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setembro 04, 2005

O blog Noites Áticas

Ou … Noctium.atticarum@commentarium.blog.roma

Aulus Gellius - nasceu (entre 117 e 130) durante o reinado de Adriano e morreu (entre169 e 180) durante o reinado de Marco Aurélio. Nascido em Roma, foi completar os seus estudos em Atenas, como era vulgar entre os jovens patrícios, e regressou a Roma onde exerceu as funções de centuvirum ou jurado de causas cíveis e viveu num ambiente de gramáticos, retóricos, filósofos, sábios e antiquários, entregues a debates frívolos “De que cálculos e de que proporções, segundo Plutarco, se serviu o filósofo Pitágoras para determinar o tamanho de Hércules, durante sua estadia entre os homens” [1º escrito do Livro I] Quando se pode dizer que alguém está morto?”, “Deve-se ou não cumprir sempre as ordens dos pais, quaisquer que sejam?”, “Virtudes e Propriedades do número 7”, “Artifícios de Sertório para atrair os Bárbaros [Lusitanos]” (ver adiante este interessante post sobre os nossos antepassados) etc..

Aulus Gellius não foi um escritor, foi um compilador. No seu prefácio ao Noites Áticas escreve que após um debate na sua sociedade de eruditos e gramáticos, ou depois da leitura de um livro, tomava notas e escrevia um pequeno texto: todas as vezes que eu tive nas mãos um livro grego ou latino, ou que ouvia relatar alguma coisa de notável, sempre que fosse digno da minha atenção, qualquer que fosse o assunto, eu tomava notas sem ordem e sem sequência. Eram, por assim dizer, provisões literárias que eu punha de reserva para ajudar a minha memória. Aulus Gellius não escreveu um livro – escreveu um blog, o “blog” Noites Áticas, nome dado em lembrança dos tempos que passara em terras de Ática. Os seus “posts” são escritos ao acaso, sem sequência, nem um fio condutor, ao sabor da matéria em discussão no último debate, ou das leituras do autor, como em qualquer blog actual. Neste por exemplo.

Amontoam-se no seu “blog” histórias de heróis mitológicos ou de figuras proeminentes da história greco-romana, questões sobre o Direito Romano, dissertações sobre as palavras, as suas origens e como se utilizam, o que significam e como se declinam, opiniões de filósofos coevos, fragmentos de obras depois perdidas (o que se reveste de enorme importância), etc. O seu gosto pelos arcaísmos, por tudo o que era antigo, e a sua preferência pelos autores mais antigos, como Porcius Catão, perante outros mais recentes, como Cícero, simbolizam uma época que marca o fim do mundo antigo e o início da transição para a idade das trevas. Dion Cassius, que escreveu a sua história meio século depois, diria, sobre a morte de Marco Aurélio: saída de um reinado de ouro, a nossa história vai mergulhar num reinado de ferro e de ferrugem.

À beira do fim do seu mundo, os intelectuais dessa época queriam agarrar o que havia de mais puro e de menos corrompido desse mundo, e recuavam cerca de 4 séculos, até à época dos romanos de velha têmpera, do mos maiorum (*), dos valores de vida representados por gravitas, pietas e simplicitas(*) e dos ideais competitivos de virtus, gloria, honor e fama(*), as qualidades que tinham sustentado Roma durante as guerras púnicas e durante o período de ouro da república, até à destruição de Cartago, o saque de Corinto, a anexação da Grécia e Macedónia (tudo em 146 AC) e ao colapso da constituição republicana (133 AC), com o começo das lutas sociais e civis. Aulus Gellius é um dos nomes representativos da época de decadência das letras romanas. Provavelmente escrevia numa língua que, exceptuando o círculo em que vivia e os meios cultos da época, já não era entendida por ninguém. Depois dele foi a esterilidade. O século III é um Sahara literário.
Aullus Gelus.jpg
Apesar disso, a leitura de Aulus Gellius é muito interessante. É como estar a ler uma revista típica dos fins do século XIX, princípios do século XX, misturando curiosidades científicas (metafísicas, no caso de Aulus Gellius) e linguísticas, com histórias diversas e por vezes anedóticas sobre figuras conhecidas, numa escrita leve e sem pretensões.

O seu “blog” está compilado em 20 livros (o 8º perdeu-se, assim como parte do 6º), que “correspondem” aos “Arquivos Mensais” deste blog, e cada livro agrupa diversos posts. Citando alguns posts, ao acaso:

Como a obesidade era “censurada”:

Livro VII - XXII. Como os censores tinham o hábito de confiscar os cavalos aos cavaleiros [Ordem Equestre] demasiado gordos. E se esta condenação era degradante para os cavaleiros, ou se ela não atingia a sua dignidade.

Quando os censores encontravam um homem gordo, tinham o hábito de lhe confiscar cavalo, julgando, sem dúvida, que o peso do seu corpo o tornava impróprio para o serviço de cavalaria. Alguns pensam que tal não era uma punição, mais apenas um licenciamento sem degradação. No entanto Catão, num discurso que escreveu para a Celebração dos sacrifícios, reprova esse facto a um cavaleiro de forma tão incisiva que não restem dúvidas que ele atribuía a isso uma ideia de degradação. Se adoptarmos esta opinião, devemos acreditar que quem possuísse um corpo excessivamente gordo era olhado como culpado de indolência

E também tinha posts fracturantes:

Livro IX - IV. Tradições maravilhosas sobre algumas nações bárbaras. Encantamentos funestos e deploráveis. Mulheres que mudam subitamente em homens.

(excertos)
… Entretanto, a propósito de prodígios, permitir-me-ia citar Plínio, o Segundo, …”As metamorfoses de mulheres em homens não são uma fábula. Lemos nos anais que, sob o consulado de Q. Licinius Crassus e de C. Cassius Longinus, uma rapariga de Casinum, que vivia com os seus pais, se tornou num rapaz e que foi transportada, por ordem dos sacerdotes, numa ilha deserta. … Eu próprio vi, em Africa, L. Cossicius, cidadão de Thysdrus, que, inicialmente mulher, mudou de sexo no dia do seu casamento. ”
…
Plínio, no mesmo livro
[História Natural], diz ainda: «Há seres que reúnem os dois sexos, a quem chamamos hermafroditas ; antes eram chamados andróginos, e eram olhados como monstros. Hoje fazem as delícias da libertinagem».

E sobre os nossos antepassados, os Lusitanos, também há um post:

Livro XV - XXII. Aspectos da vida de Sertório; a sua habilidade, a suas astúcias e os seus artifícios para atrair os soldados bárbaros.

Sertório … nas conjunturas difíceis, mentia aos seus soldados, se via utilidade em mentir; Lia-lhes cartas, imaginava sonhos, falsas inspirações, quando esses expedientes lhe pareciam apropriados para agir sobre o espírito dos soldados. … Um Lusitano deu-lhe uma corça branca, de uma beleza rara … e ele soube persuadir todos que era um dom do céu, que inspirado por Diana, conversava com ele, dava-lhe conselhos e ensinava-lhe o que fazer. Quando pretendia que as suas tropas fizessem algo de penoso, dizia que apenas executava o que a corça lhe ordenava, e todos lhe obedeciam como a um Deus.
Um dia a corça, aterrada pelo tumulto do campo de batalha, fugiu e escondeu-se num pântano próximo. Após buscas inúteis, julgaram-na morta.
Dias depois alguém anunciou a Sertório que ela fora encontrada. Ele ordenou silêncio sobre isso e que a corça fosse transportada para o local onde ele se iria encontrar com os seus ajudantes. No dia seguinte, nesse local, ele reuniu-os e contou-lhes que tinha visto em sonhos que a corça iria regressar para o instruir como até então; fez então um sinal ao escravo e a corça precipitou-se na sala, no meio de gritos de admiração. Sertório sabia, nas ocasiões importantes, tirar partido desta credulidade dos bárbaros e verificou-se que todos esses povos fizeram causa comum com ele e nenhum, apesar dos numerosos revezes, desertou; e sabe-se quanto esses povos são versáteis.


Esses bárbaros crédulos e “versáteis” que só seguiam os líderes quando eles lhes mentiam descaradamente, eram os nossos antepassados. Mantemos essa notável herança virtutibus maiorum. Continuamos demasiado versáteis e a acreditar naquilo que os políticos nos dizem, sempre que acham útil mentirem-nos, por mais óbvias que sejam essas mentiras. Só que em vez de corças mensageiras de Diana, dizem-nos que tudo se resolverá sem sacrifícios, que não vai haver aumentos de impostos, que vai haver rigor nas contas, que vai haver mais 150 mil empregos, que vai haver moralização na vida pública, que vai ser restaurado o clima de confiança, etc.

(*) Notas:
mos maiorum: Costumes dos nossos antepassados
gravitas, pietas e simplicitas: sobriedade (ou prudência), cumprimento dos deveres agindo com rigor e honestidade, simplicidade (frugalidade)
virtus, gloria, honor e fama: coragem (brio, virtude), glória, desempenho de cargos públicos sem remuneração, fama.

Qualidades e ideais cuja existência fez a grandeza de Roma (enquanto duraram), e cuja persistente ausência tem feito a mesquinhez e a desgraça de Portugal

Fonte dos textos de Aulus Gellius: Œuvres Complètes d’Aulu-Gelle, 2 vols, Paris – Librairie Garnier Frères (sem data, provavelmente fins do séc XIX ou início séc XX), Edição bilingue.

O texto latino (incompleto) está aqui

Publicado por Joana às setembro 4, 2005 06:55 PM

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Comentários

Para começo da rentrée um pouco de cultura clássica não fica mal na blogosfera, cansada de tanto esgrimir sobre o furacão Katrina a golpes de sites da net, sites que municiam uns e outros, conforme a barricada em que estão. Há para todas os gostos e barricadas. E como todos sabem que os outros “também” não têm bases sólidas sobre a matéria, usam essas munições à vontade, pois estão seguros que não há hipótese de as validar ou invalidar de forma irrefutável.

Publicado por: Joana às setembro 4, 2005 06:57 PM

Acho muito bem revisitar a cultura clássica mas fico à espera do seu comentário sobre a dimensão sacrificial de Moloch que comentei no post anterior.

"...pois estão seguros que não há hipótese de as validar ou invalidar de forma irrefutável", pois com certeza desde 1930 que o Teorema de Godel estabelece que qualquer que seja o sistema axiomático formado por um número finito ou infinito numerável de axiomas, permanecerão proposições indecidíveis. Mas isto só se refere em relação à consistência interna.

Depois há a adequação aos factos.

Vamos lá à Escolástica, Joana, adequatio rei et intellectus.


Publicado por: pyrenaica às setembro 4, 2005 07:06 PM

Ainda bem que a Joana deixou um mote para o Katrina, que isto de Cóltura Clássica não dá. A malta está mais interessada na Queda do Império Americano do que na Queda do Império Romano

Publicado por: Coruja às setembro 4, 2005 07:18 PM

Mas não se preocupe demais Joana, como estou todo jet-laggado a seguir ao jantar vou fazer ó-ó e voltar ao Infante D. Henrique que ficou cá a descansar da desgraça de tanger e do que fez ao irmão. Entretanto lá fora não li (quase) nada, emprestei a Grazia Mendes a quem precisava mais de um livro do que eu, e o catarpázio do economista só lhe passei os olhos por cima em Tofo e vi logo que no VET das florestas não se contabiliza o oxigénio produzido, por exemplo. Nem era difícil bastava multiplicar para cada espécie o acréscimo de biomassa anual pelo rendimento fotossíntético médio (relativo à produção de O2)de que os fisiologistas vegetais devem ter umas idéias e multiplicar pelo custo médio do oxigénio engarrafado (sem garrafa). Este é fácil e já dá para revolucionar o chamado valor de mercado das florestas. Agora o valor estético ou de legado como o Vítor falou do pinheiro? Pensei e pensei e concluí que o valor económico de um recurso natural, por muitas internalizações que se façam, só permanece uma sombra (um índice) do seu valor ecológico.

Ainda bem que o seu blog é de aphronesis económica, social e política porque a legitimidade do discurso económico é rasteira, sorry.

Bom mas o problema dos valores é de ordem ética portanto temos de ir a Spinoza. Mas só amanhã que ele está ali a dormir, compradinho em Nova York, onde eu ia sendo atropelado por 2 carros um dos quais da polícia, uma bicicleta e uns patins de linha, mas no se passo nadie, excepto umas caras feias. Além disso no Central Park a escurecer, estava eu enfronhado na relva no catálogo do Met quando um amigo meu me disse "oh x olha que isto está cheio de fogos fátuos", eu olhei e vi centenas de pirilampos... e eu que pensava que estavam em extinção por causa da poluição. Bom, pelos vistos, concluí, o CPark foi bem pensado.

Publicado por: pyrenaica às setembro 4, 2005 07:32 PM

Bom isso dos pirilampos já lá vai mais de meia dúzia de anos, já nem sei. hasta

Publicado por: pyrenaica às setembro 4, 2005 07:46 PM

Joana às setembro 4, 2005 06:57 PM

É surpreendente, em quem reclama para si própria o paradigma da discussão racional e do primado dos factos sobre as interpretações fantasiosas, que a Joana venha tentar desvalorizar a argumentação de quem se socorre de sites, como se os sites fossem uma fonte menor e desqualificada de informação.
Mais ainda vindo de quem se socorre abundantemente de sites para desenvolver as suas interessantíssimas teorias.
O que diz dos sites («Há para todas os gostos e barricadas...»), pode ser afirmado em relação aos jornais, aos livros, aos tratados científicos e filosóficos, etc.
Tentar reduzir a validade dos argumentos com base nessa menorização dos sites não é bonito (para não ir mais longe na qualificação da atitude).
A verdade, agrade ou não à Joana, é que a Internet é o hoje o meio mais rápido de obter informação rigorosa de todo o tipo e é, pelo menos, tão respeitável entrar na Internet como na Biblioteca Nacional. É, sobretudo, muito mais actual, porque há informação disponível na Internet que não existe em mais nenhum lugar.
O que deve estar em causa é saber-se se os factos relatados são verdadeiros, independentemente da sua proveniência. Se as análises são fundamentadas, independentemente da natureza do seu objecto.
Sinto-me à vontade para escrever isto porque no caso do Katrina tenho-me pronunciado com base no meu conhecimento e experiência pessoal, bem como nas informações que me têm sido transmitidas pelos meus amigos americanos (é assim, não é só você e o Durão Barroso que têm amigos americanos). Sem esquecer, naturalmente, a realidade que entra pelos olhos dentro de quem não for politicamente cego.
Em duas das ocasiões em que me desloquei aos Estados Unidos tive o azar de apanhar com um furacão na Florida e de testemunhar, in loco, o que aconteceu, em ambos os casos, antes e depois do furacão.
Mas o que me levou a deixar aqui esta nota foi o inqualificável período com que termina:

«E como todos sabem que os outros “também” não têm bases sólidas sobre a matéria, usam essas munições à vontade, pois estão seguros que não há hipótese de as validar ou invalidar de forma irrefutável.»

A soberba subjacente às palavras com que chama, praticamente, aldabrões às pessoas que deixaram no blogue as suas honestas e fundamentadas opiniões tem uma explicação, para mim, muito simples. Até nem é novidade. Ficarei à espera do dia em que a assuma, embora sem muito optimismo.
Penso, Joana, que deveria ter a humildade de admitir que não sabe tudo, que há assuntos que outros conhecem melhor e que nenhum sistema é perfeito, mesmo aqueles de que você gosta.
Dito isto, permita-me que lhe diga que não havia necessidade de gastar o seu latim. «Bárbaros crédulos e “versáteis”» que só seguem «os líderes quando eles lhes mentem descaradamente» há-os em todos os continentes e países. Olhe, nos EUA, por exemplo...

Publicado por: (M) às setembro 4, 2005 09:13 PM

Afinal, nós não somos diferentes dos nossos antepassados. Mantemos as mesmas características.

Publicado por: azimute às setembro 4, 2005 09:55 PM

E como quem sai aos seus, não degenera, logo não degenerámos

Publicado por: azimute às setembro 4, 2005 09:56 PM

...não, mas se o Che tem durado mais quatro décadas, tinha com certeza teorizado acerca da guerrilha ideológica no âmbito dos "hurricanes", disso não tenho a menor dúvida, porque, ao lado da tragédia, fala-se dos USA como se os USA fossem a América «de Bush». Óra-óra ...
Para isso, não há de facto pachorra.

Publicado por: asdrubal às setembro 4, 2005 10:53 PM

(M) às setembro 4, 2005 09:13 PM
Eu não chamei “aldrabões”, só disso que nenhum tem bases sólidas e serve-se de sites da net como de arma de arremesso, buscando os sites mais convenientes para o efeito e triando a informação consoante o impacte que se pretende e o alvo a atingir.
As pessoas gostam de acreditar naquilo que favorece o próprio clube e não é por serem aldrabonas. Apenas relativizam a verdade.

Não particularizei. Não percebo porque você se sente particularmente atingido.

Publicado por: Joana às setembro 4, 2005 11:24 PM

Ah! ... esqueci-me que você assistiu a um furacão na Florida. Obviamente que, no seu caso, com a experiência de um furacão na Florida, tem uma sólida base.

Eu, depois de assistir a 2 acidentes de viação, já sei tudo sobre prevenção rodoviária. Mais uns anitos e um cartão partidário e lá vou para a CGD.

Publicado por: Joana às setembro 4, 2005 11:25 PM

Quanto aos Lusitanos, limitei-me a assinalar a perenidade da nossa vocação de crédulos.
Em qualquer dos casos, repare nas melhorias que constatei, que só demonstra que encarei a minha investigação com uma mente totalmente aberta. Agora já não acreditamos (pelo menos alguns) nas histórias com corças e Diana. As histórias em que acreditamos actualmente são mais elaboradas.

E gastei pouco latim. Deixei o resto no site que indiquei.

Publicado por: Joana às setembro 4, 2005 11:27 PM

Então a Joana já conseguiu desculpar as autoridades americanas da tragédia de N.Orleães ou a culpa é dos cubanos e dos venezuelanos ?

Publicado por: zippiz às setembro 4, 2005 11:50 PM

pyrenaica às setembro 4, 2005 07:06 PM:
É difícil fazer a história da civilização cartaginesa. Os historiadores nacionais de Cartago não deixaram testemunhos (depois da destruição de Cartago, os romanos entregaram aos “analfabetos” dos reis da Numídia as bibliotecas que não foram destruídas, excepto os livros de Magon). Romanos e gregos fazem poucas referências. Heródoto faz poucas referências. Aristóteles (Política) fala “en passant”. Políbio dá alguns pormenores sobre a constituição e forma de governo.
Cartago foi destruída até às fundações e o terreno arado e salgado, para que nada voltasse a crescer. Só um século depois começou a construção da Cartago Romana (a capital da província de África, a seguir à conquista, ficou em Utica).
Por isso mesmo, também não há monumentos ou vestígios arqueológicos que permitam um visão alternativa à visão dada pelos vencedores

Publicado por: Joana às setembro 4, 2005 11:53 PM

Mas parece assente que ao Baal-Moloch se faziam sacrifícios humanos. Havia sacrifícios periódicos e sacrifícios para aplacarem os deuses a seguir a uma desgraça. Mas não era só a Moloch. Diodoro da Sicília relata que, no cerco de Agrigento, apareceu a peste e, como "vacina" geral, os cartagineses atiraram um grande número de homens ao mar, para aplacarem os deuses.
Quando Aníbal estava em Itália, recebeu a notícia que um seu filho havia sido designado para o sacrifício anual, o que mostra um certo igualitarismo da sociedade cartaginesa.

Publicado por: Joana às setembro 5, 2005 12:00 AM

Tertuliano, 4 séculos depois, na sua Apologia, escreve que continuava a haver sacrifícios humanos secretos naquela zona.

Publicado por: Joana às setembro 5, 2005 12:02 AM

zippiz às setembro 4, 2005 11:50 PM:
Quais autoridades americanas? As federais, com acusam os Anti-Bush, ou as locais e estaduais, como sustentam os Anti-anti-Bush e os pró-Bush?

Publicado por: Joana às setembro 5, 2005 12:04 AM

Escolha Vc. Os atingidos são os mais pobres, os idosos e as crianças.
Até pode ser a Governadora do Estado. Bush tinha mais que fazer e acho que estava de férias - a andar de cavalo, segundo H.Chaves!
O que é que acha ?

Publicado por: zippiz às setembro 5, 2005 12:13 AM

Joana às setembro 4, 2005 11:24 PM

Um dos seus problemas principais — eventualmente fruto de um neoliberalismo exacerbado — é o de pensar que toda a gente se move pelos seus critérios e só actua em função do benefício próprio ou só reage quando directamente afectado nos seus interesses.

Por isso cuida que a minha resposta resulta de me sentir «particularmente atingido».

Tenho a personalidade suficientemente caldeada para não reagir a provocações e a segurança do que sei suficientemente sólida para não responder a bocas à toa.

Não responderia, por isso, a nenhum remoque daquele tipo, se pensasse que me era dirigido.

Há coisas, no entanto, que, como julgo que saiba, incomodam os neurónios, mesmo quando se referem a terceiros.

A sua insistência no argumento da «triagem» e da manipulação da informação deixa-me numa dúvida: será um caso de boa fé ou de falta de discernimento?

É que estamos a falar de FACTOS e não de opiniões ou interpretações subjectivas.

Por esse andar, não tarda virá dizer que a afirmação de que passou um furacão sobre New Orleans é uma «arma de arremesso» e uma «relativização da verdade».

De quem fez o charivari que você fez, há um par de semanas, por causa dos socorros pretensamente tardios a um catamarã em chamas, era de esperar uma atitude proporcionalmente crítica pelo atraso nos socorros a uma cidade inteira. Atraso esse que, não é demais lembrar, é responsável directo pela morte de milhares de pessoas.

Mas, claro, vocè lá sabe porque é que escreve que «as pessoas gostam de acreditar naquilo que favorece o próprio clube».

Publicado por: (M) às setembro 5, 2005 12:31 AM

Joana às setembro 4, 2005 11:25 PM

Nunca achei muita graça aos tipos que se acham muito engraçados e se sentem na obrigação de estar permanentemente a largar piadas.
Os psiquiatras encontram nesse comportamento um sinal de insegurança e um método de fuga à integração séria da realidade.
Não sei o que a leva a pensar que tem graça, nem por que motivo se julga na obrigação de se refugiar na ironia em vez de abordar as questões com seriedade. Presumo que seja com a intenção de agradar à sua audiência. Se isso compensa ou não é um problema seu.
Eu vivi a experiência de dois furacões e não de um. E não lhe disse que isso me transformava numa autoridade em furacões. Isso é uma invenção sua. Uma manipulaçãozinha que lhe deu jeito para a piada fácil.
Mas o que isso me permitiu foi ver (e rever) como o estado da Florida se organizou para receber os furacões e para socorrer as pessoas depois de eles passarem. Em qualquer dos casos, as operações de auxílio foram desencadeadas imediatamente a seguir à passagem dos furacões.
E isto não tem nada que ver com a sua graçola barata dos acidentes de viação.

Publicado por: (M) às setembro 5, 2005 12:50 AM

(M) às setembro 5, 2005 12:50 AM

É pa´! E já era o Jeb Bush que mandava na Florida?!?!

Publicado por: Alface às setembro 5, 2005 04:04 AM

A Joana incomoda-se por haver quem acuse o neo-liberalismo à la Bush de responsabilidades na falta de assistência aos habitantes mais pobres de Nova Orleans, mas isso é apontado mesmo nos Estados Unidos. De facto, num espírito de respeito pela iniciativa privada, avisaram-se os habitantes da cidade de que deviam abandoná-la, mas não se proporcionaram quaisquer meios para que isso se realizasse. Cada um que fizesse como entendesse, em plena liberdade e utilizando os recursos do mercado. Resultado: os mais pobres, que não tinham carro, dinheiro para pagar os transportes públicos e o alojamento, nem pessoas que os acolhessem noutro local, ficaram na cidade e foram vítimas do furacão. Uma sociedade menos liberal, como a cubana, teria posto à disposição desses mais pobres meios pagos pelo Estado - transporte e alojamento - para garantir a sua segurança. Teria dado ordem aos hoteis para alojarem os refugiados, em vez de os meterem aos milhares em instalações desportivas sem condições para isso. Se a Joana não percebe o que há de errado e condenável na atitude do governo americano, então percebe menos do que eu pensava...

Publicado por: Albatroz às setembro 5, 2005 08:27 AM

Ora cá está uma correcção que tenho de fazer: quando eu disse em cima que o discurso económico era "rasteiro" estava a referir-me ao neoliberal, que pretende tomar decisões racionais lá porque faz umas contas mais elaboradas do que o comum dos mortais. Mexem com índices e chamam-lhe valores. Mexem com modelos e chamam-lhe leis ou teoremas. Abusam do estatuto da veridicção.

Esqueci-me então que o discurso do Albatroz também pode ser chamado discurso económico, não será assim? Esse eu não acho nada rasteiro e percebe-se tudo o que lá está, em ver de nos por-mos a brincar com gráficos. E se de repente aquelas curvas viram todas ao contrário por efeito do katrina? Quem é que vos diz que aquelas tendências são inertes?

Albatroz, daqui a 5 minutos, mail!

Corujinha se quiseres também tenho uma para ti, Yin-Kuo, e talvez outros que pedirem.

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 09:09 AM

Doutor Septimus, Blake & Mortimer, etc, ando com um bocadinho de inveja dessa dos furacões! Logo 2!

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 09:27 AM

Pessoal vou espetar lixo que ando com vontades. Lá em Maputo lambi-me todo mentalmente a pensar que bom que era eu e bué de negros a espetar aquilo tudo, mas é preciso calma senão ainda me acusam de neocolonialismo, cá, porque lá eles acham apenas que português é maluco mas é engraçado. té logo

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 09:41 AM

Só uma última: hoje (e nos próximos dias) o baile do Dow Jones deve ser digno de se ver. Atenção porque quando aquilo cai muito torna-se assunto de guerra.

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 09:44 AM

Afinal não era a última, quando estava a tomar o café deu-me uma. Vamos lá ver quem é que tem t. para me acompanhar nisto, que eu estou cansado de fazer sózinho.

Existe um diamante famoso chamado O Português - durante muito tempo o maior diamante presente na Europa - que está no Smithsonian Institute em Washington, e cuja "história" oficial se pode ver aqui

www.am-diamonds.com/famous-diamonds.php?id=64 - 22k -

ou noutros links (façam pesquisa no Google em Famous Diamonds Portuguese).

Como podem ver procura-se anular o nome desvirtuando a origem portuguesa/brasileira da pedra. Ora eu mando a quem me pedir a fotografia que prova que a pedra está no retrato de aklamação de D. José no Palácio das Necessidades.

O Português apareceu no mercado, nos joalheiros Black, Starr& Frost em 1924, precisamente o ano em que Portugal vendeu oficialmente as suas reservas de prata à GB para conter a desvalorização do escudo face à libra, que tinha sido perversamente induzida pela GB ao cobrar a dívida de guerra com juros, através da emissão maciça de notas potuguesas na Waterloo Hs. Ora isto, porque não fomos ressarcidos pela Alemanha das reparações que cobriam muitas vezes essa dívida à GB.

Em 1925 à conta da apropriação das reservas de Portugal (as de prata são oficiais e o que mais terá sido?) a GB recupera o padrão-ouro para o esterlino. Lindo! com amigos assim...

Ninguém me quer ajudar a recuperar O Português?

Vale muitos milhões de contos, é o maior diamante facetado dos EUA.

(PS: E ainda falta descobrir o mistério do Braganza embora já tenha duas hipóteses)

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 10:03 AM

(M) às setembro 5, 2005 12:31 AM:
"o charivari que você fez, há um par de semanas, por causa dos socorros pretensamente tardios a um catamarã em chamas"

Não disse tal. Escrevi mesmo que “Os meios públicos de salvamento não chegariam a tempo (o incêndio propagou-se com grande rapidez) ” (http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/2005/08/individualismo.html).

Apenas no 2º post (http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/2005/08/os_destrocos_do.html) achei caricato que a BF, que estava no local, tivesse ficado a assistir enquanto os particulares procediam ao salvamento.

Publicado por: Joana às setembro 5, 2005 10:11 AM

Afinal só vou daqui a bocadinho. A fotografia pode ver-se aqui:

http://www.triplov.com/casquilho/misterio_portugues/index.html

Esse artigo foi escrito antes de eu saber da venda de reservas de prata em 1924, que só descobri porque fui estudar o contexto de Alves Reis.

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 10:30 AM

E o que é pior é que não tendo eu dúvidas de que se trata do Português, não consegui convencer o gemólogo Galopim de Carvalho que está a inventariar actualmente o que resta das jóais da coroa de Portugal, junto da I. Silveira Godinho que foi co-responsável pelo envio das jóias (as maiores pedras) para a Holanda, por um seguro miserável, onde foram devidamente roubadas, estava eu em Timor! Tenho ali a colecção de notícias que uma jornalista me arranjou que mostra que o roubo foi absolutamente inexplicável.

Help! Portugal tinha até há bem pouco tempo uma das maiores colecções de diamantes intermédios (15-25 cts.) do mundo, que podem estar paulatinamente a ser substituídos por zircões, sabe-se lá.

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 10:41 AM

Dedicado aqueles que acham isto bonito:

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=190808

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 11:00 AM

Afinal a Cultura pode ser simples e divertida. E eu que julgava o contrário ao ouvir a Antena 2

Publicado por: Diana às setembro 5, 2005 11:00 AM

Mas aquilo não tira que eu seja contra as limitações da liberdade de expressão em Cuba e a vergonha de haver prisioneiros políticos! Fidel, pá, vê lá se tens t. para corrigir a cena.

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 11:03 AM

pyrenaica às setembro 5, 2005 09:27 AM

É fácil matar-lhe os desejos, Pyrenaica.
Se viajar, como eu, 3 ou 4 vezes por ano para a Florida, entre Junho e Novembro, vai ver como acaba por lhe sair um furacão na rifa.
No meu caso foi o Charlie, em Orlando, o ano passado, e o Irene, em Miami, em 1999.

Mas devo dizer-lhe que não é a experiência radical mais intensa. Faz um bocado de barulho, é certo, mas passa depressa. Se quiser uma experiência realmente radical, faça o percurso Jidah - Koweit (com passagem por Ad Dammam), em Julho, num carro sem ar condicionado.

Publicado por: (M) às setembro 5, 2005 11:21 AM

Meu caro essa dos furacões acho giro mas eu sou logo detido na fronteira à conta de actividades anti-americanas hoje em dia, até o olho do c* me vão rastrear, creio.

Por falar nisso sabem que estive preso 5 minutos em Maputo? Foi muito engraçado eu tinha ido sózinho por ali fora do hotel Polana (só para café) ao longo da Julius Nyerere (antiga António Ennes) para descobrir e fotografar o antigo palácio do governador, ia a perguntar por ali fora, até fui perguntar à polícia, lá deescobri que devia ser aquilo que hoje é a Procuradoria- Geral da República, pus-me a fotografar e não liguei que aquilo tinha soldados. Um soldado foi chamar um polícia que veio ter comigo e queria o rolo porque não se podia fotografar aquilo. Eu disse que a máquina não tinha rolo porque era digital e ele ficou muito espantado e queria a máquina. Eu disse que a máquina, não e que se me ficasse com ela eu apresentava queixa de roubo junto da embaixada portuguesa imediatamente. Ele então deteve-me e levou-me ao comando da polícia e eu disse que sim senhor íamos já esclarecer tudo, para acabar a conversa. E lá fomos. Fui atendido por um subinspector lá tomou nota da ocorrência e de toda a minha identificação e avisou-me que em Moçambique não se podia fotografar edifícios do governo. Eu perguntei se isso estava escrito e ele disse que achava que não, mas que em Portugal também devia ser assim. Eu respondi que não sebnhor, em Portugal podia-se fotografar por fora, não se podia era fotografar por dentro a não ser com autorização especial. Ele ficou a pensar, lá viu as fotografias, achou que não tinham mal e lá
me vim embora com a máquina e as fotos (e não sugeri o mínimo pagamento porque não gosto de alimentar a corrupção, também não me sugeriram). Pronto. O outro polícia que me deteve disse desculpa pá mas eu tinha de fazer isto porque se rebenta bomba vem para cima de mim, e eu disse que estava bem, que assim ele ficava descansado. Depois lá apertámos as mãos, etc, até à próxima.

Quanto a isso dessa experiência de desidratação radical, meu caro, dispenso, já fiz um bocado do Sahara em Agosto e ia ficando marcescente de todo.

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 11:54 AM

Para sofrer, prfiro ficar cá. Sempre há o apoio da família e gente conhecida. Ir no Verão para o deserto e no Inverno para a Sibéria do Norte parece-me radical de mais.

Publicado por: Rui Sá às setembro 5, 2005 12:23 PM

Eu bem avisei qu'isto de cóltura não interessa.

Publicado por: Coruja às setembro 5, 2005 02:02 PM

Joana às setembro 4, 2005 06:57 PM

Escreveu que na blogosfera (referindo-se ao Katrina) "Há para todas os gostos e barricadas. E como todos sabem que os outros “também” não têm bases sólidas sobre a matéria, usam essas munições à vontade, pois estão seguros que não há hipótese de as validar ou invalidar de forma irrefutável". Acusa os bloguistas de "relativizarem a verdade" (possivelmente porque você, milagrosamente, tem acesso à verdade absoluta).

Mas leia o que escreveu Gary Becker sobre a blogosfera:

«A blogosfera é um importante fenómeno social, político e económico. Representa uma recente e impressiva exemplificação da tese de Friedrich Hayek de que o conhecimento está amplamente distribuído entre as pessoas e de que o desafio que se coloca à sociedade é o de criar mecanismos para partilha [pooling] desse conhecimento. O poderoso mecanismo que se tornou o foco do trabalho de Hayek, como dos economistas em geral, foi o mecanismo dos preços (o mercado). O mais recente mecanismo é a "blogosfera". Há 4 milhões de blogues. A internet permite a partilha [pooling] instantânea (e logo a correcção, o apuramento e a amplificação) das ideias e opiniões, factos e imagens, reportagens e investigações gerados pelos bloguistas.»

(tradução minha; o original está em:
http://www.becker-posner-blog.com/archives/2004/12/introduction_to_1.html)

Publicado por: J.A. às setembro 5, 2005 03:45 PM

pyrenaica às setembro 5, 2005 09:09 AM

Obrigado, ó grande Pyrenaica! Fiquei comovido com a fotografia do meu irmão de penas. Fiquei foi a pensar que, para eu voar como ele, era preciso uma envergadura algo maior: talvez do tipo Boeing 747...

Publicado por: Albatroz às setembro 5, 2005 04:06 PM

Portanto o liberalismo assegura a exactidão da informação?

Publicado por: Surpreso às setembro 5, 2005 04:14 PM

diz a Joana
"foi destruída até às fundações e o terreno arado e salgado, para que nada voltasse a crescer"
credo!
enfim, se reconhecem aqui, os efeitos do abandono da Faixa de Gaza pelo Tsahal israelita,,,
com uma ressalva - onde se lê salgado - deve ler-se betonizado,,,
é a evolução dos tempos
http://www.miftah.org/Display.cfm?DocId=1715&CategoryId=23

Publicado por: xatoo às setembro 5, 2005 05:44 PM

Ora bem, isto se calhar devia ir para outro post mas parece que gostamos tod@s ou pelo menos muit@s de espaços n-dimensionais, não?

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=190879


Pois..., bom quanto à contabilização do valor, se for incorporado o valor do oxigénio produzido (durante quantos anos?)e da biodiversidade queimada dá com certeza catástrofe nacional. Agora o problema é: garantir que esse dinheiro é aplicado na prevenção de fogos já com resultados bem visíveis no próximo ano e seguintes, de forma a que nos livremos desta depressão.

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 06:46 PM

J.A. às setembro 5, 2005 03:45 PM
Não retirei a importância à blogosfera. O que escrevi é que a blogosfera nacional se tem munido do afirmações de sites para justificar as suas convicções político-ideológicas, na maioria dos casos sem qualquer critério, para além de levar água ao respectivo moinho.
Em qualquer dos casos portou-se melhor que os jornalistas de causas que enxameiam pela nossa comunicação social, que só têm uma verdade e que só buscam munições que sustentem essa verdade.

Publicado por: Joana às setembro 5, 2005 07:05 PM

Ao menos na blogosfera há “verdades” para todos os gostos, embora umas mais fundamentadas que outras.
Provavelmente fui injusta na abrangência da crítica, mas achei caricato o afã desta discussão sobre o Katrina a “golpes de sites”, nomeadamente o frenesim dos órfãos de Lenine, permanentemente em busca de munições para assestar sobre o Satã americano.

Publicado por: Joana às setembro 5, 2005 07:12 PM

O mecanismo dos preços, em concorrência perfeita, é mais neutro que o mecanismo de troca de informações. É mais fácil enviesar uma “transacção“ de informações que uma transacção de um bem económico. A ideologia tem mais capacidade de subverter o “mercado” que o interesse material.

Publicado por: Joana às setembro 5, 2005 07:13 PM

O Satã americano não precisa que arranjemos munições. Há com fartura e fornecidas pelos próprios

Publicado por: Cisco Kid às setembro 5, 2005 07:22 PM

Já agora, da concorrência (Insurgente):
11 de Setembro de 2001. Atentado terrorista em Nova Iorque (e Washington). Colapso das torres gémeas do World Trade Center. Milhares morrem. O mayor da cidade, Rudy Giuliani, é aclamado pela sua liderança na gestão da catástrofe.

29 e 30 de Agosto de 2005. Furacão Katrina atinge a costa dos Estados de Louisiana, Mississipi e Alabama. Colapso dos diques de protecção de cheias. Estima-se que milhares morreram. O mayor da cidade de Nova Orleães (Louisiana), Ray Nagin, decretou a sua evacuação no dia 28 de Agosto mas o uso de autocarros escolares foi insuficiente para transportar os milhares de cidadãos que não possuiam viatura própria. O pavilhão de desportos (Superdome) para onde muitos foram evacuados não foi suficientemente equipado com stocks de água e comida. O presidente dos EUA, George W. Bush, é criticado pela falta de liderança na gestão da catástrofe e acusado, por alguns, de racismo.

Publicado por: Bsotto às setembro 5, 2005 07:28 PM

E, sobre o racismo, as palavras de Lou Dobbs, jornalista da CNN:

We should put in context, it seems to me also, that the city of New Orleans is 70% black, its mayor is black, its principal power structure is black, and if there is a failure to the black Americans, who live in poverty and in the city of New Orleans, those officials have to bear much of the responsibility.

Publicado por: Bsotto às setembro 5, 2005 07:30 PM

Joana,
Então desta vez em NOrleães não se aplicou o principio da solideriedade dos "privados", tal como aconteceu, na sua "neutral" visão, no caso do catamarã algarvio?

Publicado por: zippiz às setembro 5, 2005 07:30 PM

Joana às setembro 5, 2005 07:13 PM

Mas a concorrência perfeita só existe como abstracção, do mesmo modo que pode pensar na comunicação perfeita onde não haveria enviezamento porque todos poderiam aceder a tudo, instantaneamente.

Está a comparar um objecto que coloca na ordem do ideal com outro que retira do real.

Aristóteles: só se pode comparar o que é comparável (ou parecido com isto).

Quanto a Carthago ainda lá se vê uns poucos de tophets - que eu vi - mas olhe que me disseram que a versão do vencedor era muito distorcida. Bom, fica para outros esclarecerem melhor. A questão que mais me interessa é se a perspectiva sacrificial não pode ser entendida como força malthusiana a operar no subconsciente colectivo de civilizações com uma concepção sacrificial da origem, como no caso das civilizações meso-americanas.

PS: espero que não pense que eu sou orfão de Lenine; essa morte psicanalítica do partido-pai já a fiz em 1981, quando saí do PCP depois de ser "promovido"; de facto a liderança do BE não se dá nada bem comigo e já devem andar a discutir como é que eu poderei ser expulso, eheheh, conforme o seu presságio Joana de há um ano a propósito do meu esoterismo.

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 07:59 PM

Espero que não haja um terramoto em Lisboa, porque seria uma desgraça e porque obrigaria muitos destes gajos a engolirem todos estes disparates que têm dito

Publicado por: Surpreso às setembro 5, 2005 08:43 PM

Eu só não percebo é o que o assunto deste post tem a ver com as visitas do Carrilho e da Maria José ao Intendente.

Publicado por: Senaqueribe às setembro 5, 2005 09:44 PM

:))))))))

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 10:39 PM

Não resisto

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 11:11 PM

a uma capicua, antes de dormir ;)

Publicado por: pyrenaica às setembro 5, 2005 11:12 PM

A malta quer é coisa fracturante como dizer mal dos américas. Isto de coisas clássicas foi chão que deu uvas.

Publicado por: Rui Sá às setembro 6, 2005 06:44 PM

num dá o caraças meu, fica bem mais curioso

Publicado por: pyrenaica às setembro 6, 2005 07:11 PM

Parabéns por chamar a atenção para um autor com enorme importância (algumas obras chegaram-nos através de excertos dele). Está bem esvrito e diz o essencial. A sua avaliação é correcta.

Publicado por: Benamor às setembro 15, 2005 12:31 AM

Só é pena não ter tido o acolhimento que merecia.

Publicado por: Benamor às setembro 15, 2005 12:32 AM

Parabéns pelo post e pelo blog

Publicado por: J Mendes às setembro 18, 2005 12:21 PM

Interessante

Publicado por: dutra às setembro 24, 2005 11:38 PM

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