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julho 27, 2005

A Teoria Clássica, a Realidade e o Bom Senso

A leitura do meu texto anterior despertou uma dúvida, na aparência pertinente, mas que não tem a mínima consistência. E essa dúvida baseia-se na ideia que os decisores económicos estão-se tão completamente nas tintas para o que dizem os pais da economia clássica, que provavelmente nunca leram (acrescento eu). Aliás, um estudo de dois britânicos (Hall e Hitch), «Price Theory and Business Behaviour»(*) sobre o comportamento das 38 maiores sociedades britânicas, mostrou que a quase totalidade dos gestores desconhecia o que era o custo marginal (que é um dos pilares da microeconomia e dos modelos microeconómicos). A essas dúvidas respondo assim:

Os condutores dos veículos desconhecem as equações do movimento e a mecânica de Newton, mas guiam os carros tendo em atenção um conjunto de regras que, directa ou indirectamente, resultam das equações do movimento e da mecânica de Newton. Metem as mudanças de acordo com a força e a aceleração que necessitam. E quando chegam à beira do abismo não aceleram para diante, pois mesmo sem terem estudado as leis do campo gravítico, sabem que vão cair no abismo. (Espera-se que Sócrates e Mário Lino não acelerem agora …).

Acreditar que, por não se conhecer a escola clássica e as funções de utilidade, de produção e de custo da microeconomia, os gestores agem de modo diverso, seria o mesmo que acreditar no caos absoluto do trânsito, pela ignorância das equações do movimento e do campo gravítico: carros enfeixados noutros carros, em postes, dentro de montras, capotados nas valetas, no fundo de ravinas, etc., tudo como regra geral. Há acidentes, mas não são a regra geral. Assim como na economia: há falências ou acidentes menos nefastos, mas não são a regra geral.


(*)Nota: Não estou bem certa da data do estudo, mas foi por alturas da 2ª Guerra Mundial. Como estou em férias não tenho nem livros, nem Google à minha disposição (pesquisas na net, com GPRS, só se fosse subsidiada pelo Plano Tecnológico!) limito-me à minha memória e alguns dados que tenho no PC.

Publicado por Joana às julho 27, 2005 10:19 PM

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Comentários

Ai Joana mas por falar nisso foi logo tocar num assunto terrível, a taxa de sinistralidade em Portugal é uma vergonha, uma pequena guerra civil permanente e pior que tudo persistente, dir-se-ia, objectivando, estarmos em presença de uma força malthusiana! É por isso que eu vou para África, entre cá e lá, para ajudar a aliviar a pressão. Mas também já reparou, com tanto país e tão bonito e viemos logo (quase) todos empurrar-nos junto ao mar.

Depois é preciso não esquecer também que o James Dean ficou bonito para sempre porque aos vinte e poucos foi por ali em frente a 200 à hora.

Era muito belo aquele filme Os Inadaptados com ele e a Marylin, viu? "A mulher mais bonita do mundo não tem com quem sair num sábado à tarde"... e eu tão longe.

Publicado por: pyrenaica às julho 27, 2005 10:46 PM

Afinal isto é muito mais frequente e lato do que eu pensava:

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=185289

Publicado por: pyrenaica às julho 27, 2005 11:06 PM

Joana Vs Liberalismo Vs Estado : uma luta desigual !

a propósito :
os mestres - ou os pais do actual estado da economia portuguesa - economistas do DN de hoje "jogam" todos no seu F.C.Liberal, ou vivem, ou já viveram, à sombra do desgraçado do Estado ?

Publicado por: zippiz às julho 27, 2005 11:10 PM

Dá-me ideia que eles querem acelerar para o abismo

Publicado por: V Sousa às julho 27, 2005 11:17 PM

«Os condutores dos veículos desconhecem as equações do movimento e a mecânica de Newton, mas guiam os carros tendo em atenção um conjunto de regras que, directa ou indirectamente, resultam das equações do movimento e da mecânica de Newton.»

Eu, por sinal, acredito que um condutor que conheça as equações do movimento e da mecânica de Newton será, «cetera paribus», um condutor ligeiramente melhor e mais prudente do que um que as não conheça.

Mas não é isso que está em causa. É claro que eu nunca quis dizer que os decisores económicos se tornam irracionais por desconhecerem eventualmente a teoria económica. O que eu quis dizer é que agirão em contravenção das leis da economia sempre que seja do seu interesse fazê-lo (sendo certo que para desobedecer impunemente às leis convém conhecê-las, e isto tanto se aplica às leis do estado como às da Economia ou da Física).

Para que os decisores económicos não ajam em contravenção às leis do mercado - em proveito próprio e em detrimento de todos os outros - é que o Estado é necessário, segundo você. Eu concordo, mas acrescento às leis do mercado o contrato social.

O que você se recusa teimosamente a esclarecer é só isto: quando os decisores económicos tomam desisões de âmbito global e os Estados têm âmbito local, quem é que os obriga a respeitar as leis?

Ao fazer esta pergunta tenho em mente as leis referentes ao contrato social, mas se você quiser pôr no lugar destas as leis da concorrência, a pergunta é a mesma: aonde nos conduz uma sociedade em que o âmbito do mercado não coincide com a jurisdição do estado?

Publicado por: Zé Luiz às julho 28, 2005 12:07 AM

pyrenaica às julho 27, 2005 10:46 PM:
Os Inadaptados era com a Marilyn e o Clark Gable e não com o James Dean

Publicado por: David às julho 28, 2005 12:10 AM

Parece que o BE agora é favorável à Ota. Agora quem é contra a Ota tornou-se um perigoso neoliberal. A variação da semântica política é extraordinária

Publicado por: David às julho 28, 2005 12:14 AM

Respondo à minha própria pergunta, que era retórica: a falta de coincidência entre o âmbito do mercado e a jurisdição do estado só nos pode conduzir à barbárie.

Como podemos evitar a barbárie? Logicamente, reduzindo o âmbito do mercado, ou alargando a jurisdição do estado.

Qual das duas alternativas é preferível? Não sei.

Qual das duas alternativas é mais praticável? A primeira.

Publicado por: Zé Luiz às julho 28, 2005 12:14 AM

Afinal ainda não fui deitar porque quero ver o Alves dos Reis. Lembrei-me de uma coisa: então com esta polémica toda sobre a OTA - eu sou do BE, faz-me impressão ter um aeroporto mesmo dentro da cidade como a Portela, além disso morei em Alvalade e era um cagarim tal que logo que pude me safei, mas a OTA também não sei se é o melhor sítio e não me dá jeito nenhum - faz-se um REFERENDO sobre isso. Porque não? Se isso afecta tanto o orçamento e o imaginário nacional...

Obrigado Zé Luís, devo ter cruzado dois filmes. Correlation=?

Publicado por: pyrenaica às julho 28, 2005 12:21 AM

Sorry, David o obrigado era para ti, descendente de Ruth e de Booz.

Publicado por: pyrenaica às julho 28, 2005 12:22 AM

Argumento convincente

Publicado por: J Pereira às julho 28, 2005 01:14 AM

Caro Zé Luíz,
Em relação à sua questão tanto há quem queira a) como b); depende daquilo que se acha que é mais correcto para defender cada "interesse", isto do ponto de vista de ideias políticas.
O que às vezes me pergunto é:
- em Portugal o que é que me adianta ter um Estado mais regulador, mais intervencionista, se depois esse mesmo estado (leia-se os seus representantes) se "vendem" por duas tutas e meia aos interesses que deviam ser objecto da sua regulação?
Assim de repente... estou-me a lembrar do ISP e das seguradoras! Há-de convir que, como exemplo de regulação, é do melhor que há... mas ao contrário!

Publicado por: JDoutelCoroado às julho 28, 2005 01:22 AM

O Titã

No final da sessão [um acampamento de jovens socialistas europeus], quando pretendia responder a questões dos jornalistas, Soares acabou "interrompido" pelo hino "A Internacional", cantado em uníssono pelos presentes.

"Muito bem, a Internacional tem prioridade, sempre fui internacionalista", comentou.
(PD, 28-07-2005)


Publicado por: asdrubal às julho 28, 2005 05:29 AM

Publicado por: asdrubal às julho 28, 2005 05:29 AM

O jornalista de retepe não conhece o "desapareça senhor agente" e estava a ver que ainda levava uma lambada.

Publicado por: carlos alberto às julho 28, 2005 09:19 AM

Assim como quem não quer a coisa a Joana foi tentando fazer-nos aceitar que as regras da sua economia são equivalentes - na sua universalidade - às regras da física ou da matemática. Profundo engano. Na melhor das hipóteses a economia é uma ciência probabilística, que nos diz o que provavelmente vai acontecer, sendo que este provavelmente é muito relativo: até pode ser inferior a 50% se as alternativas forem mais do que duas... Não há nada de determinístico nem de objectivamente verdadeiro na economia. O que aceitamos como verdadeiro é apenas aquilo que nos habituámos - ou fomos ensinados - a aceitar como verdadeiro. Até a posteriori é dificil definir o que é bom ou mau em economia. Depende tudo dos pressupostos e dos critérios. Se a Joana decidir que o desejável em economia é maximizar o lucro, vai ser esse o critério com que vai avaliar as políticas económicas. Se eu decidir que o desejável é eliminar a exclusão social, vou fazer apreciações muito diferentes dessas mesmas políticas económicas. Por isso é que estas discussões não são muito relevantes. Imaginem como duas pessoas apreciariam um jogo da bola se uma pensasse que o jogo era futebol e a outra que o jogo era rugby...

Publicado por: Albatroz às julho 28, 2005 11:11 AM

As discussões sobre economia acabam por ser discussões sobre valores - éticos e não materiais. Se eu conseguir convencer a Joana de que uma certa hierarquização de valores é mais correcta, estarei mais perto de a convencer da superioridade de certos sistemas económicos e de certas políticas económicas sobre os outros. Porque a terei condicionado a aceitar os meus critérios de avaliação. Por isso é na esfera da ética que se pode derrotar o liberalismo económico. Como costumo dizer aos meus alunos, a economia ignora a ética. São as pessoas que fazem opções éticas. Opções que, uma vez feitas, vão ter incidência sobre as escolhas económicas. Por isso é que acho que uma cadeira de ética não faria mal nenhum num curso de economia...

Publicado por: Albatroz às julho 28, 2005 11:23 AM

Publicado por: Albatroz às julho 28, 2005 11:11 AM

Aparentemente, e estou a recordar-me da lindíssima loira de Coupling, uma estaria certa.

Publicado por: carlos alberto às julho 28, 2005 11:44 AM

A não ser que o jogo fosse andebol...

Publicado por: Albatroz às julho 28, 2005 12:01 PM

Seja qual for o jogo - jogue-se com bola redonda ou ovalóide, à mão, ao pé, ou com ambos - o objectivo não é o mesmo? Ver quem ganha, ver quem tem mais pontos no final do jogo?

Publicado por: Xiko às julho 28, 2005 12:18 PM

Só que "ganhar" pode não ter o mesmo sentido em todos os casos. Ganha-se quando alguns maximizam o seu lucro ou quando todos têm o suficiente para viver?...

Publicado por: Albatroz às julho 28, 2005 12:25 PM

Há equipas que jogam à antiga socialista : o que conta é o colectivo, em cada jogada a bola tem de passar por todos (embora só um possa marcar o golo, mas eles ficam contentes assim)
Há outras equipas que marcam golos à conta de duas ou três contratações milionárias - os restantes elementos existem porque são precisos 7, 11, 15 (whatever) para ir a jogo.
Há também aquelas equipas que, não tendo uma organização de jogo definida, se tentam aproveitar dalguns contra-ataques (da conjuntura) para tentar marcar qq coisinha.
Há ainda outras equipas que se estão a borrifar para se marcam golos ou não : o que lhes importa é que os outros não marquem.
É mais ou menos assim o panorama português.

Publicado por: Xiko às julho 28, 2005 12:27 PM

Albatroz :
Depende. Está a falar dos ganhos de cada equipa ou dos ganhos da federação que tutela a competição?

Publicado por: Xiko às julho 28, 2005 12:29 PM

Acho que já dá para perceber que a economia não é uma ciência exacta...

Publicado por: Albatroz às julho 28, 2005 12:38 PM

Albatroz : exactamente. Era mais ou menos aí que eu queria chegar. Todos têm um mesmo objectivo, mas como cada um/cada entidade é diferente do outro, os objectivos também o são em conformidade... E cada um joga à sua maneira, com os seus trunfos, a sua tática, os seus membros de equipa...

Publicado por: Xiko às julho 28, 2005 01:52 PM

Albatroz às julho 28, 2005 11:23 AM
Se você estudou economia sabe que os interesses dos consumidores se regem por valores individuais, normalmente egoístas, mas não necessariamente. Os quadros de valores em que esses consumidores se movem vão evoluindo. Um consumidor do início do século XXI não tem o mesmo comportamento que um consumidor de meados do século XX ou finais do século XIX. Mas isso não invalida que seja sempre o seu interesse pessoal a comandar as suas escolhas. O comportamento dos produtores também se rege por interesses normalmente egoístas, mas que não se esgota na maximização do lucro. O interesse de uma firma na maximização do lucro deve ser vista numa óptica de longo prazo e tem a ver com o lucro anual, com o crescimento, com a adaptação às novas exigências do mercado, com a motivação do pessoal (indispensável para a melhoria da competitividade da firma), etc.. Todos estes objectivos, se forem conseguidos, conduzem, a médio ou a longo prazo, à maximização do lucro visto de uma forma inter-temporal.

Publicado por: Joana às julho 28, 2005 03:13 PM

Albatroz às julho 28, 2005 11:23 AM
Neste universo de produtores e consumidores, a esfera da ética que você defende para as opções económicas dos agentes económicas só serve para você escrever estes posts. Nem sequer tem relevo nos ensinamentos que ministra aos seus alunos. Se eles encontrarem emprego, rapidamente perceberão que a vida económica não funciona assim. Não se rale, que isso sucede com frequência aos alunos dos cursos de Economia.

Os valores éticos e a equidade social terão que ser obtidos através de um papel redistributivo do Estado, através de sistemas públicos de saúde e do ensino e de subsídios de desemprego, para combater a exclusão social, de apoio à maternidade, etc..
Porém, quando falo de sistemas públicos de saúde e do ensino, refiro-me a sistemas que funcionem mesmo e não, como os nossos, que custam como os escandinavos e só servem aqueles que não têm outra alternativa. Este, não é um Estado Social, é um Estado Ladrão. E quando falo de subsídios de desemprego e para combater a exclusão social não estou a pensar em subsídios que incentivem o desemprego, como acontece actualmente.

Publicado por: Joana às julho 28, 2005 03:15 PM

Joana, eu acho que o Albatroz se enganou nas palavras quando falou da "ética". O que ele queria dizer era, provavelmente, "política". A economia é uma ciência essencialmente política. Chamava-se aliás "economia política" nos seus primórdios. O que os estudantes de economia deveriam ter nos seus cursos não era uma cadeira de ética, mas sim uma cadeira de política.

Um economista político tem que ter em conta, no design das suas manipulações económicas, os objetivos político-económicos que pretende atingir.

Por exemplo, Adam Smith tinha por objetivo político transformar a economia do seu tempo numa economia capitalista. Nesse sentido, advogou e apoiou a expropriação e destruição por parte do Estado e da burguesia de formas económicas comunitárias que no tempo dele existiam em Inglaterra. Da mesma forma, os economistas de hoje têm por objetivo político a expansão do capitalismo: advogam a destruição ou privatização ou severa limitação de formas de economia comunitária ou estatal que hoje existem (por exemplo, mutualidades, sistemas de micro-crédito, florestas, reservas minerais, sistemas de fornecimento de água, etc)

Publicado por: Luís Lavoura às julho 28, 2005 03:47 PM

As hipóteses em que assentam os modelos económicos muitas das vezes seguem pricípios éticos. Se um indivíduo visa maximizar a sua utilidade e o máximo de utilidade é o desejável então estamos perante um exemplo de Hedonismo (utilidade prazer). Podemos também encontrar o Egoísmo, entre outras outros. Se esses pricípios forem falaciosos então a validade da teoria sofre uma perda de potência.

Sobre ética recomendo "Pricipia Ethica" de G.E.Moore (versão incompleta em http://www.fair-use.org/principia-ethica/), onde é apresentada a falácia naturalista como presente nas doutrinas éticas mencionadas, e que pode ter como consequência que algumas hipóteses aceites como verdadeiras à partida não o sejam de todo e que o modelo seja enviesado para um Ideal.

Publicado por: Daniel às julho 28, 2005 04:01 PM

Precisamente a ética da liberdade albatroz. Liberdade de eu ou qualquer pessoa sozinha ou em equipa fundar o seu ganha pão, conforme as capacidades e personalidade de cada um. Mas sistemas abertos e por isso com uma inerente instabilidade devido a permanente renovação fazem confusão a pessoas que se esquecem que sistemas hiperregulados e pouco livres têm uma baixa instabilidade apenas até ao primeiro choque da renovação que só se faz com grandes crises que muitas implicam a substituição do poder politico.
Será o egoísmo daqueles que não se preocupam com as gerações futuras?

Publicado por: lucklucky às julho 28, 2005 04:19 PM

"...Um consumidor do início do século XXI não tem o mesmo comportamento que um consumidor de meados do século XX ou finais do século XIX. Mas isso não invalida que seja sempre o seu interesse pessoal a comandar as suas escolhas."

Então e o Marketing? Não é o Marketing ("ciência" cada vez mais refinada) que leva os consumidores a terem um comportamento no mercado contrário aos seus interesses?
Veja-se, por exemplo, como funciona o Marketing político quando se aproxima a época de eleições. Não é verdade que os eleitores votam, a maior parte das vezes, contra os seus próprios interesses?
Em suma, não são, de facto, os consumidores nem os eleitores a comandar livremente as suas escolhas segundo os seus interesses pessoais. Outros poderes os condicionam. Os factos aí estão para comprovar isto!

Publicado por: Senaqueribe às julho 28, 2005 04:28 PM

lucklucky às julho 28, 2005 04:19 PM

"Liberdade de eu ou qualquer pessoa sozinha ou em equipa fundar o seu ganha pão"

O capitalismo não é muito amigo dessa liberdade, ao contrário daquilo que muita gente pensa.

Para já, o capitalismo foi fundado sobre a destruição da capacidade de muitas pessoas terem os seus empregos independentes. Nos primórdios do capitalismo está a destruição de comunidades ou artesãos economicamente independentes, com o objetivo de forçar grande número de pessoas ao trabalho assalariado em fábricas.

Na atualidade, verifica-se a grande dificuldade do sistema de crédito em apoiar pessoas que queiram criar, sozinhas ou em grupo, um ganha-pão independente. É por isso que surgem os esquemas de micro-crédito, que no entanto estão sempre fora do mainstream da economia capitalista.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 28, 2005 04:45 PM

in http://www.sjgames.com/illuminati/politics.html

FEUDALISM: You have two cows. Your lord takes some of the milk.

PURE SOCIALISM: You have two cows. The government takes them and puts them in a barn with everyone else's cows. You have to take care of all of the cows. The government gives you as much milk as you need.

BUREAUCRATIC SOCIALISM: You have two cows. The government takes them and put them in a barn with everyone else's cows. They are cared for by ex-chicken farmers. You have to take care of the chickens the government took from the chicken farmers. The government gives you as much milk and eggs as the regulations say you need.

FASCISM: You have two cows. The government takes both, hires you to take care of them and sells you the milk.

PURE COMMUNISM: You have two cows. Your neighbors help you take care of them, and you all share the milk.

RUSSIAN COMMUNISM: You have two cows. You have to take care of them, but the government takes all the milk.

CAMBODIAN COMMUNISM: You have two cows. The government takes both of them and shoots you.

DICTATORSHIP: You have two cows. The government takes both and drafts you.

PURE DEMOCRACY: You have two cows. Your neighbors decide who gets the milk.

REPRESENTATIVE DEMOCRACY: You have two cows. Your neighbors pick someone to tell you who gets the milk.

BUREAUCRACY: You have two cows. At first the government regulates what you can feed them and when you can milk them. Then it pays you not to milk them. Then it takes both, shoots one, milks the other and pours the milk down the drain. Then it requires you to fill out forms accounting for the missing cows.

PURE ANARCHY: You have two cows. Either you sell the milk at a fair price or your neighbors try to take the cows and kill you.

LIBERTARIAN/ANARCHO-CAPITALISM: You have two cows. You sell one and buy a bull.

SURREALISM: You have two giraffes. The government requires you to take harmonica lessons.

(Original source unknown . . . this version expanded and Illuminated by SJ.)

Publicado por: mr às julho 28, 2005 05:03 PM

Estes 2 posts estão bem articulados. Há uma grande clareza de ideias (certas ou erradas, embora me inclino para que estejam mais certas que erradas)

Publicado por: fbmatos às julho 28, 2005 05:16 PM

Luís Lavoura às julho 28, 2005 04:45 PM:
O que escreve não é verdade. O que Adam Smith e outros queriam era o fim dos regulamentos feudais que impediam o funcionamento da indústria.
O próprio Marquês de Pombal teve que acabar com as corporações de pedreiros, porque senão não havia pessoal suficiente para a reconstrução de Lisboa a seguir ao terramoto.
As corporações eram monopólios extremamente regulamentados, quer do lado da venda, quer do lado da força de trabalho.

Publicado por: Hector às julho 28, 2005 05:23 PM

Hector: Para quem aprecia regulamentações, a destruição dos regulamentos, direitos e obrigações das corporações, será uma destruição. Assim como o fim das corveias feudais.

Publicado por: Novais de Paula às julho 28, 2005 06:14 PM

Publicado por: Hector às julho 28, 2005 05:23 PM

Leia Michael Perelman, "The invention of capitalism: classical political economy and the secret history of primitive accumulation", Duke University Press.

Ficará com uma ideia muito mais correta e completa daquilo que Adam Smith queria.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 28, 2005 06:37 PM

Estive fora - a trabalhar, Joana! - e só agora regressei. Vejo que os temas aqui lançados têm gerado alguma reflexão.

No que diz respeito à "ética", Luis Lavoura, quis mesmo dizer ética. A ética não tem lugar na mecânica económica, mas tem um papel fundamental na definição das prioridades. Em economia quase tudo é possível, dependendo dos inputs, dos mecanismos utilizados, do quadro legal, das competências. Mas nem tudo é eticamente aceitável. A ética influencia a economia na medida que influencia as prioridades, os objectivos, e estabelece o que é aceitável e inaceitável. Eu posso produzir mais e ter mais lucros se forçar os meus trabalhadores a trabalhar mais horas pelo mesmo salário. Mas isso pode ser eticamente inaceitável. A ética é um conjunto da valores que condicionam o comportamento de cada um, no sentido da defesa do bem comum. O problema está na definição do bem comum, mas podemos ter a certeza de que um comportamento económico que resulte em ofensa dos legítimos direitos de alguns nunca pode ser visto como eticamente admissível. Se todos temos direito à vida, nunca um comportamento económico que resulte na morte de alguém é eticamente admissível. Se todos temos o direito à subsistência, ao trabalho, à educação, à saúde, nunca um comportamento económico que resulte na ofensa desses direitos é eticamente admissível. Mesmo que muitos outros tirem daí um benefício. A ética não é democrática, no sentido da promoção do interesse da maioria. Só é ético o comportamento que beneficia todos ou que não prejudica ninguém.

Publicado por: Albatroz às julho 28, 2005 09:05 PM

Eu contentava-me se os meus trabalhadores, pelo mesmo dinheiro e durante as mesmas horas, pensassem um bocadinho durante algumas dessas horas para "produzirem" muito mais e melhor nas restantes. E obviamente teriam direito a uma percentagem do valor acrescentado gerado!


Mas, se calhar, a sua ética não lhes permite pensar e produzir mais e melhor...


PS Os "lucros", i.e o valor acrescentado gerado, são devidos aos que os tornaram possíveis e em simultâneo: os que financiaram os activos e os que produziram o valor acrescentado.

Publicado por: Alface às julho 28, 2005 10:55 PM

Senaqueribe às julho 28, 2005 04:28 PM
Relativamente ao Marketing, que tanto o preocupa, reconheço que tenho uma dúvida. Comprei há anos uma cola que, segundo diziam, “colava cientistas ao tecto”. Na verdade, nunca consegui colar nada com aquela cola.
Todavia, para fazer justiça à marca, reconheço que nunca tentei colar cientistas ao tecto. Portanto não posso dizer que fui enganada. Comprei-a na convicção que, se colava cientistas ao tecto, também colaria outras coisas e enganei-me nessa relação de causalidade. Provavelmente a única coisa que colaria era mesmo cientistas ao tecto.

Publicado por: Joana às julho 28, 2005 11:03 PM

Luís Lavoura às julho 28, 2005 06:37 PM:
Esse título "the secret history of primitive accumulation" não augura nada de bom sobre a credibilidade do livro. Todas as teorias esotéricas, da conspiração ou de códigos secretos têm títulos similares.
Ainda se descobre que Adam Smith era do Priorado do Sião.

Publicado por: Joana às julho 28, 2005 11:10 PM

Joana às julho 28, 2005 03:15 PM

"Neste universo de produtores e consumidores, a esfera da ética que você defende para as opções económicas dos agentes económicos só serve para você escrever estes posts."

Nunca pensei que a Joana revelasse tão abertamente a mais profunda lacuna do neo-liberalismo: a sua total falta de ética. Claro que um (ou uma) neo-liberal achará que a ética é só um entretém para intelectuais, que não tem lugar nos comportamentos económicos. "Dog eats dog" é a regra na procura da eficiência... Obrigado pela confissão...

"Os valores éticos e a equidade social terão que ser obtidos através de um papel redistributivo do Estado(...)"

Os valores éticos terão que ser obtidos através de um papel redistributivo do Estado???... Eu julgava que os valores éticos deviam ser obtidos pela educação, pela formação cívica, pelo estudo da filosofia, etc. Ou será que a Joana acha que qualquer de nós escusa de ter preocupações éticas desde que o Estado cumpra com o seu papel redistributivo? Ou seja, eu posso explorar os meus trabalhadores à vontade desde que o Estado lhes dê uma esmola que os impeça de morrer à fome? É isso?...

Publicado por: Albatroz às julho 28, 2005 11:35 PM

Espero que a ética do homem do talho o leve a vender-me bifes tenros e a metade do preço tabelado. Senão acuso-o de falta de ética.

Publicado por: Humberto às julho 29, 2005 12:02 AM

Albatroz às julho 28, 2005 11:35 PM: Você está completamente des-sintonizado das questões económicas. Fala-se do comportamento dos agentes económicos que eu, sendo embora engenheiro, julgo que faça parte do currículo de qualquer curso de economia, e você sai-se com frases seminaristas. Então o estudo da filosofia é que vai regular “eticamente” o mercado do trabalho? Isso não faz qualquer sentido. Uma empresa não é um asilo e, se o trabalhador for para o desemprego, será o Estado a suprir essa situação. Como é que você queria que fosse?
Você está a confundir ética com filantropia dos agentes económicos. Eu sou um tipo com ética no meu relacionamento com os outros, mas se a empresa tiver que diminuir os seus efectivos, terá que ser. Isto não é uma questão de ética. É uma questão de necessidade de sobrevivência do mercado. E o mesmo sucede se o trabalhador não for cumpridor.

Publicado por: Hector às julho 29, 2005 12:30 AM

Luis Lavoura eu não sei onde começou o Capitalismo, foi na Lídia Àsia Menor onde nasceu a moeda? Foi com o comércio naval/pesca em que se tinha vários marinheiros a trabalhar para quem era proprietário do barco? Foram os bancos venezianos e genovenses ou oficinas de artes e ofícios. Mas de certeza não foi com a revolução industrial.

Como a Joana já tinha presentido...

Várias criticas ao livro

http://www.notbored.org/perelman.html

http://www.eh.net/bookreviews/library/0330.shtml

Publicado por: lucklucky às julho 29, 2005 12:36 AM

Hector às julho 29, 2005 12:30 AM

Não tenho nada contra os engenheiros. O meu pai, por exemplo, era engenheiro. Mas lidar muito com números também tem os seus inconvenientes.

O que eu escrevi foi que o sentido do ético se adquiria, entre outros, pelo estudo da filosofia. A gestão de uma empresa pode ser feita com referência a valores éticos ou não. Quando se ignora a ética na condução dos negócios de uma empresa estamos a trocar o nosso bem imediato pelo dano que causamos a terceiros. Será que o nosso bem vale mais do que o bem que sacrificamos desses terceiros? Isto não significa que se não possa despedir pessoal que a nossa empresa deixou de poder remunerar, mas apenas que devemos exigir do Estado que crie mecanismos de salvaguarda - com o dinheiro dos nossos impostos - para esses trabalhadores que ficaram sem emprego. O imperativo ético não é proibir os despedimentos, é garantir que a comunidade arranjará forma de garantir a subsistência àqueles que ficaram sem emprego. O subsídio de desemprego é um método, mas também poderia ser o Estado empregar todos esses desempregados em tarefas de utilidade social, até que eles consigam regressar a uma actividade produtiva. Não ético seria nós protestarmos contra essas despesas "desnecessárias"...

Publicado por: Albatroz às julho 29, 2005 12:53 AM

Publicado por: Joana às julho 28, 2005 11:10 PM

Reconheço que o título não augura nada de bom. Mas o título é marketing, como sem dúvida reconhecerá. Há que ter em conta que uma University Press americana qualquer não publica merdas. O livro em questão é um estudo de "learning" e "scholarship", cheio de citações de Adam Smith e dos seus contemporâneos. Não é uma bincadeira nem uma teoria da conspiração. É um estudo universitário.

Publicado por: Luís Lavoura às julho 29, 2005 09:38 AM

Publicado por: Joana às julho 28, 2005 11:03 PM

Mas a Joana não é, de facto, uma economista, e a economia não é, de facto, uma ciência? Então a Joana é uma cientista. Sugiro-lhe que tente provar a verdade da publicidade à cola que comprou tentando colar-se a si mesma ao tecto!

Publicado por: Luís Lavoura às julho 29, 2005 12:17 PM

Pelo que tenho lido aqui, a Economia não é uma ciência, mas uma espécie de Astrologia

Publicado por: c seixas às julho 29, 2005 08:59 PM

Astrologia? Só se for para alguns.

Publicado por: saavedra às julho 29, 2005 09:01 PM

Se a Economia fosse uma ciência, não faria juízos de valor, faria só juízos de facto. Se fosse uma técnica, não se ocuparia dos fins, só se ocuparia dos meios.

Os juízos de valor são matéria moral, a consideração dos fins é matéria política. A militância dos economistas nestes campos pode relevar da ideologia ou da superstição, mas é certamente impertinente: a eficácia nunca é intransitiva.

Publicado por: Zé Luiz às julho 30, 2005 09:17 PM

Zé Luiz às julho 30, 2005 09:17 PM:
A Economia estuda a organização da sociedade do ponto de vista do ajustamento duradouro entre as necessidades e a sua satisfação. Para tal constrói modelos que expliquem o comportamento dos elementos da sociedade e a partir desses modelos tenta deduzir em que situações se geram equilíbrios e como evoluem esses equilíbrios.

Este tipo de análise é semelhante às das Ciências da Natureza com a diferença em que as realidades das Ciências da Natureza são mais estacionárias e repititivas que as da Economia

A Economia baseia-se em factos. Não emite juízos de valor. Quem emite juízos de valor são aqueles que se queixam que os modelos económicos se baseiam no homem ser egoísta, ou da elegância matemática mascarar o sofrimento humano.

Você, por exemplo, passa a vida a emitir juízos de valor que nada têm a ver com os factos.

Publicado por: Joana às julho 30, 2005 10:17 PM

Por outro lado, a Economia ocupa-se dos meios.
Quem se ocupa dos fins são aqueles, como você, que gostariam que a Economia fosse uma cornucópia.

A Economia nasceu porque os recursos são escassos. Se não houvesse escassez de recursos, não era precisa a Economia para nada - todos viveríamos na abundância.

Aqueles que acham que ela não é uma ciência e uma técnica (ou uma multiplicidade de técnicas) é porque julgam que há recursos para todos e é apenas pela malevolência dos economistas e pela conspiração de políticos e empresários, que não recebem aquilo a que se julgam com direito.

Publicado por: Joana às julho 30, 2005 10:22 PM

A Joana por vezes gosta de escrever como se fôssemos todos burros, e que só ela tenha visto a luz numa estrada qualquer de Damasco, a caminho do banco mais próximo...

A economia também se preocupa com o comportamento das pessoas - a teoria da utilidade é disso um bom exemplo -, mas é sobretudo um manual de mecânica que nos diz o que acontece quando se carregam em determinados botões em determinada ordem. Só que a economia funciona num quadro social, e as pessoas não são peças de máquinas. As pessoas tem valores éticos, têm emoções, e a sociedade em que querem viver não pode ser regida por um qualquer manual de instruções. A economia deve estar subordinada a um projecto de vida comunitária e não o contrário. A Joana parece pensar que o dinheiro, o lucro, o poder económico, o consumo, são os elementos da felicidade humana. Não lhe passa pela cabeça que uma sociedade pode ser mais feliz e mais realizada com menos meios materiais e mais valores espirituais. Para ela, proibir a exploração de petróleo no ártico deve ser uma aberração. Obrigar as empresas mineiras a restaurar a paisagem depois de terminada a sua exploração, um acto de loucura. Espero bem que a Joana seja cada vez mais a representante de uma espécie em vias de extinção...

Publicado por: Albatroz às julho 31, 2005 12:32 AM

Eu não gosto de escrever com se os outros fossem burros, embora me incomode que não percebam o que escrevo.
Repare que escrevi que Para tal constrói modelos que expliquem o comportamento dos elementos da sociedade e a partir desses modelos tenta deduzir em que situações se geram equilíbrios e como evoluem esses equilíbrios.

Entre esses modelos estão os resultantes da teoria da utilidade que permitem determinar as curvas da procura.
Para isso partimos das curvas de indiferença, conhecidas as preferências do consumidor, admitindo que ele seja racional, no sentido de que tenta alcançar a mais alta curva de indiferença possível, onde maximizaza a utilidade. Para tal, tem que levar em conta outros factores, além das suas próprias preferências, como sejam os preços das várias mercadorias e o nível da sua renda nominal, pois estes factores limitam ou restringem a natureza e o tamanho do "cabaz de mercadorias" que pode comprar.

Publicado por: Joana às julho 31, 2005 12:56 PM

Quando escreve «A economia deve estar subordinada a um projecto de vida comunitária e não o contrário» você está a confundir teoria política com economia.

A teoria política propõe diversas formas de vida colectiva. Os economistas, em face dos projectos políticos, criam e estudam os modelos que reflectem essas teorias em termos de procura, oferta, preços, afectação dos factores de produção, economia do bem estar, e dos agregados macroeconómicos: consumo privado e público, rendimentos, moeda etc., tanto em equilíbrio estático como dinâmico.

Não é à Economia que cabe construir teorias sociais. Cabe-lhe avaliar os efeitos dessas teorias na riqueza de uma colectividade.

Sucede que quando os economistas concluem que são desatrosos, sofrem da síndrome do mensageiro. Passam a serem eles os culpados dos erros dos criadores de ilusões políticas.

Publicado por: Joana às julho 31, 2005 01:04 PM

É como se atribuisse a culpa à mecânica de Newton e ao modelo matemático que formula a teoria do campo gravítico, quando um carro se despista por uma ravina.
Quem tem culpa é o condutor, ou o piso molhdo, ou ambos. A teoria do campo gravítico apenas avisou o que aconteceria.

Publicado por: Joana às julho 31, 2005 01:08 PM

"Não é à Economia que cabe construir teorias sociais. Cabe-lhe avaliar os efeitos dessas teorias na riqueza de uma colectividade."

O que é e como se mede a riqueza de uma colectividade? É o PIB per capita? Ou é o racio entre o rendimento global dos 20% mais ricos e dos 20% mais pobres? É a criação de riqueza ou é a sua distribuição? E será que riqueza é sinónimo de bem-estar? Não poderá o nível de bem-estar de uma comunidade ser superior ao de outra comunidade com um PIB per capita superior? Voltamos ao ponto essencial do nosso desacordo: para a Joana a riqueza (valor total produzido) é o critério de sucesso social. Para mim, não é. É penas um dos factores a considerar.

Publicado por: Albatroz às julho 31, 2005 01:22 PM

Apesar de não ter quaisquer dados quantitativos sobre a matéria, admito que a maioria dos cubanos prefira o sistema em que vive ao que vigora nos países da América Central. Todos têm acesso à habitação, à educação, à saúde e à segurança social, e ninguém passa fome. O que não aconteceria se tivessem o regime, por exemplo, das Honduras. Uma minoria de cubanos deve detestar o regime castrista porque isso os impede de enriquecer. No cômputo global, quem teria razão? A maioria que vive melhor do que viveria nas Honduras, ou a minoria que vive muito pior? Poderemos nós decretar que o regime cubano é mau apenas porque as suas prioridades são diferentes?

Publicado por: Albatroz às julho 31, 2005 01:32 PM

Eu estive em Cuba e fiquei com a ideia que a população, politicamente, está abúlica - passam a vida a cantar, chegam às horas que calha e são de uma grande lentidão. Julgo que é uma defesa contra o impasse social cubano.
Os cubanos mais ligados ao turismo (um guia turístico faz mais dinheiro que um professor universitário) e que lidam com estrangeiros, são muito críticos sobre a política cubana, desde que tenham confiança nas pessoas com quem falam.

Publicado por: Rui Sá às julho 31, 2005 04:15 PM

"Uma minoria de cubanos deve detestar o regime castrista porque isso os impede de enriquecer."
Essa frase é absurda. A maioria da população, em qualquer país, gostaria de enriquecer.

Não são precisas grandes teorias, basta ver o afã dos que jogam no euromilhões ou nas lotarias.
O Albatroz está a confundir o facto de que só alguns conseguem enriquecer com o facto de que todos querem enriquecer.

Publicado por: Rui Sá às julho 31, 2005 04:18 PM

Rui Sá,
Veja que eu escrevi "Uma minoria de cubanos deve detestar o regime castrista porque isso os IMPEDE de enriquecer". Não disse que os cubanos todos não queriam enriquecer. Mas só alguns estão impedidos de enriquecer pelo tipo de regime adoptado. Os outros nunca teriam a menor possibilidade de enriquecer, qualquer que fosse o regime político e económico. Realisticamente só essa minoria é de facto prejudicada pelo sistema.

Publicado por: Albatroz às julho 31, 2005 04:42 PM

Albatroz às julho 31, 2005 04:42 PM: Como é que sabe que os «outros nunca teriam a menor possibilidade de enriquecer, qualquer que fosse o regime político e económico»?
Como é que a priori caracteriza quais são os outros?
Quando se nasce já se tem isso marcado na testa?

Publicado por: V Forte às julho 31, 2005 05:32 PM

" admito que a maioria dos cubanos prefira o sistema em que vive ao que vigora nos países da América Central"

Por isso é centenas de milhar fugiram para os EUA e isto numa ilha.

Fidel o Salazar das Caraíbas... na verdade é pior...

Publicado por: lucklucky às agosto 1, 2005 12:26 AM

Bem, a maioria dos cubanos ainda ficou na ilha.
Só não se sabe se ficariam, se tivessem liberdade de sairem.

Publicado por: Sa Chico às agosto 1, 2005 01:45 AM

Questões por responder:

1. Uma maioria de cubanos ficou em Cuba porque não tinha meios para sair ou porque preferiu não sair?

2. Ficar em Cuba significa uma satisfação com a situação cubana, ou apenas uma opção pelo mal menor?

3. Em sistema capitalista os cubanos que vivem hoje modestamente viveriam melhor ou pior? Em que percentagem da população?

4. Se o capitalismo fosse restaurado em Cuba, quantos cubanos prefeririam regressar ao castrismo, em face das consequências materiais dessa mudança?

Na ausência de resposta para estas perguntas, todos estamos autorizados a opinar com base nas sensibilidades de cada um. Eu acho que uma maioria de cubanos vive hoje melhor do que viveria se o sistema capitalista fosse restaurado em Cuba. Mesmo levando em conta que as dificuldades económicas são maiores do que seriam se os Estados Unidos se tivessem abstido de impor a Cuba restrições económicas com caracter punitivo.

Publicado por: Albatroz às agosto 1, 2005 10:36 AM

E que restrições económicas foram essas? comerciar com exploradores capitalistas?

Publicado por: lucklucky às agosto 1, 2005 11:50 PM

Cuba, como qualquer outro país, tem de importar aquilo de que necessita e não produz, e de exportar para poder pagar as importações de que necessita. Ao aplicar sanções contra as empresas que comerciam com Cuba, os EUA não só violam os princípios em que dizem acreditar, como violam o direito internacional, e dificultam a vida dos cubanos. Que, no entanto, preferem aguentar esses abusos a ceder à chantagem americana.

Publicado por: Albatroz às agosto 2, 2005 09:11 PM

Há uma coisa que é inegável: eles são muito simpáticos e têm música de altíssima qualidade, sobretudo nos metais, por todo o lado. Há pouca inveja por causa da equidade. agora quando eu lá estive achei falta de cor. Tenho de lá voltar. No Natal.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 08:07 PM

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