« Reforma de mentalidades | Entrada | A comunidade internacional e o Iraque »

janeiro 19, 2004

Dissenso consensual

Este fim de semana Durão Barroso e Marques Mendes fizeram um repto ao PS para um consenso nacional sobre a questão das finanças públicas, correspondendo ao apelo constante na mensagem que Jorge Sampaio enviou à Assembleia da República, na passada semana.

Este fim de semana o secretário-geral socialista, Ferro Rodrigues, reafirmou que o Governo não pode contar com o PS para o apoiar nas políticas financeiras, económicas e sociais em nome de "uma unidade nacional" porque tais políticas são erradas, sublinhando que o Governo não tinha entendido a mensagem de Jorge Sampaio.

Finalmente, o Governo e a oposição estão de acordo: cada um entendeu perfeitamente a mensagem do PR e cada um tem a firme e definitiva convicção que o outro não entendeu o pungente apelo do PR.

Aliás, no que se refere a mensagens e discursos do PR toda a classe política está absolutamente de acordo: cada político entende perfeitamente o que o PR diz ou escreve, regozija-se pelo apoio iniludível que a mensagem ou discurso constitui para as suas convicções políticas e felicita o PR pela importância dessas palavras para a continuidade da política em que está empenhado. E isto acontece, quaisquer que sejam as suas convicções políticas e quaisquer que sejam as políticas em que está empenhado.

Todo este dissenso consensual ocorre apenas na classe política. Na sociedade não política, nos restantes 99,99% dos portugueses, ninguém percebe nada do que o PR diz, não entende aonde ele quer chegar e olha-o como um bibelô sem utilidade prática, mas também sem nenhuma perigosidade, que pode estar à mão de uma qualquer inocente e indefesa criança, sem que daí lhe possa advir dano algum.

É o pressentir que o que o PR diz é insosso, incolor, inodoro e inócuo que o tem catapultado para níveis elevados nas sondagens. Desconfiados como são os portugueses, no que tange à classe política, a existência de algo inócuo é um bálsamo que tempera as preocupações da população sobre o que é que os políticos andarão a tramar.

Publicado por Joana às janeiro 19, 2004 07:32 PM

Trackback pings

TrackBack URL para esta entrada:
http://semiramis.weblog.com.pt/privado/trac.cgi/105067

Comentários

Você tem um especial "carinho" pelo PR.

Publicado por: Hector às janeiro 19, 2004 08:44 PM

Note que eu também acho que ele só diz banalidades e que esta mensagem foi absolutamente inútil.

Publicado por: Hector às janeiro 19, 2004 08:45 PM

Isto só demonstra que o PR tem um pensamento muito lato, e que todos estão de acordo com ele

Publicado por: vde às janeiro 19, 2004 09:59 PM

Isto só demonstra que o PR tem um pensamento muito lato, e que todos estão de acordo com ele

Publicado por: vde às janeiro 19, 2004 10:03 PM

Ó vde, o que o PR tem é muita lata. Lata e não lato

Publicado por: Vitapis às janeiro 19, 2004 10:12 PM

Tenho a impressão que o Sampaio está um pouco desacreditado. O pessoal, quando lhe perguntam a opinião, vota no Sampaio, porque é uma espécie de abstenção. O pessoal está traumatizado com os políticos e o Sampaio é o voto nulo.

Publicado por: Viegas às janeiro 19, 2004 10:13 PM

Faz pena ver a dificuldade dos politicos portugueses se entenderem num assunto como esse.

Publicado por: Filipa Zeitzler às janeiro 19, 2004 10:29 PM

O Sampaio é o Presidente de todos os portugueses. Logo terá que dizer coisas que todos estejam de acordo. Assim cada frase satisfaz um sector político e ficam todos sartisfeitos.

Publicado por: Rui Pereira às janeiro 19, 2004 10:43 PM

Esta gaja agora deu em anarco-capitalista.

Publicado por: Cisco Kid às janeiro 20, 2004 12:30 AM

Esta gaja agora deu em anarco-capitalista.

Publicado por: Cisco Kid às janeiro 20, 2004 12:30 AM

A política portuguesa parece uma conversa de surdos. Ferro, com aquelas sondagens no bolso, resolveu falar de alto e contrariar a ideia de um consenso para as Finanças Públicas

Publicado por: Arroyo às janeiro 20, 2004 12:44 AM

É preocupante não haver qualquer tentativa de entendimento numa matéria tão difícil como esta, em que há tensão social e devia haver um pacto de regime

Publicado por: gustavo às janeiro 20, 2004 12:44 AM


Cara Joana,

Não seria mais fácil indicar como leitura obrigatória o "Alice no País das Maravilhas"?

E dizer que Sampaio é o Humpty Dumpty?

Para quê escrever o que já foi escrito?

Publicado por: re-tombola às janeiro 20, 2004 04:25 AM


A propósito de dissensão consensual, lembrei-me desta historieta...


"Certa vez um filósofo disse a um peixe:

- O propósito da vida é raciocinar e tornar-se sábio.

O peixe respondeu:

- Não, o propósito da vida é nadar e apanhar mosca.

O filósofo murmurou para si mesmo:

- Pobre peixe...

E lá do fundo do rio veio um sussurro:

- Pobre filósofo..."

Publicado por: re-tombola às janeiro 20, 2004 04:39 AM

re-tombola: O PR é o meu Bey de Tunis. Quando não sei o que escrever, arreio nele. É fácil e está à mão.

Publicado por: Joana às janeiro 20, 2004 09:06 AM

Não concordo com a Joana. Ao Sampaio apetece dar abanões, não arriar.

Publicado por: Mendes às janeiro 20, 2004 09:15 AM

É no que dá a crescente influência dos 'lelinhos' do futebol na vida política...
Aliás, quem influencia a vida política, para além dos jornalistas de escândalos e de algumas organizações ligadas à igreja e à maçonaria são os 'lelinhos...

Um abraço,
Francisco Nunes

Publicado por: Planície Heróica às janeiro 20, 2004 07:09 PM

Aaaaaaaaaaaaaaa..... (grande bocejo)

Publicado por: Anonymous às janeiro 20, 2004 08:22 PM


Já o meu Bey de Túnis é o Paulo Portas. Mas não posso zurzi-lo à medida do meu contentamento, porque entre mim e ele aparece o nosso Paulo Pedroso, como um «djinni» saído da lâmpada de Aladino, com turbante, brincos de ouro, os braços enormes cruzados sobre o peito, cimitarra à cintura - e diz-me com voz cava: «Não zurzirás!»

Publicado por: Zé Luiz às janeiro 20, 2004 10:48 PM

Caro Zé Luiz:
E isso tem-no impedido, a si, de zurzir no Portas?
Repare que desde que se deixaram de zurzir no Portas e acabou a campanha de maledicência contra ele, a popularidade dele baixou.
Veja como eu tinha razão.

Publicado por: Joana às janeiro 21, 2004 10:13 PM

Cara Joana:

Não se trata de um impedimento, trata-se de uma inibição. Quando o corpo me pede que zurza no Paulo Portas, fico com a impressão de estar a zurzir também no nosso Paulo Pedroso, e isso eu não quero fazer.

Se calhar também eu estou a ficar sentimental.

Publicado por: Zé Luiz às janeiro 21, 2004 10:46 PM

Isto de andar pela net de madrugada torna-nos melancólicos!

Publicado por: Joana às janeiro 21, 2004 11:36 PM

Comente




Recordar-me?

(pode usar HTML tags)