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maio 25, 2005

Estado irredutível

Neste extremo ocidental da Europa há um punhado (bem ... são mais de 750 mil) de irredutíveis que resistem contra “ventos e marés”, até ao nosso colapso final. Sócrates declarou hoje na AR que não pretende reduzir o Estado, porque o país precisa do Estado Social. A seguir dois exemplos do que Sócrates julga que o país precisa, recolhidos hoje, à pressa:

1 – Transcrito da GLQL: Acompanhei esta manhã a visita do Senhor Ministro da Justiça a um dos centros de reeducação de menores, geridos pelo IRS (...não, é o outro, o Instituto de Reinserção Social).
O Centro conta com modelares instalações, nas quais não faltam piscina e picadeiro e estábulo com vários cavalos, para aulas de equitação. Nele trabalham 31 funcionários administrativos, de todas as categorias, desde director e sub-director a tratador de cavalos. Para além destes 31 administrativos, conta ainda com a indispensável colaboração de 9 professores, médico e até um sacerdote, embora estes últimos não trabalhem ali a tempo integral. Ao todo são mais de 50 (cinquenta) funcionários e prestadores de serviços que, diariamente, ali labutam de forma esforçada, em prol da reinserção social de jovens que, por uma razão ou por outra, se desviaram das normas sociais estabelecidas ou, como dirá o sacerdote, que pecaram.

Um último pormenor: estão internados neste centro 9 (nove) jovens.
Publicado por Nicodemos às 2:49 PM

Portanto há 50 funcionários e 9 a serem reinseridos. Os reinsersores custam centenas de vezes mais que os reinseridos. Na realidade há 59 asilados naquele centro.

2 – A minha mãe recebeu ontem, na Escola onde trabalha, 300 exemplares de um livro em papel couché, cheio de fotografias, editado pela Universidade de Coimbra (pública), fazendo publicidade dos cursos que tem e das suas instalações. A tiragem foi de 35.000 exemplares e várias pessoas e entidades colaboraram no livro. A escola da minha mãe é em Lisboa. Presume-se que tenham sido enviados exemplares para todo o país, Palops, etc. A minha mãe e o Director da Escola chegaram a ponderar devolver 290 exemplares, mas desistiram para não gastarem verbas na expedição de desperdícios.

Não sei quantas dezenas (ou centenas) de milhares de euros custou a edição e expedição de um livro completamente inútil, porquanto as listas de cursos nas universidades públicas (e escolas politécnicas) são fornecidas pelo ME anualmente, com todas as indicações sobre as condições de acesso – provas de ingresso, nº de vagas, etc..

Esta “campanha publicitária” custou seguramente muito mais que todas as campanhas publicitárias que as privadas costumam fazer junto das escolas.

Publicado por Joana às maio 25, 2005 04:45 PM

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Comentários

Não sei se ainda é assim, mas lembro-me que algúres nos anos 90 e nas instituições do Estado, no mês de Dezembro, as verbas atribuídas e que porventura ainda estivessem disponíveis para aquele ano económico, deviam ser consumidas imperetrivelmente naquele mês porque, caso contrário, «perder-se-iam». O resultado ...

Publicado por: asdrubal às maio 25, 2005 09:21 PM

deviam ser consumidas imperetrivelmente naquele mês porque, caso contrário, «perder-se-iam». O resultado ...
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O resultado está à vista. As verbas "perdem-se" quando são gastas com campanhas como a que este post denuncia. Mas são deitadas fora desta e de outras maneiras, para nâo "se perderem", porque existe alguém a quem deram a capacidade de decidir e que nem a despensa própria deveria gerir.

Publicado por: JM às maio 25, 2005 09:34 PM

É imprescindível e impreterível deixar de se escrever "imperetrivelmente".

Publicado por: Senaqueribe às maio 25, 2005 11:00 PM

Impreterivelmente.
Caramba, uma mijinha fora do penico também não é coisa nunca vista ...

Publicado por: asdrubal às maio 25, 2005 11:20 PM

Mas isto são tudo despesas sociais. Sem este tipo de gastos onde iria cair a nossa qualidade de vida?

Publicado por: Mario às maio 25, 2005 11:40 PM

A Joana, sempre tão atenta, e bem, a estas questões dos desperdícios no Estado dito Social, também preocupações de um insuspeito "Estadista", (relativo a, defensor de mais estado)chamado Jerónimo de Sousa, que se referia ao mesmo assunto hoje na AR, coincidências suponho, não notei a mesma peocupação, à Joana sobre este assunto "desperdiceiro", quando o ex-ministros do anterior governo, também em papel couché, davam conta das "façanhas" que iriam empreender!
Qual a razão?

Publicado por: E.Oliveira às maio 26, 2005 01:02 AM

A Joana, sempre tão atenta, e bem, a estas questões dos desperdícios no Estado dito Social, também preocupações de um insuspeito "Estadista", (relativo a, defensor de mais estado)chamado Jerónimo de Sousa, que se referia ao mesmo assunto hoje na AR, coincidências suponho, não notei a mesma peocupação, à Joana sobre este assunto "desperdiceiro", quando o ex-ministros do anterior governo, também em papel couché, davam conta das "façanhas" que iriam empreender!
Qual a razão?

Publicado por: E.Oliveira às maio 26, 2005 01:02 AM

Com tanto desperdício, e depois vêm pedir-nos mais dinheiro para esbanjar

Publicado por: Surpreso às maio 26, 2005 01:36 AM

Desperdicio na publicação do livro? Provavelmente. Mas aquilo que gostaria de saber é: o livro foi distribuído pelos alunos de 12º ano? Porque me parece que para enviar tal número de exemplares, a ideia só poderia ter sido essa. Agora, se a escola não o distribui, claro que o desperdicio aumenta.

Quanto à "inadequação" de fazer publicidade a uma Universidade de Coimbra em Lisboa... Quando fiz lá a licenciatura, apenas 20% dos meus colegas eram de Coimbra, e tinha lá colegas e amigos de Bragança a Faro, incluindo bastantes de Lisboa.

Publicado por: João Branco às maio 26, 2005 08:08 AM

João Branco em maio 26, 2005 08:08 AM:
Os elementos fornecidos pela UC estão nas escolas, à disposição de todos os alunos. Há gabinetes de orientação que têm horário do expediente normal (é claro que há escolas onde há baldas) onde os alunos têm, além daquelas informações, informações mais pormenorizadas dadas pelas professoras orientadoras.
Os que querem, fazem testes e saõ acompanhados na escolha da via a seguir.
As privadas não são divulgadas pelo ME, mas muitas enviam folhetos, apenas para os "Gabinetes de Orientação". A Católica, às vezes, envia alguém fazer uma apresentação.
Nada que se compare àquele desperdício.

Publicado por: Joana às maio 26, 2005 12:46 PM

E não falei na ""inadequação" de fazer publicidade a uma Universidade de Coimbra em Lisboa".
Falei apenas no desperdício inglório daquela "campanha publicitária" ... em Lisboa, em Coimbra, ou em Alfândega da Fé.

Publicado por: Joana às maio 26, 2005 12:48 PM

Há falta de melhores argumentos, perde-se o tempo a discutir a publicação de umas dezenas de livros como se a sua poupança contribuisse decisivamente para a redução do déficit.
A Joana sabe muito bem que isto são peanuts, e que a questão central está na rigidez da despesa pública, fundamentalmente nos gastos com o Pessoal.
Já agora, e nas suas contas, quantos milhares de trabalhadores é necessário "dispensar"?
E em que sectores? Saúde? Educação? (perdoe-me a maldade e provocação: neste caso começava por dispensar a sua mãe, ou optava, em caso de igualdade, por um desconhecido?)Administração Interna? Justiça?
E quem são os dispensáveis? Médicos e/ou enfermeiros? Professores, continuos, pessoal administrativo? Policias (e ladrões)? Juízes e oficiais de diligências? Maqueiros, bombeiros, cantoneiros de limpeza?

Quem se habilita a dar um palpite, quantificando em números de unidade e valores monetários a economia resultante da redução de trabalhadores?

Depois, há outro aspecto deveras interessante:Apresentam-se sempre as empresas como um modelo irrepreensivel, como se nelas também não houvesse, e há, inúmeros desperdícios e erros de gestão. No exercício da minha actividade profissional já passei por tantas empresas, o que me permite ter uma ideia muito concreta sobre o tecido empresarial português, que, na maioria dos casos, não é lá muito recomendável.

Publicado por: Luís Filipe às maio 26, 2005 05:25 PM

Luís Filipe às maio 26, 2005 05:25 PM:
Eu escrevi em epígrafe - "dois exemplos ... recolhidos hoje, à pressa". São apenas 2 exemplos ... à pressa ... hoje.
Tem que haver uma redução enorme nos efectivos. Já que o trouxe à colação, na escola da minha mãe há mais de 20 membros do corpo docente com horário "zero". Dão-lhes tarefas semi-inúteis e o seu poiso é conhecido por "Centro do Dia". Não vejo como o Estado vai ganhar adiando a reforma àquela gente. Quanto à minha mãe, em princípio ela reforma-se dentro de 1 ano, mesmo com esta "ameaça" de Sócrates, é efectiva, está no topo da carreira, portanto não esteja preocupado.

Mas a questão não é apenas no pessoal docente. Frequentemente o ME envia-lhes pessoal auxiliar, que não foi pedido, desnecessário. Presume-se que seja pessoal que o ME não saiba o que fazer e envia aleatoriamente para as escolas.

Haverá provavelmente 200 a 250 mil funcionários públicos a mais. Todavia a diminuição dos efectivos do sector público só é possível se acompanhada da desburocratização dos procedimentos e da reorganização dos serviços.
A ineficiência dos funcionários públicos decorre da ineficiência e do peso estúpido do sistema. Há uma interacção entre as duas ineficiências.

Publicado por: Joana às maio 26, 2005 06:43 PM

Historieta de um "Parasita" Engenheiro:
Licenciei-me e investi em formação paga do meu bolso (por aqui, há já cinco anos que não temos uma única hora de formação profissional). Vim trabalhar para um sítio onde de zela pela segurança alimentar dos portugueses, e pelo cumprimento das leis da concorrência. Desloco-me em viaturas de serviço que andam a cair de podres.
Exerço funções de risco e trabalho, em média, 3 horas extraordinárias por dia sem receber um "tusto" a mais.
Estive 4 anos a "recibo verde" sujeito ao mesmo horário e hierarquia dos restantes colegas de trabalho, até que esse crápula do Guterres resolveu cometer a injustiça de acabar com isso e me colocou no quadro de pessoal. Nos bons tempos do Cavaco eu estava lá, mas não fazia parte dos 750 mil...
Também anseio por uma reforma séria da Administração Pública, que permita a redução de pessoal e de despesa!Julgo que é uma medida prioritária para o saneamento financeiro do país. Mas, francamente, já estou farto de quem fala do que não sabe.
Já agora: o que faz e quanto ganha o meu louvável amigo?

Publicado por: Vítor às maio 26, 2005 06:45 PM

O sr Jorge Sampaio (que é presidente da republica), pirou-se antes do sr socrates (que é ministro),nos informar sobre os sacrificios que ia exigir à malta.
Anda agora a passear pelo país do sol nascente, a gastar ao erário publico verbas que fazem falta para aconchegar o deficit.
Como é benemérito, faz-se acompanhar de amigos...não sabemos quantos, mas se incluirmos o cabaleireiro, o barbeiro, o cozinheiro e os outros, vejam quantos andam a comer à conta...
Dantes os alibábás faziam-se acompanhar de 40.... .....e´...é....só fazer a conta ...como dizia um tal engenheiro cá do burgo que agora tem um grande TACHO na NU.

Publicado por: serena às maio 27, 2005 05:28 PM

As chefias da Administração Pública não têm vencimentos muito elevados, mas gastam imenso em mordomias estúpidas, a começar pelos carrões e motoristas.

Publicado por: Celavisa às maio 27, 2005 11:08 PM

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