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outubro 04, 2003
A imigração 1 - Postal ribatejano
No sábado fomos almoçar a um restaurante numa aldeola algures no Ribatejo. Ao lado estava um numeroso grupo (18 adultos, dos quais 7 mulheres, e 2 crianças) que, pelas conversas, nos pareceram parte de Leste e em parte portugueses. O convívio era animado, a mesa lauta, as relações com a empregada que servia à mesa eram de uma grande camaradagem e, no fim, quase todos tomaram o café à portuguesa. Uma das miúdas devia ser da idade do meu mais velho, cerca de 7 anos, e andaria já na escola. Trocaram olhares curiosos normais nestas idades.
Depois de se irem embora, e em conversa com o patrão, ficámos a saber que apenas um, o engenheiro como nos disse, era português. Todos os outros era ucranianos e empregados numa empresa vitivinícola da terra. Estavam há mais de 2 anos em Portugal e tinham trabalho em permanência pois além do amanho da vinha e das vindimas, a empresa tinha linhas de engarrafamento e conseguia uma laboração com uma certa continuidade. Curiosamente a admissão daquele pessoal permitiu expandir linhas de serviço, na área da industrialização da produção, que não existiam anteriormente. Eles viviam em anexos dentro da propriedade e ao fim de semana vinham sempre almoçar ali.
No Ribatejo, nomeadamente nos concelhos de Santarém, Cartaxo, Rio Maior e Azambuja, os que eu conheço melhor, calculo que possa haver cerca de 10% de imigrantes. Nos quiosques, o Expresso e o Público estão lado a lado com jornais em cirílico editados pela comunidade russa e ucraniana. Num hipermercado onde costumo ir, em cada 3 ou 4 carrinhos, um é transportado por alguém do Leste, homem ou mulher. Têm cartões Multibanco, comportam-se como nós e só os distinguimos quando falam uns com os outros. Cá fora têm quase sempre um carro, cuja matrícula indicia uma certa vetustez, mas que funciona.
Dentro dos centros urbanos(Santarém e Azambuja - que é também zona suburbana de Lisboa) notam-se mais os brasileiros que trabalham na restauração e comércio. Mas fora desses centros urbanos só se vê gente de Leste. Estão disseminados por tudo quanto é sítio.
No que respeita à imigração de Leste nós temos em Lisboa uma imagem que não é a mesma que se tem na província. A vida em Lisboa é complicada, principalmente para os imigrantes, enquanto que nas zonas rurais eles levam uma vida muito mais estável e aparentam estar bem instalados. A nossa visão em Lisboa é enviesada pela situação daqueles que, sem emprego, dormem ao relento ou se socorrem de expedientes para sobreviverem.
22 de Setembro de 2003
Publicado por Joana às outubro 4, 2003 01:00 AM
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Comentários
Acho um exagero os 15%
Publicado por: anonimo às novembro 7, 2003 12:44 AM
Embora reconheça que haja muitos
Publicado por: anonimo às novembro 7, 2003 12:45 AM
Não sei. Em determinadas zonas do Ribatejo há muitos imigrantes do Leste.
Além do que a Joana falou em 10%.
Publicado por: Rui Silva às novembro 8, 2003 01:12 AM
Na zona descrita pela Joana, ela é capaz de ter razão. Na zona norte do Ribatejo há menos
Publicado por: Rui Silva às novembro 8, 2003 01:14 AM
Eu também sou ribatejano e é isso mesmo
Publicado por: Rodrigo às fevereiro 4, 2005 02:23 AM