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setembro 17, 2004
A Incompetência do Estado é demais!
O que está a suceder com a colocação de professores é espantoso. Porém, não é caso virgem. Nos primórdios da informática, e ainda hoje para as menos conhecedoras, muitas empresas cometeram erros semelhantes. Mas aprenderam com os próprios erros e com os erros que viram as outras cometerem. Apenas o Estado não aprende nada.
Quando se pretende implementar uma aplicação informática destinada a gerir um conjunto de tarefas complexas e delicadas, mantém-se sempre o sistema anterior a funcionar em paralelo e só se abandona este depois da nova aplicação estar completamente testada e a funcionar sem erros (no delineamento dos algoritmos) e bugs (na execução dos programas). Isto é o que qualquer empresa faz quando instala um novo programa de contabilidade, gestão financeira, gestão de produção, etc.. Há mais de uma década, quando as administrações não tinham qualquer cultura informática, várias caíram na armadilha de instalarem aplicações de informática, vendidas com uma grande pirotecnia, e que depois se revelaram um desastre. Mas, agora, só empresas de vão de escada caiem em erros destes ... empresas de vão de escada e o Ministério da Educação.
O ministro anterior foi mal aconselhado, foi ingénuo e revelou completa ausência de cultura informática: um caso paradigmático da baixa qualificação dos portugueses. Ora a colocação dos professores é uma matéria muito delicada, que bule com a vida familiar de dezenas de milhares de docentes, com grande impacte na opinião pública e com incidências enormes no aproveitamento escolar dos alunos.
Acresce a isto uma série de situações típicas do nosso desconchavo e baixa qualificação:
Muitos professores enganaram-se a preencher os formulários. Depois apareceram a queixar-se na TV. O que é estranho é os alunos, que se candidatam ao ensino superior, terem igualmente que preencher formulários complexos, cujos enganos os põem fora dos ingressos no Superior, com a agravante de, no ano seguinte, terem de repetir as provas, pois as que fizeram perderam entretanto a validade, não aparecerem igualmente a queixar-se na TV, no horário nobre. Todos os anos mais de mil alunos são excluídos por mau preenchimento dos formulários. Será que os alunos têm a obrigação de serem mais competentes que os seus professores?
Paralelamente com as candidaturas ao serviço docente, muitos professores pedem destacamentos pelas mais variadas razões: colocação nos serviços centrais, colocações ao abrigo da lei dos cônjuges, etc., etc.. Estes destacamentos são normalmente despachados, se lhes for dado provimento, antes de terminar o ano lectivo. Este ano foram despachados entre Maio e Junho. Ora o que é hilariante em toda esta questão, é que todos os professores entretanto destacados foram igualmente colocados pelo processo geral, pelo famigerado programa.
Portanto há inúmeras escolas onde faltam dezenas de professores porque os que foram lá colocados pelo programa já tinham entretanto sido destacados para outros locais.
Vou citar alguns exemplos: Há uma escola básica e pré-escolar, no Bairro da Boavista, que precisa de uma dúzia de efectivos entre professores e educadoras de infância, onde só foi colocada uma (!) educadora de infância até à data. Enfim ... trata-se de um local que entusiasma pouco o pessoal docente. Todavia, diversas escolas topo de gama do centro de Lisboa (o filet-mignon para os professores) verificaram agora que 20 ou 30 professores que haviam sido colocados nelas só existiam no papel, pois haviam sido destacados para outras funções, etc., etc.
Isto é um sintoma que a própria aplicação informática que coloca os professores está incompleta, pois desconhece os destacamentos.
Isto é um sintoma da incompetência generalizada do nosso sistema de ensino.
Isto não invalida reconhecer que o "programa" em questão, quando funcionar devidamente, tem virtualidades e constitui uma melhoria muito significativa face ao sistema anterior
Publicado por Joana às setembro 17, 2004 06:59 PM
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Comentários
Está excelente, Joana: você agora está a atirar-se ao governo!!
Publicado por: vitapis às setembro 17, 2004 11:51 PM
Embora me doa, reconheço que a Joana tem razão.
Publicado por: Novais de Paula às setembro 18, 2004 12:22 AM
vitapis: Não me parece que a Joana se esteja a atirar ao governo, mas sim aos responsáveis dos serviços por estes erros.
Indirectamente o ministro também terá a responsabilidade política.
Aliás ouvi dizer que aqueles responsáveis vão ser exonerados
Publicado por: J Ribeiro às setembro 18, 2004 12:27 AM
Acho este post muito equilibrado. Aponta as causas, os responsáveis.
Não é atirar-se ao governo.É atirar-se ao que está mal.
Publicado por: fbmatos às setembro 19, 2004 03:52 PM
Publicado por: Tiago Azevedo Fernandes às setembro 20, 2004 10:04 PM
Não ficou o link em HTML...
Aqui vai ele em texto:
http://taf.net/opiniao/2004/09/o-que-eu-sei-do-ministrio-da-educao.htm
Publicado por: Tiago Azevedo Fernandes às setembro 20, 2004 10:06 PM
A incompetência é do Estado, ou do GOVERNO?
Cara senhora, seja honesta e séria. Se conseguir...
Publicado por: Duvida às setembro 20, 2004 11:49 PM
A incompetência directa é do Estado. Não foi o Justino que fez o programa e introduziu os dados.
Indirectamente os governos têm culpa por não saberem pôr o ministério a funcionário em condições. É um coio de mentecaptos que têm dado cabo da educação em Portugal. Estiva a ver os Prós e os Contras e a conclusão foi clara.
Publicado por: Rudi às setembro 21, 2004 01:00 AM
Incompetência do governo, pois claro!!
Publicado por: Cisco Kid às setembro 21, 2004 05:12 PM
Incompetência do governo, pois claro!!
Publicado por: Cisco Kid às setembro 21, 2004 05:13 PM
Alguém anda a fazer pouco de nós!
Se afinal se consegue colocar manualmente 50 mil professores numa semana, porque raio se gastaram milhões em sistemas informáticos que demoram 4 meses a fazer o mesmo?
E, se é assim, porque não saem as listas de colocação dos professores logo em princípios de Junho, já que os concursos são em Maio?
Há necessidade de se perderem, pelos vistos por capricho ou estupidez, 4 meses - de Maio a Setembro - quando os professores afinal podiam saber logo em Junho para onde irão ser colocados no ano seguinte ?
Andam ou não a fazer pouco da gente?
Publicado por: João Tilly às setembro 22, 2004 08:08 AM
Os funcionários públicos, quando os põem à rasca conseguem produzir 20 a 30 vezes mais doq eu em regime "normal"
Publicado por: cosme às setembro 24, 2004 01:43 PM
20% dos professores pediram destacamento. En Bragança e Vila Real foram quase 90% que estavam doentes ou eram amparos de doentes.
Com tanta falcatrua não há sistema que funcione
Publicado por: Coruja às setembro 24, 2004 03:55 PM
Os funcionários do ministério podem cometer os erros que quiserem, os professores podem fazer as maiores falcatruas ... os governos são sempre os culpados
Publicado por: Coruja às setembro 24, 2004 03:59 PM