugal (ou pelo menos o segmento social que intervém na comunicação e blogosfera) no seu pior.
Publicado por Joana às setembro 5, 2005 11:50 PM
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Comentários
Quase concordo com tudo que escreveu. Era de esperar que muitos se satisfizessem com a desgraça do grande império. Mal comparado, estão fazendo o mesmo que a Al-Quaeda. O castigo dos céus punirá o império do mal... Se não fosse tão trágico daria vontade de rir.
Só não concordo com a Joana por causa do seguinte: a sua visão é o espelho dos argumentos quase idiotas dos que você critica. Para si parece que tudo esteve bem. Ora, minha cara, sinceramente não posso concordar consigo. Houve muita coisa que funcionou mal demais para ser verdade e, de forma nenhuma, é aceitável. Peço desculpa se interpretei mal as suas palavras, mas nem tudo o que faz o US brother tem de se aceitar com correcto. Comparar com um possível evento desta magnitude em Portugal é um argumento retorcido demais para o aceitar, principalmente vindo de si.
Publicado por: jdoutelcoroado às setembro 6, 2005 12:19 AM
Para a Joana os americanos estão bem porque nós, em condições semelhantes, seríamos piores. Ora desde quando é que o funcionamento das coisas portuguesas serve de norma ou critério de avaliação para qualquer coisa? Num comentário que fiz comparei o funcionamento dos Estados Unidos ultra-liberais, perante a ameaça de um furacão, com o funcionamento de Cuba, ultra-estatita, perante o mesmo tipo de ameaça. Os ultra-liberais, com meios colossais, não conseguiram evacuar 500.000 cidadãos e provocaram a morte de mais de 10.000 pessoas; os ultra-estatistas - com muito menos meios - evacuaram 1,5 milhões de pessoas e perderam apenas 10. É isso que conta, não é a ineficiência portuguesa, em regime liberal ou estatista. A linha de argumentação da Joana é desonesta, típica de quem sabe que não tem razão mas não consegue dar o braço a torcer. Os americanos não concebem pôr atempadamente recursos públicos ao serviço de pobres em perigo, nem admitem que se possa forçar hotéis privados a alojar refugiados pobres. Resultado: morrem desnecessariamente milhares de pessoas. Os cubanos puseram prontamente os recursos públicos ao serviço da população ameaçada, ANTES da catástrofe. Resultado: morreram apenas dez pessoas. Diga, Joana: Não consegue mesmo ver a diferença?
Publicado por: Albatroz às setembro 6, 2005 01:27 AM
Caro Albatroz: será que é inevitável ter que "aturar" uma ditadura castrista para poder ter um serviço de protecção civil eficaz? Espero, sinceramente, que haja alternativas!
Não existem países "decentes" que têm protecção civil eficaz? Será que no Japão, sujeito a eventos sem data marcada mas tremendamente destruidores (terramotos, maremotos e outros), haverá a ineficácia demonstrada pelos "américas"?
Já agora, caro Albatroz, sou obrigado a considerar que o factor "raça" é capaz de ter influenciado a negligência, mas de certeza que não teve o peso que se lhe quer dar. O factor "pobres" teve bastante mais peso, até porque nos "states" se tem o uso de pensar que quem é pobre é porque não luta, não trabalha.
Publicado por: jdoutelcoroado às setembro 6, 2005 02:13 AM
Caro Albatroz: será que é inevitável ter que "aturar" uma ditadura castrista para poder ter um serviço de protecção civil eficaz? Espero, sinceramente, que haja alternativas!
Não existem países "decentes" que têm protecção civil eficaz? Será que no Japão, sujeito a eventos sem data marcada mas tremendamente destruidores (terramotos, maremotos e outros), haverá a ineficácia demonstrada pelos "américas"?
Já agora, caro Albatroz, sou obrigado a considerar que o factor "raça" é capaz de ter influenciado a negligência, mas de certeza que não teve o peso que se lhe quer dar. O factor "pobres" teve bastante mais peso, até porque nos "states" se tem o uso de pensar que quem é pobre é porque não luta, não trabalha.
Publicado por: jdoutelcoroado às setembro 6, 2005 02:14 AM
Publicado por: Albatroz às setembro 6, 2005 01:27 AM
A sua pergunta é respondida por si mesmo.
Repare.
Os ultra-liberais, com meios colossais, não conseguiram evacuar
.
Ora penso que é aqui que está parte da resposta.
Numa sociedade como a americana onde a liberdade individual está acima de qualquer outro conceito, não se vê como é que perante a ameaça de um furacão, ameaça que se não é banal é pelo menos usual, se conseguia sem ser pela força das armas obrigar uma cidade como New Orleans a ficar vazia.
É claro que as pessoas não esperavam o que aconteceu, e segundo o que se pode por agora saber, tudo teria corrido muito normalmente se não fora o caso de os diques cederem, o que estava bem longe de qualquer previsão.
É claro que numa ditadura como a de Fidel é tudo mais fácil.
Não há jornais, não há as teves e se for necessário nem sequer existe o tufão, pois então!
Publicado por: carlos alberto às setembro 6, 2005 03:28 AM
É evidente que não é preciso uma ditadura para se ser eficiente numa contingência como a aproximação de um furacão. Mas é preciso ter desenvolvido um conceito profundo de comunidade, que não seja limitado nem pelo grau de riqueza nem pela raça. No liberalismo americano cada um que se desenrasque, o que contraria a noção de comunidade e de solidariedade. E não me parece que os pobres de Nova Orleans não tenham saído da cidade por não quererem, e que só "pela força das armas" se teria podido obrigá-los a evacuar a cidade. Nem me consta que os cubanos evacuados, em condições semelhantes, o tenham sido "pela força das armas". Finalmente, estava bem previsto que os diques cederiam perante um furacão da magnitude do Katrina, e se esses diques não foram atempadamente reforçados foi porque o governo federal recusou as verbas para isso necessárias. O furacão não foi culpa do governo americano, mas a atitude que levou à tragédia humana é típica de uma sociedade construída sobre o egoísmo e a competitividade exacerbada.
Publicado por: Albatroz às setembro 6, 2005 09:24 AM
O que é chocante na dimensão da catástrofe do Katrina é a imagem de terceiro-mundismo que os EUA dão. Nada haveria de espantoso em que, se um furacão daqueles ocorresse na Indonésia, por exemplo, houvesse dezenas de milhar de mortos e as autoridades fossem completamente incapazes de socorrer as populações afetadas. Também nada há de espantoso em que, se uma catástrofe similar ocorresse em Portugal, os nossos serviços não estivessem preparados para ela - precisamente porque Portugal é um país ainda relativamente atasado. O que há de chocante no Katrina é pois que um país tão rico e tão desenvolvido como os EUA seja assim apanhado "com as calças na mão", dando de si uma imagem em certos aspetos terceiro-mumdista.
Publicado por: Luís Lavoura às setembro 6, 2005 09:27 AM
Mais ou menos ao mesmo tempo que o Katrina houve um tufão, certamente menos forte, que atingiu Taiwan, a China e o Japão. Taiwan evacuou dezenas de milhar de pessoas das suas montanhas. Houve alguns mortos, poucos. Taiwan e o Japão são países organizados, em que catátrofes de grande severidade ocorrem com grande frequência mas quase não causam estragos. O que choca no caso do Katrina é que os EUA não se lhes possam comparar. Nada tem de espantoso que os EUA façam melhor figura do que Portugal ou do que a China - esses não são termos de comparação adequados.
No caso de Nova Orleães temos uma cidade que, erradamente, as autoridades permitiram que se estendesse para uma zona de cotas negativas, protegida por diques que estavam concebidos para aguentar furacões de grau 3 - numa zona em que furacões mais fortes (de grau 4 ou 5) não são raros. A catástrofe era previsível.
Já agora: no princípio dos anos 80 houve nos Açores uma tempestade em que, na ilha das Flores, os ventos foram tão fortes que encostaram ao topo os anemómetros da base de radares que a França tinha na ilha - ventos superiores a 230 km/h. Paredes de cimentos foram derrubadas, postes de eleticidade partidos como paus de fósforo. Ninguém morreu. As Flores estão habituadas a grandes tempestades.
Publicado por: Luís Lavoura às setembro 6, 2005 09:40 AM
Em que país do mundo civilizado uma catástrofe dá origem a pilhagens de supermercados e armeiros?
A pergunta angustiada que José Vítor Malheiros, jornalista que como todos não pode ser acusado de anti-americanismo, nos atira hoje no Público contêm nela mesmo a resposta.
Começa a ser desagradável que as perguntas não dêem margem de manobra para respostas, mas isso é sinal de que as pessoas são tão inteligentes que conseguem fazer as duas partes.
Na verdade em que país é que as pessoas ao fim de um dia estão completamente famintas e começam a roubar armas para as comer?
Infelizmente para a América milhares e milhares e milhares de pessoas vivem de todos os expedientes possíveis, menos aquele mais natural que seria procurar um emprego e inserirem-se na sociedade.
Vender crack não é fácil não é barato mas dá milhões.
Se Cuba fosse tão eficiente a exportar os cubanos que querem ir para a América (mesmo para a dos tufões) como é a salvá-los dos mesmos, ai sim faria-lhes um grande favor.
Publicado por: carlos alberto às setembro 6, 2005 10:08 AM
A pobre da Joana cospe na sopa de que alimenta. É sempre assim: não há lagartixa que não queira ser jacaré.
Publicado por: J.A. às setembro 6, 2005 10:10 AM
No séc. passado tivemos pelo menos três catástrofes de grandes dimensões, a saber: um ciclone em Fevereiro de 1941, chuva torrencial e inundações devastadoras na noite de 25 para 26 de Novembro de 1967, e a deslocação de 800.000 colonos de África em 1975.
Em todos estes casos os problemas humanos e materiais foram resolvidos quase só com a prata da casa, sem grandes alaridos internacionais, o que prova que, à nossa escala, somos capazes.
Publicado por: Senaqueribe às setembro 6, 2005 10:13 AM
Joana às setembro 5, 2005 11:50 PM
O seu plural majestático é interessante, mas, se não se importa, nisto de catarses, traumas e mesquinhez cada um fala por si, tá bem?
De qualquer modo, aqui fica a actualização das últimas estimativas, na sua liguagem sanitized:
Dez mil alegados mortos, devido à alegada lentidão no socorro às alegadas vítimas do alegado furacão.
Publicado por: (M) às setembro 6, 2005 10:37 AM
Senaqueribe às setembro 6, 2005 10:13 AM
Também o Marquês de Pombal não teve que pedir auxílio ao estrangeiro...
Mas acho que você não deve cair nessa esparrela das comparações fantasiosas. O que importa não é se Portugal ou o Ruanda têm recursos e meios mais ou menos eficazes que os dos Estados Unidos.
A questão essencial está em saber-se se há ou não negligência grave na disponibilização e uso desses meios.
Antes e depois das catástrofes.
O resto é filosofia jesuítica e parlapié.
Publicado por: (M) às setembro 6, 2005 10:44 AM
Do katrina falam vocês. Que coisa terrível! E ainda dizem que não estamos na época das revelações. Aproveito para lembrar que no terramoto no Faial (Myrica faia) acho que só morreu uma pessoa, houve muitos milagres dizem eles lá. Acredita quem quer.
Joana, brincadeira: "Deinde, quo plura mens novit, eo melius & suas vires, & ordinem Naturae intelligit: quo autem melius suas vires intelligit, eo facilius potest seipsam dirigere , & regulas sibi proponere; & quo melius ordinem Naturae intelligit, eo facilius potest se ab inutilibus cohibere; in quibus tota consistit Methodus, uti diximus".
Puf, acho que não fiz nenhuma gralha, eu não tenho competência para traduzir isto mas tenho ali a tradução em inglês que posso por quando quiserem. Sorry, corujinha!
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 10:57 AM
E como não poderia deixar de ser lá aparece a França como forma de justificar o que acontece(u)no socorro às vítimas do Katrina!!!
Publicado por: amsf às setembro 6, 2005 11:33 AM
Li algures que Nova Orleães era um dos grandes terminais exportadores (por mar) norte-americanos, dispondo para isso de uma forte rede de caminhos-de-ferro que lá levam. Isso faz-me perguntar porque é que não usaram o caminho-de-ferro para evacuar a cidade? Alguém sabe?
Talvez seja porque, nos EUA, o caminho-de-ferro é abundantemente utilizado, mas apenas para mercadorias. Com exceção da costa leste, praticamente não se usa combóios para transporte de pessoas - mas em compensação usa-se muito mais para transporte de mercadorias do que na Europa. Nova Orleães poderá não ter sido evacuada por caminho-de-ferro devido à inexistência de carruagens de passageiros disponíveis.
Publicado por: Luís Lavoura às setembro 6, 2005 11:36 AM
Publicado por: Senaqueribe às setembro 6, 2005 10:13 AM
Tanto quanto me lembro, nessas inundações morreram para cima de 600 pessoas.
Claro que o Fidel da época "mandou" que morressem menos.
Quanto aos "colonos" muitos dos que não morreram estão hoje bem vivos para se lembrarem da "descolonização exemplar".
Publicado por: carlos alberto às setembro 6, 2005 11:53 AM
Para quem ache que a culpa do desastre foi os americanos serem tão democráticos que não podiam forçar as pessoas a sair de uma cidade ameaçada, passo a citar uma frase de um jornal americano online:
"Police warned for the first time yesterday that they had the powers to force an evacuation of New Orleans if residents refused to leave."
Ou seja, até esta desculpa esfarrapada cai por terra...
Publicado por: Albatroz às setembro 6, 2005 11:54 AM
A propósito, alguém viu a Joana por aí?...
Publicado por: Albatroz às setembro 6, 2005 11:56 AM
Publicado por: Albatroz às setembro 6, 2005 11:54 AM
Se conseguisse ler a frase mais devagar, perceberia que só dá razão a quem afirma o contrário.
Publicado por: carlos alberto às setembro 6, 2005 11:57 AM
É ridículo argumentar que Nova Orleães não foi totalmente evacuada porque a polícia não podia obrigar a partir quem quisesse ficar. Se é certo que algumas pessoas se teriam sempre recusado a partir, é no entanto evidente que boa parte daqueles que não partiram o fizeram porque não lhes foi dada hipótese de partir. Por exemplo, as pessoas que foram (mal) alojadas no Superdome certamente não se teriam recusado a partir.
A verdade é que em Nova Orleães - como aliás na generalidade das cidades dos EUA - há uma grande percentagem de pessoas muito pobres, que não tinham meios próprios para deixar a cidade. Não querer ver essa realidade, argumentando que as pessoas não partiram porque queriam ficar, ou até que algumas delas não partiram porque previam a possibilidade de depois poderem ir pilhar supermercados (como a Joana argumentou noutro lado), é de uma tremenda má fé e, no segundo caso, de um tremendo mau gosto.
Publicado por: Luís Lavoura às setembro 6, 2005 12:04 PM
Heureka (M), aos EUA não vou mas vou a Cuba, em Novembro, para aí.
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 12:09 PM
PS: agora Fidel vê lá se te lembras de prender um poeta quando eu lá estiver que vais ver o que é um grau 7 dentro da tua cabeça meu; põe-te a ler La voie de Bouddha, Kalou Rimpoché, Éditions du Seuil, 1993, por exemplo, para ver se a gente arranja uma coisa interessante para conversar...
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 12:17 PM
QUem me conhece já está habituado a algumas visões "radicais" que tenho sobre certos problemas. Ñeste caso particular de New Orleans a minha visão também é radical, certamente errada e abusiva, mas estou em crer que "lá no fundo" as coisas não foram assim tão diferentes da visão que defendo : o que se passou com o Katrina em New Orleans, mais do que um desleixo e uma ineficácia de coordenação que se gostaria que não tivesse ocorrido, foi algo do tipo "premeditado". Premeditado no sentido de que o Governo Federal Americano achou que não era necessário aplicar todas as medidas à risca, enviar todos os meios possíveis e impossíveis para salvar uns milhares de pretos. Foi algo do tipo "limpeza étnica". Purificação pelas águas. E foi apenas quando forçado pela opinião pública, até mais externa do que a americana, que Bush reagiu. "Ok, lá vamos ter de ir salvar os pretos que sobraram para não dar muita bandeira..."
Publicado por: Xiko às setembro 6, 2005 12:18 PM
Também pode ser "Spinoza - The Way to Wisdom", Herman De Dijn, Purdue University Press, 1996, a tradução inglesa do Tratactus de intellectus emendatione de Spinoza com o original em latim, de onde extraí,a citação supra, pag. 68.
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 12:22 PM
carlos alberto às setembro 6, 2005 11:57 AM
Atenção, que a língua inglesa é muito traiçoeira, sobretudo para quem não a domina totalmente.
A frase que citei não dizia:
"Police warned that yesterday they had for the first time the powers to force an evacuation of New Orleans if residents refused to leave."
Ou seja, foi só ontem que a polícia avisou que tinha esses poderes. A polícia não avisou que só ontem é que obteve esses poderes...
Publicado por: Albatroz às setembro 6, 2005 12:38 PM
(M) não sei se fica com um pouco de inveja meu caro, mas lembrei-me de lhe contar que em Novembro do ano passado passei por um belo tremor de terra em Timor - acordei às 6h da manhã com as paredes a ondularem no meio de um sururu ribombante e uma mulher agachada no meio da estrada aos gritinhos. Agora as paredes a ondularem é bem bonito. Mas não aconteceu nada de mais foi muito divertido, os machos todos em cuecas, as meninas todas desamparadas, tudo a ficar de pau feito lá tivémos de ir vestir-nos, depois estive a explicar regressão linear no meio de pequenas réplicas mas os alunos estavam lá tod@s. Não sei o grau lá, acho que foi 7,tal numa ilha a menos de 100 Km.
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 12:45 PM
Acho bem:
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=190986
Nós precisamos de ter soldados, senão ficamos identitariamente descompensados, ao menos que sejam soldados da paz+emprego+salvaguarda de recursos.
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 01:01 PM
Já que ninguém liga ao Português então isto.
Já sabemos que a coisa proritária a fazer contra os incêndios é desenhar um rede de aceiros de grandes dimensões em malha de frente ortogonal aos ventos dominantes, com mais de 100m de largo, suprida por uma rede secundária de aceiros de 20 m de largo (?), florestadas nas orlas com folhosas resistentes ao fogo.
O ideal era o anuimento dos proprietários dessa zona florestal com compensações justas pelo abatimento do arvoredo, mas não sei se não se terá de recorrer a expropriações se a coisa ficar encravada por aí, em nome do interesse público (PS: recordo que sou libertário de esquerda, portanto paciência)
Agora quanto aos meios aéreos é que eu não sei bem: uma das razões porque fui favorável ao Alqueva e quase fui excomungado pelos meus amigos ambientalistas era a constituição de uma reserva de água estratégica no Alentejo, também para combater os incêndios. Ouvi falar que havia uma antiga dívida da Rússia que podia ser convertida em aluguer de Antonovs (ou Tupolevs, não me lembro bem) que tinham o dobro da capacidade dos Canadair. Alguém tem opinião que queira dar sobre isto?
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 01:18 PM
(M) às setembro 6, 2005 10:44 AM:
Isso não é verdade. A Inglaterra, por exemplo, enviou muito auxílio aquando do terramoto de 1755 e nos meios ingleses foi muito criticada a lentidão e a forma como esse auxílio foi encaminhado por cá.
Mais ou menos o mesmo que dizemos da Etiópia, p.ex., quando subutiliza o auxílio.
Publicado por: Joana às setembro 6, 2005 01:28 PM
Não há dúvida que isto do Katrina é outra coisa.
Publicado por: Coruja às setembro 6, 2005 01:33 PM
J.A. às setembro 6, 2005 10:10 AM:
"A pobre da Joana cospe na sopa de que alimenta. É sempre assim: não há lagartixa que não queira ser jacaré."
Passando de lado a sua ignorância em biologia, importa-se de clarificar o 1º período?
Publicado por: Joana às setembro 6, 2005 01:38 PM
Albatroz às setembro 6, 2005 11:56 AM:
"A propósito, alguém viu a Joana por aí?..."
Eu trabalho. Além do mais a ladainha dos adoradores do Moloch já fora caracterizada no post e não vale a pena responder a alegações sem fundamento, que resultam apenas de um anti-liberalismo sectário.
Publicado por: Joana às setembro 6, 2005 01:43 PM
Oh Joana não é "degladiar-nos"?
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 01:59 PM
Joana às setembro 6, 2005 01:43 PM
"...Além do mais a ladainha dos adoradores do Moloch já fora caracterizada no post e não vale a pena responder a alegações sem fundamento..."
A Joana será completamente impermeável a um argumento baseado em factos? Para a convencer de que as suas alegações não têm qualquer sustentáculo (neste caso), é preciso o quê?...Se a razão lhe passa completamente ao lado, se para si 2+2 não são 4, torna-se impossível argumentar consigo. Pelo menos no que me diz respeito, que nunca foi capaz de discutir questões de religião...
Publicado por: Albatroz às setembro 6, 2005 02:05 PM
pyrenaica às setembro 6, 2005 01:59 PM:
Vem do latim digladior, atus (dis + gladius), e significava combater com o gládio ou com a espada.
Publicado por: Joana às setembro 6, 2005 02:34 PM
Albatroz: você só exprimiu opiniões. Factos? Factos são estes:
25 de Agosto O Katrina entra no Golfo do México e é classificado como uma ameaça de nível 2.
27 de Agosto O Centro Nacional de Furacões dá o alerta para um dos maiores e perigosos furacões de sempre e prevê-se o seu trajecto para New Orleans e Missisipi.
O presidente George Bush declara o estado de emergência precisamente para possibilitar, entre outras coisas, a intervenção da FEMA.
28 de Agosto A pouco mais de 20 horas do landfall é declarada a evacuação obrigatória de toda a população pelo Mayor de New Orleans, segundo se diz por pedido de Bush ao Mayor. As evacuações na Florida costumam ocorrer com 72 horas de antecedência.
29 de Agosto e 30 de Agosto Katrina faz o landfall às 06:04 locais do dia 29 de Agosto., descendo de categoria 5 para 4 e ao fim de algumas horas para categoria 3. Relatos de locais e de reporters não parecem indicar um cenário muito violento. Pensou-se que a situação poderia não ser tão má como a prevista, pois o Katrina desviara-se 60 milhas de New Orleans.
Publicado por: Joana às setembro 6, 2005 02:35 PM
31 de Agosto: Há muitos estragos mas longe da tragédia que se esperava. Muita gente sai dos seus abrigos e começa a movimentar-se no terreno. Entretanto a tragédia está a começar. Os diques cedem e a precipitação a norte e este de New Orleans foi brutal.
A subida das águas apanha toda a gente desprevenida. Há um aparente colapso nas forças de emergência neste dia. A situação degrada-se terrivelmente e torna-se dramática e só agora toda a gente parece ter uma ideia consolidada dum cenário de catástrofe total.
Explique-me como, nestas circunstâncias, se podiam evacuar 500 mil pessoas, sem falar dos 3 ou 4 milhões dos subúrbios e das outras áreas atingida, em menos de um dia. Evacuação que deveria ser da responsabilidade das autoridades locais, como igualmente estas eram responsáveis pelo planeamento urbano, manutenção das infraestruturas (excepto autoestradas federais), etc
Publicado por: Joana às setembro 6, 2005 02:36 PM
Um aviso a todos os Spinozianos potenciais: ele teve de passar por isto
"No dia 27 de Julho de 1656, diante da Arca Santa da sinagoga de Houtgracht, foi lido em hebraico o seguinte texto:
... ... Maldito seja de dia, maldito seja de noite; maldito ao deitar, maldito ao levantar. Maldito seja quando sair e maldito seja quando entrar. Que o Senhor jamais lhe perdoe nem o reconheça. Que o fogo da ira e desagrado do Senhor caia doravente sobre este homem, o carregue de todas as maldições escritas no Livro da Lei e elimine do Céu o seu nome! O senhor o excluírá para todo o sempre de todas as tribos de Israel. Mas vós que permanecestes fiéis so Senhor, vosso Deus, estais hoje todos vivos".
Bom, depois de uma depressão o Baruch (Bento) mandou-os a todos para o c. e tornou-se no único homem (Homem) que o Einstein disse que gostaria de discutir a Teoria da Relatividade.
Portanto aquilo saiu tudo ao contrário!
Entretanto claro que já ninguém (?!) se lembra de quem leu aquilo, que importa. Tinha sido feito creio que 40 anos antes em Veneza e ainda nunca tinha sido usado contra ninguém. Como eu também já tive a minha excomunhão e não sei se me esperam mais, é só para lembrar.
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 02:37 PM
E note que eu, no post, evitei discutir a questão do Katrina "em si". Apenas declarei que achava caricato o provincianismo bacoco de quem andava a verberar as autoridades americanas tendo em casa um exemplo de completa incúria e ineficiência, que custa proporcionalmente muito mais caro a todos nós.
Publicado por: Joana às setembro 6, 2005 02:39 PM
Razões para chamar Katrina a uma filha (ou a um filho enérgico):
- Foi uma nome de uma calamidade importante, que castigou uma nação malvada;
- Essa calamidade pôs a nu as imensas fragilidades da nação menos frágil de todas;
- O Katrina despoletou fortes sentimentos altruistas em socialistas como Fidel Castro e Hugo Chavez;
- O consumo de Prozac diminuiu bastantes nos dias seguintes à passagem do Katrina.
Publicado por: Mário às setembro 6, 2005 02:40 PM
Falta a referência:
Espinosa, vida e obra, Steven Nadler, Publicações Europa-América, 2003 (cambridge University Press, 1999), pags. 128,129.
Joana às setembro 6, 2005 02:34 PM
Oh Joana isso eu sei, há muito tempo que conheço a palavra gládio e os gladiadores. Agora pensava que se escrevia degladiar-nos porque digladiar-nos parece mais coisa de mulher.
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 02:42 PM
http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24753661
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 02:50 PM
Factos, sempre a mania dos factos. Os factos atentam contra a liberdade de expressão.
Publicado por: Coruja às setembro 6, 2005 03:13 PM
Joana, está a ver a coisa mal. O que sucede é que muitos portugueses têm os USA em muita conta, acham que eles são o máximo e ficaram decepcionados por algumas fragilidades
Publicado por: Diana às setembro 6, 2005 03:17 PM
Julgavam que os USA eram uma hiper-super-potência, e afinal não passam de uma super-potência.
Publicado por: Diana às setembro 6, 2005 03:20 PM
pyrenaica às setembro 6, 2005 02:42 PM:
As mulheres não usam gládios. A arma mais mo´rtífera que usam é a faca de cozinha.
Publicado por: Filipa Sequeira às setembro 6, 2005 03:37 PM
Devagar, devagarinho a esquerda bem pensante que gosta de vir aos blogues começa a mostrar a sua marca registada.
Quando a realidade não é aquela que querem, assobia-se para o ar.
Um senhor lá atrás ainda espantado com os seiscentos mortos das inundações que tinham sido tratadas de forma exemplar pelo estado nacional novo, calou-se.
Outro senhor diplomado em inglês ainda não conseguiu compreender que as autoridades anunciaram AGORA que todos têm que dar de frosques.
E claro não podia faltar aqueles(s) que apontam para os pobrezinhos que não podiam sair e que coitadinhos se esperaria que morressem muito sossegadinhos e assim transformassem á posteriori uma cidade onde 80% era negra num vasto campo descampado onde se poderiam então instalar todos os brancos que estão acotovelados em Miami (devido aos cubanos que fogem dos furacões ).
Folheando uma edição do Expresso comemorativa do 20º aniversário releio a legenda do cerco do Assembleia em 75.
Os deputados não podem sair de S. Bento. Os operários não tomam o poder, mas deixam-no com fome
Ontem como hoje e amanhã o que não falta é demagogia.
Alguém sabe explicar porque razão um pobretanas como Fats Domino andou perdido quase quatro dias e se recusou a sair?
Publicado por: carlos alberto às setembro 6, 2005 03:38 PM
Já se-o-lhe antecipávamos :
António Costa ?
Eia c'o katrino!
Publicado por: asdrubal às setembro 6, 2005 03:51 PM
"Se as imagens que as televisões nos mostram lembram as de um país do terceiro mundo afectado por uma catástrofe natural é porque nos Estados Unidos existe um enorme país do terceiro mundo acocorado em torno das suas ilhas de sucesso"
José Vítor Malheiros, 06-09-2005, no PÚBLICO
é disso mesmo que se trata - nem ultra-estatismo nem infra-estatismo,,, na mudança de paradigma em curso o Estado simplesmente perde simplesmente o seu estatuto de serventia para a dominação de classe.
As novas classes dominantes supra-nacionais estão-se bem marimbando para o Estado e para as suas pressupostas "funções sociais" que saiam fora da lógica de acumulação capitalista.
O Estado na visão Neoliberal apenas ainda tem o préstimo de servir para pilhar os fundos públicos pelos lobies empresariais.
Publicado por: xatoo às setembro 6, 2005 03:59 PM
Filipa Sequeira às setembro 6, 2005 03:37 PM
Afirmações sexistas. Lá em casa quem maneja as facas de cozinha (que aliás são pouco "mortíferas", são muito finas e dobram-se ao espetar, só dão para cortar) sou sobretudo eu.
No filme de Almodóvar "Que fiz eu para merecer isto?" uma mulher mata o marido usando um rolo de massa ou objeto similar. Sem sangue!
Publicado por: Luís Lavoura às setembro 6, 2005 04:11 PM
Joana, não lhe compete a si, nem a mim, saber como se pode evacuar uma cidade de meio milhão ou de dois milhões de habitantes. À sua pergunta como é que tal pode ser feito ninguém responde porque, como é evidente, ninguém aqui sabe responder. Mas sabemos que evacuações dessas são efetuadas noutros países. Sabemos que um esquema de evacuação deveria existir, que não fosse apenas à base de autocarros escolares e de carros particulares, para uma cidade que, como Nova Orleães, está permanentemente em risco. Sabemos que as evacuações na Florida são efetuadas, e com 72 horas de antecedência, enquanto que em Nova Orleães só foram dadas 20 horas (talvez porque na Florida vivem reformados ricos e em Nova Orleães vivem sobretudo pobres). Sabemos que cinco dias depois do Katrina apareceram em Nova Orleães centenas de autocarros para evacuar a cidade, que antes tinham estado indisponíveis. Sabemos que não é surpreendente que os diques tivessem cedido, dado que não tinham sido construídos para aguentar furacões desta magnitude, pelo que as pessoas já deveriam ter sido avisadas de que era possível ou provável que eles fossem ceder.
Publicado por: Luís Lavoura às setembro 6, 2005 04:22 PM
Note-se que ao falarmos de "evacuação" apenas nos estamos a referir ao m3io milhão de pessoas que viviam no centro de Nova Orleães, em regiões de cota negativa e que se saberia que ficariam em risco de inundação dado os diques não serem suficientemente fortes. (As inundações e a ruptura dos diques não apanharam toda a gente desprevenida, ao contrário daquilo que a Joana afirma, uma vez que era bem sabido que os diques não eram suficientemente resistentes para furacões desta magnitude - sabia-se tão bem que até estava previsto o reforço desses diques.) As pessoas dos subúrbios de Nova Orleães, e de outras povoações e estados, nunca seriam evacuadas - esperar-se-ia que as suas casas aguentassem o vento e a chuva fortes. Estamos pois basicamente a debater a evacuação de meio milhão de pessoas, maioritariamente muito pobres como é típico dos habitantes do centro de qualquer cidade norte-americana (e crescentemente das cidades portuguesas, também...), pessoas que viviam num sítio que verosimilmente ficaria alagado, dada a fragilidade dos diques.
Publicado por: Luís Lavoura às setembro 6, 2005 04:31 PM
Luís Lavoura às setembro 6, 2005 04:22 PM:
Podia repetir? Então o Mayor de NO, que era quem tinha que dar a ordem de evacuação é do lobby dos reformados ricos?
Então o Mayor de NO, que devia assegurar que as camionetas escolares e de serviço público pudessem ajudar aqueles que não tinham casa, era um branco pintado de preto?
Publicado por: David às setembro 6, 2005 04:42 PM
Quando há uma tempestade violenta, seja em que país fôr, há sempre mortos: árvores partem-se e caem sobre pessoas, objetos desprendem-se, ribeiros transbordam de repente, casas são arrastadas ou partidas (as casas nos EUA sõa geralmente construídas em madeira, material que lá é muito abundante e barato, e tendem portanto a ser mais frágeis), etc. Nada há pois de surpreendente ou de criticável em que nos EUA pessoas tenham morrido em diversos sítios devido ao Katrina. É impossível evacuar toda uma nação. Ainda recentemente morreu também muita gente na Europa Central aquando de inundações.
O que é surpreendente e criticável é que, havendo uma cidade construída a cota negativa e sob a proteção de diques insuficientemente fortes e numa zona de furacões frequentes, e cuja população consabidamente pobre jamais poderá de lá escapar pelos seus próprios meios, não haja um plano de evacuação eficaz para essa cidade. Ainda para mais quando essa cidade é um importante porto, presumivelmente servido por boas ligações ferroviárias.
Publicado por: Luís Lavoura às setembro 6, 2005 04:42 PM
Luís Lavoura às setembro 6, 2005 04:31 PM:
"As inundações e a ruptura dos diques não apanharam toda a gente desprevenida, ao contrário daquilo que a Joana afirma, uma vez que era bem sabido que os diques não eram suficientemente resistentes para furacões desta magnitude"
É fácil agora saber tudo. Então porque é que tanta gente que tinha carro, e mesmo camionistas, resolveram ficar?
Publicado por: David às setembro 6, 2005 04:44 PM
David às setembro 6, 2005 04:42 PM
David, se não gosta das coisas que eu escrevi entre parênteses, faça de conta que elas não estão lá. São de importância secundária, de qualquer forma, no contexto do meu comentário.
Publicado por: Luís Lavoura às setembro 6, 2005 04:45 PM
As ligações ferroviárias não são adequadas a evacuações de aflição. Têm pouca flexibilidade. A menos que sejam programadas e organizadas com bastante antecedência. Evacuações desse tipo, só por meio rodoviário.
Ou então como agora: helicópteros a recolher casa a casa e a levar para o Aeroporto e uma ponte aérea.
Publicado por: David às setembro 6, 2005 04:48 PM
A responsabilidade - municipal, estadual ou federal - pela mobilização de meios para fazer face à crise causada pelo furacão tem estado no centro da discussão sobre a deficiente resposta das autoridades, que levou nomeadamente a que milhares de habitantes de Nova Orleães permanecessem sem qualquer tipo de assistência durante vários dias.
A governadora disse que Bush, com quem se encontrou durante a visita que este fez à região sexta-feira, lhe ofereceu a opção de "federalizar" a operação militar, ou seja, colocar todas as forças de segurança enviadas para as zonas devastadas sob a autoridade de Washington.
"Recusei transferir a autoridade da polícia", disse Blanco. "A Guarda Nacional tem autoridade para cumprir tarefas de segurança e manutenção da ordem", acrescentou.
Publicado por: lopes às setembro 6, 2005 05:02 PM
Mas será possível, neste outrora admirável jardim à beira mar plantado, alguém se fazer esquecido da incompetência, corrupção, impunidade e desleixo, até no pensar, que grassa neste agora mal tratado pedaço de terreno, cheio de ervas daninhas, mal cheiroso e lamacento lugar...!?
Não o creio. A acontecer, será simples manobra de distracção, mesmo do mais rude, inculto e distraído cidadão.
Que pena que aqui tenhamos chegado e, tão depressa.
Talvez..., só uma hecatombe nos renove.
Publicado por: Katrineta às setembro 6, 2005 05:02 PM
"o silêncio é de todos os rumores o mais próximo da nascente" Eugénio de Andrade.
Pois é mas como até a Nau Catrineta parece deprimida, resta-me lembrar que talvez um Adamastor resolva isso, e que o cabo das Tormentas também se chama da Boa-Esperança. Depois de passado, é claro.
Bom mas a razão profunda do meu comentário é que isto estava encravado na culpabilização e está uma capicua à vista.
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 06:20 PM
Há umas amazonas, Diana, que não sei não.
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 06:28 PM
Joana cá para mim é melhor degladiar. Soa melhor.
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 06:37 PM
Chi
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=191043
Está mesmo na moda. Não é por mal, é para arejar!
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 06:39 PM
Não sei não
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=191013
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 06:42 PM
Soa melhor? Quanto muito "lê-se" melhor, porque soa ao mesmo
Publicado por: Rui Sá às setembro 6, 2005 06:42 PM
Boa pá! :)
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 06:46 PM
Joana Amaral Dias, que nem o mais liberal poderá apontar de qualquer ligação partidária ou de enfeudamento a qualquer ideologia aponta hoje magistralmente os dois maiores problemas com que Bush se defrontou quando o Katrina passou lá por baixo.
Diz:
A guerra no Iraque tornou-se numa prioridade e nem mesmo a Grande América dá para tudo. Por isso foi necessário trazer tropas do Iraque. 35 % da Guarda Nacional da Luisiana serve nessa guerra. E o recrutamento é cada vez mais difícil, justamente porque muitos não querem ir para o Iraque.
Ora mesmo com os aviões modernos é obvio que demoraram dois ou três ou mesmo quatro dias a chegarem lá de Bagdad e com o jetlag está-se mesmo a ver no que ia dar.
Depois acrescenta:
Mas em Nova Orleães os negros não são a maioria da população (não o são a em nenhuma área metropolitana dos EUA). São a maioria apenas nos limites da cidade. E nestes subúrbios são os mais pobres entre os pobres. Não foi o Katrina que lhes trouxe a miséria. Revelou-a e agravou-a.
É como cá.
Lisboa é uma cidade muito linda e toda ocupada por caucasianos.
O pior é os limites da cidade género Damaia, Cova da Moura, Alta de Lisboa etc.
Aguardemos esperançados mais novidades de JAD.
Publicado por: carlos alberto às setembro 6, 2005 07:18 PM
E ela é bem bonita!
Entretanto p'ras fracturas, cá estão os males da I República:
... He found that the Bank of Portugal was actually a private company but that it had exclusive right to issue currency for Portugal".
O governo português esteve pressionado para emitir mais e mais dinheiro para pagar a dívida de guerra à GB.
o He é o Alves Reis. O artigo chama-se: "A Case of Perfect Counterfeiting"
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 07:27 PM
E o Português senhores governantes? O diamante, não é a língua, essa está salva na lusofonia.
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 07:42 PM
http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24753676
Portugal também está na moda pá e vocês para aí a carpirem.
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 07:54 PM
carlos alberto às setembro 6, 2005 07:18 PM:
Isso não é verdade. Os negros constituem 69,5% da população de NO e os brancos 28%.
É a cidade, entre as cidades importantes, com maior percentagem de população negra.
Publicado por: Sa Chico às setembro 6, 2005 07:56 PM
Os que ficaram encurralados não foram dos subúrbios, foram os do centro da cidade.
Publicado por: Sa Chico às setembro 6, 2005 07:57 PM
Na América é ao contrário de cá. É no centro das cidades que estão os mais pobres. Os mais favorecidos arranjam casas nos subúrbios, normalmente vivendas com jrdins.
Quando americanos vêm trabalhar para cá tentam arranjar casa nos subúrbios porque julgam que é a mesma coisa que na América
Publicado por: Sa Chico às setembro 6, 2005 07:59 PM
mummy attacks:
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=190991
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 08:01 PM
and she didn't realize what she said
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 08:20 PM
Então comparando o nº de mortos da China e o referido para N Orleans, sempre são 100 vezes mais, 100=10^2, logo duas ordens de grandeza.
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 08:27 PM
God Bless!
Lauraaaaaaaaaaa, olha que vem aí o Maria...
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 08:30 PM
Engraçado, é ao contrário:
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1232207&idCanal=34
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 08:46 PM
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1232207&idCanal=34
Laura!
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 08:57 PM
Não vá ficares baralhada rica, era esta:
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=191069
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 08:59 PM
Só faltava a bactéria.
Publicado por: AJ Nunes às setembro 6, 2005 09:22 PM
Last but not least:
When Reis died in 1955 the British journal The Economist said of the counterfeiting scheme: "The perpetrators, however reprehensible their motives did Portugal a very good turn according to the best Keynesian principles".
Source: Murray Teigh Bloom
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 09:52 PM
Para evacuar cidades rapidamente, os americanos só conhecem um método: o que foi aplicado em Hiroshima e Nagasaki.
Publicado por: Senaqueribe às setembro 6, 2005 09:56 PM
pyrenaica às setembro 6, 2005 12:45 PM
Naaaaa... Não sou invejoso, muito menos dessas coisas. Tenho, aliás, outras experiências desagradáveis em território colonial que faço por esquecer.
Se tivesse de ter inveja seria dessa anunciada viagem a Cuba, onde encontraria, por certo, ocupação mais interessante do que discutir política com Fidel.
Publicado por: (M) às setembro 6, 2005 10:16 PM
Tem razão meu caro, os metais em Cuba são esplêndidos, além de outras coisas pois claro. Estive lá já nem sei há 15 anos? Espero que Havana já esteja mais bonita, com pequeno comércio, etc. E que aquele programa de recuperação do centro histórico tenha prosseguido. Acho que era Trinidad que eu gostei muito. Em Varadero assisti a um show de mulheres de plumas que deixava o Brasil a um canto. Dir-me-á ainda que será pouco provável encontrarmo-nos na câmara de Horus?
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 10:30 PM
assolou-me um pequeno bocejo
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 10:31 PM
Será?
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 10:32 PM
nada como uma capicua antes de dormir! :))))
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 10:33 PM
já de escova de dentes em riste: sim porque na lagoa das Furnas andei lá à procura da entrada e não vi!
Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 10:41 PM
Joana às setembro 6, 2005 01:28 PM
Não deve ter reparado que se falava da reacção imediata. Aquilo de apagar os fogos, tratar dos vivos, enterrar os mortos e tirar o entulho das ruas. E reconstruir meia cidade.
Para isso contou, essencialmente, a tal «prata da casa».
Não se falou de donativos piedosos, que vieram um pouco de toda a Europa.
Como é economista, deve estar habituada a fazer contas. Por isso, deixo para si o cuidado de calcular quanto tempo demorou a chegar a Lisboa o tal auxílio inglês, já que em 1755 não havia C-130 nem camiões TIR. Não se esqueça de somar a essas contas o tempo que a notícia levou a chegar a Londres.
Ah! Quase me esquecia. Por alturas do terramoto, a corte portuguesa era, provavelmente, a mais rica da Europa. É só mais um dado para a estatística.
Mas, como escrevi no comentário que cita, o essencial não está aí.
Publicado por: (M) às setembro 6, 2005 10:47 PM
pyrenaica às setembro 6, 2005 10:30 PM
Nem na Câmara de Lisboa...
# : - ))
Publicado por: (M) às setembro 6, 2005 10:52 PM
pyrenaica às setembro 6, 2005 10:31 PM
"assolou-me um pequeno bocejo"
sobre Cuba
procura coisas no
www.xatoocubano.blogspot.com
talvez o piano da Carmencita Iznaga em Cienfuegos
ou uma lagosta em La Boca, perto de Trinidad
e tambem aí por perto
a Playa Ancon
Publicado por: xatoo às setembro 6, 2005 10:55 PM
Estão fartos de falar de Cuba e de Fidel! Não será altura de saber a opinião dele sobre o assunto?
Aí vai:
Katrina en New Orleans: el jazz bajo las aguas
Jorge Smith
La Habana, 3 sep (PL) ¿Qué dirían, de estar vivos, Louis Armstrong y Truman Capote, nacidos en New Orleans, ante las imágenes de horror de la ciudad tras el paso del devastador huracán Katrina?
¿Qué díría el mítico Jelly Roll Morton, creador del jazz, si pudiera ver escenas tan dramáticas como las de muertos aguardando sepultura o la de la gente subida a los techos a la espera de helicópteros y las lanchas de salvación que no se sabe si llegarán?
Quizás se habría lanzado a las aguas del turbulento Missisippi a ayudar a los dammnificados o habría entonado una melodía luctuosa con su clarinete verde.
New Orleans y la Louisiana son muy cercanas a la cultura norteamericana. Allí se fraguó algo que continúa siendo un proyecto inacabado: el mestizaje de Estados Unidos.
Mark Twain escogió esos lares para ambientar novelas que no envejecen como Huckleberry Finn o Las aventuras de Tom Sawyers.
El sur siempre será el sur en cualquier parte (norte o sur), y las imágenes de estos días nos recuerdan tristemente que ninguna entidad, por poderosa que sea, escapa a la desgracia y la destrucción.
Como ocurrió con el Titanic, el trasatlántico que los poderosos de la época juzgaban insumergible, y que se fue a pique en su viaje inaugural.
Las secuencias actuales retrotraen a los días primeros del sur, cuando el duelista español Pepe Yuya peleaba bajo el amparo de los árboles de Los Robles, con "cuchillo Bowie", pistola, florete, sable, montante o el arma que escogiera el adversario.
¿Habrá desaparecido Los Robles bajo las aguas del Katrina?
En las postrimerías del siglo XIX, el músico negro afrancesado Jelly Roll Morton, cuyo verdadero nombre era Ferdinand La Menthe, vertió allí sus primeros acordes jazzísticos en un barrio llamado Storyville, que debe estar convertido ahora en una Atlántida.
El jazz, ese género imbatible, nació en New Orleans, entre hampones y prostitutas.
Cuando la Primera Guerra Mundial, el ejército norteamericano que partía a los frentes de combate en Europa esperaba los barcos en ese puerto, entonces el más grande de Estados Unidos.
Durante sus estancias en la ciudad, los reclutas se iban a Storyville, al encuentro del jazz y las mujeres. Los efectos fueron tales para la tropa bisoña que, por recomendación del Secretario de Guerra y Marina, las autoridades locales cerraron el barrio. Los músicos fueron expulsados.
No obstante, pasada la contienda, New Orleans volvió a resurgir.
Hay investigadores que apuntan que esa ciudad no sólo parió el jazz, pues por ahí entraron también otros aires positivos como la habanera, un género musical de ida y vuelta alimentado por los cubano-españoles nostálgicos de la isla, y que perdura hasta hoy día.
El pianista dominicano Michel Camilo le confesó a este reportero hace algunos años, frente a la apacible piscina del Hotel Nacional de Cuba, que se habían encontrado en New Orleans partituras viejas de Jelly Roll Morton llenas de habaneras.
Iván Fariñas, "el abuelo del rock cubano", sostiene, por otra parte, que el ritmo de Elvis Presley, Chuck Berry y Little Richard, entre otros músicos relevantes, proviene de la habanera.
Según el estudioso y líder del grupo Viento Solar, "la habanera partió de Cuba, entró a la Unión por el Mississippi, se unió con el pawao de los indios y se hizo grande con Fats Domino, "otro nacido en New Orleans".
Pero la bucólica ciudad del Golfo de México no solo es música.
El escritor norteamericano Tennessee Williams ubicó en el sur casi toda su obra, y en New Orleans la trama de Un tranvía llamado Deseo y el personaje central de Blanche Dubois, uno de los más fuertes de la literatura de todos los tiempos.
William Faulkner, Premio Nobel 1949 y figura influyente en los escritores del llamado "boom" latinoamericano de los 60, creó en el sur su ficticio Yoknapatawpha, en el que reflejó sus historias americanas salpicadas por el polvo y los cruces de razas.
En el cine, New Orleans está en el Elia Kazan de Un tranvía llamado deseo, en el duetto Robert De Niro-Mickey Rourke en The Angel, en el Oliver Stone de JFK, la unidad de Richard Gere y Kim Basinger en No mercy o la Ashley Judd de Double jeopardy.
El sur de Estados Unidos es muy caro a la cultura norteamericana precisamente por ese encuentro entre gentes, colores, hábitos de vivir. Un 60 por ciento de él está ahora destruido.
Ese nuevo mundo salvaje no escapó tampoco a la mirada de Europa y un renombrado pintor impresionista como Edgar Degas viajó hasta New Orleans en 1872 para visitar a los familiares de su madre y recrearse con el ambiente.
Max Ernst, el dadaísta converso y surrealista, también visitó esa ciudad elegante y distinta, que se parecía y alejaba a un tiempo de los cenáculos artísticos franceses.
New Orleans cedió en el siglo XX al empuje y la riqueza económica del norte y el oeste de Estados Unidos, pero conservó su hálito único de rareza nórdica y tropical que, unido a su vulnerabilidad actual de ciudad bajo el nivel de las aguas, le han otorgado por estos días una extraña corona trágica.
Pero la ciudad emergerá de sus desgracias como antes lo hicieron el Chicago devastado por un incendio en 1871 o el San Francisco destruido por el terremoto de 1906.
Publicado por: elmano às setembro 6, 2005 11:22 PM
Abstract sem métrica (nem valor)
Dos bárbaros de além mar
louvem-se as virtudes
mil loas à sua arte de negociar
No resto,
aquietados perante a ira de Éolo,
é melhor nem falar
Publicado por: Vítor às setembro 7, 2005 12:22 AM
Extractos de Clássicos Joaninos
Princípios de Lógica
"Se tens algo a apontar ao Liberalismo, então és um Marxista acéfalo (redundância?)"
"Quando algo corre mal num país Liberal
a culpa é do pessoal. Quando, em Portugal, algo corre mal, a culpa é Estatal."
Publicado por: Vítor às setembro 7, 2005 12:30 AM
Mesa de três pés :
http://dn.sapo.pt/2005/09/07/tema/promulgacao_esta_cima_mesa.html
Publicado por: asdrubal às setembro 7, 2005 12:40 AM
Bem, tudo isto faz-me lembrar o pós 11 de Setembro, em que se chegou a discutir se havia justificação para a Al-Qaeda fazer o que fez. Se no fundo, a América não teve o que merecia.
Entretanto, pegando no mote da Joana: em Portugal, o que aconteceria no caso de um grande terramoto em Lisboa ?
- Cenário mais grave: a completa destruição do abastecimento de água.
Habituados a usarem água duma albufeira a 200km de distância, os habitantes da Grande Lisboa ficariam a saber que nas últimas décadas foram contaminados irremediavelmente todos os aquíferos, poços, etc, donde se poderia fazer um abastecimento alternativo em quantidade suficiente.
Após o terramoto, os sobreviventes teriam que abandonar a sua área de residência em busca de um lugar com água potável, tentando sobreviver até lá.
O resto da história é previsível.
Claro que um sistema de protecção civil já está à espera disto e nenhuma cena do Terceiro Mundo se verá em Portugal. O SNS terá médicos suficientes para atender aos casos de desidratação. E todos pagos com os nossos impostos !
P.S: é óbvio que o cenário acima é uma ficção, pois no ano em que o terramoto chegar já nenhum português saberá onde pára o dinheiro dos impostos, dado terem sido já pagas algumas das prestações das SCUT's.
Publicado por: J P Castro às setembro 7, 2005 01:46 AM
Ora eu bem me parecia que esta little insónia devia ter alguma justificação. Um 99 mesmo à espera!
Publicado por: pyrenaica às setembro 7, 2005 02:09 AM
E o 100!
Publicado por: Coruja às setembro 7, 2005 02:20 AM
Continuando. Câmara de Lisboa???? Meu caro eu já me pirei de Lisboa há bué, como a Portela não saía de lá, saí eu para a beira-mar. Além disso autárquicas é dèjá-vu para mim e sou muito susceptível ao tédio. Ao contrário dos meus camaradas a quem admiro a abnegação militante de repetirem números sucessivos, seguindo o exemplo do Lula, eu só faço encores muito raramente. Está tudo mais ou menos dito no Água Perrier de A. Calcanhoto. A câmara de Horus ainda tinha alguma piada... com as águas a subir e a descer e o desgraçado do Olrik apanhado naquela do Detém-te!
Yin-Kuo pensava que estavas sossegadinho de férias depois de tanto trabalho por aqui quando eu andava na savana. Vá não te preocupes que não vou ser inconveniente. Tinha umas coisas a conversar contigo sobre cana-do-açúcar, C4, PEP-carboxilase vs. rubisco, que acho que ninguém mais gosta disso por aqui, mas não te preocupes fica para outro dia. Eu prometo tentar controlar as citocininas.
xatoo, lembrei-me que também fui ver o museu da escravatura do outro lado da ilha em Santiago e ainda fui a um Cayo Largo brincar de mergulho, etc.
Publicado por: pyrenaica às setembro 7, 2005 02:24 AM
Corujinha linda. Olha lá eu tenho uma foto mesmo gira, de um mocho ou uma coruja, ou qualquer coisa de intermédio (pilar da ponte do tédio que vai de mim para o outro...),tirada à noite a um bicho a sério. Mete aí um mail que eu mando-te, não levo nada em troca. mas como estou com um olho meio fechado se calhar só amanhã.
Publicado por: pyrenaica às setembro 7, 2005 02:28 AM
Via Insurgente, são estes os responsáveis pelo Katrina:
O blog Threshold State faz uma resenha dos "culpados" do Katrina. Até agora já foram nomeados os seguintes (links para os artigos respectivos no post original):
Global Warming
Kyoto Refusal
President Bush
American Imperialism
The White House
The Federal Government
Louisiana Officials
New Orleans Officials
FEMA
FEMA Director Mike Brown
Governor Kathleen Blanco
Mayor Ray Nagin
NO Head of Emergency Operations Terry Ebbert
Alaska
Environmentalists
Republicans
Democrats
Republicans and Democrats
Capitalism
Privatization
Racism
The conservative world view
The Iraq War
Medicare
Small Government
Big Government
Urban Planners
Property Developers
Homosexuals
Abortionists
Klingons
corrupt crusading America
Ariel Sharon and/or the Gaza withdrawal
Jews and/or African-Americans
Victims
Press Conferences
Photo Opportunities
Assclowns
Halliburton
Nicola Tesla
Cannibals
Bill Clinton
Hostage Takers
Publicado por: VSousa às setembro 7, 2005 12:21 PM
É uma lista longa
Publicado por: VSousa às setembro 7, 2005 12:22 PM
"Joana Amaral Dias, que nem o mais liberal poderá apontar de qualquer ligação partidária ou de enfeudamento a qualquer ideologia"
:)
Verifica-se aqui uma das coisas que mais me irritam nas discussões(ou não discussão) cá por Portugal. Quando alguém rebate um ponto a outro participante fica sem resposta. O outro faz de conta que não se passou nada e parte para outra.
Publicado por: lucklucky às setembro 7, 2005 02:17 PM
O único ponto que me impressionou, nestes momentos em que os americanos meteram água, foi o das notícias de roubos, violações, tiroteios e corrida às armas. Esse comportamento selvagem seria impensável em Portugal numa situação semelhante. Mesmo que a resposta das autoridades portuguesas não fosse a melhor, a reacção dos portugueses seria infinitamente superior.
Publicado por: Daniel às setembro 7, 2005 03:48 PM
pyrenaica às setembro 7, 2005 02:28 AM:
O meu mail é manfred102@netcabo.pt
Publicado por: Coruja às setembro 7, 2005 03:54 PM
Daniel às setembro 7, 2005 03:48 PM:
Você devia ir mais ao cinema, ou ver mais séries americanas na TV.
Publicado por: Coruja às setembro 7, 2005 03:55 PM
Não sei se esse comportamento seria impensável. Espero que nunca tenhamos uma experiência dessas para tirar isso a limpo
Publicado por: Nereu às setembro 7, 2005 06:06 PM
De acordo, Nereu. Em situações daquelas, com os marginais que há por cá, não sei o que aconteceria
Publicado por: Fred às setembro 7, 2005 06:53 PM
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=191205
Publicado por: pyrenaica às setembro 7, 2005 08:00 PM
Acho que houve exagero nas notícias sobre os assaltos em NO.
Publicado por: vitapis às setembro 7, 2005 08:36 PM
Uma coisa engraçada é que o Dow Jones resistiu bem até ver. Mas em certo sentido isso só confirma a tese de que a crise katrina é entendida como um bom negócio pelo sistema. Portanto se morreram 10000 pessoas (será que vai ser isso?), se 400000 desempregados, etc, é um bom negócio, o liberalismo pode ser muito performante nos profits mas humanitário não é com certeza. Hum.
Publicado por: pyrenaica às setembro 7, 2005 08:56 PM
Pyrenaica: A coruja está excelente. Imita perfeitamente uma coruja de plástico para venda artesanal.
A natureza está cada vez mais versátil e perfeita.
Publicado por: Coruja às setembro 7, 2005 11:48 PM
E obrigado.
Uma pergunta: O taxidermista teve dificuldade em embalsamar o bicho?
Publicado por: Coruja às setembro 7, 2005 11:50 PM
pergunta-lhe...
Publicado por: pyrenaica às setembro 8, 2005 12:10 AM
Estive fora (a trabalhar!...) pelo que só agora li os posts da Joana. À boa maneira portuguesa a Joana procura desculpar o indesculpável, utilizando argumentos que ela própria consideraria inaceitáveis se fossem utilizados por qualquer outra pessoa. Facto: um furacao de grande magnitude aproxima-se da costa americana, na zona de NO, tendo sido detectado vários dias antes da sua chagada. Facto: morreram cerca de 10.000 mil pessoas por nao terem sido evacuadas a tempo. Facto: a responsabilidade é das autoridades americanas, a começar pela ausência de trabalhos de manutençao e reforço dos diques. Como outros países (Cuba, por exemplo) resolveram todos esses problemas com muito menos meios, tendo evitado a morte de muita gente, é porque era possível fazê-lo. O falhanço americano nao tem, por isso, qualquer desculpa, e deve-se a uma atitude de desprezo relativamente aos pobres. Tudo muito liberal e neo-con...
Publicado por: Albatroz às setembro 8, 2005 10:17 AM
"a Joana [...] utiliza argumentos que ela própria consideraria inaceitáveis se fossem utilizados por qualquer outra pessoa" (Albatroz às setembro 8, 2005 10:17 AM)
É como as teorias da conspiração. Essas teorias são para a Joana inaceitáveis, porque são coisas típicas da esquerda. Mas ela própria passa a vida a elocubrar sombriamente sobre uma pretensa conspiração de jornalistas, todos eles esquerdistas inveterados e encapotados, empenhados em ocultar as verdades à população.
Publicado por: Luís Lavoura às setembro 8, 2005 11:58 AM
Quem falou em manipulação e na teoria da conspiração?
Título:
Bush geriu mal a resposta às vítimas do furacão "Katrina"
07.09.2005 - 17h40 AFP
Notícia:
De acordo com o estudo realizado pelo Instituto Gallup para a CNN e o USA Today, 24 por cento dos 609 inquiridos consideram muito mau o desempenho do Presidente nesta matéria, enquanto outros 18 por cento afirmam que George W. Bush fez um mau trabalho.
Em contrapartida, dez por cento dos inquiridos afirmam que a gestão foi muito boa e outros 25 por cento admitem que foi boa. Significativo é também o facto de 21 por cento dos inquiridos afirmam que o trabalho da Administração não foi bom nem mau.
...
O estudo demonstra, por outro lado, que a opinião pública não atribuiu directamente ao Presidente a responsabilidade pelas falhas registadas no socorro às vítimas do furacão.
Questionados sobre quem é o primeiro responsável pelos problemas registados em Nova Orleães, 38 por cento considera que não há ninguém a culpar. Entre aqueles que atribuem a responsabilidade directa a alguém, 25 por cento culpam as autoridades do estado da Luisiana, 18 por cento responsabilizam as agências federais e 13 por cento culpam o Presidente
A sondagem, realizada entre os dias 5 e 6 deste mês, tem uma margem de erro de quatro por cento.
Do Público
http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1232275&idCanal=11
Publicado por: Rui Sá às setembro 8, 2005 04:38 PM
É indecente essa manipulação. E estúpida, pois julga que não lêem a notícia.
Publicado por: Valente às setembro 8, 2005 06:27 PM
Mário Soares lembrou que, antes da tragédia de Nova Orleães, o embaixador norte-americano na ONU, John Bolton, não concordou que se incluísse no documento acordado pelos chefes de Estado na 60ª Assembleia-Geral das Nações Unidas qualquer referência à preservação da natureza e ao acordo de Quioto.
"Os resultados dessa política insensata e irresponsável ficaram bem patentes em Nova Orleães", assinalou.
Capicua!
Publicado por: pyrenaica às setembro 8, 2005 06:43 PM
O Soares devia estar calado. Para além de não ser esta a altura de dizer uma coisa dessas, vários países, como a China e a Índia, também não assinaram e Portugal assinou, mas não cumpre.
Publicado por: fbmatos às setembro 8, 2005 08:46 PM
Recordo que o problema de fundo é: e as coincidências são casuais ou causais?
No terramoto de 1755 de 1 de Novembro dia de Todos Os Santos, às 11h da manhã, com o povo a encher as igrejas, ninguém pensou que isso acontecesse "por acaso". Leiam o Candido de Voltaire. Porque que é que pensam que entre isso e depois de 1789, D. Maria I teve a inteligência de pirar da bola?
O acaso em-si só entra no discurso racional depois de 1859, com a Teoria de Evolução de Darwin.
Regressando a Kubrick:
we'll meet again
don't know how
din't know when...
Publicado por: pyrenaica às setembro 8, 2005 09:20 PM
Deixando o cinismo da discussão de lado e indo directo ao assunto.
A direita defende a sua dama de modelo intocavel a seguir.
A esquerda defende a ideia que o BUSH aproveitou a catastrofe para "limpar" umas das cidades mais pobres e com mais problemas dos EUA.
E daqui não se sai.
E tambem não interessa muito, porque no fundo estamos todos nas tintas para as pessoas que morreram. O que interessa é defender pontos de vista, ou "lançar a discussão"
Vivemos na ilusão de que poderiamos ter feito algo (overdose de mediatização), mas não podemos fazer nada. São fenomenos naturais, fazem parte dum planeta instavel que continuamente é agredido por humanos e que reage. Toda a acção tem reacção.
A ilusão na discussão futil.
Façam algo e falem menos.
Publicado por: jorge às setembro 9, 2005 12:15 PM
Estas discussões sobre o Katrina mostra que a nossa sociedade está doente. Pelo menos a parte da sociedade que screve em jornais, blogs, etc.
Publicado por: Luisa às setembro 11, 2005 12:11 PM
Catar-se??
Publicado por: Cisco Kid às setembro 14, 2005 06:14 PM