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fevereiro 01, 2005

Iraque Virtual

Durante as últimas semanas os nossos jornalistas transmitiram-nos imagens dramáticas sobre o desastre que se perspectivava nas eleições iraquianas. As assembleias eleitorais pareciam bunkers cuja localização, segundo os jornalistas, quase ninguém conhecia. Falava-se em centenas de atentados programados para esse dia fatídico. Era óbvio e seguro que, nesse dia, os iraquianos iriam permanecer em casa, refugiados no recôndito mais sombrio do lar, trementes de pavor, até que o sol voltasse a refulgir no dia seguinte.

Eleições realizadas sob a ameaça de actos terroristas, em assembleias de votos impenetráveis, de localização desconhecida, com uma população sublevada contra o invasor que organizara o acto eleitoral, eram ingredientes mais que suficientes para que só alguns masoquistas e traidores à pátria fossem votar. Este era o quadro que os nossos enviados nos apresentavam sobre o Iraque. Os factos apresentados pelos nossos repórteres eram irrefutáveis.

Domingo, à medida que se conheciam os resultados da afluência às urnas, a estupefacção, e a irritação, dos nossos jornalistas não cessava de aumentar. Como era possível os iraquianos terem-lhes feito tamanha desfeita? Então os iraquianos não haviam tido a delicadeza e a curiosidade de verem as reportagens que eles com tanto rigor e afã faziam diariamente? Então os iraquianos não estavam informados que as assembleias eleitorais eram impenetráveis, eriçadas de blocos de betão e vigiadas pelo ocupante? Então os iraquianos não sabiam que a localização das assembleias eleitorais era desconhecida? Então os iraquianos não sabiam que o herói da resistência ao opressor, al-Zarqawi, lhes havia ordenado que permanecessem em casa?

Tamanha indelicadeza e desrespeito pelos factos relatados pelos nossos repórteres é detestável. Será que os Iraquianos não perceberam que os nossos repórteres reportam as suas opiniões no desejo seguro que elas se tornem factos? Porque foi que os iraquianos falsificaram os factos de forma a que não coincidissem com as opiniões rigorosas dos nossos repórteres?

Tamanha falta de deontologia profissional dos reportados merece ser investigada e denunciada. Não pode ficar impune. Fere profundamente a objectividade e a liberdade de imprensa, os reportados falsificarem os factos para eles não coincidirem com a realidade das opiniões dos jornalistas.

O primeiro passo no sentido de adequar os factos às opiniões já foi dado. Daniel Oliveira demonstrou que o censo populacional iraquiano estava errado. O censo de 2001, que contabilizava 23,4 milhões de iraquianos não passa de um facto. A opinião rigorosa indica 27 milhões. O mesmo censo contabilizava 13,6 milhões como tendo 15 anos e mais. Não passa de um facto. A opinião rigorosa indica 20 milhões de adultos. Portanto os 14,2 milhões de eleitores inscritos não passava de um facto, e como tal irrelevante, pois Daniel Oliveira decretou que a pirâmide etária dos Iraquianos era igual à da Europa Ocidental. E contra opiniões rigorosas não há factos.

Portanto a percentagem de afluência superior a 60% (semelhante à portuguesa, onde só há terrorismo verbal e as assembleias eleitorais têm as portas abertas e são de localização conhecida) é apenas um facto. Daniel já provou que 8 milhões são apenas 40% da dimensão do eleitorado definida por opinião rigorosa, sem o empecilho imperialista dos factos. O próximo passo será provar que aqueles 8 milhões não existiram. Não passam de efeitos especiais criados pelos computadores do exército invasor.

Aqueles 8 milhões não passam de uma apresentação em Power Point.


Nota: Não faço previsões sobre os resultados que irão emergir destas eleições. Tudo indica que houve uma menor afluência no “triângulo” sunita e afluência maciça no resto do país. Existe portanto o espectro de um triunfo esmagador dos partidos xiitas e de uma marginalização política dos sunitas, que já de si constituem uma minoria, o que poderá traduzir-se num foco de grande conflitualidade. Terá que haver muita sensatez da parte dos diversos protagonistas da cena política iraquiana.

Uma coisa é quase segura: a enorme afluência às urnas vai fortalecer as forças que pretendem uma solução democrática e isolar aqueles que pretendem a violência e o caos, para dominarem as populações por essa via.

Publicado por Joana às fevereiro 1, 2005 12:01 AM

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Comentários

Tem parcialmente razão.
Só não correu, como devia ter corrido, isto é de acordo com as certezas dos senhores jornalistas, porque o Público demora imenso tempo a chegar a Bagdad e assim não puderem ler a crónica do Grande Ideólogo Miguel Sousa Tavares.

E ainda por cima Cármen Marques, que aliás com a sua burka preta, já é mais iraquiana que outra coisa qualquer, estava a dormir.

Para castigo no Público de hoje, nenhum dos grandes editorialistas se lembrou que tinha havido eleições.
E eu pergunto, houve mesmo?

Pode ter sido encenado.
Afinal não é verdade que há suspeitas de terem ido á Lua?

Publicado por: carlos alberto às fevereiro 1, 2005 12:11 AM

Joana,
presumo que Vc goste de ler JCEspada !http://ometablog.blogspot.com/2005/01/espada-e-seus-milagres_29.html#comments

Publicado por: zippiz às fevereiro 1, 2005 12:14 AM

Joana, essa frase vai fazer história: contra opiniões, não há factos.
É o lema da nossa comunicação

Publicado por: David às fevereiro 1, 2005 12:16 AM

Tem alguma razão Joana quando fala de certos jornalistas, é verdade que exageram e são pouco objectivos e muito especulativos.

No entanto se esquecermos que morreram 36 pessoas, as eleições foram normais.

De notar um casal da classe média Iraquiana que disse ter ido votar sem medo, pois competia-lhes escolher o futuro Governo, e que desejavam que os EUA retirassem para que houvesse Paz.

Publicado por: Templário às fevereiro 1, 2005 12:43 AM

Ó Joaninha essa do terrorismo verbal em Portugal é extensível ao Semiramis ?

Publicado por: Templário às fevereiro 1, 2005 12:44 AM

Claro que deve ser, ó Templário. Você já viu a caixa de comentários da malta. O que a gente tem práqui escrito.

Publicado por: Coruja às fevereiro 1, 2005 12:51 AM

Corujinha

Aqui não aparece nada, que não se fale numa boa tasca Portuguesa.

Publicado por: Templário às fevereiro 1, 2005 12:55 AM

Quando se fala de factos, deve-se entrar em linha de conta com todos os factos.
É um facto, por exemplo, que quem andou a bombardear a opinião pública com a ideia de um fim de semana de caos no Iraque não foram «os nossos» jornalistas, mas sim o senhor Donald Rumsfeld e os jornalistas dele.
A alegada ameaça era tão grande que a primeira potência militar resolveu enviar mais uns milhares de soldados para o Iraque. É claro que Joana poderá dizer que foram influenciados pelos jornalistas do "Público", mas não me parece que isso possa ser arrolado como um facto.
Diga-se, também, que o facto de o "Público" se fazer eco das teses norte-americanas não é um facto novo. É um facto que o "Público" tem apoiado sempre todas as intervenções militares dos EUA.
É também um facto que toda a comunicação americana fez da pré-informação eleitoral um autêntico thriller. Algumas reportagens pareciam mais argumentos de Carpenter do que peças jornalísticas.
Joana não se abalança a gozar com as reportagens dos enviados das cadeias de televisão americanas. Sairia muito mal nessa fotografia. Socorre-se, assim, dos «nossos» jornalistas, deixando nesse vácuo factual toda a ambiguidade que convém à manipulaçãozinha destinada a uns pobres de espírito que não conseguem escrever neste blogue mais do que vinte aquiescentes palavras.
Quanto às especulações sobre o número de votantes, parecem pouco relevantes. Estas eleições contam tanto para a solução do problema do Iraque como uma célebre sondagem (supostamente favorável aos invasores) que Joana veio aqui apontar à cabeça de quem condenou a invasão. Os resultados da sondagem estão à vista.
E para deixar mais um facto em cima da mesa, é bom não esquecer que os EUA estão empenhados em demonstrar que as eleições foram um êxito, para mais depressa sairem daquele caldeirão.
Nesta época de ouro da informação pronta a vestir já não há lugar para os factos por medida.

Publicado por: Anonymous às fevereiro 1, 2005 01:06 AM

O sócrates fará fist fucking até ao cotovelo ?
E fará clister antes de fazer ? amor ?

Publicado por: Muito Mau às fevereiro 1, 2005 09:10 AM

Pelo segundo dia consecutivo, os brilhantes analistas do Público, não nos querem ensinar o que se passou nas eleições do Iraque.
Bem, peço desculpa, não sei se Vital Moreira fala ou não sobre o assunto, nunca o leio, mas pelo título da crónica parece que não.

Publicado por: carlos alberto às fevereiro 1, 2005 10:04 AM

Não percebi aquele comentarista nulo. Se o Público transmite as reportagens americanas, ao gozar-se com o Público, goza-se com os américas

Publicado por: Coruja às fevereiro 1, 2005 10:11 AM

E pelo que li no post, a Joana falava principalmente da TV. Foi na TV que eu vi reportagens que diziam aquilo que está escrito, sobre ninguém saber onde eram as secções de voto.

Publicado por: Coruja às fevereiro 1, 2005 10:14 AM

Não há dúvida que o sr. Joseph Goebbels fez escola em muitas partes do mundo, nomeadamente em Portugal. É um facto, perdão, é uma opinião.

Publicado por: Senaqueribe às fevereiro 1, 2005 10:43 AM

Não há dúvida que a afluênca às urnas foi uma total surpresa tendo em conta as notícias que os nossos jornalistas enviavam.
Este é uma facto que não se pode mascarar

Publicado por: hanibal às fevereiro 1, 2005 11:22 AM

Esquecendo o lixo jornalístico (é quase um pleonasmo...), o iraquianos mostraram que não eram tão burros e cobardes como os quiseram fazer.

O respeito pelas minorias e neste caso a importantíssima minoria sunita, será um dos maiores problemas. Os sunitas poderão vetar a futura constituição se ela não lhe agradar. A ideia é não deixar os xiitas fazer o que quiserem, mas se não há lucidez suficiente poderá entrar-se num impasse e em mais violência.

Mas o que teria mesmo piada era que no Iraque nascesse um estado que conseguisse separar os poderes político e religioso. Esperar demais?
Se até num país atávico como Prtugal se conseguiu fazer isso com relativo sucesso, porque não no Iraque?

Publicado por: Mário às fevereiro 1, 2005 11:36 AM

Embora não tendo vocação para educador das massas (isso é uma coisa que atrai mais personagens como Durão Barroso) deixo aqui os primeiros parágrafos de uma análise da Associated Press distribuída hoje:

Low Sunni Turnout in Iraq Causes Concern

By PAUL GARWOOD
Associated Press Writer
CAIRO, Egypt
Middle Eastern governments say they hope to establish good relations with whatever leadership emerges from Iraq's landmark election but expressed concern over the low Sunni Muslim turnout and the rise in Shiite Muslim influence.

Some commentators and newspapers had warm words for Sunday's election, in contrast to virulent pre-polling criticism from many quarters in the region. Others continued to question the legitimacy of the election, pointing to the dearth of voters in many Sunni areas, though there were no firm figures for the turnout yet.

The limited Sunni participation was no surprise. Iraq's Sunni leaders had called for a boycott to protest the U.S.-led military occupation. The raging insurgency, which carried out numerous attacks on election day as threatened, may also have kept Sunnis away from the polls. Sunnis make up about 20 percent of Iraq's 25 million people.

Temos, assim, que o apelo à não participação dos sunitas foi seguido e que houve uma baixa afluência dos sunitas às urnas. Baixa afluência essa que é motivo de preocupação para muita gente.

Já que fiz uma paragem no blogue, não posso deixar de anotar uma observação do transeunte «Mário» que atesta a sua cultura, não muito diferente, diga-se em seu favor, de outros comparsas seus:

...«teria mesmo piada era que no Iraque nascesse um estado que conseguisse separar os poderes político e religioso»...

Alguém terá a bondade de explicar ao triste Mário que esse Estado existia antes da invasão americana e que o primeiro e mais procupante resultado da invasão é, precisamente, o facto de se estabelecer sobre o Iraque o poder dos ayatolahs?
Alguém lhe diz que é da natureza de um Estado árabe ter como lei fundamental o Corão?

Publicado por: Anonymous às fevereiro 1, 2005 12:20 PM

Malditos jornalistas - acontanados nos hotéis de onde mal podiam sair para umas pequenas voltas.
A informação que os ilustres analistas do Blogue da Joana beberam, foi essencialmente recolhida dos invasores.
Mesmo assim, e apesar do branqueamento que se pretende fazer neste blogue, a Resistência ainda teve oportunicdade de mandar um C130 dos invasores para o galheiro.
Já agora, quando falam de americanos referem-se a brasileiros, canadianos, cubanos? ou somente aos Estadounidenses? Como as vossas mentes estão condicionadas.
É melhor arejar as tontinhas!

Publicado por: elmano às fevereiro 1, 2005 12:23 PM

Portanto a informação que nós, os ilustres analistas do Blogue da Joana, bebemos, foi essencialmente recolhida dos invasores.
Foram os invasores que disseram que estas eleições iam ser um fiasco. Foram os invasores que deram as informações que os repórteres da SIC, TVI e RTP transmitiram. Foram os invasores que disseram ao M Sousa Tavares o que ele devia dizer nos comentários

Publicado por: tontinhas a arejar às fevereiro 1, 2005 12:31 PM

Longa vida aos tontos e aos militaristas, aos mal intencionados, ao conservadores e a essa gentalha.

Sem eles, as vossas amadas ditaduras ainda estavam de pé.

Publicado por: Mário às fevereiro 1, 2005 02:14 PM

Afixado por: em fevereiro 1, 2005 12:20 PM

Ao transeunte «» anónimo tenho que agradecer a bondade de me querer educar. Peço desculpa por não assinar por baixo tudo o que diz, falha minha.

O regime de Sadham era laico, concerteza, o facto de ser ditadura é irrelevante. Onde tinha eu a cabeça desejar uma democracia com separação de poderes?

«Alguém lhe diz que é da natureza de um Estado árabe ter como lei fundamental o Corão?»

Terá toda a razão. Tal como faz parte da natureza portuguesa um estado católico (tivemos durante 48 anos). Vamos regredir para estar de acordo com a nossa natureza.

Será que alguém terá a bondade de explicar ao «» que os xiitas do Irão não são árabes mas persas? Tal como alguém lhe poderá explicar que nem todos os árabes são muçulmanos? Ou ainda que a natureza humana é bastante mais rica e variada e pode encontrar sempre caminhos que os livrem da servidão? Poderão ainda explicar ao «» que as coisas que diz mais não passam que paternalismo encoberto de boas intenções? E ainda que esse encobrimento revela profundas carências emocionais?

É que isto de querer cultivar os outros sem ter lá grande cultura e sensibilidade não é lá muito inteligente.

Publicado por: Mário às fevereiro 1, 2005 02:33 PM

Afixado por: em fevereiro 1, 2005 12:20 PM

Ao transeunte «» anónimo tenho que agradecer a bondade de me querer educar. Peço desculpa por não assinar por baixo tudo o que diz, falha minha.

O regime de Sadham era laico, concerteza, o facto de ser ditadura é irrelevante. Onde tinha eu a cabeça desejar uma democracia com separação de poderes?

«Alguém lhe diz que é da natureza de um Estado árabe ter como lei fundamental o Corão?»

Terá toda a razão. Tal como faz parte da natureza portuguesa um estado católico (tivemos durante 48 anos). Vamos regredir para estar de acordo com a nossa natureza.

Será que alguém terá a bondade de explicar ao «» que os xiitas do Irão não são árabes mas persas? Tal como alguém lhe poderá explicar que nem todos os árabes são muçulmanos? Ou ainda que a natureza humana é bastante mais rica e variada e pode encontrar sempre caminhos que os livrem da servidão? Poderão ainda explicar ao «» que as coisas que diz mais não passam que paternalismo encoberto de boas intenções? E ainda que esse encobrimento revela profundas carências emocionais?

É que isto de querer cultivar os outros sem ter lá grande cultura e sensibilidade não é lá muito inteligente.

Publicado por: Mário às fevereiro 1, 2005 02:37 PM

Afixado por: em fevereiro 1, 2005 12:20 PM

Ao transeunte «» anónimo tenho que agradecer a bondade de me querer educar. Peço desculpa por não assinar por baixo tudo o que diz, falha minha.

O regime de Sadham era laico, concerteza, o facto de ser ditadura é irrelevante. Onde tinha eu a cabeça desejar uma democracia com separação de poderes?

«Alguém lhe diz que é da natureza de um Estado árabe ter como lei fundamental o Corão?»

Terá toda a razão. Tal como faz parte da natureza portuguesa um estado católico (tivemos durante 48 anos). Vamos regredir para estar de acordo com a nossa natureza.

Será que alguém terá a bondade de explicar ao «» que os xiitas do Irão não são árabes mas persas? Tal como alguém lhe poderá explicar que nem todos os árabes são muçulmanos? Ou ainda que a natureza humana é bastante mais rica e variada e pode encontrar sempre caminhos que os livrem da servidão? Poderão ainda explicar ao «» que as coisas que diz mais não passam que paternalismo encoberto de boas intenções? E ainda que esse encobrimento revela profundas carências emocionais?

É que isto de querer cultivar os outros sem ter lá grande cultura e sensibilidade não é lá muito inteligente.

Publicado por: Mário às fevereiro 1, 2005 02:40 PM

O que se tem passado é uma guerra cívil. Por um lado a chamada coligação,os Xiitas e os Curdos e por outro lado os Sunitas e a Al-qaida. Como é evidente as eleições interessam aos americanos, aos Xiitas porque são a maioria e aos Curdos porque aos poucos estão a conseguir a autonomia ou mesmo indepência do norte do Iraque.
Resumindo nestes últimos dois anos os Sunitas e a Al-qaida tentam expulsar a coligação do Iraque e consequentemente atacam os Xiitas e os Curdos que são aqueles que de alguma forma colaboram com a "coligação".
Nas eleições votaram os Xiitas e os Curdos...os Sunitas e Al-Qaida não votaram mas também não conseguiram evitar que os Xiitas o fizessem devido às altas medidas de segurança impostas pela "coligação" no dia das eleições...
O que acabo de escrever parece-vos evidente...eu sei...mas nem sempre as evidências são apreendidas pela opinião pública de que faze-mos parte. Ou os Xiitas integram paulitinamente os Sunitas na vida política ou tentam esmagá-los...

Publicado por: amsf às fevereiro 1, 2005 02:41 PM

Afixado por: em fevereiro 1, 2005 12:20 PM

Ao transeunte «» anónimo tenho que agradecer a bondade de me querer educar. Peço desculpa por não assinar por baixo tudo o que diz, falha minha.

O regime de Sadham era laico, concerteza, o facto de ser ditadura é irrelevante. Onde tinha eu a cabeça desejar uma democracia com separação de poderes?

«Alguém lhe diz que é da natureza de um Estado árabe ter como lei fundamental o Corão?»

Terá toda a razão. Tal como faz parte da natureza portuguesa um estado católico (tivemos durante 48 anos). Vamos regredir para estar de acordo com a nossa natureza.

Será que alguém terá a bondade de explicar ao «» que os xiitas do Irão não são árabes mas persas? Tal como alguém lhe poderá explicar que nem todos os árabes são muçulmanos? Ou ainda que a natureza humana é bastante mais rica e variada e pode encontrar sempre caminhos que os livrem da servidão? Poderão ainda explicar ao «» que as coisas que diz mais não passam que paternalismo encoberto de boas intenções? E ainda que esse encobrimento revela profundas carências emocionais?

É que isto de querer cultivar os outros sem ter lá grande cultura e sensibilidade não é lá muito inteligente.

Publicado por: Mário às fevereiro 1, 2005 02:43 PM

Gosto de pessoas mordazes. E que detectam a hipocrisia e a sabem mostrar. Bem escrito.

Publicado por: soromenho às fevereiro 1, 2005 03:50 PM

Sabem mostrar é a própria hipocrisia

Publicado por: nuncio às fevereiro 1, 2005 06:02 PM

E a Joana é perita nisso

Publicado por: nuncio às fevereiro 1, 2005 06:03 PM

Mon petit Joana

Você até acredita, e ai tudo bem, agora que nos queira fazer acreditar que as eleições no Iraque foram democráticas e com elevada taxa de votantes ?, desculpe mas não me ofenda, porque sou minimamente inteligente para saber que, onde os EUA estão existe tudo menos Democracia.

Você até acredita, e ai tudo bem, agora que nos queira fazer acreditar que a invasão do Iraque existiu porque existiam armas de destruição macissa ?, desculpe mas não me ofenda, porque sou minimamente inteligente para saber que, onde os EUA metem a pata é porque existem outros interesses, e que não são interesses de ordem estratégico-politica, mas sim capitalista onde o que interessa é o lucro mesmo que para isso se tenha que matar (dizimar) um povo e que tenha que se sacrificar uns tantos militares americanos (quase a totalidade filhos das classes mais desfavorecidas, descendentes latinos e afro).
Que o Barroso o Santana e o Portas nos queiram fazer crer que isto tudo é verdade ? , tudo bem, já ninguem lhes liga, agora a Joana que tem aqui um publico fiel que maioritariamente a respeitam e só querem trocar ideias ? por favor.

Publicado por: Gato Fedorento às fevereiro 1, 2005 06:07 PM

O que se passa?

Publicado por: Gato Fedorento às fevereiro 1, 2005 06:34 PM

Claro, prá Joana e pra muito comentarista que aqui bota palavra, estas foram as eleições mais democráticas que existiram.
O pessoal é que anda a ser enganado, por jornalistas que nos impingem tormentos!
De facto as estatísticas sobre as mortes das forças de coligação, do grau de destruição daquele país, os milhares de mortos civís, são pura ficção.
Na base de mentiras, (existência de armas de destrição)fez-se guerra, e acabou (por enquanto) por se eleger (dizem democraticamente), um qualquer "ayatola", que será possivelmente bem pior que Saddam, que aliás já tinha sido outora, o preferido desta gente!
Para as Joanas deste mundo, ficam as consciências mais tranquilas...bem hajam, e dormam lá o sono dos inocentes se fazem favor!

Publicado por: E.Oliveira às fevereiro 1, 2005 06:43 PM

Afixado por E.Oliveira em fevereiro 1, 2005 06:43 PM:
Mas não acha que uma afluência tão elevada não contraria o que os jornalistas nos andaram a dizer durante semanas?

Publicado por: David às fevereiro 1, 2005 07:04 PM

David em fevereiro 1, 2005 07:04 PM

Amigo David não sabe como é que se trabalham "os numeros" ?

Veja em Portugal cada jornal que lança uma sondagem os "numeros" são diferentes.

Quantos Iraquianos é que estavam resenciados ? Sabe ?

Quantos Iraquianos é que são eleitores ?

Não se esqueça que 1 é 50% de 2

Publicado por: Gato Fedorento às fevereiro 1, 2005 07:50 PM

Gato Fedorento não seja pateta, as pobres comunidades Afro e latina ganham bem mais do que nós e estão ao nível dos Suecos em poder de compra.


A participação de 60%(velor mais baixo) é extraordinária, a média de participação nas Primeiras eleições desde 1945 em 80 países é de 61%

Publicado por: lucklucky às fevereiro 2, 2005 02:12 AM

É espantoso como alguns dos que por aqui andam não conseguem enxergar as coisas tal como elas são, mesmo quando as tèm debaixo dos olhos, como é o caso da tal afluência às urnas. Falam, falam, falam, mas não percebem nada. O boicote não foi pedido aos iraquianos todos, foi pedido aos sunitas e os sunitas não foram votar, só uma minoria foi lá por o papel. Isso está nos jornais de tdo o mundo e só os ceguinhos daqui não querem ver

Publicado por: espantado às fevereiro 2, 2005 02:17 AM

"Dans la capitale, les sunnites veulent se démarquer du terrorisme"
La mobilisation de cette communauté, qui souffre d'être associée aux attentats, a étonné
http://www.lefigaro.fr/international/20050201.FIG0083.html

Interessante artigo

«Les médias occidentaux aiment trop la caricature. Les sunnites ne sont pas tous des militants islamistes ou d'anciens militaires soucieux de se venger d'avoir été jetés à la rue par les Américains», explique Shada, une Sunnite de 29 ans, diplômée de l'Université de Bagdad

Dans les quartiers mixtes de Bagdad, les sunnites sont allés voter en aussi grand nombre que leurs compatriotes chiites.

«Nous, les sunnites, nous sommes très réservés sur la manière dont les Américains ont géré leur arrivée ici. Ils ont laissé faire les pillages et se propager l'anarchie. Ils ont inutilement démantelé l'armée, jetant au chômage des dizaines de milliers de pères de famille. Mais ce n'est pas une raison pour laisser tout le champ libre aux partis chiites prônant une révolution islamique à l'iranienne. Moi, j'ai voté pour le retour du roi, mais mes trois frères se sont prononcés pour Allaoui (le premier ministre pro-américain). C'est un chiite, mais il ne veut pas donner le pouvoir aux ayatollahs. C'est un homme moderne, qui veut d'un Irak moderne, allié à l'Occident !»

Nassif n'est pas pessimiste pour autant. «Ma vue des choses est qu'il faudra simplement une bonne dizaine d'années pour que notre situation revienne à la normale. Nous avons d'énormes atouts : une population travailleuse, ingénieuse et du pétrole par-dessus le marché. Ce qui nous manque aujourd'hui, c'est un Etat qui fonctionne. Tout le système est à reconstruire. Qu'on le veuille ou non, nous aurons besoin des Américains.» Paradoxalement, le message de George Bush, affirmant que «les forces américaines resteront en Irak le temps qu'il faudra», a été bien reçu à Bagdad chez les sunnites et les chiites des classes moyennes.

Publicado por: lucklucky às fevereiro 2, 2005 02:20 AM

À atenção de um listillo chamado Mário:

A incomensurável asneira de dizer que o shiitas são persas (ainda me dói o maxilar de me rir) está respondida aqui:

IRAQ
Ethnic groups:
Arab 75%-80%, Kurdish 15%-20%, Turkoman, Assyrian or other 5%

fonte (insuspeita): CIA - The World Fact Book

http://www.cia.gov/cia/publications/factbook/geos/iz.html#People

Sobre as outras tontarias nem vale a pena falar.

A pior ignorância é a que não tem consciência de si própria.
Em vez de estares de plantão neste blogue, melhor seria aproveitares o tempo para estudares um bocadinho

Publicado por: Anonymous às fevereiro 2, 2005 02:27 AM

Afixado por lucklucky em fevereiro 2, 2005 02:20 AM

Artigo muito interessante, de facto, com a diplomada que votou pelo regresso do rei, o ex-diplomata, o ex-oficial do exército. Só é pena o autor não explicar a que é que chama «classe média» no Iraque de hoje.

Quanto aos resultados, toda a discussão é inútil. Dentro de alguns dias saberemos os números oficiais.

Publicado por: Aristides às fevereiro 2, 2005 02:53 AM

Normalmente classe média no Iraque é como cá, Médicos/professores/engenheiros.

Aristides se estiveres interessado vai ao site da BBC(www.bbc.co.uk) lê a série de 8 dias(até agora ) chamda Iraqi Election Log com participantes Iraquianos acerca das eleições.

Publicado por: lucklucky às fevereiro 2, 2005 08:29 AM

Afinal o Público hoje acordou, e pela pena de Bárbara Reis dá, em segunda mão notícias de Bagdad.
A não perder

http://jornal.publico.pt/2005/02/02/Media/R30.html

Publicado por: carlos alberto às fevereiro 2, 2005 09:31 AM

Afixado por: em fevereiro 2, 2005 02:27 AM

Disse que os xiitas do Irão são persas, não do Iraque. Pode ir atrás e ler... Sobre as outras tonterias, pode você tentar aprender algo, que pelos vistos não sabe mesmo.

Conheço um seu estilo: Um insulto vale mais que mil palavras.

Publicado por: Mário às fevereiro 2, 2005 10:08 AM

Mário, você não ligue. Pela linguagem deve ser um comentarista que vem aqui dar lições à malta, com nicks diversos, e sem nick

Publicado por: David às fevereiro 2, 2005 10:21 AM

IRAN site da CIA

Ethnic groups:
Persian 51%, Azeri 24%, Gilaki and Mazandarani 8%, Kurd 7%, Arab 3%, Lur 2%, Baloch 2%, Turkmen 2%, other 1%


Religions:
Shi'a Muslim 89%, Sunni Muslim 9%, Zoroastrian, Jewish, Christian, and Baha'i 2%


Languages:
Persian and Persian dialects 58%, Turkic and Turkic dialects 26%, Kurdish 9%, Luri 2%, Balochi 1%, Arabic 1%, Turkish 1%, other 2%

PS: Não confundir religiões com etnias.....

Publicado por: Templário às fevereiro 2, 2005 09:37 PM

Olha: o David teve um lampejo de inteligência...

Publicado por: Observador às fevereiro 3, 2005 07:47 PM

Olha: o David teve um lampejo de inteligência...

Publicado por: Observador às fevereiro 3, 2005 07:48 PM

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