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janeiro 23, 2006

Dúvida Angustiante que se Desvanece

Reinava grande inquietação nos meios económicos, financeiros e políticos. Será que Teixeira dos Santos iria convidar Vítor Constâncio para mais um mandato como governador do Banco de Portugal? E admitindo que isso pudesse, porventura, acontecer, será que Vítor Constâncio aceitaria continuar no cargo? Essas dúvidas angustiantes tiravam o sono a economistas e financeiros, perturbavam a classe política e fizeram disparar o mercado de ansiolíticos em Portugal. Hoje veio a acalmia, o serenar dos ânimos, a queda na venda de ansiolíticos: Teixeira dos Santos e Sócrates, num gesto de elevado sentido de Estado, haviam convidado Constâncio para continuar naquele cargo e Constâncio, num gesto patriótico e abnegado, havia aceite.

Foi o próprio ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, que revelou hoje, com uma incontida emoção: «Apraz-me poder contar com Vítor Constâncio para mais um mandato», acrescentando, com a isenção que se lhe reconhece, que Constâncio tem «competência demonstrada para o lugar».

O exercício da democracia e da cidadania é bonito. Faz bem saber que se convidam pessoas para cargos que exigem rigorosa neutralidade, apenas pela sua competência, olhando despiciente para derrisórias ligações partidárias. E é bom saber que há gente que ama o seu país e se entrega abnegada e devotadamente à coisa pública, sem curar de saber se a coisa pública tem potência para satisfazer as suas necessidades mensais e lhe dar um arrimo para a velhice.

Publicado por Joana às janeiro 23, 2006 10:19 PM

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Comentários

Depressa depressa que só tem 45 dias para fazer os arranjinhos que faltam impunemente!

Publicado por: Joao P às janeiro 23, 2006 10:18 PM

Aprendi lendo nos comentaristas deste blogue que para ser de esquerda não basta proclamar-se que se é de esquerda.

Falta, falta.. o quê exactamente?

Qual é a personalidade, ou a instituição que tem esse poder? Ou a classificação é subjectiva e depende da intuição de cada um?

Publicado por: Joao P às janeiro 23, 2006 10:34 PM

Não se excitem que não vai haver sangue.
Está tudo previsto...

Publicado por: (M) às janeiro 23, 2006 10:48 PM

Joao P às janeiro 23, 2006 10:34 PM

É simples: de direita é o que produz; de esquerda é o que distribui.
Como vê, há harmonia no mundo.

Publicado por: Senaquerib às janeiro 23, 2006 10:53 PM

Quatrocentos e setenta e cinco salários mínimos/mês ... se for verdade, é porventura a maior pornografia financeira com que o novo PR deverá confronta-se.

Publicado por: asdrubal às janeiro 23, 2006 10:56 PM

Joana,
por que é que não propõe, com clareza, o seu candidato ao lugar?

Publicado por: zippiz às janeiro 23, 2006 11:12 PM

Constâncio?!,,,olhá novidade!
a figura máxima do Estado Neoliberal Multinacional é o Governador do Banco Central, depois e por ordem decrescente de importância seguem-se o ministro das Policias (Sócrates) e o fiel garante das Secretas, no caso o Manequim de Boliqueime

Publicado por: xatoo às janeiro 23, 2006 11:34 PM

e depois o longo cortejo de figurantes,,,

Publicado por: xatoo às janeiro 23, 2006 11:34 PM

Então ninguém se congratula com a vitória de Cavaco?

Publicado por: Vítor às janeiro 23, 2006 11:36 PM

Pelo preço podiamos ter ido buscar o Greenspan mais barato. Ainda deve ter uns anitos dentro dele.

Publicado por: Incognitus às janeiro 23, 2006 11:38 PM

Ai o c******.
Atão?! Nem uma palavra para a vitória de Cavaco?

Publicado por: Vítor às janeiro 23, 2006 11:40 PM

O Cavaco é perto de irrelevante, o presidente é perto de irrelevante, e este barco vai encalhar independentemente de quem for ao leme.

Parece que a Presidência da República alimenta 500 marmanjos e inclui até personal trainer, não para o dito, mas para o pessoal. Se o Cavaco pegasse e metesse 250 a andar já era um princípio, mas nem isso ele fará.

Publicado por: Incognitus às janeiro 23, 2006 11:43 PM

Ainda há dias a Joana dizia que eram 200...
Agora já são 500...
Vejam lá se se organizam.

Também gostava de ver o Cavaco a meter 250 na rua. E depois a D.Maria a aspirar as carpetes de Belém, a limpar o pó e a cozinhar.
Subscrevo a proposta

Publicado por: (M) às janeiro 23, 2006 11:53 PM

Os portugueses são uns eternos insatisfeitos.

Então o que é isso de 500 pessoas?
Qualquer multinacional digna desse nome, tem ginásios e personal trainers e cartões gold ou premium e viatura topo de gama e pacotes de férias e mulatas ou russas para os CEO.
Em vez de pagar o contribuinte, paga o consumidor.
E, meninos: podemos fugir aos impostos; não podemos é deixar de consumir.

Vá: uma palavrinha de incentivo ao Aníbal.
O castigo para quem não cumprir será indicar o candidato de dua eleição que não chegou a candidatar-se.
Mortos não valem...

Publicado por: Vítor às janeiro 23, 2006 11:53 PM

Congratulações pela vitória de Cavaco?
Isso é no fim do mandato, daqui a 5 anos.

Publicado por: Senaquerib às janeiro 23, 2006 11:59 PM

Quem conseguir abstrair-se das camadas exteriores acidentais poderá começar a aperceber-se que continuamos a viver numa sociedade de castas, em que meia-dúzia de famílias, pelo sangue (pouco pelo dinheiro, porque vivem das prestações estatais e muito pouco pelo mérito) e que se reproduzem entre si, quase sem entrada de ADN fresco, continuam a governar, ou desgovernar, este país. Independentemente de serem de esquerda ou de direita, são primos de primos, tios de tios, visitas da casa de mrs, vão aos mesmos locais de férias, têm os mesmos gostos, pensam no essencial da mesma forma... manter o sistema de prestações.
É impressionante ter, por exemplo, um ministro da economia, funcionário dum banco, do banco do regime, habituado a um mercado protegido, uma vida de salões alcatifados e chás a horas. Alguém que não conhece o tecido industrial português, as pequenas e médias empresas, alguém que não acorda sobressaltado com o semestre seguinte da sua empresa, preocupado com a sua sobrevivência, que não sabe o que é viver com a pressão competitiva.

Publicado por: diogenes às janeiro 24, 2006 12:10 AM

«Independentemente de serem de esquerda ou de direita...»?????!!!

Você está mesmo convencido do que escreveu ou é só para não ter que reconhecer que essa meia dúzia de famílias que se reproduzem entre si e governam (?) este país pertencem todas à mesma família ideológica?

Entende, mesmo, que os membros do Comité Central do PCP são «visitas da casa, vão aos mesmos locais de férias, têm os mesmos gostos e pensam no essencial da mesma forma» que os membros do Conselho Nacional do PSD?

Já o mesmo não se dirá da esmagadora maioria dos dirigentes do PS, pelo menos daqueles que se governam em alternância com os do PSD. Mas considera que esses dirigentes do PS são «de esquerda»?

Se calhar sim. É um problema que só se resolverá quando acordarmos no que é uma praxis de esquerda.

Publicado por: (M) às janeiro 24, 2006 03:44 AM

Diogenes
Se fizer alguma observação e não houver réplica minha, isso não significa falta de respeito.
Dentro de umas horas estarei a voar sobre o Atlântico.
Ficará para outra ocasião.

Publicado por: (M) às janeiro 24, 2006 06:47 AM

(M), o que é uma praxis de esquerda? Distribuir a riqueza que não existe porque não se produziu?

Ainda não compreendeste que a esquerda não funciona, porque o ser humano só produz se puder ficar com a maior parte do que produzir?

Publicado por: Incognitus às janeiro 24, 2006 09:55 AM

(M), o que é uma praxis de esquerda? Distribuir a riqueza que não existe porque não se produziu?

Ainda não compreendeste que a esquerda não funciona, porque o ser humano só produz se puder ficar com a maior parte do que produzir?

Publicado por: Incognitus às janeiro 24, 2006 09:55 AM

diogenes às janeiro 24, 2006 12:10 AM

Pois.

Eu desde há longo tempo pergunto - e ninguém me responde - porque é que as opiniões de certas pessoas são publicadas com tanta facilidade e tão repetitivamente nos jornais, quando essas pessoas não exibem uma inteligência ou discernimento que as superiorize às demais. Por exemplo, a Maria Filomena Mónica, ou o Manuel Villaverde Cabral. Porque é que tudo quanto eles escrevam é publicado? Porque é que as suas opiniões ou dislates assumem tanta importância e recebem tanto enfoque no nosso milieu?

Só posso encontrar uma explicação: porque pertencem à dúzia de famílias da elite.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 24, 2006 10:04 AM

Há uma importante vantagem em Vítor Constâncio continuar à frente do Banco de Portugal: o país gasta menos dinheiro em reformas douradas. Tendo em conta que cada governador do BP sai de lá com uma chorudíssima reforma vitalícia, independentemente do tempo que lá tenha estado, mais vale que estejam lá poucos.

Até porque o trabalho não é pesado: o Banco de Portugal hoje em dia nãos serve para nada, a não ser para produzir umas estatísticas.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 24, 2006 10:07 AM

Aliás, a manutenção de Vítor Constâncio é consentânea com a política governamental - que não tem sofrido críticas da parte da Joana - de pôr os funcionários públicos a trabalhar até o mais tarde possível. Se ele é competente para o trabalho que faz, mais vale que lá continue. Para quê reformá-lo? Para a fazenda pública ficar mais sobrecarregada?

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 24, 2006 10:09 AM

diogenes às janeiro 24, 2006 12:10 AM

Um outro exemplo é aquela gajinha do PP, a Teresa Caeiro. A que foi governadora civil de Lisboa durante governo Paulo Portas, e agora é deputada. Sempre sem méritos discerníveis. Li uma vez o curriculum dela. Aos 23 anos, ainda nem tinha acabado o curso de direito, já estava empregada como assessora de um ministro ou coisa parecida. Não teve que demonstrar mérito, fazer tirocínio, tempo de experiência, nada. Entrou para a parte de cima da estrutura quando ainda nem tinha saído da universidade.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 24, 2006 10:12 AM

"É simples: de direita é o que produz; de esquerda é o que distribui.
Como vê, há harmonia no mundo."

A direita não produz, mas sim os agentes económicos que na sua essência não têm ideologia. Além disso, todos somos agentes económicos.

A esquerda também não distribui, esbanja, subsidia. mais uma vez, a função distributiva mais eficiente é efectuada por indivídus e empresas que, muitas vezes anonimamente e de livre vontade, vão tapando os interstícios sociais.

Publicado por: Mário às janeiro 24, 2006 10:44 AM

Luís Lavoura às janeiro 24, 2006 10:12 AM

Ó Luís Lavoura. A Teresa Caeiro "sem méritos discerníveis"???!!!
Sem querer beliscar os eventuais méritos profissionais, julgo que os outros méritos da menina são discerníveis à distância.

Agora reparo: este "beliscar" que me surgiu no texto supra tem qualquer coisa de freudiano...

Publicado por: Vítor às janeiro 24, 2006 11:34 AM

Vítor às janeiro 24, 2006 11:34 AM

Pois olhe, eu não sou maricas e, confesso, não lhe discirno méritos absolutamente nenhuns, nem mesmo à distância de um ecran televisivo.

Mas prontos, gostos não se discutem.

De qualquer forma, é preciso ter cuidado: a maior parte das mulheres são muito mais bonitas vistas ao longe, do que ao perto.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 24, 2006 11:50 AM

... eu cá gosto.
http://www.diarioeconomico.com/edicion/diario_economico/edicion_impresa/universidades/pt/desarrollo/607052.html

Publicado por: asdrubal às janeiro 24, 2006 12:19 PM

Caro (M):

Antes de mais votos de bom voo sobre o Atlântico.

Isso é batota "Entende, mesmo, que os membros do Comité Central do PCP são «visitas da casa, vão aos mesmos locais de férias, têm os mesmos gostos e pensam no essencial da mesma forma» que os membros do Conselho Nacional do PSD?"

Os membros do Comité Central do PCP não governam o país, nem terão taxos nas coutadas do regime (presumo eu, pelo menos depois do PREC).

Peça gravações das televisões na noite eleitoral e veja os figurantes que assistiram, no interior do Altis e do CCB, ao discurso de soares e de cavaco, esses sim, eram todos da mesma família, independentemente do local onde estavam. Até o louçã parece que foi colega de escola do santana lux.

Passei-me quando na noite de segunda assisti na RTPN (a ficar cada vez mais depressa um concorrente à altura da SIC Notícias, então os noticiários - mais notícia, mais sobriedade e menos folclore e fait-divers) à entrevista que basílio horta deu a Sérgio Figueiredo... cheia de vacuidades, cheia de lugares comuns, sei qualquer linguagem estratégica, só jargão inglês que deve ter empinado à pressa.
Até a China está a seguir as pisadas japonesas e alemãs de promover o mérito, e nós continuamos com estes fantoches... quando o tipo começar a ver alguma coisa do que é a economia aberta moderna globalizada, quando o tipo começar a perceber como funciona a máquina da API... está na hora de sair.


Publicado por: diogenes às janeiro 24, 2006 01:54 PM

Atenção!... Vem aí o GEELY !!!
Já sabem?! Então preocupem-se!

Publicado por: Senaquerib às janeiro 24, 2006 02:57 PM

Notem que o blog Editorial Ordem das Letras, que passou meses a atacar a esquerda e Alegre insultandoo de «traidor», e a propagandear fanaticamente Mário Soares, apagou ontem tudo o que escrevera. Esta cobardia do autor não surpreende. O suposto «antonio duarte bento» nao é nem mais nem menos que um pseudónimo... do querido paulinho, esse jornalista venal que manda na weblog e tem esse lado escuro e sujo de Mr.Hyde

Publicado por: orixas às janeiro 24, 2006 03:08 PM

Senhor Diogenes: concordo consigo em absoluto quando se refere à RTPN. Na verdade, desde Novembro que até tenho o aparelho de televisão normalmente sintonizado nesse canal.

Publicado por: Saloio às janeiro 24, 2006 03:52 PM

Qual é a url desse blog?

Publicado por: Bsotto às janeiro 24, 2006 03:53 PM

Querem que os Portugueses voltem a ficar optimistas? querem que passem a ter esperança no Futuro? Digam ao Bush para nos invadir...

Poll finds surprising optimists

A "zero hour" mentality is said to make Afghans upbeat
Iraqis and Afghans are among the most optimistic people in the world when it comes to their economic future, a new survey for the BBC suggests.
Italians join people in Zimbabwe and DR Congo as the most downcast about their future, according to the poll of 37,500 people in 32 nations.

(...)

http://news.bbc.co.uk/2/hi/business/4641396.stm

Publicado por: lucklucky às janeiro 24, 2006 11:09 PM

Os Iraquianos e os Afegãos não devem ler o New York Times.
Nem a comunicação social portuguesa.

Publicado por: Gros às janeiro 25, 2006 01:03 AM

« (...) sem curar de saber se a coisa pública tem potência para satisfazer as suas necessidades mensais e lhe dar um arrimo para a velhice».


http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=189301&idselect=181&idCanal=181&p=0

Publicado por: asdrubal às janeiro 25, 2006 06:12 PM

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