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maio 20, 2005

Choque Tecnológico

Para a reestruturação da indústria extractiva portuguesa foi pedido, através de um concurso internacional, um projecto que consubstanciasse os grandes desígnios da nossa política económica: choque, tecnologia e emprego.

Apresenta-se a seguir o projecto vencedor, executado por uma firma alemã de alta tecnologia. Está virado essencialmente para o combate ao desemprego através de um forte espanto choque tecnológico.

PT_Ind_Extract.jpg


Os circuitos de encaminhamento do material extraído estão indicados no corte e obedeceram a critérios ergonómicos rigorosos. O ângulo da escada que optimizava a eficiência do transporte foi calculado em 70º, através de software elaborado especificamente para este projecto. Nada foi deixado ao acaso – no canto superior direito pode observar-se o cuidado posto na preservação do meio ambiente.

Ao lado, em corte, vê-se um poço de visita para um mineiro de elite.

Publicado por Joana às maio 20, 2005 10:22 PM

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Comentários

Bem, o mineiro de elite já está de tanga e os outros nem isso.

Publicado por: Coruja às maio 21, 2005 12:19 AM

É um espanto tecnológico

Publicado por: Sa Chico às maio 21, 2005 01:49 AM

Na minha opinião a Joana não está a interpretar bem este projecto.

A prova é que chamou «poço de visita» ao que é, visivelmente, um «poço de fuga»...

# : - ))

Publicado por: (M) às maio 21, 2005 04:19 AM

Claramente que acabou o discurso de tanga. Apenas o "mineiro de elite" ainda tem a mania da tanga. Os outros deixaram-se disso

Publicado por: David às maio 21, 2005 10:35 AM

Joana, minha filha! Graças ao teu sentido de humor perdoo-te todos os teus pecados neo-liberais!... Já me fizeste rir hoje, coisa que eu não faço com a frequência desejada...

Publicado por: Albatroz às maio 21, 2005 12:47 PM

Desde que eclodiu o caso da Vargem Fresca tenho estado em pulgas para ver se e como a Joana o vai comentar.
É claramente um caso de défice de Estado. As tentativas que tenho visto escritas para o transformar num caso de excesso de Estado resumem-se ao argumento de que se não houvesse regulamentação não teria havido tráfico de influências. Pois não, mas também não haveria sobreiros.
O argumento é tão idiota que não me admira que a Joana não tenha querido recorrer a ele; mas poderia, com a sua inteligência e a sua verve, dar-lhe outra volta qualquer.
Longe de mim dizer-lhe o que deve publicar ou não no seu blogue - mas lá que dá sempre prazer ver uma inteligência superior a defender o indefensável, lá isso dá; é é por isso que me dá pena que a Joana ainda não tenha sentido vontade de abordar o assunto.

Publicado por: Zé Luiz às maio 21, 2005 04:28 PM

O choque tecnológico é a coisa mais pateta que ouvi recentemente. Só quem acredita que nos tempos actuais em que um automóvel tem que ser criado em 1-2 anos em vez dos anteriores 4 em que certas áreas de actividade um produto não dura mais de 3-6 meses as tecnologias futuras podem ser determinadas num qualquer gabinete ministrial..
A única maneira de evoluir e inovar é a própria sociedade ou seja quem está no terreno o fazer, são esses que têm os dados e estão em melhores condições de decidir melhor. O Estado tem é de não atrapalhar na Educação e na Justiça.

Publicado por: lucklucky às maio 22, 2005 03:40 PM

lucklucky - maio 22, 2005 03:40 PM

Patetice é vir dizer bacoradas sobre uma coisa que o governo ainda não disse o que é.
E se o Estado quiser inovar tem muito por onde se mexer nas áreas onde «está no terreno», em alguns casos exclusivamente: nas comunicações, nos transportes, na saúde, na educação, etc. Para não falar nas Forças Armadas.


Publicado por: e=mc2 às maio 22, 2005 04:30 PM

Tem piada falamos de choque tecnológico e falas de simples actos de gestão (não quero querer que estejas á espera que o Governo vá desenhar os telemóveis da 5 Geração :) ...fica á espera do Governo e vais ver que chegará tarde se chegar e numa altura em todos "já partiram para outra"...

Gerard Shroder(SPD) e os Verdes foram derrotados na Renânia do Norte-Vestefalia um estado que não perdiam há 30 anos, o problema é que talvez venha um Durão Barroso.

Publicado por: lucklucky às maio 22, 2005 10:02 PM

Zé Luiz às maio 21, 2005 04:28 PM
Se ler as minhas respostas ao (M)arca Amarela no post "Sócrates perante a cicuta", verá um resumo muito sumário do que eu penso dos sobreiros:

Como afirmou o seu correligionário político Ganhão, o problema da decisão foi o "timing". Quanto à decisão em si, ele está de acordo com a decisão e eu também.
Relativamente a Belmonte todas as entidades locais e regionais estão de acordo. Havia uma reserva "ecológica" de água estagnada que vai ser recuperada.
Parvoíces dos ambientalistas deixados à solta nos institutos do Estado.
Se não começassem a desclassificar áreas, hoje não havia nem uma central eólica.

Publicado por: Joana às maio 15, 2005 10:15 PM

Nota: a desclassificar áreas sob pressão dos governos, pressionados pelos promotores das eólicas (capitalistas satânicos!!) e pelo protocolo de Quioto.

Está respondido?

Publicado por: Joana às maio 15, 2005 10:17 PM

Nota: Não me referi à questão do alegado tráfico de influências. Isso é matéria criminal e os tribunais julgarão se acharem matéria para tal.

Publicado por: Joana às maio 23, 2005 12:05 AM

Não, Joana, não está respondido.
Sobre a decisão em si não me pronuncio porque não sou competente para tal. A questão, para mim, está precisamente naquilo sobre que você não se pronuncia, alegando que é matéria criminal: o tráfico de influências.
Será matéria criminal, mas nem por isso deixa de ser também matéria política. Não é politicamente indiferente que sob determinados regimes certos crimes sejam mais fáceis de cometer do que sob outros, nem que tenham menos probabilidades de ser punidos do que sob outros. Não é politicamente indiferente que em Portugal nunca tenha sido punido um caso de tráfico de influências.
Nem é possível deixar de ver que esta impunidade, que é um facto, milita a favor da tese do défice de Estado e não da tese do excesso de Estado.

Publicado por: Zé Luiz às maio 23, 2005 12:41 AM

Istada a pronunciar-se sobre a questão dos sobreiros, que diz a Joana?:

1) Diz que está de acordo com a decisão, mas não justifica esta sua posição;

2) Refere um caso (o de Belmonte) que nada tem a ver, em matéria de decisão, com o dos sobreiros;

3) Aproveita para atirar a matar contra "os ambientalistas", seus adversários de estimação;

4) Generaliza, recomendando que se desclassifiquem áreas o mais possível;

5) Para compôr o ramalhete, fala de centrais eólicas.

Balanço final: argumentação, 0; tiros no adversário, 2.

Publicado por: Luís Lavoura às maio 23, 2005 10:00 AM

Zé Luiz às maio 23, 2005 12:41 AM
1 – O crime de tráfico de influências, que eu saiba, só tem uma moldura penal recente
2 – Você faz tiradas moralistas sem saber o que diz: “Não é politicamente indiferente que em Portugal nunca tenha sido punido um caso de tráfico de influências”. Portugal sempre foi o país da cunha sob todos os regimes.
3 – Não é, directamente, o excesso de Estado, mas o excesso de burocracia (que tem a ver com o excesso de Estado) que incentiva a cunha ou o tráfico de influências. Num país em que parte dos fogos construídos foram-no clandestinamente e os outros não foram porque os projectos foram dados a arquitectos ou engenheiros das Câmaras; num país em que tem que se untar as mãos à pirâmide administrativa, desde a base, os contínuos, até ao topo; num país em que temos que estar sempre a telefonar para as entidades administrativas a “lembrar” que os processos não andam nem desandam, você aparece com esses chavões moralistas, inconsistentes e desconhecedores da realidade.
Ainda não percebi se você acredita mesmo no que escreve, ou usa esse discurso moralista para falsificar a realidade, fingindo que não dá por isso

Publicado por: Joana às maio 23, 2005 01:46 PM

Luís Lavoura às maio 23, 2005 10:00 AM
Que eu saiba o sobreiro não é um ícone, ou um monumento nacional. É uma árvore que tem utilidade económica. E se tem utilidade económica, essa utilidade tem que ser balanceada com a utilidade económica de projectos alternativos. O Presidente da CM Benavente (da CDU) e a população local estavam de acordo, pois era um projecto que fomentava emprego “permanente” (e não só durante a construção).
O projecto previa a plantação de mais sobreiros do que os que eram cortados. A tese de que os sobreiros levam 25 anos a atingirem a fase de extracção de cortiça é completamente estúpida – recusa-se o abate contrapondo razões místicas às económicas e depois critica-se a plantação de novos por razões económicas??
Tenho tratado nos últimos anos de financiamentos de projectos no domínio ambiental e sei, por experiência própria, que os ambientalistas (refiro-me aos líderes) é a gente mais repugnante e hipócrita que eu jamais encontrei. Vivem da chantagem através dos meios de comunicação para obterem trabalhos e pareceres; estão ligados a lobbies nacionais e internacionais de fabricantes e os seus ataques a determinadas soluções visam empurrar as escolhas no sentido que lhes convém, etc.

Li uma vez há uns 6 anos um EIA do GEOTA sobre um parque eólico. Chumbava-o. Até as valas para meter os cabos eram destruidoras do ambiente (mesmo depois de tapadas). O Governo teve que ordenar a desclassificação das áreas para conseguir que se começassem a construir centrais eólicas. A Barragem de Odelouca não está parada, com prejuízos enormes, por causa de hipotéticos linces que ninguém viu?

Publicado por: Joana às maio 23, 2005 02:04 PM

Luís Lavoura às maio 23, 2005 10:00 AM
Nota: o caso de Belmonte foi referido porque a pergunta a que eu respondi também o incluía. Se você tivesse lido o post original escusava de falar desnecessariamente

Publicado por: Joana às maio 23, 2005 02:05 PM

«Que eu saiba o sobreiro não é um ícone, ou um monumento nacional. É uma árvore que tem utilidade económica. E se tem utilidade económica, essa utilidade tem que ser balanceada com a utilidade económica de projectos alternativos.» (fim de excitação)
___________________

A questão está em saber quem beneficia dessa utilidade económica. O PC (presidente da Càmara) de Benavente pode muito bem considerar que os sobreiros não têm importância para o seu concelho, mas isso não significa que o interesse de Benavente coincida com o interesse nacional.

Publicado por: Glande às maio 23, 2005 04:17 PM

«Que eu saiba o sobreiro não é um ícone, ou um monumento nacional. É uma árvore que tem utilidade económica. E se tem utilidade económica, essa utilidade tem que ser balanceada com a utilidade económica de projectos alternativos.» (fim de excitação)
___________________

A questão está em saber quem beneficia dessa utilidade económica. O PC (presidente da Càmara) de Benavente pode muito bem considerar que os sobreiros não têm importância para o seu concelho, mas isso não significa que o interesse de Benavente coincida com o interesse nacional.

Publicado por: Glande às maio 23, 2005 04:18 PM

«Que eu saiba o sobreiro não é um ícone, ou um monumento nacional. É uma árvore que tem utilidade económica. E se tem utilidade económica, essa utilidade tem que ser balanceada com a utilidade económica de projectos alternativos.» (fim de excitação)

___________________


A questão está em saber quem beneficia dessa utilidade económica. O PC (presidente da Càmara) de Benavente pode muito bem considerar que os sobreiros não têm importância para o seu concelho, mas isso não significa que o interesse de Benavente coincida com o interesse nacional.

Publicado por: Glande às maio 23, 2005 05:07 PM

joana:
Não sei se é o meu discurso que é moralista ou o seu que é imoralista. Devo concluir do que você escreve que o facto de o tráfico de influências ser uma tradição nacional faz com que deixe de ser uma questão política?
Quando li que não sabia o que dizia ao escrever que o tráfico de influências nunca foi punido em Portugal, fiquei à espera de ler na linha seguinte um exemplo que mostrasse que não sei, de facto, o que digo. Não o li. Poderá dar-se o caso de ser você que não sabe o que diz?
O excesso de burocracia tem a ver com o excesso de Estado? Às vezes. Outras vezes tem a ver com a falta de Estado. Como é o caso neste caso.

Publicado por: Zé Luiz às maio 23, 2005 07:31 PM

Zé Luiz: Estou farta de ver as minhas afirmações falsificadas para servirem de argumentação ao estilo de um seminarista do século XVI.
Julgo que não há interesse em debates nestes moldes.

Publicado por: Joana às maio 23, 2005 09:00 PM

Joana: estive a reler tudo o que aqui escrevi à procura duma afirmação sua que eu tivesse falsificado. Nâo encontrei nenhuma.
Eu tinha escrito que não é politicamente indiferente que em Portugal nunca tenha sido punido um caso de tráfico de influências. Referindo-se especificamente a esta minha afirmação você diz que eu faço tiradas moralistas sem saber o que digo.
Onde está o moralismo? Em considerar que a impunidade de um dado crime é politicamente relevante? E onde está o não saber o que digo? A minha afirmação é contrária aos factos? E neste caso: a que factos?
E é neste contexto que você escreve que Portugal sempre foi o país da cunha. Isto até é verdade - mas vem a que propósito? A propósito do resto do parágrafo? Mas se assim é a minha interpretação é natural e legítima: não estou a distorcer coisa nenhuma.
Se eu quisesse distorcer as suas palavras teria substituido o seu «tem a ver com» (expressão um pouco manhosa, permita-me a franqueza)por um mais directo «resulta de». Não o fiz, deixei estar como estava, e nem cuidei de discutir se a sua ambiguidade era calculada ou não.
Quanto ao meu estilo, cada um tem o que tem. O dum seminarista do séc. XVI não será dos piores, embora eu preferisse o dum seminarista do séc. XVII. Depois do barroco nunca mais foi possível combinar no discurso, tão harmoniosamente, a racionalidade e a paixão. Tomara eu ser capaz de o fazer como eles faziam.

Publicado por: Zé Luiz às maio 23, 2005 10:18 PM

Sempre achei muita graça a isso de «afirmações falsificadas», ou «distorcidas», ou...

O problema é quando se sai do blogue e se entra na vida real...

# : - ))

Publicado por: (M) às maio 24, 2005 04:14 AM

...
Esta a sina do inventor
Neste Portugal moribundo
Por pouco a ir ao fundo
Por culpa de tanto estupor

Querem cativar valores
Que fogem para outras terras
Mas só dáo os louvores
Ás nulidades e aos palermas

São estes ditos senhores
Que estão sempre arruinando
O país do saber e de valores
Que pelo mundo vão andando

Foram enriquecer outros paises
Porque sua Patria amada
Secou-lhes as veias e raizes
Não lhes dando chance para nada

fernando nogueira gonçalves

Publicado por: fernando nogueira gonçalves às setembro 1, 2005 12:41 PM

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