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abril 27, 2004

Democracia e Mesquinhez

É difícil fazer algo em Portugal. É certo que ninguém gosta das coisas como elas estão. Todavia isso tornou-se no desporto nacional de que poucos querem abdicar, face à escassez das infra-estruturas para outros tipos de desportos. O desporto nacional é dizer mal do que está. Serve para anedotas, chistes, motejos, sarcasmos, facécias, boatos, risotas, má-língua, escárnio, etc.. Parte dos comentaristas nacionais vivem de dizer mal – se as coisas se começassem a endireitar, onde iriam eles buscar matéria para entreter a sua ociosidade?

Porém pretender fazer qualquer coisa desencadeia a tempestade. Como assim, estão a pretender destruir o manancial que fecunda a nossa inesgotável verve? E gera-se como que um conluio social para embaraçar, obstruir, impedir, sabotar, etc., o que se pretende fazer.

Há 3 ou 4 anos, tive, indirectamente, por via familiar, uma experiência interessante e elucidativa sobre como funciona em Portugal o «não deixar fazer».

Um grupo de moradores pretendera construir um parque de estacionamento subterrâneo. Essa pretensão teve apoio entusiástico da vereação lisboeta e da Junta de Freguesia. Tudo indiciava que o empreendimento iria correr célere, sobre rodas. Puro engano! Durante 7 anos os processos arrastaram-se pelos diversos serviços camarários. E os mais recalcitrantes e impiedosos foram os arquitectos dos «Espaços Verdes», com permanentes e absurdas exigências que iam encarecendo o projecto e fazendo subir as estimativas da obra.

Numa das audiências com o presidente da edilidade lisboeta, e perante o desespero da associação, João Soares, sempre bonacheirão, sugeriu:

- Façam a obra mesmo sem estar licenciada! Têm todo o apoio da CML. Não levantaremos problemas e a polícia municipal será avisada para não pedir as licenças. Vejam ali o Parque da Praça do Município que foi feito sem licenciamento. Os serviços nunca mais aprovavam e eu fiz as obras clandestinamente. Se eu estivesse à espera dos serviços a obra ainda estava por fazer. Façam como eu fiz!

O presidente da associação, advogado experiente, redarguiu:

- O senhor é o Presidente da CML. Nós estamos sujeitos a que qualquer um meta uma providência cautelar baseada no facto da obra não estar licenciada e depois ficamos com a obra embargada. E quem paga os custos da imobilização do estaleiro?

O presidente da associação tinha razão. Havia gente que estava contra a obra, obra que durante alguns meses iria causar alguma incomodidade. Outros apenas por mesquinhez. E o mais surpreendente é que quem contestava a obra tinha imediata audiência nos meios de comunicação social. O próprio órgão da freguesia, cuja Junta apoiava unanimemente a obra, trouxe um artigo «revelando» que se tratava de um parque para ricos, cujos lugares custavam mais de 8 mil contos cada um (custaram, no cômputo global, cerca de 2.100 contos cada).

A obra acabou por arrancar, após um laborioso licenciamento. A meio do seu curso e perante os protestos indignados de alguns moradores, fez-se uma reunião no auditório da Junta. Umas avós, em crise de histerismo, gritavam que as suas casas já tinham fendas onde «cabiam mãos». Os prédios circundantes ameaçavam a ruína mais definitiva! Em face de tamanha catástrofe, a Junta, o representante da vereação e um técnico do LNEC prometeram uma vistoria rigorosa.

Um parênteses para referir que qualquer obra deste género obriga a que todas a edificações circundantes sejam previamente vistoriadas e que às fendas existentes sejam aplicados extensómetros para que as vistorias a efectuar no fim da obra possam avaliar se houve danos e qual a gravidade destes.

Foi portanto feita uma vistoria por técnicos do LNEC cuja conclusão foi que todas as afirmações catastrofistas produzidas durante a reunião magna eram absolutamente falsas. Nunca mais ninguém falou na derrocada iminente dos edifícios!

A obra chegou finalmente aos arranjos exteriores. O projecto licenciado pela CML previa ajardinar dois baldios existentes nas traseiras dos prédios. Quando se aperceberam disso a fúria dos moradores protestantes não teve freio. Pois quê! Um sítio tão perfeito para estacionar ser outorgado para habitação de seres vegetativos sem inteligência e inúteis? Esta pretensão de ajardinar baldios era a prova óbvia que o parque era uma obra de ricos e que a CML estava bandeada com a classe possidente!

Então deu-se uma coisa curiosa: João Soares, a Vereação, a Junta, os arquitectos dos Espaços Verdes, todos os que tinham tido as exigências mais fundamentalistas nos ajardinamentos, que durante 7 anos tinham andado cheios de legalidades, a encanar a perna à rã, capitularam em poucas semanas perante a ânsia de betão dos moradores protestantes. O projecto dos jardins foi rasgado e a própria CML fez um projecto com estacionamento à superfície, com meia dúzia de árvores exiladas em sítios em que não causassem quaisquer incómodos aos carros. A CML pagou inclusivamente a diferença, pois embora o estacionamento fosse ligeiramente mais barato que o ajardinamento, houve um sobrecusto pelo facto da obra estar interrompida cerca de 2 meses.

Vem isto a propósito das obras do túnel do Marquês. Nunca me pareceu que fosse uma obra prioritária, tendo em atenção as carências de Lisboa. Seria igualmente uma obra cara e com uma forte probabilidade de deslizamento de custos e prazos, como acontece com frequência em obras, em Portugal, que metam túneis, ainda por cima um túnel debaixo do “X” do Metro. Em Portugal poupa-se, quase sempre, nas sondagens geotécnicas e depois há surpresas. Mas uma coisa é discutir a sua prioridade e a sua complexidade técnica, outra é andar, desde que ela foi lançada, a semear empecilhos.

Por outro lado Santana Lopes deveria saber, pela experiência que já tinha da questão do Casino que ele é persona non grata dos “tugas politicamente correctos”. Por isso Santana Lopes deveria ter-se rodeado de todas as cautelas. Numa obra na rede viária, como num parque de estacionamento subterrâneo, não é, em princípio, preciso um estudo de impacte ambiental. Todavia a legislação prevê, como matéria geral, que pode ser posta uma acção popular a exigir um estudo de impacte ambiental. Qualquer obra viária tem algum impacte ambiental – pó, ruídos, alterações nas circulações viárias, etc. – cujas medidas mitigadoras fazem parte do próprio caderno de encargos, mas cuja eficácia pode ser posta em causa por essa acção popular e obrigar a um estudo independente.

Santana Lopes deveria ter previsto isso. O facto de João Soares ter feito a maior parte das suas obras públicas sem licenciamentos, e sempre sem estudos de impacte ambiental, não colhia. João Soares é dos «bons», é fixe.

Carmona Rodrigues é um técnico de reconhecido prestígio na área da engenharia hidráulica e ambiental. Mas neste caso também havia necessidade de engenharia política. Esta não era uma obra normal. Era uma obra de Santana Lopes, a Némesis da intelectualidade portuguesa.

Os regimes democráticos munem-se de cautelas para defender legalmente os direitos dos cidadãos. Nos países onde a mesquinhez impera, o uso desses instrumentos legais pode levar à completa paralisia e o que foi imaginado para defesa dos cidadãos pode ser pervertido para tornar esses cidadãos vítimas dos seus efeitos.

E agora? Um estudo de impacte ambiental demora no mínimo 3 meses. Feito por uma entidade independente obriga a um concurso. Elaboração do processo de concursos, prazos para apresentação de propostas, apreciação, audiência prévia, etc., nunca menos de 2 a 3 meses. Depois do estudo feito, há o período obrigatório de discussão pública. Depois a apreciação pelo Instituto do Ambiente, etc., etc.. No cômputo geral será um processo que demorará no mínimo 10 a 12 meses.

É claro que eu não conheço o teor do despacho e pode haver formas agilizadas de desembaraçar esta questão. Esperemos pelas cenas dos próximos capítulos.

Quem entra na cidade por aquele eixo que se prepare para sofrer.

Publicado por Joana às abril 27, 2004 08:57 PM

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Comentários

pelo menos ainda não culparam o eng.Guterres !


Túnel do Marquês: Santana Lopes responsabiliza secretário de Estado por falta de estudo

Lusa
O presidente da Câmara de Lisboa responsabilizou hoje o Secretário de Estado do Ambiente, José Eduardo Martins, pela falta de um estudo de impacte ambiental, que levou o Tribunal Administrativo a mandar suspender a obra do Túnel do Marquês.

"A entidade perante a qual tem de se apresentar o estudo disse sempre que não era necessário apresentar o estudo de impacte ambiental", afirmou hoje durante a reunião da Assembleia Municipal de Lisboa (AML) Santana Lopes (...)

in Público

Publicado por: zippiz às abril 27, 2004 11:21 PM

Lá está ela a defender o Santana

Publicado por: Cisco Kid às abril 27, 2004 11:31 PM

zippiz em abril 27, 2004 11:21 PM:
Leia o que escrevi:
"Numa obra na rede viária, como num parque de estacionamento subterrâneo, não é, em princípio, preciso um estudo de impacte ambiental. Todavia a legislação prevê, como matéria geral, que pode ser posta uma acção popular a exigir um estudo de impacte ambiental. "
Se o Secretário de Estado do Ambiente disse isso, esqueceu-se da possibilidade da acção popular.

Eu discordo porque acho que é um precedente que pode paralisar a gestão urbana. Veja as declarações de Vasco Franco. Este aliás sabe que nunca foi pedido nenhum estudo desses durante a vereação anterior.

Publicado por: Joana às abril 27, 2004 11:53 PM

Quem está metido numa grande encrenca sou eu. 12 meses? Tou feito.

Publicado por: Rave às abril 28, 2004 12:16 AM

Quem vai ser responsabilizado pelo aumento dos custos e os prejuízos para as pessoas?

Publicado por: Seixas às abril 28, 2004 12:41 AM

Peça ao Tribunal Administrativo de Lisboa.
Provavelmente nenhum dos juízes passa por ali.

Publicado por: Mocho às abril 28, 2004 12:44 AM

Quem devia pagar era o Snatana Lopes

Publicado por: Cisco Kid às abril 28, 2004 01:23 AM

O Snatana Lopes foi aconselhado pelo governo e o governo em princípio sabe das leis porque foi ele que as fez.

Publicado por: Mocho às abril 28, 2004 01:25 AM

Quem sabe das leis são os juízes.
A própria Joana diz que há uma forma de exigir o estudo.

Publicado por: Cisco Kid às abril 28, 2004 01:28 AM

É estranho você estar a citar essa «fascista».
Aquilo foi chicana de advogado aproveitando uma brecha da lei.
Os juízes deviam mostra-se sensatos

Publicado por: Mocho às abril 28, 2004 01:30 AM

Sensatos? Têm é que cumprir a lei

Publicado por: Cisco Kid às abril 28, 2004 01:32 AM

Desisto.
Qual lei? O próprio Vasco Franco em declarações há horas dizia que isto era um precedente perigoso.
Qualquer dia, você manda fechar uma varando e exigem um estudo de impacto ambiental

Publicado por: Mocho às abril 28, 2004 01:34 AM

Impacte Ambiental?
E isto? Será mais um exercício de mesquinhez?


"O IP5 do Marquês"
Por Manuel João Ramos
In Diário de Notícias de Quarta-Feira, 28 de Abril de 2004

“Todos os dias, os lisboetas assistem impassíveis à construção de um «túnel da morte» no centro da cidade, com inclinação média de 9%.

Um túnel não deve exceder 3,5% de inclinação. Em nenhum caso, diz a Directiva Europeia sobre Requisitos Mínimos de Segurança de Túneis (DERMST), deve ter mais de 5%.”
................

“A DERMST (legislação de referência para todos os túneis europeus) exigirá análise prévia de riscos para a elaboração de estudos de custo/benefício prévios ao projecto-base nos túneis da Rede Trans--Europeia de Transportes, incluindo todos os acessos e intermodalidades.

A Câmara Municipal de Lisboa estava consciente da DERMST quando projectou a obra do túnel do Marquês: por isso incluiu no caderno de encargos várias medidas de segurança exigidas pela directiva. Mas há gravosas faltas que farão deste túnel um caso único de negligência dolosa e de crasso desrespeito por todas as normas e boas práticas:

- a inclinação chega aos 9,4% - 5,9% mais que o máximo recomendável e 4,5% mais que o permitido;

- a visibilidade de uma das curvas em descida é inferior a 20 metros;

- a construção não é em tubo duplo, com conexões em porta de aço antifogo;

- a sua largura não permite via de emergência para ambulâncias, com encosto de dupla fila de viaturas;

- não há rampas escapatórias a cada 200m, exigíveis para salvar pessoas com mobilidade reduzida.

- não houve análise de risco em fase de pré-projecto (obrigatória porque o túnel tem mais 1000 m, inclinação superior a 3% e menos de 7,5m largura).

Construir um túnel com inclinação média de 9%, sabendo que não existe exemplo semelhante na Europa, obrigaria a uma análise quantitativa de riscos para avaliar a sua viabilidade.

Nunca foi feita.”

+++++++++

Quem possa estar interessado na leitura completa do artigo encontra-a em:

http://www.dn.sapo.pt/cronica/mostra_cronica.asp?codCronica=7016&codEdicao=1046

Publicado por: Marapião às abril 28, 2004 05:14 AM

Impacte Ambiental?
E isto? Será mais um exercício de mesquinhez?


"O IP5 do Marquês"
Por Manuel João Ramos
In Diário de Notícias de Quarta-Feira, 28 de Abril de 2004

“Todos os dias, os lisboetas assistem impassíveis à construção de um «túnel da morte» no centro da cidade, com inclinação média de 9%.

Um túnel não deve exceder 3,5% de inclinação. Em nenhum caso, diz a Directiva Europeia sobre Requisitos Mínimos de Segurança de Túneis (DERMST), deve ter mais de 5%.”
................

“A DERMST (legislação de referência para todos os túneis europeus) exigirá análise prévia de riscos para a elaboração de estudos de custo/benefício prévios ao projecto-base nos túneis da Rede Trans--Europeia de Transportes, incluindo todos os acessos e intermodalidades.

A Câmara Municipal de Lisboa estava consciente da DERMST quando projectou a obra do túnel do Marquês: por isso incluiu no caderno de encargos várias medidas de segurança exigidas pela directiva. Mas há gravosas faltas que farão deste túnel um caso único de negligência dolosa e de crasso desrespeito por todas as normas e boas práticas:

- a inclinação chega aos 9,4% - 5,9% mais que o máximo recomendável e 4,5% mais que o permitido;

- a visibilidade de uma das curvas em descida é inferior a 20 metros;

- a construção não é em tubo duplo, com conexões em porta de aço antifogo;

- a sua largura não permite via de emergência para ambulâncias, com encosto de dupla fila de viaturas;

- não há rampas escapatórias a cada 200m, exigíveis para salvar pessoas com mobilidade reduzida.

- não houve análise de risco em fase de pré-projecto (obrigatória porque o túnel tem mais 1000 m, inclinação superior a 3% e menos de 7,5m largura).

Construir um túnel com inclinação média de 9%, sabendo que não existe exemplo semelhante na Europa, obrigaria a uma análise quantitativa de riscos para avaliar a sua viabilidade.

Nunca foi feita.”

+++++++++

Quem possa estar interessado na leitura completa do artigo encontra-a em:

http://www.dn.sapo.pt/cronica/mostra_cronica.asp?codCronica=7016&codEdicao=1046

Publicado por: Marapião às abril 28, 2004 05:16 AM

Marapião em abril 28, 2004 05:16 AM
Na minha vida profissional tenho estado por dentro de alguns grandes projectos, os que despertam o apetite mediático, e verifiquei uma coisa: os jornalistas abordam essas matérias com uma completa falta de rigor e, frequentemente, dão informações deturpadas ou falsas.
Mesmo quando interrogam técnicos, escolhem geralmente aqueles que têm contenciosos com os donos das obras, que lhes dão informações incompletas e enviesadas que os jornalistas se encarregam de carregar com a sua ignorância e desejo de obter escândalo público.
Afirmações como as que você produziu, só acreditaria nelas após relatório técnico devidamente fundamentado.

Aliás, pelo que vi transcrito nos jornais, o parecer do Tribunal não fala dessas matérias.

Publicado por: Joana às abril 28, 2004 09:00 AM

«Aliás, pelo que vi transcrito nos jornais, o parecer do Tribunal não fala dessas matérias»

Afixado por Joana em abril 28, 2004 09:00 AM

O Tribunal não tinha que falar sobre elas, visto que não foi solicitado a fazê-lo. O Tribunal limitou-se a deliberar sobre a necessidade da existência do estudo de impacte ambiental.
A opinião que emite no comentário sobre «os jornalistas» insere-se numa linha de simplificação que lhe é típica e que se traduz nas generalizações maniqueístas a que nos tem habituado. Poder-se-ia dizer, em consonância, que «os padres» são pedófilos, «os médicos» corruptos e «os economistas» um bando de incompetentes. Não vale a pena citar o exemplo de «os comunistas», pois já se sabe que são vis, lorpas e matam os velhos com uma injecção atrás da orelha.
Quanto ao túnel do Santana Lopes, só estou à espera do bendito dia em que acabem as obras para me rir baixinho. A exemplo do que aconteceu com a autoestrada de Cascais, é mais uma ajuda para chegar mais depressa ao engarrafamento. Ou, se preferir, de levar o engarramento para o centro da cidade.
Uma coisa é certa: se o declive e as outras ameaças à segurança se confirmarem, quem não mete as rodas nele sei eu quem é...

Publicado por: (M)arca Amarela às abril 28, 2004 10:11 AM

"A opinião que emite no comentário sobre «os jornalistas» insere-se numa linha de simplificação que lhe é típica e que se traduz nas generalizações maniqueístas a que nos tem habituado."
Afixado por (M)arca Amarela em abril 28, 2004 10:11 AM

É forte mas...é verdade !

Publicado por: zippiz às abril 28, 2004 10:27 AM

(M)arca Amarela, o que diz não é verdade.
Dos Jornais (DN):
Destacando o facto de ter sido dada razão à câmara em muitas das acusações que lhe eram feitas pelo requerente da acção popular, o advogado José Sá Fernandes, Santana Lopes enumerou um a um os pontos aos quais o tribunal não deu provimento: «Quanto ao parecer do IPPAR, o tribunal deu razão à câmara. Não era preciso; quanto à necessidade de um plano de circulação, o tribunal deu razão à câmara. Não há violação do PDM em termos de vias principais; Falta de projecto de execução? O tribunal deu razão à câmara, atestando a sua existência e recusando a suspensão da obra por essa razão. Inexistência de consulta pública? O tribunal deu razão à câmara porque fez todos os actos de consulta previstos. Divulga-se o que convém, o que não convém não se divulga», criticou Santana Lopes.

Publicado por: David às abril 28, 2004 10:31 AM

O tribunal apenas deu provimento à questão do estudo de impacto ambiental. A acção incluia mais pontos.

Publicado por: David às abril 28, 2004 10:32 AM

Dos Jornais:
O secretário de Estado do Ambiente, José Eduardo Martins, reagiu esta manhã às explicações do presidente da Câmara de Lisboa sobre a inexistência de um estudo de impacte ambiental da obra do Túnel do Marquês, assumindo a responsabilidade por o estudo não ter sido realizado. Contudo, o secretário de Estado diz não compreender a decisão do Tribunal Administrativo, porque a lei não obriga que uma obra deste tipo seja precedida por um estudo de impacte ambiental.

Em declarações à TSF, José Eduardo Martins responde às palavras de Santana Lopes que, na primeira declaração após a decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa de suspender a obra até à realização de um estudo de impacte ambiental, em sequência de uma acção popular movida em Janeiro pelo advogado José Sá Fernandes, responsabilizou o Governo pela falha.

"A entidade perante a qual tem de se apresentar o estudo disse sempre que não era necessário apresentar o estudo de impacte ambiental", disse ontem Santana Lopes na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa (AML), referindo-se ao Ministério do Ambiente e à figura do secretário de Estado.

Hoje, o secretário de Estado do Ambiente explica que a lei não obriga à realização de um estudo de impacte ambiental. "Este não é um projecto que esteja na listagem taxativa dos anexos do decreto-lei que em Portugal transpôs a legislação europeia sobre avaliação de impacte ambiental", disse à TSF, citando uma explicação do um inspector-geral do Ambiente.

"Não há nenhuma dúvida de que, apesar de esta via ser uma via com duas faixas e separador central, não está abrangida nas tipologias de vias que obrigatoriamente têm de ser sujeitas à avaliação de impacto nos termos da nossa legislação", sublinhou o secretário de Estado José Eduardo Martins.

Publicado por: David às abril 28, 2004 01:09 PM

Este país está ingovernável. E para onde nos voltamos só vemos má língua, ignorância e mesquinhez.
Acho os comentários da autora deste blog, quem quer que ela seja, das poucas coisas lúcidas e fundamentadas que aparecem na net e na comunicação social.
E acho os comentários do Marca Amarela (um seu acólito, sff) típicos de gente arrogante, que usa a sua arrogância para esconder a sua mesquinhez e ignorância.

Publicado por: fbmatos às abril 28, 2004 02:17 PM

Você não estará a exagerar ligeiramente, fbmatos?

Publicado por: Ricardo às abril 28, 2004 02:59 PM

«(M)arca Amarela, o que diz não é verdade.»
Afixado por David em abril 28, 2004 10:31 AM

Lamento desiludi-lo, mas precipitou-se um bocadinho. O Tribunal limitou-se a decidir sobre a existência ou não de documentos ou procedimentos.
Como parece óbvio,
1 - Nenhum Tribunal pode decidir sobre factos que não constam de qualquer documento.
2 - Para decidir sobre questões técnicas constantes de documentos, qualquer tribunal terá que ouvir os pareceres de especialistas nessas matérias, o que não aconteceu no caso em apreço.

É bom ter em conta que se trata de uma providência cautelar com um objectivo preciso (que foi satisfeito) e não de qualquer outro tipo de julgamento.

A questão de se saber se há necessidade ou não de estudo de impacte ambiental «me la deja floja». Há coisas muito mais sérias a merecerem a minha atenção. Limitei-me, apenas, a rectificar uma afirmação que não me pareceu correcta: a de que não haveria problemas de segurança porque o Tribunal não se pronunciou sobre elas.

Publicado por: (M)arca Amarela às abril 28, 2004 05:14 PM

Ricardo (em Abril 28, 2004 02:59 PM)

Você não sabe que há, em todo o lado, uns quantos deprimidos que descarregam como podem a frustração que os aflige?
É o caso, por exemplo, dos desportistas de bancada, que se limitam a olhar e a insultar os jogadores da equipa que não apoiam...

# : - ))

Publicado por: (M)arca Amarela às abril 28, 2004 05:19 PM

Independentemente de cores partidárias par já o que interessa é o seguinte:

Existe um presidente da camara que propoem-se a fazer uma obra polémica

Começa a obra

A obra é Inpugnada com visiveis prejuizos para os municipes e despesas extras para o estado (=contribuinte)

De quem é a culpa da impugnação?

é do Juiz? é do autarca? ou do secretário de estado do ambiente? ou não é de ninguem?

Não sou militar mas parece-me que o principio da cadeia de responsabilidades pode ser aqui aplicado. Ou seja se uma sentinela deixar entrar uma pessoa não autorizada num quartel quem tem a responsabilidade pelo quartel (o superior hierarquico) é que em ultima analise será o responsavel pela irregularidade.

Posto isto parece-me obvio que a responsabilidade politica destes prejuizos são claramente do presidente da camara porque em ultima analise é o responsavel politico pelo projecto.

Publicado por: Luis às abril 29, 2004 03:20 AM

(M)arca Amarela em abril 28, 2004 10:11 AM
Na verdade, não sei o que é mais desmedido em si, se a sua pesporrência, se a sua auto-estima.
A questão é que qualquer delas potencia, em muito, a ignorância. A ignorância "em si" é desculpável. Não podemos saber tudo, além do que não somos nós um povo de analfabetos? Mas a ignorância, tentando maquilhar os factos e acompanhada da basófia, torna-se uma mistura mortífera.
Depois aparece aquela desculpa esfarrapada de «abril 28, 2004 05:14 PM», que provavelmente nem você percebe.

Publicado por: Joana às abril 29, 2004 08:46 AM

Luís:
Foi o próprio minisrério (o Secretário de Estado) que garantiu a PSL que não era preciso um EIA. Ele mesmo já o declarou.
Por outro lado foi sempre esse o entendimento do ministério em obras desta tipologia, apesar do Anexo 1 à lei da avaliação do impacte ambiental poder ter uma interpretação diversa. Alías, o próprio ministério, de acordo com esse decreto, pode isentar uma obra do EIA.
Na vereação anterior sempre se agiu assim, com o beneplácito do ministério. Basta ver a posição do Vasco Franco.

Portanto, esse seu afã de encontrar um "responsável" não tem resposta fácil.
Esperemos as cenas dos próximos capítulos

Publicado por: Joana às abril 29, 2004 08:53 AM

M)arca Amarela- eu disse que considerava um exagero o fbmatos dizer que o país era ingovernável.
O resto até não discordo.

Publicado por: Ricardo às abril 29, 2004 10:06 AM

Cara Joana não quis parecer que estava numa de caça ás bruxas ou de encontrar um bode espiatório para o cruxificar, apenas me parece que independentemente de quem tem culpa directa (seja o secretário de estado que enganou o PSL ou o juiz que se pronunciou levianamente ou o movimento que meteu a acção em tribunal)o facto é que politicamente o que aconteceu foi um revés para o PSL porque ele é em ultima instancia o responsavel politico pelo avanço da obra, que como a Jana muito bem disse devia ter acutelado todas as possibilidades da coisa dar para o torto e não se ter fiado no secretario de estado. Quem sabe das leis são os avogados. Isto não invalida que o PSL ainda consiga resolver a situação em tempo util .Esperemos mesmo para ver.

Publicado por: Luis às abril 29, 2004 01:28 PM

Luis, como responsável político, o PSL é um osso difícil de roer. O sujeito é capaz de encontra uma saída por cima, mesmo não fazendo a obra, atirando as culpas para a política obstruccionista da oposição ou outra coisa qualquer.

Publicado por: c seixas às abril 29, 2004 01:40 PM

Joana
Devo dizer-he que não posso estar mais de acordo consigo! Tem toda a razão! O grande problema "deste país" começa, sem dúvida nenhuma, nos bancos da escola!... Faz falta, principalmente, muita educação e formação, sem isso "chapeau"!...
Parabéns e...não desista! Força!

Publicado por: José Guerreiro às abril 29, 2004 02:50 PM

Joana em abril 29, 2004 08:46 AM

Aos factos diz nada, como é hábito

Publicado por: (M)arca Amarela às abril 29, 2004 11:34 PM

Pois, é só saborear a graxa dos fãs! O resto é conversa de chacha e fugir às questões.

Publicado por: Cisco Kid às maio 1, 2004 01:10 AM

m***

Publicado por: nick às fevereiro 27, 2005 11:58 AM

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