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setembro 07, 2005

A Seca na Publicidade

É consensual que a água é um recurso fundamental, porquanto sem ela a vida não seria possível, não só pela sua utilização directa pela humanidade, como pela manutenção da integridade e equilíbrio dos diversos ecossistemas, dos quais a humanidade, directa ou indirectamente, depende. Devem assim serem utilizados instrumentos de gestão dos recursos hídricos incentivando os utentes a adoptarem comportamentos de utilização desses recursos que sejam os mais eficientes e justos do ponto de vista da comunidade e que garantam, simultaneamente a preservação dos ecossistemas. Sucede que, em Portugal, a avaliar pelos anúncios profusamente transmitidos este Verão, espera-se que sejam apenas os particulares a terem esses comportamentos.

Em primeiro lugar, o abastecimento urbano doméstico representa 8,59% do consumo de água no nosso país, excluindo o consumo nas Centrais Térmicas. Se se incluírem estas, aquela percentagem passa para 7,27%. O consumo industrial (rede própria) é de 3,81% (3,23% com CT) e o dependente da rede pública é de 0,82%. A hotelaria e os campos de golf consomem 0,28% (0,24% com as CT). A agricultura consome 86,5% (73,2% com as CT). Por sua vez as Centrais Térmicas consomem 15,41%, (Valores do Plano Nacional da Água de 2001).

De notar que nestes valores não estão as quantidades turbinadas nas centrais hidroeléctricas, que representam cerca de 91% de toda a utilização da água no nosso país. Se o fizéssemos, os números anteriores teriam ser divididos por 10! É óbvio que as quantidades turbinadas nas hidroeléctricas são restituídas ao leito a jusante. Mas também as termoeléctricas restituem o caudal utilizado, embora em condições de temperatura diferente da anterior. E igualmente parte da água consumida pela agricultura e abastecimento público acaba por ser restituída à bacia hidrográfica da qual foi retirada.

Reflectindo sobre estes valores vemos que o os campos de golfe, diabolizados pelos exorcistas do pecado do lucro, representam cerca de 0,14% do consumo (os campos de golf consomem grosso-modo metade das quantidades destinadas ao turismo). Em contrapartida são os responsáveis pelo turismo mais rico per capita e permitem manter uma ocupação razoável na época baixa. São os campos de golf que sustentam parte da hotelaria algarvia.

Continuando a reflectir sobre esta problemática, verificamos que os destinatários da publicidade representam menos de 9% do consumo de água no nosso país. Portanto aquele anúncio destinava-se apenas a utentes que consomem 8,59% da água captada no nosso país. Ou 8,73% se incluirmos os campos de golf, relativamente aos quais diversos programas têm assinalado o carácter pecaminoso e iníquo da utilização do precioso líquido.

Debrucemo-nos agora sobre a água consumida no abastecimento público. As perdas da rede urbana, segundo uma estimativa que considero muito por defeito, representam cerca de 31% em média do continente. Todavia um estudo dos SMAS de Loures, há meia dúzia de anos, concluía que as perdas, só na rede secundária, andariam pelos 35%. É provável que as perdas nas redes de abastecimento, em alta e em baixa, rondem os 40%. Estas perdas devem-se, na sua quase totalidade, a sistemas de canalização envelhecidos, obsoletos, mal concebidos, mal instalados, mal soldados, etc.. Uma pequena parte resulta de má fiscalização das autarquias, que permite roubos.

Finalmente temos a questão das regas. Uma rega efectuada no Verão, com a insolação existente, é um desperdício enorme. As regas devem ser feitas de madrugada ou, de preferência, ao fim da tarde. Os agricultores particulares fazem-no quase sempre. Todavia os municípios não o fazem. Alguns privados, como aldeamentos turísticos, também o não fazem. A razão é simples: não querem pagar horas extraordinárias. O custo da água desperdiçada por evaporação devido a regas feitas às horas de maior insolação é inferior ao custo das horas extraordinárias. Tudo isto é perverso. Deveria haver turnos próprios, ou flexibilização de horários que permitissem que as regas se realizassem em horários convenientes e a custos razoáveis. Ou então sistemas de regas automáticas com temporizadores que desencadeassem as regas às horas convenientes.

São comportamentos como estes de que eu discordo frontalmente. As autoridades, neste caso a AdP, as autarquias (através dos SMAS) e, em certa medida, o INAG (e o Ministério do Ambiente), que tutela o domínio hídrico em Portugal, têm pesadas responsabilidades. Não podem desperdiçar água. Têm que dar o exemplo. É evidente que todos devemos poupar água, que é um bem precioso e indispensável à nossa sobrevivência. Mas as autoridades têm que dar o exemplo, não só pela utilização que fazem dela, como por melhorar os sistemas de abastecimento, de forma a baixar as perdas em carga para valores razoáveis.

É uma irracionalidade e uma iniquidade estar a ouvir aqueles anúncios, enquanto lá fora, em plena canícula, aspersores regam a relva inconscientes que uma parte significativa dela é perdida por evaporação, sabendo que as canalizações que nos trazem água a casa perdem cerca de 40% da água que recebem e sabendo que o abastecimento público é uma parte muito reduzida da captação total da água.

É a irracionalidade e a iniquidade da administração pública, central e local, que julga que está acima da lei e dos comportamentos racionais, que são só aplicáveis e exigíveis ao comum dos cidadãos.

Publicado por Joana às setembro 7, 2005 08:30 AM

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Comentários

Isto está uma seca

Publicado por: Chips às setembro 7, 2005 12:14 PM

Eu só espero é que uma geração nova, de que certamente a Joana fará parte, neste ou noutro «sistema político» - preferêncialmente noutro e sem os costumados «adesivos» - cadastre religiosamente esta e outras problemáticas e nos arranque deste atoleiro apodrecido de indigências, corrupções e incompetências.

Publicado por: asdrubal às setembro 7, 2005 12:25 PM

Essa irracionalidade nas regas não é, nem de longe, e ao contrário daquilo que a Joana sugere, uma exclusividade das autoridades públicas. Os jardins do Instituto Superior Técnico são sistematicamente regados durante o dia de trabalho, inclusivé às horas de maior calor; e frequentemente são mal regados, com água a ser dirigida para os caminhos, rega em excesso formando pequenos lagos, etc. Quando em Junho estive de férias no Algarve, o hotel em que permaneci também regava durante o dia. E regava áreas em excesso, isto é, regava relvados que tinham um objetivo meramente decorativo.

Há dois problemas de fundo. Um é o preço excessivamente baixo da água. Outro é a inconsciência das instituições em relação a esse preço. As instituições, talvez por estarem inconscientes dos preços, ou então por preferirem arcar com eles a arcar com problemas com os trabalhadores e com os utentes, preferem desperdiçar. É o caso, por exemplo, daquelas lojas que mantêm as portas abertas ao mesmo tempo que têm o ar condicionado ligado: a eletricidade é talvez cara, mas elas entendem que, se as portas estivessem fechadas, os clientes não entrariam.

Ou seja, o problema é largamente cultural e estrutural, ultrapassando largamente o caráter estatal vs. privado ao qual a Joana o pretende reduzir.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 7, 2005 12:38 PM

Além desta água toda de que a Joana fala, há ainda as extrações particulares por furos, que não são contabilizadas precisamente porque são particulares. Por exemplo, a maior parte das piscinas particulares é alimentada por furos artesianos pertencentes aos próprios proprietários das piscinas. E muitas moradias isoladas são também alimentadas por tais furos. A água assim extraída pode ser muita e, se fôr em aquíferos já muito explorados, pode lixar as contas todas. Por exemplo, o secretário de Estado do ambiente decidiu agora proibir, no Algarve, o enchimento de piscinas particulares a partir do aquífero Querença-Silves. É evidente que deve haver bué de piscinas nessas condições. O que não sei é como é que ele vai pôr em prática a proibição...

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 7, 2005 12:44 PM

Luís Lavoura às setembro 7, 2005 12:38 PM: Eu escrevi:
"As regas devem ser feitas de madrugada ou, de preferência, ao fim da tarde. Os agricultores particulares fazem-no quase sempre. Todavia os municípios não o fazem. Alguns privados, como aldeamentos turísticos, também o não fazem."

Onde é que eu sugeri que era uma "uma exclusividade das autoridades públicas"?

Publicado por: Joana às setembro 7, 2005 12:51 PM

Uma piscina tratada só muito raramente necessita mudar a água. Dura perfeitamente mais de 5 anos. Só necessita de repor a água que se perde por evaporação e pelo chapinhar das pessoas

Publicado por: Joana às setembro 7, 2005 12:54 PM

Nos valores que apresentei acima (fonte INAG) estão estimados, embora não saiba com que bases, as quantidades relativas à água extraída dos aquíferos.

Publicado por: Joana às setembro 7, 2005 12:56 PM

O IST não é uma entidade pública?

Publicado por: bsotto às setembro 7, 2005 12:59 PM

O Luis Lavoura e a Joana às vezes parecem as mulas alentejanas (salvo seja): cada um puxa para o seu lado. E o que tem mais graça é que ambos dizem coisas acertadas.
Abraços.

Publicado por: JMTeles da Silva às setembro 7, 2005 01:18 PM

Ainda bem que choveu! Quanto a isso da relva só agora é que começa a mudar a mentalidade de quem achava que o bonito era isso. Usem-se plantas mediterrânicas e escalracho.

Publicado por: pyrenaica às setembro 7, 2005 01:25 PM

O escalracho é relva. Aliás, é a espécie de relva mais utilizada em Portugal por ser mais fácil de plantar e resistir melhor a andar por cima dela.

Publicado por: Rave às setembro 7, 2005 01:51 PM

Fernando Rosas, um infiel que ainda não teve tempo de analisar a candidatura do seu kamarada de partido ás presidenciais, provavelmente porque está a ler o manifesto do avôzinho, vem hoje analisar o furacão Katrina.

É um texto muito confuso cheio de palavras esquisitas e conceitos muito elaborados para a minha cabecinha mas uma frase retenho:

“Cerca de 70 por cento do meio milhão de habitantes da cidade são afro-americanos”
Ora isto aponta para que o texto da Dra. Joana de ontem no DN afinal esteja certo.
Se eles, coitados, são metade africanos e outra metade americanos então a metade africana devia pedir ajuda era á Dra. Fátima Monteiro e a outra metade ao presidente da Câmara lá do sítio.
Mas como este é preto isto pode ficar muito complicado.
Ora Fernando Rosas sabe que “ao contrário do mito corrente, a tragédia de Nova Orleães não tratou todos por igual, não foi nem social, nem racialmente cega”.

Portanto isto leva a crer que o Santa Ana Lopes lá do sítio seja preto por fora mas branco por dentro.
Será?

Com tanta água que os senhores políticos metem, como é que ainda se fala de seca?

Publicado por: carlos alberto às setembro 7, 2005 02:26 PM

As piscinas cheias com água de furos artesanais, não pesam no "orçamento" difícil da disponibilidade da água, visto que ela vem do chão. E depois de evaporada, ela há-de regressar sob a forma da chuva, a alimentar os rios e os ribeiros. É verdade, como estará o rio vascão nos algarves? Se calhar corre apenas virtualmente nestes tempos de estio.

Publicado por: Tomás às setembro 7, 2005 02:28 PM

carlos alberto em setembro 7, 2005 02:26 PM:
O Presidente da Câmara é afro-americano

Publicado por: Sa Chico às setembro 7, 2005 03:01 PM

bsotto às setembro 7, 2005 12:59 PM

O IST é uma entidade pública mas paga a água que consome. (Quer dizer: se não tiver as contas em atraso. Aqui há uns anos atrás, o IST tinha em atraso anos de pagamento à EDP.) Tem portanto, em princípio, estímulo para poupar água.

Aliás, as Câmaras Municipais também pagam a água de rega que consomem.

Ou seja, o facto de uma entidade ser pública não quer dizer que não tenha estímulo financeiro para poupar a água.

Só que, como o preço da água é muito baixo, não compensa o esforço.

Se qualquer dos meus leitores analizar a sua fatura da água, depressa chegará à conclusão de que a maior parte dos items nela presentes são custos fixos: aluguer de contador e taxas diversas. Quer isto dizer que, se um indivíduo gastar um bocado mais de água, a fatura pouco aumenta. Há pois pouco estímulo para poupar. E isto tanto vale para públicos como para privados.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 7, 2005 03:20 PM

Joana às setembro 7, 2005 12:54 PM

Não tenho nenhuma piscina. Mas um parente meu que tem uma, em Abrantes, diz que a alimenta por um furo porque se o fizesse com água da rede ficaria muito caro. Diz que consome imenso por evaporação. Imenso mesmo.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 7, 2005 03:23 PM

JMTeles da Silva às setembro 7, 2005 01:18 PM

Posso parecer uma mula, ou até um burro, e há até quem me considere um macho. Mas alentejano não sou de certeza. Sou de origem nortenha (Porto da parte da mãe, Bairrada do pai). Nasci no Porto e, embora vivendo em Lisboa, mantenho-me fiel à minha terra.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 7, 2005 03:24 PM

Seca: Número de municípios abastecidos por autotanques sobe de 43 para 56


Lisboa, 07 Set (Lusa) - O número de municípios que recorrem a autotanques para abastecer os seus reservatórios devido à seca subiu 43 para 56 na última quinzena de Agosto, revela o último relatório sobre a seca.

O relatório da Comissão para a Seca 2005 mostra que, apesar da ligeira diminuição da percentagem do território em seca extrema na última quinzena de Agosto (de 75 para 71 por cento, mantendo-se 29 por cento em situação de seca severa), aumentou o número de municípios que recorrem a autotanques.

A população afectada por esta situação subiu também, passando de 54.482 habitantes para 71.984.

Em 36 municípios verificaram-se reduções nos períodos de abastecimento que afectaram 98.875 pessoas.

Apesar de tudo, o relatório indica que a qualidade da água para consumo humano está garantida.

Apenas 16 autarquias referiram alguma diminuição da qualidade, estando a situação a ser acompanhada pelas entidades gestoras dos sistemas de abastecimento urbano, através do reforço das análises e tratamento da qualidade da água.

Cerca de 66 por cento dos concelhos desencadearam medidas de racionalização do uso da água, mas apenas 8,3 por cento calcularam a poupança que foi efectivamente atingida, indica um levantamento feito pelo Instituto Regulador de Águas e Resíduos.

Os principais problemas identificados pelos municípios prendem- se com o baixo nível de água nas origens subterrâneas (81 autarquias) e nas albufeiras (58 autarquias).

A sobre-exploração dos aquíferos está aliás a ser alvo de algumas medidas preventivas, como assinalou terça-feira o secretário de Estado Humberto Rosa na apresentação do relatório.

Os aquíferos com restrições situam-se em Aveiro, Beja e no Algarve (Querença-Silves).

Humberto Rosa salientou que "há sinais de intrusão salina" no aquífero Querença-Silves e que o seu actual ritmo de exploração se encontra a "um nível insustentável" o que obrigou a reforçar a fiscalização de furos ilegais.

Os volumes armazenados nas albufeiras também desceram na última quinzena de Agosto.

A bacia do Arade, por exemplo, está a 6,1 por cento da sua capacidade.

Apenas as bacias do Mira, Cavado, Lima, Douro, Mondego, Tejo e Guadiana ultrapassam os 50 por cento de volume de água armazenado.

Publicado por: xatoo às setembro 7, 2005 03:31 PM

A intrusão salina até é óptima para as piscinas. Parece que estamos na praia.

Publicado por: Coruja às setembro 7, 2005 03:35 PM

A utilização de água no Algarve está a um nível insustentável e, tendo em conta que nada nos garante que não haja mais um ano de seca - os anos de seca na Península costumam vir em grupos de 2 ou 3 - penso que é criminoso e irresponsável que nada tenha sido feito para restringir o turismo nessa região durante o Verão que acaba de passar. Com efeito, a maioria do turismo no Algarve é, atualmente, turismo interno - portugueses que passam lá as suas férias - e em nada contribui para o equilíbrio da balança de pagamentos. Penso que um governo responsável deveria ter tido a coragem de bater o pé ao lobby do turismo algarvio e de restringir fortemente a passagem de férias por portugueses nessa região, este ano.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 7, 2005 04:11 PM

Publicado por: Sa Chico às setembro 7, 2005 03:01 PM

Que incrível.
Mas então penso eu de que será parte americano e parte africano.
Ora é importante saber este pormenor porque se a cabeça é africana então não estava a pensar nos pobres coitados que Fernando Rosas vê na televisão e que nem á força das armas querem sair das suas casas.

Publicado por: carlos alberto às setembro 7, 2005 04:33 PM

Luís Lavoura às setembro 7, 2005 04:11 PM:
Desculpe lá, mas você não deve estar bom da cabeça.
Como é que um governo responsável deveria ter tido a coragem de bater o pé ao lobby do turismo algarvio e de restringir fortemente a passagem de férias por portugueses nessa região, este ano?

Outra coisa: Você não foi passar duas semanas de féria para os lados do aquígero de Querença-Silves? Pelo menos foi o que escreveu aqui há mai de um mês.

Foi vítima do "lobby do turismo algarvio"??
Você só olha para os outros?

Publicado por: V Forte às setembro 7, 2005 04:59 PM

carlos alberto às setembro 7, 2005 04:33 PM:
O Mayor de New Orleans tem todos os tiques de vitimização rácica. Era ele que tinha que organizar a evacuação, agrupar as pessoas,disponibilizar os autocarros municipais, não mexeu uma palha e depois fez queixinhas do Bush

Publicado por: V Forte às setembro 7, 2005 05:02 PM

V Forte às setembro 7, 2005 04:59 PM

Sim, passei 10 dias de férias em Albufeira em Junho. Rejo-me pelas mesmas regras de todos. Se toda a gente vai para o Algarve, porque é que eu hei-de evitar ir? Mas penso que o governo deveria de alguma forma ter restringido as férias de portugueses no Algarve este ano. As de todos os portugueses, não apenas as minhas. Mas não sei como e se isso poderia ser feito.

Estou louco? Talvez. Mas há um sério risco de os algarvios não terem em breve água para beber, porque a água existente foi toda gasta pelos turistas durante o Verão.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 7, 2005 05:13 PM

Volto a falar deste índice para demonstrar uma análise que ninguém se lembra de fazer.

Portugal caíu mais um lugar, desta vez para 27º, último dos 15, e atrás da eslovénia.

Mas agora vou Falar de Países Monárquicos versus Repúblicanos.

Ranking do Desenvolvimento Humano 2005
1 - Noruega (M)
2 - Islândia (R)
3 - Austrália (M)
4 - Luxemburgo (M)
5 - Canadá (M)
6 - Suécia (M)
7 - Suíça (R)
8 - Irlanda (R)
9 - Bélgica(M)
10 - Estados Unidos (R)
11 - Japão (M)
12 - Holanda (M)
13 - Finlândia (M)
14 - Dinamarca (M)
15 - Reino Unido (M)

Ou seja nos 15 mais desenvolvidos do mundo existem nada mais nada menos do que 11 Monarquias e 4 Repúblicas. nos 5 primeiros existem 4 monarquias.

Vocês decidam

Publicado por: Braveman às setembro 7, 2005 05:18 PM

O Negócio da Água

A India devido ás suas caracteristicas demográficas é um dos casos caracteristicos do tipo de exploração levado a efeito dos seus recursos hidricos.
Durante os ultimos 50 anos a India construiu cerca de 3500 Barragens (3500!) orçadas em cerca de 22 biliões de rupias. No entanto existem hoje mais áreas em risco de Seca e de Inundações do que havia em 1947.
Criadas sob a propaganda da produção de electricidade hoje apenas produzem 3% do valor previsto a que se tem de descontar ainda a energia necessária para transportar a água pelos milhares de canais de rega. Consomem mais do que o que produzem e são hoje obsoletas. Há ainda pelo menos 250 milhões de pessoas que não dispõem de água potável e pelo menos 350 milhões (+ de 80%) de pessoas não têm electricidade nas suas habitações rurais.
Não existem estimativas oficiais mas supôe-se que tenham sido desalojadas por estas construções mais de 50 milhões de pessoas que foram engrossar os bairros degradados dos suburbios de Deli,Bombaim, Calcutá e outras grandes cidades, a troco de indemnizações irrisórias.
Só no Vale do rio Narmada foram submersos 50000 hectares de floresta virgem
Por detrás destes “grandes projectos de desenvolvimento” está, como sempre, o Banco Mundial.(b)
Ainda antes que se concluam os estudos e os projectos eis que o Banco Mundial (ou seja o Banco Federal Americano) desde sempre se ofereceu sem condições para financiar por “tranches” estes mega empreendimentos.
A India encontra-se hoje numa situação em que aquilo que paga de taxas de juro é superior ao valor que recebe de financiamento. São forçados a contrair novos empréstimos para liquidar as dividas antigas. Segundo o relatório anual do Banco Mundial a India entre 1993 e 1998 pagou ao Banco mais 1475 biliões de dólares mais do que recebeu.
Intitulados pomposamente Consultores Internacionais do Ambiente os Executivos neo-Imperialistas com os seus politicos , burocratas e companhias têm hoje um negócio montado a nivel Global de Construção de Barragens que vale mais de 20 biliões de dólares por ano fazendo sempre uma pressão contínua pressionando sempre para “vender” mais ...
Acrescente-se depois a Privatização das empresas distribuidoras da Água computarizada e aqui temos mais um expediente descarado de tirar a água, a terra e a irrigação a milhões de pobres para a dar aos ricos.É disto que vive a “produção” da economia corruptora nas grandes “Democracias” EUA/GB

-a) Dados retirados de “Pelo Bem Comum” de Arundhati Roy e de
-b) Patrick McCully – Silenced Rivers ( The Ecology and Politics of Large Dams) 1998
-c) http://www.panda.org/about_wwf/what_we_do/freshwater/what_we_do/policy_events/dams/index.cfm

Publicado por: xatoo às setembro 7, 2005 05:40 PM

Xatoo: Isso são histórias de ambientalistas. Criaram milhares de sites a dizerem os maiores disparates

Publicado por: AJ Nunes às setembro 7, 2005 06:01 PM

Haver ambientalistas e organizações que chamem a atenção para agressões ambientais é importante.
Quando isso se transforma em doença e em fundamentalismo é uma desgraça

Publicado por: AJ Nunes às setembro 7, 2005 06:03 PM

Publicado por: V Forte às setembro 7, 2005 05:02 PM

Shiuuuuuuuuuu!!!
Isso não se pode escrever, não é bonito, não é politicamente correcto e acima de tudo não é aprovado pelo Dr. Fernando Rosas.

Publicado por: carlos alberto às setembro 7, 2005 06:10 PM

“””Encontramos neste livro pessoas tão diferentes como Adelino Gomes, Ana Gomes, Sousa Franco, Bento Domingues, Boaventura Sousa Santos, Eduardo Batarda, Ferro Rodrigues, Rui Vilar, Fiama Hasse Pais Brandão, Jorge Sampaio. D. José Policarpo, Manuel Gusmão. Maria Velho da Costa, Miguel Portas, Silvina Rodrigues Lopes, Rui Zink, Vasco Gonçalves ou Urbano Tavares Rodrigues - entre muitos outros que não posso mencionar neste momento.

Eduardo Prado Coelho (Filho) no Público.”””

Dois bilhetes de peão para o Sporting – Benfica a quem descobrir em que é que são ou eram todos iguais.

Publicado por: carlos alberto às setembro 7, 2005 06:13 PM

Sendo a água um bem de crescente raridade, e sendo o bolso o primeiro causador da consciência cívica em países onde está não está desenvolvida, o aumento do preço da água devia ser ponderado... Resguardando os impactos sociais. Isso e as coimas contra empresas e jardins que deixam água a correr para estrada como se observa (por exemplo) por todo o recinto da Expo98, em Lisboa.

Publicado por: Rui Martins às setembro 7, 2005 07:00 PM

o escalracho não é relva pá, é escalracho. A relva dos golfes e futebóis evapotranspira muito mais.

Publicado por: pyrenaica às setembro 7, 2005 07:53 PM

Os relvados podem ser feitos de grama (semeada) ou escalracho (plantando os pés um a um). O escalracho é mais resistente, dá menos trabalho e necessita menos de água, mas a grama é mais bonita.
Os relvados dos estádios são de grama, que é mais sedosa (o escalracho pode ser cortante)

Publicado por: soromenho às setembro 7, 2005 08:37 PM

Á relva (grama) só é mais bonita se for hiper-regada. É verdade que é tudo algo disparatado como por exemplo aqui onde moro os jardins serem regados com a´gua de Castelo de Bode! Mesmo ao lado da ribeira! (eu herdei isso assim) Felizmente que no PP que está a chegar já consegui introduzir a recuperação do velho poço da quinta para suporte do futuro sistema de irrigação. Vou hoje conhecer melhor os detalhes.

Resultado: relvados da tal grama bonita estão feios com um ar doente porque o SMAS diminuiu a pressão em tempo de seca!

Agora "É a irracionalidade e a iniquidade da administração pública, central e local, que julga que está acima da lei e dos comportamentos racionais, que são só aplicáveis e exigíveis ao comum dos cidadãos" parece-me a diabolização do "inimigo". Existem muitos e muitos funcionários públicos que dão o seu melhor para efeitos de serviço público em ambientes muito carregados com chefias anquilosadas, etc. E existem muitos privados que o que querem é comer o seu naco e portanto montam negócios como os relvados de grama, etc.

Publicado por: pyrenaica às setembro 7, 2005 08:50 PM

Braveman às setembro 7, 2005 05:18 PM
Monarquias versus Repúblicas
"Vocês decidam"

Pronto, já decidi. Também quero ser rei!

Publicado por: Senaqueribe às setembro 7, 2005 09:22 PM

Publicado por: carlos alberto às setembro 7, 2005 06:10 PM

O que é que o Rosas lhe fez ? Vc está mesmo zangado com ele !

Publicado por: zippiz às setembro 7, 2005 10:17 PM

Caro Pyrenaica:

Saúdo efusivamente o teu regresso.
Ainda não fui de férias. O que se passa é que andamos a fazer "brainstormings" (não sei é se, como somos funcionários públicos, temos "brain", quanto mais "storming") em catadupa a ver se construímos um sistema de informação que facilite a vida ao utente e, em última análise, torne o nosso serviço mais eficiente, permitindo-nos trabalhar com 1/7 dos funcionários de há 15 anos.
Depois, sobram estas horas malucas para vir aqui...

Publicado por: Vítor às setembro 7, 2005 10:18 PM

Senaqueribe às setembro 7, 2005 09:22 PM:
Mas você já tem um trono na Assíria à sua espera.

Publicado por: David às setembro 7, 2005 10:20 PM

asdrubal às setembro 7, 2005 12:25 PM

Vejam esse comentário. O asdrubal deve pensar que está a falar com a Donzela de Nova Orleães...

A salvação pela mão de Santa Joana? Era só o que me faltava ler...

# : - ))

Publicado por: (M) às setembro 7, 2005 10:29 PM

É verdade, tenho um trono na Assíria à minha espera. Tinha-me esquecido.
E aquilo por lá é mais reinadio...

Publicado por: Senaqueribe às setembro 7, 2005 10:30 PM

Quanto às C4 (e C3), isso até tem interesse para o meu "métier": a vinha é uma C4 e, portanto, existe uma maior percentagem de Carbono13 nos acúcares e no álcool vínicos, do que, por exemplo, nos açúcares e álcoois de cana ou milho, que são C3.
Como vês, isto anda tudo ligado.

Mais uma vez: bem vindo!

Publicado por: Vítor às setembro 7, 2005 10:33 PM

Finalmente chegámos aos vinhos.
Já não sei quem escreveu que este blog parecia um hipermercado pela variedade de produtos nos escaparates.

Publicado por: Rui Sá às setembro 7, 2005 10:36 PM

(M): esteja descansado. Faltam-me uma data de predicados - virgindade, nunca sitiei Orleães (a velha e a nova), ando mal a cavalo, não sei empunhar a lança, aquela armadura não me fica nada bem e, pior que tudo, não ouço vozes.

Publicado por: Joana às setembro 7, 2005 10:40 PM

O próximo post de Joana é sobre as afirmações de Barbara Bush, acerca das condições dos que sobreviveram ao desastre de NO.

Publicado por: zippiz às setembro 7, 2005 10:41 PM

Quase que adivinhou

Publicado por: Joana às setembro 7, 2005 10:50 PM

(M)em Setembro 7, 2005 10:29 PM,

Refere-se à Joana D'Arc ? Mas essa é a patrona do Le Pen e também não vejo porque não confundiria os «registos». Uma nova geração, sim, com esta e muitas mais Joanas, outro sangue, e sem a persistente morrinha desta república falecenda. Dasse.

Publicado por: asdrubal às setembro 7, 2005 10:51 PM


O facto de as monarquias serem regimes mais estáveis não é uma consequência do tipo de regime. O serem monarquias é um efeito.

Ou seja, se não houvesse estabilidade mas sim conflitualidade política, já eram repúblicas. A república é, por natureza, um regime de luta política.

A monarquia, é um regime de aceitação de uma certa ordem natural das coisas, onde escolher não é tão importante como a estabilidade trazida por não haver demasiado a escolher (tal como não escolhemos os pais nem o País onde nascemos e raramente isso se revela um problema). Isso é sintoma de estabilidade política e social. A mesma que traz desenvolvimento.

Ou seja, só depois de se terem condições estáveis de desenvolvimento é que surgem as condições para a monarquia perdurar.

Ah! E é verdade, Senaqueribe, numa monarquia "normal" ninguém quer ser Rei. Ninguém pode querer ser rei. Nem o próprio Rei escolhe ser Rei. Nasce Rei pela mesma razão que todos os outros não o nascem. Só pode abdicar de o ser ou aceitar. E é precisamente a "morte" dessa ambição que traz estabilidade ao regime.

Em República, ao contrário, muitos sonham ser Presidente. E é essa ambição que traz a conflitualidade política, a potencia e promove menos condições de estabilidade. Só que a República também já é um efeito dessa instabilidade latente na sociedade.

Publicado por: J P Castro às setembro 7, 2005 11:28 PM

Muito bem observado, J P Castro. Concordo inteiramente consigo

Publicado por: AJ Nunes às setembro 7, 2005 11:34 PM

Yin-Kuo! Estive numa reunião de associação. Olha se há conselho que eu possa dar é o de cultivar o desapego, é a única maneira de rir da mesquinhez. Viva mãe África.

Publicado por: pyrenaica às setembro 7, 2005 11:48 PM

Yin-Kuo se queres que te mande uma ou outra foto gira mete aí um mail. Mas daqui a bocadinho vou dormir.

Publicado por: pyrenaica às setembro 7, 2005 11:56 PM

"Uma piscina tratada só muito raramente necessita mudar a água. Dura perfeitamente mais de 5 anos. Só necessita de repor a água que se perde por evaporação e pelo chapinhar das pessoas"

Cara Joana,

5 anos? Eu se fosse a si nao me ficava por menos de 15!! Sempre dizia um disparate com alguma estatura... Se me permite ponho apenas algumas questoes fruto certamente da minha ignorancia:
A Joana ja viu pocas de agua depois de chover? Quanto tempo demora a evaporar? Sabe quantos litros de agua ficam retidos em media numa regiao urbana devido a ma drenagem e quanto tempo demoram a secar?
Quando a Joana esta a "repor" a agua da sua piscina que evaporou estara por ventura a "repor" precisamente a mesma agua que evaporou? Como e que faz isso? tem um microchip em cada gota de agua da piscina para a poder recuperar mais tarde?
Se a Joana esta a "repor" agua sem a mudar porque e que tem de acrescentar mais cloro/ozono/expor a lampada UV a "agua reposta"?

Publicado por: Lowlander às setembro 8, 2005 12:16 PM

J P Castro em Setembro 7, 2005 11:28 PM,

Gostava de aqui lhe deixar uma pergunta em relação com seu interessante texto, e que seria esta :
- Quando escreve que «só depois de se terem condições estáveis de desenvolvimento é que surgem as condições para a monarquia perdurar», referir-se-á a uma necessária e prévia "restauração" da república ?

Publicado por: asdrubal às setembro 8, 2005 02:01 PM

Apenas tenho a experiência da piscina do meu pai (16x7). No Verão desce entre 2cm a 3cm por semana por evaporação.
Tem uma bomba de cloro, mas deixou de usar porque o ruído é irritante e não é muito eficaz. A solução pastilhas de cloro postas nos skimmers e num cesto próprio (o cloro é muito agrssivo) é mais eficaz.
Também deixou de usar algicida.
O cloro "evapora-se" com uma velocidade proporcional ao cubo da temperatura. Por isso nunca cobrimos a piscina com plásticos ou algo que potencie o calor. Quando está sem utilização prolongada colocamos rede verda da construção civil por cima para evitar sujidade.

Publicado por: Joana às setembro 8, 2005 02:08 PM

Joana às setembro 8, 2005 02:08 PM
Mudem isso para água salgada, e fica sem problemas durante muitos mais anos.Um autotanque dos bombeiros abastece isso nas calmas, sem grandes custos.
Essa deve ser aliás, a razão de algumas das suas tomadas de posição ideológica - o Cloro afecta a vista e irrita a sensibilidade emocional.

Publicado por: xatoo às setembro 8, 2005 02:19 PM

xatoo: você não sabe fazer contas. Aquela piscina deve levar perto de 200 m3 de água. Seriam precisos dúzias de autotanques.
Uso óculos de natação. O cloro não me afecta, excepto, raramente, a rinite alérgica. Mas isso apenas nas piscinas públicas que têm demasiado cloro.

Publicado por: Joana às setembro 8, 2005 02:28 PM

O mesmo não direi das elevadas concentrações de ozono que o deixam debilitado.

Publicado por: Joana às setembro 8, 2005 02:29 PM


asdrubal às setembro 8, 2005 02:01 PM

"- Quando escreve que «só depois de se terem condições estáveis de desenvolvimento é que surgem as condições para a monarquia perdurar», referir-se-á a uma necessária e prévia "restauração" da república ? "

Não necessariamente. Há períodos históricos de monarquia mais instáveis do que outros períodos de República. Os exemplos abundam. Portanto, não é tão linear assim.

No limite, uma República pode convergir para uma quase-monarquia desde que não hajam limites constitucionais que impeçam a sucessiva reeleição de um presidente. Haja estabilidade social e isso acontece naturalmente. E também não é de estranhar que, na morte deste, o candidato vencedor fosse o filho.

Já alguém pensou no caso Soares : se em 96 ele pudesse ser reeleito ainda lá estava. E se o filho não fosse a personalidade que é e se preservasse mais (como o fazem os princípes) até se poderia candidatar numa eventual sucessão. E estaríamos formalmente em República !

Exemplo disso é o caso da Síria. Presidente Hassad-pai governa até morrer e é reeleito o Presidente Assad-filho na eleição seguinte. É uma República ?

E já nem falo da Coreia do Norte porque não há eleições lá, pelo que se pode chamar aquilo de monarquia mesmo.

Nestes casos, a diferença para as monarquias é que as regras da sucessão são claras !


A monarquia é o regime mais "natural" que existe.

Só que o que é "natural" só sobrevive com estabilidade. Daí eu dizer que a associação feita entre desenvolvimento-estabilidade é a essencial e a associação estabilidade-monarquia ser subsidiária daquela. Como corolário, obtemos a observada associação desenvolvimento-monarquia no ranking da ONU. Mas não podemos esquecer que é a estabilidade que liga as duas.


Por fim, e respondendo à sua pergunta:

a "restauração" da república é condição prévia se ela trouxer estabilidade. Isso só é possível com mandatos maiores e retirada dos limites constitucionais à reeleição.

Publicado por: J P Castro às setembro 8, 2005 07:02 PM


Decorrendo deste, um assunto essencial:

já repararam que na III república portuguesa chegámos à triste situação em que os cargos de topo (Presidente,etc) têm limites de mandatos e na parte inferior da hierarquia (autarquias, etc) podem manter-se autênticos dinossauros e caciques.

Isso explica muito da desgraça actual de Portugal.

É que deveria ser exactamente ao contrário: mandatos menores e maiores limitações nos níveis inferiores da hierarquia e possibilidade de maior estabilidade e continuidade no topo.

Publicado por: J P Castro às setembro 8, 2005 07:09 PM

J P Castro em Setembro 8, 2005 07:02 PM

Caramba, antes mesmo de lhe agradecer o esclarecimento, confesso que tenho alguma dificuldade em seguir o seu raciocínio :
Então entende que à Coreia do Norte «podemos chamar aquilo uma monarquia mesmo» e, simultâneamente, entende que a monarquia é o regime mais "natural" que existe ?
Suspeito que laboro num equívoco acerca do adjectivo "natural". Também, mesmo que tenha sido, digamos assim, cuidadoso, quando se refere a uma quase-monarquia por meio de um prolongamento dos mandatos presidenciais ou através da possibilidade constitucional de sucessivas reeleições, o certo é que o que mais distingue a República é a origem partidária dos candidatos, o apoio que aí recolhem, e a consequente exclusão do eleitorado de outros ou outro candidato na representação nacional, eleitorados aliás que nem sequer esgotam a Nação.
Enfim, julgo saber que foi já aprovada na AR uma lei de limitação de mandatos autárquicos ...

Publicado por: asdrubal às setembro 8, 2005 09:00 PM

Essa conversa está interessante

Publicado por: pyrenaica às setembro 8, 2005 09:06 PM


Quando digo "natural" refiro-me às monarquias que seguem as regras da sucessão. Aí, a simples hereditariedade decide. E não há nada mais "natural" e impossível de determinar - pelo menos até a bioengenharia entrar em cena.

No caso da Coreia, a minha frase era um pouco irónica. No entanto se ao filho ainda vier a suceder o neto, etc... posso estar mais perto da verdade ao prever a dinastia Kim. :)

Publicado por: J P Castro às setembro 8, 2005 11:28 PM


A característica que distingue a República, na sua opinião, é uma consequência daquela que eu indiquei antes: a República é um regime de conflito político por natureza.

Tal conflito chega ao ponto de provocar a exclusão do resto da sociedade civil e promover os actores desse conflito - os partidos.

No entanto, a possibilidade de uma pessoa ser sucessivamente reeleita torna essa pessoa (quando estiver já no seu terceiro mandato, por ex.) representante do povo, mais do que dos partidos. Só isso pode tornar tal Presidente mais forte do que os partidos.

Tal como, em monarquia, o Rei deve ser independente da classe política e mais forte do que ela, por representar o conjunto do povo - passado e futuro.

Neste aspecto, a limitação da possibilidade de reeleição é um instrumento dos partidos contra a cada vez maior influência do Presidente - ver o caso de Eanes em 82.

Acaba por ser a única forma de impedir que um Presidente se torne em quase-Rei. Mas traz também a semente da instabilidade conflitual partidária para o topo da Nação.

Acho que mais claro não posso ser.

Publicado por: J P Castro às setembro 8, 2005 11:41 PM


Mentira: pode-se sempre ser mais claro... em qualquer situação. :)

Publicado por: J P Castro às setembro 8, 2005 11:43 PM

Muito obrigado, JP Castro.
Agora entendi perfeitamente. As monarquias europeias souberam conciliar a conflictualidade da república com a Instituição Real. Nós, não.
Pior do que isso, perdura ainda hoje a dicotomia - desconhecendo eu com que dimensão ou extensão - entre os adeptos da Constituição Histórica e os Constitucionalistas Liberais. Pensei que se posicionasse numa destas "correntes" quando escreveu que «só depois de se terem condições estáveis de desenvolvimento [e tomei a liberdade de interpretar "pela restauração da res-pública"] é que surgem as condições para a monarquia perdurar».
Enfim, de qualquer maneira, se excluírmos os brevíssimos períodos de recente e de franca prosperidade (por efeito sobretudo de factores exógenos), na minha opinião, Portugal corre a uma crise de grandes dimensões.

Publicado por: asdrubal às setembro 9, 2005 01:13 AM

Pois é

Publicado por: Coruja às setembro 14, 2005 12:50 AM

Uma crise enorme.

Publicado por: Coruja às setembro 14, 2005 12:50 AM

Seca, claro

Publicado por: didi às setembro 14, 2005 01:06 AM

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