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setembro 11, 2005

Apelo vicioso

Os ministros das Finanças da UE, durante o conselho informal da Ecofin, lançaram um apelo a acções urgentes com vista ao crescimento e criação de empregos no quadro da Estratégia de Lisboa, destinada a promover a competitividade da economia. A estratégia defendida pelo Ecofin incidiu em "políticas sociais e laborais modernas, que combinem flexibilidade e justiça", a par do empenho na formação e na eliminação de barreiras burocráticas. Também foi defendido um mercado único genuíno de serviços e abertura nas trocas comerciais tanto entre os Estados membros da UE como com os seus principais parceiros mundiais.

Os ministros das Finanças da UE são os principais responsáveis, a par dos respectivos 1º-ministros, pela implementação das acções urgentes, objecto do apelo de Manchester. A directiva Bolkenstein, sobre o mercado único de serviços, ficou em “banho-maria” por causa do “canalizador polaco” (ou será que o “canalizador polaco” tornava o mercado menos “genuíno”?). As "políticas sociais e laborais modernas, que combinem flexibilidade e justiça" têm sido diabolizadas, estiveram na base do Não francês e têm mantido Schröder na corrida para o poder (a crer nas sondagens), apesar da estagnação económica para onde conduziu a Alemanha. Sócrates só ganhou as eleições prometendo exactamente o contrário do apelo de Manchester (ou será que “modernas” é um adjectivo destinado a permitir leituras diversas e contraditórias?). Há adjectivos que os políticos usam, com frequência inusitada, como advérbios, ou seja, para alterar ao significado ao resto do discurso.

Ou seja, os ministros das Finanças da UE apelam a eles próprios para fazerem aquilo que a maioria deles não tem querido ou conseguido fazer. Os ministros das Finanças da UE refugiam-se atrás de si próprios para engrossarem a voz e lançarem apelos que não têm coragem de formalizarem, sozinhos, nos respectivos países. Os ministros das Finanças da UE fazem um apelo circular. É um círculo vicioso. É um apelo vicioso.

Publicado por Joana às setembro 11, 2005 07:08 PM

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Comentários

Olha Joana não sei se vicioso mas é com certeza vicious a tentativa de relaxar os direitos dos trabalhadores para melhor os poder explorar entre a instabilidade a montante e o endividamento a jusante. A vicious attempt to maximize profits, as always.

Publicado por: pyrenaica às setembro 11, 2005 08:58 PM

Quando os trabalhadores vão para o desemprego por as empresas falirem ou irem embora, perdem muito mais direitos. Perdem todos os direitos.

Publicado por: Sa Chico às setembro 11, 2005 09:02 PM

E já que é circular pode acrescentar-se: e entre o endividamento a montante e a instabilidade a jusante.

PS: já que não há capicuas à vista desta vez fiz aberturas. Boa noite.

Publicado por: pyrenaica às setembro 11, 2005 09:03 PM

Se é circular, o montante é simultaneamente jusante

Publicado por: Viegas às setembro 11, 2005 09:43 PM

"políticas sociais e laborais modernas, que combinem flexibilidade e justiça"

A Joana terá reparado na palavra JUSTIÇA? Ora é aí que a porca torce o rabo. Fazer justiça num quadro económico liberal é coisa que nenhum dos partidos no poder na Europa (sejam de direita ou de esquerda) ainda conseguiu. Esta é que é a questão que merecia ser discutida, mas a Joana, como de costume, passou-lhe completamente ao lado.

Publicado por: Albatroz às setembro 11, 2005 09:44 PM

Sa Chico às setembro 11, 2005 09:02 PM

"Quando os trabalhadores vão para o desemprego por as empresas falirem ou irem embora, perdem muito mais direitos. Perdem todos os direitos."

Quererá isto dizer que a sobrevivência das empresas é incompatível com a justiça? Que os trabalhadores, para não perderem o emprego, se têm de sujeitar a tudo?

Publicado por: Albatroz às setembro 11, 2005 09:50 PM

Cara Joana:

Receio estar em desacordo com a sua interpretação, "políticas sociais e laborais modernas, que combinem flexibilidade e justiça" é para mim, uma frase tipo elipse sampaísta que significa: mais política socializante pro-COMECON, mais burocracia, mais grilhetas anti-empreendedorismo.

Publicado por: diogenes às setembro 11, 2005 09:50 PM

"Quando os trabalhadores vão para o desemprego por as empresas falirem ou irem embora, perdem muito mais direitos. Perdem todos os direitos."

Quando isso acontece... é a vida! Ninguém pode evitar isso, sob pena de prejudicar as empresas mais inovadoras, e os seus trabalhadores. O que temos de ter é um ambiente económico que favoreça a actividade económica, para que quem entra no desemprego, não entre num pântano de onde é difícil saír. A actividade económica será tanto maior, quanto maior a possibilidade dos empreendedores virem compensado o seu risco.

Publicado por: diogenes às setembro 11, 2005 09:59 PM

diogenes às setembro 11, 2005 09:50 PM
Não está em desacordo. Repare que escrevi: "ou será que “modernas” é um adjectivo destinado a permitir leituras diversas e contraditórias?"

Publicado por: Joana às setembro 11, 2005 10:05 PM

"Quererá isto dizer que a sobrevivência das empresas é incompatível com a justiça? Que os trabalhadores, para não perderem o emprego, se têm de sujeitar a tudo?"
Ou se arranjam motivações para os empresários criarem empregos e o país se desenvolver, ou ficamos a lamuriar contra as injustiças do capitalismo.

Publicado por: David às setembro 11, 2005 11:06 PM

Lamuriar sempre foi o nosso forte. Por isso é natural que iremos escolher essa hipótese

Publicado por: David às setembro 11, 2005 11:08 PM

A Europa, pelo menos o eixo franco-alemão e adesivos, não sabe que fazer.

Publicado por: Silva às setembro 12, 2005 12:14 AM

O capitalismo é um sistema imoral, sem ética, porque se dispõe a sacrificar os mais fracos para que os mais fortes prosperem. É um sistema que não reconhece o sentido de comunidade, que vive do egoísmo e do desprezo pelos mais frágeis. É a institucionalização da lei da selva. Por isso é fortemente criticado pela Igreja, o que os fariseus da direita convenientemente esquecem, fazendo de conta que só os comunistas o criticam.

Publicado por: Albatroz às setembro 12, 2005 01:45 AM

Albatroz às setembro 12, 2005 01:45 AM

A Igreja, tal como Louçã, ainda não tomou consciência do que significa, viver num mundo em que a oferta é superior à procura. Ainda não percebeu a inversão de papéis que ocorreu entre o produtor e o consumidor.

Publicado por: diogenes às setembro 12, 2005 07:58 AM

Albatroz às setembro 12, 2005 01:45 AM:
O Capitalismo é mau, cheio de defeitos. Infelizmente todos os outros sistemas são muito piores que ele.

Publicado por: Sa Chico às setembro 12, 2005 09:52 AM

Albatroz às setembro 12, 2005 01:45 AM:
A Igreja teve, sob o seu domínio, durante séculos, um país do qual o Papa era o soberano: Os Estados Pontifícios ou Património de Pedro. Foi uma oportunidade magnífica.
Em 1850 tinha 3 milhões de habitantes e metade da superfície de Portugal.
Era o país mais atrasado da Europa de então. Stendhal dizia dele que "tinha um soberano que fazia a felicidade dos seus súbditos no céu e a desgraça deles na terra".
Não me venha com teorias da Igreja sobre economia e justiça social.

Publicado por: Joana às setembro 12, 2005 10:19 AM

diogenes: "um mundo em que a oferta é superior à procura"

Tem graça, a Joana já aqui nos disse o contrário: que o que é preciso é incentivar a oferta porque, ao contrário daquilo que acontecia no tempo de Keynes, não há deficit de procura.

Pelo menos, foi assim que eu a entendi.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 12, 2005 10:36 AM

Luís Lavoura às setembro 12, 2005 10:36 AM

Por "oferta superior à procura" pretendo dizer, a capacidade instalada para produzir algo, é superior à capacidade de compra, de absorção do mercado.

Ainda na semana passada, perdido nas estradas do concelho do Fundão, ouvia na rádio que a Volkswagen tinha uma capacidade de produção em excesso de mais de um milhão de automóveis (na rádio não disseram, ou não ouvi, se era por ano). No concelho do Fundão fui visitar uma fábrica que produz um determinado produto. Em Portugal há capacidade instalada para produzir 5 a 6 vezes mais desse produto do que o mercado, os clientes estão dispostos, ou têm potencial para comprar. Nesta situação, quando as empresas não têm uma estratégia de diferenciação, resvalam para o mercado do preço baixo e entram numa guerra sem quartel em que só os clientes ganham. Num cenário destes, as empresas sem estratégia de diferenciação (a maioria em Portugal) optam por: despedir trabalhadores, não aumentar os salários, esmagar os fornecedores, não pagar aos fornecedores, aldrabar nas receitas e especificações, produzir produzir produzir (para reduzir os custos fixos) e aumentar o inventário astronomicamente, fugir ao IVA, carregar camiões acima do peso legalmente permitido. Fazem tudo isto não para enriquecer mas para sobreviver porque se trata de uma guerra sem quartel. Num cenário destes em Portugal as primeiras empresas a fechar são as que cumprem a lei, seguidas daquelas que fazem contas à vida e constatam que a rentabilidade do negócio é inferior à de uma aplicação financeira semi-conservadora.

Publicado por: diogenes às setembro 12, 2005 10:53 AM

Está interessante e bem visto, de facto é um ciclo vicioso terrível, que penaliza os mais cumpridores, o que legitima uma vez mais o míope chico-espertismo nacional. A solução é haver mais fiscalização (e menos corrupção) e assim os infractores seriam onerados com custos desencorajadores.

Siga-se a pista dos ferraris. E outras.

Bom eu insisto: o futuro da Europa passa por África e pela América Latina e não há como os portugueses e os espanhóis para viabilizarem parcerias, agora no respeito pela autonomia e independência das partes. espero que haja por parte da Europa a inteligência de financiar esses agentes.

Publicado por: pyrenaica às setembro 12, 2005 11:35 AM

diogenes às setembro 12, 2005 10:53 AM

Muito interessante a sua descrição.

Pois, precisamente, o que a Joana defende (ou defendeu, em tempos, num comentário) é que, no mundo atual, ao contrário daquilo que acontecia no tempo de Keynes, é inútil procurar estimular a procura, uma vez que ela já é excedentária. O que é preciso, segundo a Joana, é estimular a oferta, isto é, a produção.

Isto contradiz diretamente um autor que ando a ler, o qual afirma que o drama da globalização é conduzir necessariamente a um mundo em que cada país procura explorar a procura existente nos outros países e suprimir a sua própria procura, conduzindo as atividades combinadas de todos os países a um deficit global de procura. Cada país procura esmagar os seus próprios salários, na esperança de se tornar concorrencial. Como consequência, a nível global, com todos os salários esmagados em todos os países, a procura tem tendência a decrescer, e o capitalismo entra necessariamente em recessão.

Agora, entre esse autor e a Joana, quem tem razão?

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 12, 2005 11:56 AM

Julgo que você está a raciocionar em termos de uma economia fechada. Se houver oferta excedentária e uma procura em retracção por diversas causas, como baixo rendimento disponível, p.ex., o aumento do rendimento pode estimular a economia. Foi o que sucedeu nos EUA em meados da década de 30.
Todavia Portugal é uma economia extremamente aberta. A oferta excedentária que houver em determinados sectores (têxtil, calçado, etc.) só pode ter escoamento por via das exportações (procura externa).
Em contrapartida, aumentos do rendimento disponível (por via salarial, por via das despesas públicas, etc.) saldam-se, numa percentagem muito elevada, em aumento das importações e no aumento do desequilíbrio da balança com o exterior

Publicado por: Joana às setembro 12, 2005 01:41 PM

Lavoura: Tudo indica que esse livro não passa de uma profecia sobre os futuros malefícios da globalização.
E como todas as profecias nunca são confirmadas pela prática futura.
Não estou a ver os países desenvolvidos "esmagarem os seus próprios salários". Apenas pretendem acabar com o desperdício e a ineficiência dos respectivos sectores públicos.
Por outro lado, à medida que há a emergência das novas economias, haverá, fatalmente, aumentos salariais nesses países, o que invalida essa tese.

Esse autor vê "estaticamente" o momento actual e retira conclusões absurdas.

A net também está cheia dessas conclusões absurdas. Basta ver as urls que alguns leitores aqui indicam.

Publicado por: Joana às setembro 12, 2005 01:48 PM

Joana às setembro 12, 2005 01:41 PM

As teses (a que você chama "profecias") a que me referi dizem respeito à economia global como um todo, e não à economia portuguesa em particular. É bem sabido que, em Portugal, a procura interna é excedentária - o país produz muito menos do que aquilo que consome. O que esse autor prevê é que, a longo prazo e no mundo global (não especificamente em Portugal), a oferta tenderá a tornar-se excedentária em relação à procura.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 12, 2005 02:18 PM

"Cada país procura esmagar os seus próprios salários, na esperança de se tornar concorrencial. Como consequência, a nível global, com todos os salários esmagados em todos os países"

Não creio que seja isto que acontece nas empresas com uma estratégia competitiva, veja-se o caso dos países nórdicos. As empresas que não combatem pelo preço baixo, que apostam na inovação e na diferenciação pelo serviço, não estão nesse campeonato dos salários esmagados, sob pena de perderem para a concorrência os seus colaboradores. Há um livro espectacular da autoria dos senhores Pine & Gilmore "The experience economy" que apresenta uma teoria que subscrevo: uma empresa como a VW coloca no mercado um produto novo, inovador, atraente, e pode por isso pedir um preço prémio porque os clientes estão dispostos a pagar a diferença porque sentem que vale a pena. Só que aquilo que é novidade hoje, cada vez mais rapidamente é copiado por outros, que não tendo custos de investigação e de abertura de mercado podem fazer melhores preços. Se a empresa inovadora não continuar a correr atrás de mais inovação, mais novidades, fica sem razão para cobrar mais aos potenciais clientes porque eles já encontram outros capazes de fornecer o mesmo por um preço mais baixo. Há um vector virado permanentemente para a "customização" para fazer face ao vector permanente para a "comoditização".
Por isso é que Porter fala de 5 posicionamentos estratégicos genéricos para competir (só dois deles baseados no preço); por isso Treacy & Wiersema propuseram 3 posicionamentos estratégicos genéricos (o preço mais baixo, liderança pela inovação e intimidade com o cliente). Ainda assim, mesmo quando se fala em preço baixo, como estratégia pensada e deliberada e não como arremesso de defesa instintiva (comum nas empresas portuguesas) sem uma estratégia subjacente, tal não é sinónimo de salários baixos necessariamente. Por exemplo, uma empresa não pode querer estar no mercado pelo preço e depois, e vez de produções standard está sempre a mudar de cores, de moldes, de materiais... o tempo de paragem, o tempo de set-up come-lhe qualquer ganho resultante de salários baixos.

Publicado por: diogenes às setembro 12, 2005 02:20 PM

Joana às setembro 12, 2005 10:19 AM

Confrontada com uma doutrina, com valores, a Joana refugia-se na má prática dos Estados Pontifícios em meados do século XIX... Ou seja, a doutrina é má, os valores não prestam, desde que aqueles que os defendem os ponham mal em prática. É isso?...

Publicado por: Albatroz às setembro 12, 2005 02:25 PM

Joana às setembro 12, 2005 01:48 PM

A Joana não vê os países desenvolvidos a esmagar os seus próprios salários? Espantoso! Olhe, é isso que a Volkswagen está a fazer, tanto na Alemanha como em Portugal. Na Alemanha afirmam-no declaradamente, em Portugal fazem-no através da deslocação de mão-de-obra para uma empresa-filha que paga muito menos. E é isso que, em geral, as empresas privadas têm vindo todas a pocurar fazer: baixar os salários com o argumento de que a concorrência externa paga salários mais baixos.

Aquilo a que você chama "profecias" tem uma lógica perfeita, tal como os seus raciocínios sobre o salário mínimo ou sobre as rendas de casa. Num mundo globalizado, cada produtor considera (com razão) que mais vale apostar no mercado externo do que no interno, e que deve tentar a todo o custo baixar os salários. Os salários portugueses devem baixar para poder competir com os romenos; não faz mal que os portugueses tenham pouco poder de compra, uma vez que o mercado polaco é muito vasto. Os polacos e os romenos, como é evidente, pensam exatamente da mesma maneira. Como consequência, a tendência é que os salários de todos - de portugueses, romenos e polacos - sejam esmagados, que a procura de todos seja esmagada. Como consequência, a longo prazo a procura global é insuficiente.

A Joana argumenta, possivelmente com razão, que os salários na China subirão, e que o poder de compra chinês absorverá toda a oferta excedentária. Talvez. Mas isso é que me parece uma profecia. O raciocínio do autor em questão parece-me mais lógico.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 12, 2005 02:28 PM

Correndo o risco de ser maçador... A edição de 1996 do livro "On competition" de Porter traz uma tabela de onde retirei alguns exemplos; os números que se seguem são uma estimativa do número de rivais japoneses independentes, em concorrência directa no mercado japonês: 13 concorrentes directos em competição pela venda de aparelhos de ar condicionado; 25 para equipamentos de som; 15 para máquinas fotográficas; 12 para auto-rádios;20 para máquinas de costura, 33 para construção naval; 15 para televisores; 11 para camiões; 9 para automóveis;... (dados de 1987).

Em mercados deste tipo quem manda é a oferta, é o cliente, havendo 15 fabricantes de televisores em concorrência para aliciar os clientes a optar pelos seus produtos. Os fabricantes sabem que alguns clientes compram televisores no Lidl, outros na Worten ou na Fnac, outros nas lojas Singer, outros nas lojas tipo Bang-Olufsen... não se pode ser bom para todos ao mesmo tempo, em que campeonato é que cada empresa se vai colocar? A resposta deve ser dada depois de reflexão e não como resultado de uma fuga para a frente sem equacionar tudo o que está em causa.

Publicado por: diogenes às setembro 12, 2005 02:38 PM

diogenes às setembro 12, 2005 02:38 PM

Ravi Batra (um economista americano que a Joana não deve apreciar) explicou, nos anos 1990, o esmagamento dos EUA pela concorência japonesa precisamente pelo facto de no Japão haver muito mais concorência inter-empresas do que nos EUA. Batra salientou precisamente que, enquanto no Japão havia em 1987 nove construtores automóveis independentes, nos EUA sá havia - desde há longos anos - três (GM, Ford e Chrysler). Como consequência, os japoneses estavam mais preparados na concorrência económica do que os americanos. Em muitos setores económicos, a concorrência era nos EUA desde há longas décadas virtualmente inexistente.

Ravi Batra advogou que os EUA se fechassem à concorrência externa (protecionismo) mas que, simultâneamente, o Estado americano desmantelasse as suas grandes corporações, por forma a re-instituir a concorrência nos EUA. Ou seja, os EUA dever-se-iam fechar à concorrência japonesa por forma a não perder postos de trabalho na indústria mas, simultâneamente, deveriam partir as suas grandes empresas industriais em diversas empresas mais pequenas, por forma a que a maior concorrência permitisse levar aos consumidores americanos produtos de qualidade.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 12, 2005 03:36 PM

Note-se que uma das mais importantes medidas da administração aliada na Alemanha do pós-guerra foi o desmantelamento do grande conglomerado alemão da indústria química, a IG Farben, em três empresas independentes: Bayer, BASF, e Hoechst. Desta forma os aliados pretendiam eliminar as sinistras ligações da antiga IG Farben aos negócios do III Reich, em particular no fabrico de Zyklon B para os campos de extermínio... Na verdade, os aliados terão assim conseguido tornar a indústria química alemã ainda mais competitiva e eficiente!

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 12, 2005 03:42 PM

A concorrência na indústria automóvel faz-se à escala mundial. Sendo assim é irrelevante haver 3 firmas nos USA visto que esta concorrem com as europeias, as japonesas, as sul-coreanas, etc.

Publicado por: Hector às setembro 12, 2005 03:57 PM

E Ravi Batra falhou a profecia.

Publicado por: Hector às setembro 12, 2005 03:58 PM

Hector às setembro 12, 2005 03:58 PM

Não parece ter-me compreendido bem. Ravi Batra não fez nenhuma profecia. Defendeu, ou advogou, que os EUA seguissem uma determinada política.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 12, 2005 04:11 PM

A Joana gosta de se referir a "economias abertas" mas, num quadro cada vez mais globalizado, a economia vai tornar-se de novo fechada. Pelo menos até se entrar em concorrência com as economias marciana e venusiana... A escala é que aumenta, mas os problemas vão ficar os mesmos das economias fechadas. A escapatória dos mercados externos vai-se perder num prazo não muito longo se mantivermos a obcessão globalizante. E como os niveis de salários são muito diferentes de continente para continente nesta economia global, as empresas com custos salariais menores (as que produzirem na China e na Índia) vão arruinar as outras. É isso que o liberalismo globalizante vai conseguir, para gáudio (a médio prazo) das grandes multinacionais. É claro que, como já alguém referiu, a perda de poder de compra nos países mais ricos vai desencadear, por um fenómeno de multiplicador negativo, uma crise crescente nesses países, afectando essas mesmas multinacionais. Muito mais tarde (muitas décadas, talvez séculos), quando os custos laborais nos países hoje ricos for igual ou inferior aos dos países como a China e a Índia, poderemos começar a recuperar. Para evitar isto teríamos, como já aqui referi, de adoptar um sistema proteccionista à escala continental. É evidente que os salários também vão aumentar na China e na Índia, mas quem pensar que isso vai fazer uma diferença a curto prazo engana-se. Não será antes de finais do século XXI que isso acontecerá, a menos que aceitemos uma queda brutal dos nossos salários na Europa.

Não duvido que a Joana tenha os miolos necessários para saber que assim é, por isso não percebo a sua teimosia (feminina?...) em fingir que acredita na sua cartilha liberal. Se não adoptarmos uma política ferozmente proteccionista na Europa iremos a caminho de um desastre completo, só comparável à queda do Império Romano...

Publicado por: Albatroz às setembro 12, 2005 04:46 PM

pyrenaica às setembro 12, 2005 11:35 AM

"o futuro da Europa passa por África e pela América Latina"

O futuro da Europa, não sei, mas o futuro de Portugal e da Espanha, talvez num quadro da Comunidade Íbero-Americana (alargada a Íbero-Afro-Americana), é com certeza. Adoptando talvez o modelo agora iniciado por Hugo Chavez na Venezuela.

Publicado por: Albatroz às setembro 12, 2005 04:50 PM

Luís Lavoura às setembro 12, 2005 03:36 PM
O EUA não fizeram isso e conseguiram apesar de tudo dar a volta. Não concordo com essa proposta de "desmantelasse as suas grandes corporações" não é preciso, a evolução do mercado exige flexibilidade e rapidez, coisa que falta aos paquidermes estabelecidos. Normalmente, o que os governos fazem é proteger os incumbentes. Num mercado a funcionar os ratinhos, as pequenas empresas inovadoras, flexíveis, rápidas e atentas às necessidades dos clientes dão cabo das IBM's, Microsoft's, VARIG's,... normalmente são funcionários empreendedores das grandes empresas que reconhecem que clientes pequenos não podem ser convenientemente atendidos, e reconhecem uma oportunidade de negócio, avançam e...

Publicado por: diogenes às setembro 12, 2005 05:03 PM

Albatroz às setembro 12, 2005 04:50 PM

O modelo de Hugo Chavez na Venezuela durará enquanto jorrar o petróleo, mal acabe esse petróleo os venezuelanos verão que tudo se esfumou e não criaram condições para gerar riqueza. Tal como os portugueses com o ouro do Brasil, ou o Pina Moura com o déficite...

Publicado por: diogenes às setembro 12, 2005 05:22 PM

Não me parece que haja muita a temer das economias marciana e venusiana. Tudo indica que Marte tem problemas demográficos piores que a Europa.

Publicado por: Coruja às setembro 12, 2005 05:32 PM

Albatroz às setembro 12, 2005 04:46 PM

"a economia vai tornar-se de novo fechada [...] A escala é que aumenta, mas os problemas vão ficar os mesmos das economias fechadas."

Exatamente, é esse o raciocínio. A médio-longo prazo, com a globalização, teremos uma nova economia fechada: a economia de todo o mundo. Só que, essa economia terá uma peculiaridade: a inexistência de um governo - uma vez que não existe um Estado mundial. Nessa altura, o problema típico dos anos 1930 - oferta excedentária - poderá regressar. Haverá, segundo esta tese, um deficit global de procura na economia globalizada. Só que, não haverá então um governo mundial para aplicar a necessária receita keynesiana.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 12, 2005 05:36 PM

"Tudo indica que Marte tem problemas demográficos piores que a Europa."

... e Vénus tem um problema de efeito de estufa pior do que a Terra.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 12, 2005 05:38 PM

Albatroz às setembro 12, 2005 02:25 PM:
"Confrontada com uma doutrina, com valores, a Joana refugia-se na má prática dos Estados Pontifícios em meados do século XIX... Ou seja, a doutrina é má, os valores não prestam, desde que aqueles que os defendem os ponham mal em prática. É isso?..."

Os Estados Pontifícios duraram, com poucas variações de fronteiras, desde a época carolíngia até serem anexados aquando da unificação italiana (ou seja, cerca de 1 milénio). Se eu citei números de 1850, é porque é o último censo antes daquela anexação.

Publicado por: Joana às setembro 12, 2005 07:40 PM

Cara Joana,
O problema da data é menor, embora os problemas económicos dos nossos dias pouco ou nada tenham a haver com o século XIX. A questão é a dos valores. Se os valores defendidos pela Igreja são válidos, se a sua doutrina social é correcta, temos é de procurar pô-los em prática no actual quadro económico. A crítica do capitalismo feita pela Igreja nada tem a haver com a prática pontifícia nos seus estados, no século XIX. A crítica é uma consequência dos valores defendidos pela Igreja, e não fica prejudicada por aquela prática. O que não podemos é continuar a fingir que a crítica ao capitalismo é um exclusivo marxista, e que basta criticar o marxismo para resolver a crítica ao capitalismo. Não, a crítica da Igreja ao capitalismo parte de pressupostos completamente diferentes dos pressupostos marxistas, pelo que tem de ser autonomamente respondida. Só que é muito mais fácil acenar com o papão soviético para contestar a crítica ao capitalismo, do que ter de responder à crítica da Igreja, fundada na ética e na moral.

Publicado por: Albatroz às setembro 12, 2005 08:36 PM

diogenes às setembro 12, 2005 05:22 PM

É verdade que o petróleo ajuda muito ao desenvolvimento do modelo chavista. Mas não esqueçamos que um dos objectivos de Hugo Chavez é tornar a Venezuela auto-suficiente em alimentos, a partir de uma reforma agrária que dê aos camponeses os meios para produzir esses alimentos. Outro objectivo é recuperar todas as empresas industriais fechadas, entregando-as aos trabalhadores organizados em cooperativas. Outro objectivo ainda é melhorar a cobertura sanitária da população venezuelana, assim como democratizar o ensino, o que vai conduzir a uma população mais qualificada e mais saudável, logo mais produtiva. Estes objectivos, uma vez cumpridos, vão permitir à Venezuela enfrentar o futuro, quando o petróleo acabar. É o modelo liberal - tão caro aos americanos - que levaria à ruina do país, quando o petróleo acabasse.

Publicado por: Albatroz às setembro 12, 2005 08:43 PM

Outro que acredita nos amanhãs que cantam. Por mais experiências desastradas, nascem crentes todos os dias. Esta experiência é que vale, as outras foram a brincar.

Publicado por: Post-Estaline às setembro 12, 2005 09:36 PM

Albatroz às setembro 12, 2005 08:43 PM

Por favor, imprima o seu comentário e guarde-o.
Quando a Venezuela deixar de exportar petróleo, volte a ele e verifique se é verdade o que aqui profetiza.
Empresas entregues a trabalhadores... infelizmente já pressinto os porcos da quinta orwelliana, já pressinto o destino que tiveram as UCP's alentejanas, ou a Quimigal de Estarreja...

Publicado por: diogenes às setembro 12, 2005 10:27 PM

diogenes às setembro 12, 2005 10:27 PM

"For 20 years, Pedro Gómez felt like he was just part of the machinery at his job at Aluminio del Caroní, a state-owned aluminum company in an industrial zone where the Caroní and Orinoco rivers converge in southeastern Venezuela.

Gómez, 51, a casting table operator who shovels molten aluminum down a channel from an industrial oven into a cast that makes 3.6-meter, or 12-foot, billets, says management never listened to his complaints about corrupt contractors or shoddy equipment.

But things have changed. Management is now heeding his request for a new casting table, he said, and will allow him to help determine the company's 2006 budget. This April, he was permitted to vote along with the company's other 2,700 workers to elect some of Alcasa's 19 managers and two of its five corporate directors. Most of the candidates were drawn from the rank and file.

"The managers and the workers are running this business together," Gómez said above the din of rumbling forklifts and humming industrial fans, sweat dripping down his face from the heat of the casting house. "It gives us new motivation to work hard."

While worker-managed businesses have been the dream of the world's socialists, in Venezuela they may become a reality. Using tottering companies as the entry point, Venezuela is offering financial incentives in exchange for implementing "co-management," in which workers are decision makers, in some cases even owners, of businesses across the country. The plan essentially casts the state in the role of rescuer. Four state-owned companies - another aluminum plant in addition to Alcasa, a coal plant and a power plant - have begun the programs. But incentives like cheap credit and debt writedowns from the government have also enticed more than 100 private, small and medium-size companies to adopt worker management models. Twenty-three of those have agreed to hand over between 10 percent and 49 percent of their shares to employees."

O resto pode ler aqui:

http://www.iht.com/articles/2005/08/02/business/worker.php#

Publicado por: Albatroz às setembro 12, 2005 11:42 PM

Outro texto sobre o mesmo tema:

"Venezuelan military seized a Heinz Ketchup plant in Venezuela’s Monagas state last Monday. Heinz company representatives complained that the seizure represented, “a violation of property rights and free trade as well as due process.” Venezuela’s Minister for Agriculture and Land, Antonio Albarrán, argued, though, that 80% of the plant actually belongs to the workers and that Heinz bought the plant illegally in 1996. The plant has been closed for nearly a decade, according to Albarrán.

The take-over of the Heinz plant in the town of Caicara, Monagas, was carried out by Venezuelan troops at the request of the pro-Chavez state governor, José Gregorio Briceño. The move comes at a time that the Chavez government is investigating over 700 closed enterprises, evaluating them for their suitability for worker takeovers, via expropriation.

Workers at many other factories and businesses have begun taking matters in their own hands, not waiting for the government to act in the expropriation of idle factories.

The president of the anti-Chavez industrial business federation Conindustria, Juan Francisco Mejías, said that he hopes that the government will “rectify” its action in the case of the Heinz tomato processing plant.

However, the president of the National Confederation of Ranchers and Agricultural Businesses, José Augustín Campos, a group that is considered to be close to the government, said that Heinz's closing of the plant was a “criminal act” because it caused all the surrounding tomato growers to go out of business.

The coordinator of Venezuela’s new union federation, the National Union of Venezuelan Workers (UNT – Unión Nacional de Trabajadores Venezolanos), Marcela Máspero, said that the UNT is considering the take-over of 800 closed businesses. “Accompanied by the communities, we will occupy these businesses because we cannot continue to allow that the reactivation of the country’s productive apparatus is diminished due to the closure of businesses,” said Máspero.

Máspero also said that the UNT would ask Venezuela’s National Assembly to declare these businesses of “public utility,” a necessary step prior to the government’s expropriation of privately owned businesses. Máspero estimates that up to 20,000 jobs could be rescued via such takeovers.

According to Máspero there are currently eight businesses in Venezuela that workers have occupied, to which belongs the Heinz plant in Monagas. Others include Probamasa, a corn processing plant owned by the food and beverage company Polar; a plant belonging to the dairy company Parmalat, in Machiques; Parmalat in Barquisimeto; Sideroca Proacero in Cabimas; the valve factory Inveval in Los Teques; the paper plant Invepal in Morón; and the meat-packing company Fribarsa in Barinas. Only two of these, Inveval and Invepal, have completed the full legal procedure for turning the plants over to the workers.

Máspero explained, “First we occupy and then we resolve the issue of ownership, as there is always a reason for the occupation.” As an example she cited the recently occupied Promabrasa, where “the workers told us that for over six months now the business owes them back pay. We requested an inspection by the Ministry of Labor and they are carrying out all the legal procedures.”

According to Venezuelan law, once the National Assembly declares a business to be of “public utility,” the executive may expropriate it, compensating legal owners at market value for the business. Chavez has said that his government would turn such expropriated businesses into state and worker co-managed businesses.

Venezuela’s Labor Minister, Maria Cristina Iglesias, recently provided an assessment of the 700 businesses the government is considering for expropriation. According to Iglesias, in 155 of the cases both owners and workers have already committed themselves to the principle of co-management, implying that original owners and the workers would co-manage these, without the state’s involvement. "

Publicado por: Albatroz às setembro 12, 2005 11:45 PM

Mais um:

"JM - What can you tell us about the experiences of workers' participation in the management of publicly owned companies and of the nationalisation under workers' control of companies that went bankrupt?

RL - We are refounding the whole of the trade union movement, building it anew. What we are raising is co-management both in the state owned and in the private sector. In the private sector, let's be clear, when a company owner tries to close it down we say: "any factory that is closed should be taken over" and we discuss the possibility of reopening it with the help of the state in order to guarantee jobs and also production so that the country goes forward. We are also raising the issue of co-management in the private sector. If a private company receives a loan from the state, we raise the need for co-management, so that we can guarantee jobs and better production. And in the state owned sector we are clearly saying that all state owned basic industries should be under co-management. Co-management from the point of view of the workers is something very simple: we want power and participation in the management of the companies, in order to create new jobs, guarantee that the wealth reaches the people and that corruption is rooted out.

We must say it clearly, during the stoppage and sabotage of December 2002 and January 2003, there was workers' control in the two most important state owned companies. In the [oil company] PDVSA there was workers' control. It was us, the workers, who restarted production in the company after the managers had left, and we did so without managers. In the case of [electricity generator and supplier] CADAFE the workers guaranteed the supply of electricity throughout the stoppage/sabotage. It was the workers who did it; there was real workers' control. This is what we want with co-management. We have all the rights, to elect the managers, look into the accounts, to make proposals; the workers have all the rights. This is what we are demanding in an audacious way and we think this is the way forward."

O resto está aqui:

http://www.handsoffvenezuela.org/interview_ruben_linares_unt060705.htm

Já chega para ver que a experiência venezuelana é a sério?

Publicado por: Albatroz às setembro 12, 2005 11:50 PM

Declarações de Edgar Caldera, Director Laboral, CVG Alcasa (fábrica de alumínio venezuelana):

"Si algo tenemos que tener claro los trabajadores de Alcasa es que nuestra cogestión no se puede convertir en un arma para profundizar el modelo de producción capitalista de explotación. No podemos repetir la triste historia europea, en donde el sistema de cogestión término eliminando conquistas y derechos de los trabajadores.

Para no conducirnos por ese camino errado y fraudulento, los trabajadores de Alcasa estamos impulsando el CONTROL OBRERO y COMUNITARIO (contraloría social), fundado en las asambleas generales como máxima autoridad, seguido por los concejos obreros o mesas de vocero y terna gerencial, volteando de esta manera, el orden jurídico jerárquico, que cambia totalmente la vieja estructura de mando y le da TODO EL PODER A LOS TRABAJADORES Y A LA COMUNIDAD, para que controlen, manejen, fiscalicen, registren, decidan, coordinen, examinen, intervengan, auditen, planifiquen, etc. toda la producción y las finanzas de la empresa.

Este Control Obrero y Comunitario que se esta desarrollando en nuestra empresa, esta cambiando radicalmente las relaciones de producción que teníamos hasta ahora. Podemos decir que los trabajadores de Alcasa, hoy estamos haciendo las cosas de una manera diferente. Antes era el Presidente y los Gerentes los que decidían todo y teníamos que calárnoslas, sin derecho a pataleo. Hoy no, hoy son los propios trabajadores en asambleas generales en su departamento o unidad, los que deciden que es lo que hay que hacer y que no hay que hacer. Por ejemplo, la reestructuración del presupuesto de la planta, se esta haciendo con la participación de todos, incluso, estamos promoviendo que la comunidad participe en esa elaboración."

Publicado por: Albatroz às setembro 13, 2005 12:09 AM

Caro Albatroz:

Estou a ver o cenário... "Venezuela, um novo Zimbabué em construção".

Não se esqueça, guarde a sua profecia.

Publicado por: diogenes às setembro 13, 2005 07:53 AM

Caro Diogenes,

Não tenho nada contra o seu cepticismo relativamente à experiência chavista, mas comparar a Venezuela com o Zimbabué é sinal de má fé. Critica-se o socialismo por não ter sabido ser alternativa ao capitalismo - e cita-se a esse respeito a experiência soviética -, mas quando há uma nova experiência em curso, em vez de a analisar com o espírito aberto tenta-se descredibilizá-la com "argumentos" que não lembrariam ao diabo. Se a experiência autogestionária funcionar, num quadro democrático - Hugo Chavez não proibiu a oposição, não mandou fechar os jornais que se lhe opõem, nem sequer colocou na prisão os autores do golpe de estado de 2002 -, preservando os mecanismos de mercado mas impedindo os abusos capitalistas, todos nós poderíamos disso beneficiar. Porque razão havemos de sistematicamente apoiar aqueles que abusam de nós? Será masoquismo?

Publicado por: Albatroz às setembro 13, 2005 11:04 AM

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