Em 31 de Outubro passado escrevi aqui que há cerca de 6 anos atrás, quando a Resitejo lançou um projecto de Aterro Sanitário, no timbre das cartas da Resitejo aparecia a lista dos municípios (sócios) do sistema: Alcanena, Chamusca, Constância, Torres Novas, Tomar, etc., etc, e ... a Quercus! Então foi-me dito que havia sido o Sr. Presidente (era então presidente da Resitejo o Presidente da Câmara de Alcanena) que "tinha achado boa ideia, para eles depois não nos chatearem".
Hoje foi noticiado que os responsáveis pelo aterro sanitário da Resitejo, na Chamusca, admitiram que alguns problemas naquela estrutura poderão ter afectado a ribeira onde escoa o esgoto, mas garantem que são situações pontuais. Agricultores da zona estão preocupados «com a poluição que começou a surgir há dois anos e se agravou nos últimos seis meses», deixando «um rasto negro de morte», e há relatos que dão conta de ovelhas que costumavam beber água da ribeira e começaram a aparecer «com feridas na boca e inchaços no papo».
O responsável da Resitejo garantiu ser "impossível" que a causa da poluição possa estar no aterro, porque os relatórios e análises feitos com a periodicidade exigida por lei e enviados para as entidades competentes "estão bem", mas admitiu a ocorrência de uma situação anormal, "pontual", no final de Novembro, quando caiu uma forte chuvada e, porque não foi adoptado um procedimento que deveria ter sido tomado, «houve escorrências que passaram a tela, mas não era lixiviado puro».
Relativamente a esta questão queria sublinhar o seguinte:
1 – O Aterro sanitário, embora ambientalmente melhor que as lixeiras anteriormente existentes, é, do ponto de vista ambiental, a pior solução para o destino final do lixo urbano (R.S.U.)(*). As emissões de metano são, do ponto de vista do efeito estufa e para a mesma quantidade, 21 vezes mais nocivas que as do Dióxido de Carbono. Parte do biogás originado nos aterros (cerca de metade é metano) poderá ser aproveitado, mas uma parcela significativa escoar-se-á sempre para a atmosfera.
2 – A construção de aterros gigantescos, como o da Resitejo, que demoram muitos anos a encher, é uma solução errada. Os aterros devem ser construídos divididos em células muito mais pequenas que se vão sucessivamente construindo e enchendo, de forma a que o seu enchimento não ultrapasse um ano ou ano e meio. As telas são, em princípio, estanques e, sendo assim, uma invernia mais rigorosa transforma um aterro assim dimensionado numa gigantesca piscina, com os RSU a boiarem. Isso traz vários inconvenientes: 1) a humidade acelera a formação do metano; 2) a estanquidade pode não ser perfeita, levando a que haja o que a Resitejo designou hoje por «escorrências que passaram a tela, mas não era lixiviado puro». É óbvio que se vieram do aterro eram produtos lixiviados. O dizer que não eram “puros” é pura retórica. Por outro lado, com células muito mais pequenas aumenta-se a parcela do biogás que pode ser valorizado energeticamente.
Adicionalmente, não há experiência do comportamento das telas anos a fio expostas, quer à intempérie, quer ao sol abrasador do verão. Nada garante que após 3 ou 4 anos as telas continuem “saudáveis” e as suas soldaduras perfeitas.
Resta agora ver como os ambientalistas da Quercus, que se têm desmultiplicado nos últimos meses com comunicados terroristas sobre a eventualidade de novas incineradoras, nomeadamente a da ERSUC, em que ignoram inclusivamente as directivas da UE, mentindo sobre as premissas da questão, vão reagir aos problemas do aterro de um sistema de que eles foram sócios (presumo que já não o sejam) e apadrinharam a concepção.
(*) Não estou a falar de aterros sanitários de apoio a outras instalações de tratamento do lixo (aterro de apoio a uma incineradora, por exemplo) onde os lixos orgânicos não entram porque foram tratados e valorizados previamente.
Se de facto a Quercus alinhou nisso, e a forma como a Joana conta dá ideia que está por dentro do assunto e que deve ser verdade, é uma coisa lamentável.
Acho contudo que não devemos confundir alguns dirigentes com mais necessidade de afirmação pública e eventualmente corruptos, com a generalidade do movimento ambientalista
Os ambientalistas são gente generosa. Se há ovelhas negras, são meia dúzia
Afixado por: C Ventura em janeiro 17, 2004 02:55 AMCaro C. Ventura:
Há muito que a minha opinião sobre os ambientalistas é muito parecida com a que a Joana aqui exprime.
O ambientalismo é um negócio, e um negócio sujo, que consiste principalmente em criar dificuldades para posteriormente vender pareceres favoráveis.
E é um negócio da China: imagine-se você com direito de veto sobre TODA a actividade económica de um país, mesmo pequeno! É preciso dizer mais?
Zé Luis: Quando falei de ovelhas ranhosas, haverá algumas que estão nas direcções dos ambientalistas. E são essas que desacreditam os defensores do ambiente
A questão C Ventura, é que os elementos que aparecem com protagonismo, são as tais ovelha ranhosas.
Os jovens são carne para canhão
Aqui há 3 anos estava em Évora, quando houve uma manif contra a cota 150 e tal e a favor da cota 139. Estavam 30 ambientalistas 40 jornalistas e a hostilidade da população que virava a cara para o lado quando lhes queriam dar papéis.
Ao meio-dia reuniram-se na Praça do Geraldo, com as TVs a filmar, gritaram umas palavras de ordem e foram-se embora