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setembro 28, 2005

A Vertigem de Matar a Galinha

Não é só cá. É uma pandemia europeia. A Europa criou monstros que só consegue sustentar saqueando os seus cidadãos. Esta ânsia pelo saque leva-a a ficar insatisfeita com a quantidade de ovos de ouro que as galinhas põem, a agarrar em facalhões e a correr atrás das galinhas, num desvario insofrido, para as esventrar e ir à própria fonte de produção do ovo. Com esse objectivo produziu uma directiva da poupança que entrou em vigor em 1 de Julho passado. O resultado foi que as remessas dos emigrantes portugueses residentes na União Europeia caíram 17%, em termos homólogos, no passado mês de Julho. Os seus bancos tê-los-ão aconselhado a depositar as suas poupanças em locais mais seguros e fora do alcance dos estripadores de galinhas. A maioria desses bancos é portuguesa. Não é uma questão de patriotismo: se não fossem eles a fazê-lo, outros bancos o fariam.

Publicado por Joana às setembro 28, 2005 06:45 PM

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Comentários

Hum?

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 07:19 PM

Cara Joana:

É por estas e por outras que aguardo, com a paciência possível, a implosão deste sistema de cariz económico pró-soviético.

Um dos títulos da revista TIME da próxima semana é sintomático: "Why Europe needs a new work ethic".
Interessante descobrir que em França somente 37% dos franceses entre os 55 e 64 anos continua a trabalhar, enquanto que nos EUA, Japão e Dinamarca essa percentagem é de 60%. Simultaneamente, mais de 22% dos jovens franceses estão desempregados. Será que a França tem petróleo para suportar este sistema? Até quando?

Publicado por: diogenes às setembro 28, 2005 07:26 PM

Mas Joana se a maioria dos bancos é portuguesa não deveriam ter interesse nos interesses de Portugal?

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 07:28 PM

Os bancos têm interesse em satisfazer os seus clientes, porque senão perdem-nos. Se eu descubro que outro banco me dá condições melhores, mudo para lá.

Publicado por: David às setembro 28, 2005 07:41 PM

A menos que sejam clientes distraídos.

Publicado por: David às setembro 28, 2005 07:42 PM

diogenes em setembro 28, 2005 07:26 PM:
O problema dessa implosão, é que nós ficamos também debaixo dos escombros.
E não ganhamos muito em dizer depois: eu bem vos tinha avisado.

Publicado por: v Forte às setembro 28, 2005 07:45 PM

Eu sou um cliente distraído e fiel, embora não absolutamente, mas depois recebo umas canetas de prata e umas coisas assim.

PS quanto a isto:

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=194436

Acho bem que estejam lá os dois, não vá dar uma coisa a algum. Além disso é muito engraçado, de um lado a História do outro a Poesia, acho que o cavaco vai ter um esgotamento cerebral!

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 07:52 PM

Clientes distraídos e fieis fazem a felicidade dos bancos

Publicado por: v Forte às setembro 28, 2005 07:56 PM

De facto é uma chatice, tenho que estar sempre a recusar cartões de crédito ou deitá-los para o lixo, porque agora já me mandam sem eu pedir.

Patiente dans l'azur

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 07:59 PM

Ainda me falta ler a Grazia Mendes e a Joana parece que também não leu.

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 08:40 PM

Parece que foi a maior banqueira do seu tempo (mais rica que os Fugger) e um exemplo descarado de que quanto mais se dá mais se recebe...

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 08:42 PM

soluções práticas: a Joana, quando vier o Nínias, etc., e antes de curtir uma de pomba e ir para o céu, podia fazer uma reencarnaçãozinha tipo Grazia...

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 08:55 PM

v Forte às setembro 28, 2005 07:45 PM

"O problema dessa implosão, é que nós ficamos também debaixo dos escombros."

Só que os países não são como as empresas, os países não fecham, os países não se deslocalizam. Momentaneamente ficaremos sobre os escombros, depois virá ao de cima o espírito empreendedor dos humanos, libertos das grilhetas do estado e libertos das ilusões do apoio do estado, faremos o que fizeram os europeus de leste nos últimos dez anos.

Publicado por: diogenes às setembro 28, 2005 09:02 PM

Já estou descansado, o diógenes disse "sobre os escombros".

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 09:06 PM

Temos que arranjar um capacete de obras, não vá o Diabo tecê-las

Publicado por: Sa Chico às setembro 28, 2005 09:18 PM

diogenes às setembro 28, 2005 07:26 PM

É óbvio que o Estado, alterando as regras de acesso à reforma, deve procurar aumentar o rácio activos/pensionistas e promover assim a sustentabilidade dos sistemas de pensões. Mas existem variáveis complicadas na equação:
- a maioria da mão-de-obra nessa faixa etária é, profissionalmente pouco qualificada e algo resistente à mudança;
- a procura de mão-de-obra está e, previsivelmente, estará estagnada;
- a procura que ainda existe, dirige-se preferencialmente a uma oferta mais jovem, qualificada e, talvez o mais importante, com maior disponibilidade.

Não vislumbro a forma de resolver estes problemas.

Publicado por: Vítor às setembro 28, 2005 09:37 PM

E há uma coisa que eu ainda percebo menos. O problema é sempre o dinheiro, o deficit, as dívidas... Ora o dinheiro é uma convenção inventada pelos homens e permanentemente renegociada entre eles. Trata-se de sermos bons negociadores, só. Como o nosso peso histórico e simbólico é imenso, só se formos muito azelhas.

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 09:44 PM

Do Blasfémias, está giro:
FIM DE REGIME É...

... quando o eleitor médio perde a capacidade de distinguir entre quem está no governo e na oposição;
... quando quem está na oposição e no governo faz indistintamente as mesmas promessas, falha os mesmos compromissos e desrespeita as mesmíssimas expectativas que criou para chegar ao poder;
... quando as corporações atacam indiferentemente quem está no poder, pelas mesmas razões e usando os mesmos argumentos;
... quando se instala na generalidade das pessoas e das instituições uma desagradável sensação de déjà vu político.

Publicado por: ardina às setembro 28, 2005 09:50 PM

Os Blasfemos andavam entusiasmados com o modelo liberal eslovaco. Não sei se depois desta noite continuam entusiasmados

Publicado por: ardina às setembro 28, 2005 09:51 PM

E não podíamos pedir melhor constelação de forças: o DB na Presidência da UE, o Guterres Alto-Comissário, os outros sinais de que Portugal está aí, de certeza desde o euro 2004, ...

Agora temos de aproveitar para corrigir umas azelhices crónicas como o deficit energético, e o ambiente, por exemplo.

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 09:51 PM

Só exportamos mão de obra

Publicado por: Coruja às setembro 28, 2005 09:52 PM

barata e pouco qualificada

Publicado por: Coruja às setembro 28, 2005 09:53 PM

DB, Guterres, etc.

Publicado por: Coruja às setembro 28, 2005 09:53 PM

heureka: Joni Mitchel

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 10:01 PM

Chi

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=194445

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 10:09 PM

FIM DO REGIME é quando certos barões já não precisam dos partidos que os criaram, sustentaram e promoveram, e resolvem voar sozinhos porque se sentem com asas fortes.

Publicado por: Senaqueribe às setembro 28, 2005 10:27 PM

nos fluxos, distingue-se o regime laminar do regime turbulento através da transição de fase que ocorre na vizinhança do número de Reynolds

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 10:30 PM

Olá meus queridos.
Hoje os jornais televisivos foram muito lindos.
A Senhora Doutora Diana está apaixonada pelos cabo verdianos e então vai nacionalizar a Cova da Moura para uso próprio.
Faz bem.
Também vimos a Senhora Doutora Ana Dragão no parlamento a falar coisa lindas.
O Futebol Clube do Porto do Senhor Doutor Pinto da Costa e da Senhora Doutora Carolina perdeu e o meu Banco além do extracto não me manda mais carta nenhuma.
Também apareceu o Anacleto, mas isto não é notícia, pois aparece todos os dias.
Agora não se esqueçam de dizer as orações antes de dormir.

Publicado por: Salvador Daqui às setembro 28, 2005 10:30 PM

Joana eu gostei muito da Fuga das Galinhas, que aliás vi na Suécia. E também gosto de certos ataques das Galinhas que andam aí. Não quero portanto matar as galinhas, prescindo da canja, excepto se tiver uma gripe muito forte, coisa que espero evitar com uma viagenzita. Agoar galinhas sovinas a por ovos (de ouro) também não! Em nome da produtividade nacional... e da competitividade das galinhas portuguesas.

Nós, os leões, apreciamos.

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 10:34 PM

Exactamente Salvador. Eu demorei buereré de anos a aprender... E como sabes lá vou eu não tarda nada. Não vejo tv, estou em greve outra vez.

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 10:39 PM

mas...

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 10:52 PM

olha

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 11:06 PM

Era só para dizer à Joana que aquilo do código genético e das reencarnações, pode ser um espírito que está à coca, mete-se na cabeça do homem...numa viagem tumultuosa e rápida...vai agarrado a cavalgar um glóbulo vermelho, e a saltar de glóbulo em glóbulo por causa das bifurcações, etc e tal ... e depois já no ovo, dá o arranjinho nos cromossomas do pai e da mãe à sua maneira

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 11:12 PM

Não há-de ser por acaso que ela se chama England:

http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24754133

Publicado por: pyrenaica às setembro 28, 2005 11:55 PM

Que queria a Joana que a União Europeia fizesse? Que deixasse continuar os países a servir de refúgio fiscal uns para os outros?

Porque é que os emigrantes portugueses não hão-de pagar impostos sobre os seus depósitos bancários, como faz a generalidade dos outros cidadãos da União?

Se querem fugir aos impostos, pois bem, que recorram aos mesmos truques a que o restante pessoal recorre.

É correto que os emigrantes portugueses em França fujam aos impostos e simultaneamente os imigrantes franceses em Portugal (que já os há muitos, e cada vez mais) também fujam aos seus?

Qual é o caminho que a Joana propõe? Tornar o mundo num gigantesco paraíso fiscal, no qual os rendimentos da poupança não pagam imposto? É essa a via?

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 29, 2005 10:32 AM

Na situação existente não havia fuga aos impostos, pois os impostos relativos aos juros dos depósitos eram taxados nos respectivos países. A diferença está no englobamento.

Publicado por: Rui Sá às setembro 29, 2005 11:04 AM

A situação actual é capaz de ser mais prejudicial para a UE que a anterior. O pouco que recebe a mais não compensa o que perde pela fuga de capitais

Publicado por: Rui Sá às setembro 29, 2005 11:06 AM

Valha-nos a D. Branca.

Publicado por: Senaqueribe às setembro 29, 2005 12:21 PM

Que isto está preto.

Publicado por: Senaqueribe às setembro 29, 2005 12:22 PM

Uma boa política económica e financeira assenta num sistema fiscal justo e não excessivamente pesado. A experiência mostra que o aumento das taxas não corresponde ao aumento esperado das receitas (às vezes diminuem) por diversos efeitos (aumento da evasão fiscal, efito substituição, etc.).

Estes efeitos, que são conhecidos e foram pela primeira vez estudados há 150 anos, regem a sensatez de uma política.

Essa frase "Se querem fugir aos impostos, pois bem, que recorram aos mesmos truques a que o restante pessoal recorre" está completamente fora do que se espera de uma política sensata.

Publicado por: Joana às setembro 29, 2005 07:54 PM

Eu também acho que um sistema fiscal justo e não excessivamente pesado é o melhor.

Publicado por: pyrenaica às setembro 29, 2005 10:17 PM

"Uma boa política económica e financeira assenta num sistema fiscal justo e não excessivamente pesado."

Certo. Mas acha a Joana JUSTO que os emigrantes disponham de formas de fugir ao fisco que não estão acessíveis ao comum dos cidadãos? Será isto um sistema fiscal JUSTO, em que um emigrante português em França não paga impostos pelos juros que recebe, enquanto que o francês ao seu lado paga?

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 30, 2005 09:36 AM

Nós não podemos querer tudo: atrair as poupanças dos emigrantes e ter um discurso desses.
Além do mais, parece-me que que o pior para os emigrantes é terem que pagar lá impostos sobre os depósitos cá, por englobamento.

Publicado por: David às setembro 30, 2005 10:20 AM

Talvez os emigrantes consigam trazer o Portuguese Diamond

Publicado por: Coruja às setembro 30, 2005 10:22 AM

Portugal já não é hoje só um país de emigrantes, é também um país de imigrantes. Acham justo que um imigrante russo, digamos, possa não pagar imposto sobre os juros dos seus depósitos bancários que cá efetua, enquanto que nós pagamos? Que um dos muitos espanhóis que cá trabalham possa depositar o seu dinheiro num banco espanhol e não pagar imposto, enquanto que nós depositamos o nosso dinheiro no mesmíssimo banco espanhol e pagamos imposto?

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 30, 2005 10:33 AM

Os depósitos bancários pagavam impostos em todos os países da UE, de acordo com o tipo de depósito e com as taxas existentes. Não percebo esta insistência do L Lavoura.

Publicado por: Rui Sá às setembro 30, 2005 03:11 PM

Quem tudo quer, tudo perde

Publicado por: Rave às outubro 2, 2005 09:43 AM

Antes desta directiva, em qualquer banco na UE, se eu fazia um depósito, passava a pagar imposto sobre os juros.
O tipo de imposto dependia do tipo de depósito. Para um não residente havia depósitos impossíveis, porque obrigavam ao englobamento. Outros funcionavam, como cá, com taxas liberatórias.

Publicado por: AJ Nunes às outubro 2, 2005 11:31 AM

Toda esta discussão baseia-se na ignorância

Publicado por: AJ Nunes às outubro 2, 2005 11:32 AM

As pessoas pensaram que a nova directiva visava gente que não pagava impostos. Ela visa sobretudo que cada Estado fique a saber a fortuna dos seus cidadãos espalhada pela UE

Publicado por: Ramiro às outubro 2, 2005 12:10 PM

Isso passou completamente ao lado dos comentários. Também há o risco de aumentarem os impostos por englobamento.
O resultado é os emigrantes acautelarem-se e começarem a colocar fundos em sítios mais "seguros"

Publicado por: Ramiro às outubro 2, 2005 12:19 PM

O Estado, quando já não sabe como sustentar o monstro que criou, arranja qualquer maneira de ir ao bolso do cidadão.

Publicado por: Nunes às outubro 2, 2005 05:27 PM

Esta galinha é minha

Publicado por: Coruja às outubro 2, 2005 06:26 PM

Esta galinha é minha

Publicado por: Coruja às outubro 2, 2005 06:26 PM

Esta galinha é minha

Publicado por: Coruja às outubro 2, 2005 06:26 PM

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