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janeiro 29, 2006

A Armadilha da Utopia

O que a utopia tem de errado é o facto de pretender reconstruir a sociedade como um todo, postulando mudanças generalizadas, cuja aceitação social é duvidosa, porquanto representa uma ruptura com o quadro social existente e cujas consequências práticas são difíceis de calcular, porquanto todas as experiências sociais e políticas que constituíram subversões completas dos modelos pré-existentes conduziram a resultados péssimos. Adenauer disse que “a política é a arte do possível”. Um político poderá ter ou não em mente um modelo da sociedade, e acreditar ou não que o homem tem a possibilidade de vir um dia a estabelecer uma sociedade ideal e perfeita. Mas a arte política do possível é combater as deficiências mais prementes e profundas da sociedade em vez de procurar estabelecer, no imediato, um ideal supremo, a Ideia Absoluta, quer na sociedade, quer no Estado.

As instituições políticas, económicas e sociais representam sempre, desde que se viva em regime democrático, do resultado de um compromisso face a circunstâncias do processo político e social anterior, da gestão, certa ou errada, dos equilíbrios entre interesses corporativos e o bem-estar colectivo, etc. Esse compromisso pode ter conduzido a situações perversas que prejudiquem o bem-estar colectivo e conduzam à estagnação económica da sociedade. Essas situações podem e devem ser combatidas. Todavia não podem ser combatidas em termos de construir uma sociedade ideal alternativa. Uma sociedade não pode parar para reconstrução. Não é possível fazer tábua rasa de uma situação existente. A estrutura social e económica é de tal forma complexa que poucos eleitores se julgarão capazes de avaliar a viabilidade dessa transformação radical, se comporta de facto melhorias, e quais as dificuldades e tormentos que a concretização dessa transformação exigiria. E se poucos se julgariam capazes, duvido que algum fosse efectivamente capaz dessa avaliação.

Essas situações perversas podem porém ser combatidas em termos de ajustamentos parcelares menos sujeitos a controvérsias e mais capazes de mobilizar a opinião pública. As reformas institucionais têm que ser feitas, pouco a pouco, e conduzidas de forma a ganharem a opinião pública. Muitas dessas reformas poderão parecer insuficientes ou a rota traçada nelas não estar totalmente conforme com o percurso para o modelo de sociedade ideal que teorizamos. Mas, “a política é a arte do possível”.

Uma Utopia corresponde à pretensão de que uma ordem social pode resultar da construção feita a partir de um modelo teórico concebido como um mundo perfeito ou, pelo menos, melhor que o existente. Uma Utopia não resulta, necessariamente, de uma visão historicista do devir social, ou seja, não resulta de qualquer convicção que essa Utopia se estabelecerá, inevitavelmente, se o curso da história o determinar previamente. Essa é a visão teleológica do marxismo "Quando uma sociedade tiver descoberto a lei natural que determina o seu próprio movimento... mesmo então não pode saltar por cima das fases naturais da sua evolução. ... Pode, porém, fazer algo; pode abreviar-lhe e minorar-lhe as dores do parto". Essa foi a visão teorizada em esboço por Marx e postulada em diferentes tons e variações pelos seus epígonos durante o século XX, consoante as vicissitudes políticas, sociais e geo-estratégicas.

Para haver Utopia não é obrigatório haver uma visão teleológica da história. Basta que se pense que é possível que uma sociedade brote completamente ordenada e organizada, qual Palas Atena saindo armada do cérebro de Zeus.

O que as Utopias têm de perverso, é que é muito mais fácil concebê-las no papel e em teoria, do que concretizá-las na prática. E a única forma de as concretizar é assaltando o poder instituído, «abreviando e minorando as dores do parto». Mas este processo está vedado a quem considera como prioridade o primado da liberdade individual e o respeito pelas escolhas individuais e pela democracia representativa.

As Utopias que foram levadas à prática e que se saldaram pelo massacre de milhões de indivíduos que não acreditavam nelas, conseguiram constituir um corpo de doutrina sólida e totalitária, que se destinava à defesa do seu domínio, e que era considerada matéria indiscutível.

Quando não foram levadas à prática (na sua formulação utópica e bacteriologicamente pura), quer pelo facto dos fundamentos das suas convicções impedirem o assalto anti-democrático ao poder, quer por quaisquer outras razões, constituíram matéria inesgotável de controvérsias, cada um arrogando-se da presunção de ser ele o detentor da Utopia mais perfeita e teoricamente mais rigorosa. E quanto maior é a impotência sentida em levar a Utopia à prática, mais importância ganham subtilezas doutrinais libadas na exegese dos textos “fundamentais”, maior é o absurdo da hermenêutica semântica e mais incomensuráveis são os abismos gerados por diferenças imperceptíveis

A Utopia impotente resvala sempre para o radicalismo sectário. Quando nos fechamos sobre nós próprios e perdemos o sentido do universal, as pequenas diferenças tornam-se fracturantes. É sempre assim e é preocupante.

É paradoxal que pensamentos doutrinais que se baseiam no primado do indivíduo, na defesa da liberdade de funcionamento da economia e da sociedade, apareçam em travesti de modelos cristalizados pelo radicalismo sectário fechado sobre si próprio, mais preocupado com as subtilezas das diferenças do que com a imensidão do que há em comum.

É paradoxal que pensamentos doutrinais fecundados pela interpretação dos comportamentos e das escolhas dos indivíduos, enquanto livres, e na dimensão anti-teleológica do homem que se faz a si próprio, se preocupem mais a digladiar-se sobre a excelência das subtilezas que separam os seus modelos teóricos, dos do vizinho, em vez de se empenharem em estudar a forma de concretização, mesmo que parcialmente, mesmo que seja apenas um pequeno passo, do que há de comum no pensamento doutrinal de todos.

Publicado por Joana às janeiro 29, 2006 11:52 PM

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Comentários

Excelente exercício por parte da Joana mas...
-cortar em absoluto o direito de sonhar com a "sociedade perfeita" é castrador até dizer chega, eh,eh,eh!

Mal do homem quando desistir da busca do IDEAL SUPREMO, é um indivíduo resignado com a vida, logo está positivamente morto.

Um abração do
Zecatelhado

Publicado por: zecatelhado às janeiro 30, 2006 12:34 AM

O problema não é imaginar utopias, é aplicá-las à força

Publicado por: AJ Nunes às janeiro 30, 2006 02:17 AM

(Aproveito este brilhante texto (pelo menos na sua forma) para felicitar a Joana pela sua contribuição no crescimento da minha curiosidade cultural.

Apesar de achar optimas as escolhas temáticas das suas exposições, confesso que a forma atraente dos seus textos sobrepõe-se por vezes ao seu conteúdo - mesmo que isto inúmeras vezes seja provocado pela minha inexperiencia e imaturidade de modo a não conseguir concordar ou não com alguns dos seus pontos de vista. No entanto, na condição de novato nestas andanças de blogs, considero este espaço, com todo o conjunto de comentários e comentadores - um bom "sítio de reflexão".)

Agora, quanto ao tema de hoje - foi a afirmação do nosso amigalhaço Zecatelhado que me levou a comentar este post:

"Mal do homem quando desistir da busca do IDEAL SUPREMO"

Revejo-me perfeitamente nesta ideia, mesmo que não a enquadre a cem por cento com o texto da Joana, considero pertinente realçar aqui este ponto de vista. A busca de utopias faz parte da condição humana, mesmo que por vezes o homem tenha consciência da impossibilidade da sua aplicação. No entanto é essa busca que por vezes nos pode fazer evoluir, aproximarmo-nos do que podemos considerar perfeito ou mesmo melhorar em termos efectivos.

A funcionalidade/racionalidade e a criatividade/imaginação são condições culturais e sociais inseparaveis do Homem. Penso que a "busca do ideal" ou a creação de utopias passa pela creação/imaginação de uma o "ideia ou eoria" o mais funcional/racional possivel. Como disse tais factores são iminentes à base do homem e das sociedades, principalmente das suas culturas.

Portanto, não poderá ser pelas suas diferenças ou mesmo pelas consequências que a (não) tentativa falhada de impor utopias gera, que deveremos sacrificar tais bases.

É realmente uma armadilha que se deveria evitar, mas será possivel fazê-lo sem "resignarmo-nos com a vida" e tornarmo-nos "individuos positivamente mortos"?

Publicado por: JJ às janeiro 30, 2006 02:33 AM

Primeiro:
Para as pessoas da minha idade o autor da frase "a política é a arte do possível" não foi Adenauer, foi Salazar...

Segundo:
Porque é que os fiéis seguidores do neo-liberalismo parecem sempre achar que procurar evitar a exclusão social é uma "utopia"? É verdade que a esquerda, mas também a direita, têm as suas utopias, mas preocuparmo-nos com o próximo, querermos uma distribuição mais justa e equitativa dos recursos, não pode ser visto como uma aspiração utópica. É perfeitamente possível distribuir melhor a riqueza sem impedir que os mais empreendedores continuem a produzir mais e melhor. Ao classificar tal objectivo de "utópico" está-se a querer desmotivar aqueles que com tal se preocupam, está-se a tentar justificar um malévolo darwinismo económico e social que serve egoísmos inconfessáveis. É como afirmar que se tem de produzir primeiro, antes de poder distribuir, remetendo para as calendas gregas essa distribuição. Eu pergunto sempre, e sempre fico sem resposta: A partir de que nível de PIB per capita se pode começar a distribuir a riqueza criada?...

Publicado por: Albatroz às janeiro 30, 2006 07:42 AM

A Joana mostra-no aqui, mais uma vez, o seu pendor anti-revolucionário.

Só que, na sua formulação geral, que aqui nos dá, esse pendor tem aplicações inesperadas. Por exemplo, a invasão do Iraque pelos EUA baseou-se numa utopia. Os EUA tinham em mente, ainda que insuficientemente formulada, uma utopia de governação democrática (mas necessariamente pró-americana) do Iraque. Essa utopia encarnava até na Alemanha do pós-2ª Guerra.

A Joana, pelos vistos, deve rejeitar claramente essa utopia.

A transição do poder na África do Sul, da minoria branca para toda a sociedade, baseava-se também numa utopia - "um homem, um voto". Foi uma transformação radical da sociedade. Não foi uma política de pequenos passos. Aparentemente, a Joana também deve rejeitar essa transição e essa utopia.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 30, 2006 09:46 AM

Albatroz às janeiro 30, 2006 07:42 AM

Não se preocupe com essas elocubrações teóricas. O posicionamento anti-revolucionário e anti-utópico da Joana radica certamente na meta-política. Ou seja, nada tem de racional. Racionalmente, todos nós sabemos e observamos que, de todas as revoluções, de todas as mudanças radicais da ordem social, de todas as guerras, umas deram origem a coisas boas (ou melhores do que o estado anterior), outras não. Ou seja, não pode, a um nível estritamente racional, haver uma formulação radicalmente contra todas tais mudanças. A posição anti-revolucionária da Joana deve ter portanto razões, creio, meta-políticas, que vão para além da política e da racionalidade - razões que no entanto eu não posso explicar por não conhecer pessoalmente a Joana.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 30, 2006 09:53 AM

Dá-me ideia que ainda ninguém percebeu onde a Joana queria chegar

Publicado por: soromenho às janeiro 30, 2006 10:31 AM

Ficaria grato ao Soromenho se quisesse explicar-nos "onde a Joana queria chegar"...

Publicado por: Albatroz às janeiro 30, 2006 10:52 AM

«A partir de que nível de PIB per capita se pode começar a distribuir a riqueza criada ?...»

Simples, caro Albatroz :
- A partir do equivalente ao PIB Irlandês.
Não seria razoável situarmo-nos entre os melhores dos melhores ?

Publicado por: asdrubal às janeiro 30, 2006 11:02 AM

Algures no século 18, diversos pensadores e ativistas, franceses e norte-americanos, criaram a utopia de uma sociedade em que não houvesse reis, e em que os poderes legislativo, executivo, e judicial estivessem separados uns dos outros.

Essa utopia era, evidentemente, irrealizável. Esses pensadores deveriam saber que "todas as experiências sociais e políticas que constituíram subversões completas dos modelos pré-existentes conduziram a resultados péssimos".

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 30, 2006 11:32 AM

Caro Asdrubal,
Quer apostar que, ao atingirmos esse nível, nos viriam dizer que esse valor já estava desactualizado?... Conhece alguém que, por muito que ganhe, diga que já tem o suficiente?...

Publicado por: Albatroz às janeiro 30, 2006 11:33 AM

Este post tem a ver com as polémicas entre os blogs liberais.
É interessante que o JMF também publicou hoje um editorial sobre a assunto.

Publicado por: soromenho às janeiro 30, 2006 12:04 PM

soromenho às janeiro 30, 2006 12:04 PM

(Ainda) não vi o editorial de hoje do JMF.

Mas a coincidência de temas e de pontos de vista ente os editoriais do JMF e os posts da Joana é repetitiva. Há até quem especule que é significativa.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 30, 2006 12:19 PM

Belíssimo texto, como sempre! Obrigado, Joana, isto ajuda-me a arrumar melhor as minhas ideias.
Todavia... dar um bocadinho de liberdade às ideias não faz muito mal, penso eu...
É que, por exemplo, em Portugal "o impossível é a arte da política", digo eu...

Publicado por: Mafarrico às janeiro 30, 2006 12:21 PM

Devemos lembrar que JMF é aquele indivíduo que, na sua anterior encarnação como diretor do jornal do MRPP, forjava (escrevia ele mesmo) "cartas ao diretor", com "autores" cujo nome inventava, cartas que fazia publicar no jornal, e que aplaudiam os seus próprios (dele, JMF) pontos de vista, em detrimento dos pontos de vista de alguns dos seus camaradas.

Um indivíduo que na encarnação anterior aprendeu estes truques pode perfeitamente, na atual encarnação, ser autor de um blogue no qual escreve sob um pseudónimo verosímil qualquer - "Joana", por exemplo.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 30, 2006 12:23 PM

Só me faltava esta!!
O que despoletou os escritos foi o mesmo conjunto de factos. Todavia a abordagem do JMF é completamente distinta e muito mais directa.

Publicado por: Joana às janeiro 30, 2006 01:04 PM

ahah, hoje a Joana tás mesmo a jeito para dar um beijoka.

Que eu saiba a frase nuclear "a política é a arte do possível" é de Aristóteles. Eu trouxe a Republica e o Symposium de Platão mas não trouxe a Política...

(entretanto isto hoje é excepção, só ontem é que conheci a namorada do Cush e ela mediu-me 50 vezes e cheira-me que ele teve de provar deveres conjugais esforçados, então vai dormir até ao meio-dia...:) e depois vem enroscar-se aqui para lermos juntos).

Estamos a ler "Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico", que belo livro, que belo mestre, obrigado Orlando Ribeiro, be happy Maldacena way.

Quanto às utopias, Juanita, o homem precisa de sonhar com um mundo mais feliz, como se diz lá em cima o mal é tentar impô-las à força, infelizmente por um efeito dialéctico els comportam sempre a sua perversão, e daí se parte para outra, outro passo na espiral do tempo.

Mas não foi só a utopia socialista que foi a má da fita, não. O imperialismo norte-americano fez muitos milhares e até milhões de mortos com a sua economia de guerra.

Em Portugal os fogos florestais dos últimos dez anos são a expressão perversa da Mão Invisível smithsoniana ligada a vários interesses, celuloses e madeireiros à cabea. Basta dizer que a área total ardida (matos + povoamentos de 9 espécies) é explicada em mais de 99% pela área de eucaliptal ardida nesses mesmos anos, na base de que por cada ha de eucaliptal ardido ardeream 3 no total, sendo 2 de outras coisas. Repito: o coeficiente de determinação da regressão entre áreas totais ardidas e áreas de eucaliptal ardidas, nos mesmos anos, é maior que 0.99!!! (a ordenada na origem não é significativa, só o declive é altissimamente significativo).

E para quem me vier com a treta que não se sabe o que é causa e o que é efeito quando dois fenómenos estão altamente correlacionados, (devem ter reunido uns catedráticos para emitirem parecer, ehehe), quero dizer que é inelutável considerar que os fogos no eucaliptal são a causa profunda, por um argumento lógico imbatível, confirmado pelas histórias que ouvi nas minhas viagens de campo. O argumento lógico será apresentado na altura própria, se tal for necessário.

E finalmente, em nome da tal coerência política secundária (que a primária anda na vida ;) é só para dizer que concordo:

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1246248&idCanal=15

Publicado por: py às janeiro 30, 2006 01:33 PM

Às vezes as pessoas escrevem e dizem coisas sobre um assunto antes de lerem o resto sobre esse assunto.

Publicado por: Bsotto às janeiro 30, 2006 01:49 PM

Joana às janeiro 30, 2006 01:04 PM

A que conjunto de factos se refere?

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 30, 2006 02:27 PM

L. Lavoura, hoje, está a ser verrinoso.
Safa!...

Publicado por: Mafarrico às janeiro 30, 2006 02:51 PM

Como se pode tornar ideias concretas em Utopias, o MIT em Portugal:

http://www.diarioeconomico.com/edicion/diario_economico/edicion_impresa/economia/pt/desarrollo/612983.html


Já não se pode confiar nos neo-liberais ...

Publicado por: luis3m às janeiro 30, 2006 02:52 PM

Os políticos sem uma ideia mais profunda de onde querem ir têm um comportamento errático e desastroso. Pensam apenas em ganhar visibilidade momentânea, em melhorar nas sondagens. Recorrem ao insulto fácil e às causas fracturantes. Andam incessantemente na busca daquilo que soa melhor aos ouvidos das pessoas. Este andar errático permite degradações sustentdas, que eventualmente terão fim em algum golpe de estado.

O utópicos, ao contrário destes, sabem onde querem ir. Acreditam sinceramente que podem fazer algo de significativo, o que os torna incomparavelmente mais perigosos. Sempre com os nobres fins à vista, não se deixam intimidar por alguns percalços.

Ainda há aqueles que percebem que não há caminhos seguros nem orientadores globais. Acreditam nas pessoas e por isso sabem que o melhor é dar-lhes espaço para se desenvolverem.

Publicado por: Mário às janeiro 30, 2006 03:22 PM

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 30, 2006 12:23 PM

Estimado LL: sou do tempo em que o JMF era do MRPP, puro e duro (ainda não tinha ocorrido a cisão entre a linha preta e a linha vermelha, que em 1976 transitou para a UDP com a maioria dos "educadores": Saldanha Sanches, Mª José Morgado, Rosas, etc. e actualmente instalados no BE).

Agora essa do JMF escrever cartas ao director, é nova para mim, e muito engraçada...muito obrigado pela novidade.

Publicado por: Saloio às janeiro 30, 2006 03:31 PM

Saloio às janeiro 30, 2006 03:31 PM

Nunca fui do MRPP (livra!!!) e era muito novo por essa altura. A história das cartas forjadas foi-me contada por uma pessoa que, aparentemente, era boa conhecedora do meio, e permito-me reputá-la de verdadeira.

Mas JMF ainda há pouco tempo relatou no seu jornal uma outra sacanice que fez. Parece que, ao separar-se do MRPP, roubou a esse partido uma edição do seu jornal. Ou seja, arranjou forma de o jornal ir para o prelo com as posições dele, JMF, escritas, em detrimento das posições do partido - que era, obviamente, quem pagava a edição do jornal. Isto foi o próprio JMF quem o relatou, em letra de jornal, como se achasse a coisa muito perfeita e até engraçada.

Assim se vê que bela escola de pulhas aquele partido era, e se fica a conhecer a natureza de algumas das pessoas que frequentaram essa escola.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 30, 2006 04:36 PM

Tivesse eu adivinhado que ia sofrer este choque térmico à chegada a Lisboa e ainda agora estaria a beberricar um magnífico capuccino na simpática Coffee House de Key Largo. Se algum dos transeuntes estiver a planear uma visita às Keys, tome nota do nome desta casinha pintada de rosa suave – ali encontra seguramente o «expresso» que, após três dias nos EUA, procurará como se fosse uma utopia.

Por falar em utopia, imagino que, há cem anos, a independência fosse uma utopia para os povos colonizados. Deixem-me refrasear: imagino que os colonizadores dissessem aos colonizados que a independência era impossível, que era uma utopia. A chatice é que os que acreditam em utopias não acreditam em impossibilidades...

Perdoarão que não me enfronhe muito nessa discussão das utopias. Desde sempre que os que não querem que a História mude qualificam como utopias os projectos de mudança radical. Ao nível dos países, das empresas ou dos grandes projectos, tanto faz. A descoberta do caminho marítimo para a Índia era uma utopia, na opinião do velho do Restelo.

Antes de sair, só uma observação. A expressão «a política é a arte do possível» (‘‘Politik ist die Kunst des Möglichen’’) é de Bismark. É certo que já a vi atribuída a Napoleão III, Richelieu e Maquiavel. E agora a Adenauer e Aristóteles (o grego o que disse foi «a política é a arte de governar os povos»). Mas foi o velho Otto o seu autor.
A expressão original é, até, um bocadinho mais comprida: ‘‘A política é a arte do possível e do indicado’’. Que é como quem diz: há coisas que é possível fazer, mas não devem ser feitas, por não ser indicado fazê-las.
Se quiserem a minha opinião, não se preocupem muito com a autoria, porque a frase é totalmente oca.

Publicado por: (M) às janeiro 30, 2006 04:52 PM

Prontos ... foi de um alemão ...

Publicado por: coiso às janeiro 30, 2006 04:55 PM

Tive finalmente ocasião de ler o editorial de JMF no PÚBLICO de hoje e fiquei a perceber aquilo a que, aparentemente, o post da Joana se refere. (Bolas, ela podia ter tido o cuidado de explicar!) Parece que anda por aí uma discussão nalguns blogues liberais sobre uma utopia liberal radical para Portugal. A Joana mete este post para dizer aos seus colegas liberais que não se preocupem com utopias, mas sim com algumas reformas concretas para o aqui e agora.

É isso, Joana? Se fôr, estou de acordo consigo. Mas podia ter sido mais clara, e abster-se de generalizações sem sentido.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 30, 2006 05:02 PM

Pelo que li do eitorial, andou completamente ao lado da realidade da blogesfera liberal.

Aliás, os jornais andam completamente ao lado seja lá do que for.

Publicado por: Mário às janeiro 30, 2006 05:19 PM

Alguns comentários são engraçados. Até parece que as utopias são coisas de outro mundo que não podem existir neste.
E no entanto cada um de nós pode ter uma infinidade de ideias, mas nem todas são concretizáveis. Muitas são meras utopias.
Se um camponês semeia batatas e espera colher batatas, isso não é utopia, é realismo. Mas se ele semeia feijões e espera colher framboezas, isso é utopia.
Para quê complicar o que é simples? Só para mostrar erudição?

Publicado por: Senaquerib às janeiro 30, 2006 07:04 PM

A questão não é ter utopias. É querer construí-las à força, liquidando aqueles que não as querem.

Publicado por: Sa Chico às janeiro 30, 2006 08:43 PM

Absolutamente de acordo.

Publicado por: Helder às janeiro 31, 2006 12:32 AM

e como não há duas sem três ....três...

Publicado por: Cush às janeiro 31, 2006 12:34 AM

plim plão...33 a idade do sorriso de novo ? O que me espera ?

Publicado por: Cush às janeiro 31, 2006 12:35 AM

Mas não foi só a utopia socialista que foi a má da fita, não. O imperialismo norte-americano fez muitos milhares e até milhões de mortos com a sua economia de guerra.
Publicado por: py às janeiro 30, 2006 01:33 PM

Rss ...vamos discutir politica para a sala de estar ?De repente .. é bom estar acompanhado por mais galera ...
Mas antes ...rss quero comunicar à galera algumas coisas bem interessantes ...rsss

Bom... no que respeita aos alicerces ... não se baseiam em coisas fugazes ...antes perenes ..

Quero que saibam que está a acontecer a concretização de uma acção com tanto de complexo como de interessante e util...em duas áreas distintas ... na ciência ..e na arte ...

...Qd se descobre que até a palma da mão é igual...
...Óbviamente não vou dizer que sou fantástico ... mas o PY é fantástico...

Quero que saibam que acredito que vcs estão a torcer por nós ...pq está a parecer um conto de fadas..soon .. very soon.. you will know it all about...

Claro que o Ran tan plan me enche de lambidelas .. passa o tempo todo a abanar o rabo( ou quase... as vezes .. tadinho ... fica muito assustado e fica sem saber muito bem o que fazer .. se fugir pa debaixo da cama ou mostrar os dentes ... assim meio a medo..) ..e estamo-nos a divertir à grande...

É o velho lema .. quem corre por gosto não cansa..

Saindo destes considerandos ... vamos então à discussão politica ..( no fundo no fundo é o que é mais importante...)

... O imperialismo norte-americano fez muitos milhares e até milhões de mortos com a sua economia de guerra....

??? isto significa exactamente o quê ? há uns dias atrás discorria com o Rantanplan o papel dos USA na II guerra e o papel decisivo tido nesse teatro de tudo ou nada ...

Foi-me alvitrado que a Urss teve o papel mais importante ... ao que opus que seria fácil a Hitler fazer uma trégua com a Urss .. qd foi percebida a perda perante o general Inverno..
Por outro lado .. se não fosse a invasão da Normandia, Hitler .. que com a ajuda preciosa de Von Braun( fundamental mais tarde nos projectos espaciais norte-americanos ) já conseguia fazer mísseis.. perseguia afanosamente o fabrico de uma bomba atómica , sabendo-se que estava a trabalhar com água-pesada...produzida na época na Noruega..( Moderador: Água, água pesada, hélio, grafite, sódio metálico: Cumprem a função de reduzir a velocidade dos neutrons produzidos na fissão, para que possam atingir outros átomos fissionáveis mantendo a reação.)
Água pesada é o óxido de dideutério de formula D2O ou 2H2O. É quimicamente semelhante a água normal , H2O, porém com átomos de hidrogênio mais pesados denominados deutérios cujos núcleos atômicos contém um nêutron além do próton encontrado em todos os átomos de hidrogênio. Gilbert Newton Lewis isolou a primeira amostra de água pesada em 1933.

Postos este considerandos de parte .. o que faria Hitler com uma bomba atómica ? Muito provavelmente despejaria uma em Londres e com a evolução (mais do que evidente ) do V2 , despejaria mais umas quantas nos USA....

Isto leva a pensar ... será que os USA são realmente os oportunistas que só vieram à guerra para se salvarem a eles próprios ??
Ou ... para além disto existe uma irmandade do bem que se entreajuda ??
Eu tenho a prova viva de que isso acontece ... O PY viajou milhares de kms ( é certo que isto é um paraíso de harmonia ..) para encetar uma acção de entreajuda... pelo bem...
Ora se isto se passa ao nível individual ... pode perfeitamente passar-se ao nível de estados ...com certeza absoluta..

Ou vamos deixar de acreditar que existe o BEM ?

...Agora não tem nada a ver com a conversa de cima .. e é para o Super (M) .... gostava de ouvir a tua opinião sobre os coms do post " ressaca" ... depreendi que viajaste .. e não terás visto...esse post...

Chico Buarque ..." o politico " .. fado tropical...... ah esta terra ainda vai cumprir seu ideal.. ainda vai tornar-se num imenso Portugal...a linda mulata com rendas do alentejo... coração sereno.. me contesto .. distante .. o coração perdoa..o rio amazonas que corre tras os montes ... numa pororoca desagua no tejo ... no fundo .. sou um sentimental...e choro...num suave azulejo...
Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal .. ainda vai tornar-se num imenso Portugaaaaal...

Publicado por: Cush às janeiro 31, 2006 04:09 AM

Mas não foi só a utopia socialista que foi a má da fita, não. O imperialismo norte-americano fez muitos milhares e até milhões de mortos com a sua economia de guerra.
Publicado por: py às janeiro 30, 2006 01:33 PM

Rss ...vamos discutir politica para a sala de estar ?De repente .. é bom estar acompanhado por mais galera ...
Mas antes ...rss quero comunicar à galera algumas coisas bem interessantes ...rsss

Bom... no que respeita aos alicerces ... não se baseiam em coisas fugazes ...antes perenes ..

Quero que saibam que está a acontecer a concretização de uma acção com tanto de complexo como de interessante e util...em duas áreas distintas ... na ciência ..e na arte ...

...Qd se descobre que até a palma da mão é igual...
...Óbviamente não vou dizer que sou fantástico ... mas o PY é fantástico...

Quero que saibam que acredito que vcs estão a torcer por nós ...pq está a parecer um conto de fadas..soon .. very soon.. you will know it all about...

Claro que o Ran tan plan me enche de lambidelas .. passa o tempo todo a abanar o rabo( ou quase... as vezes .. tadinho ... fica muito assustado e fica sem saber muito bem o que fazer .. se fugir pa debaixo da cama ou mostrar os dentes ... assim meio a medo..) ..e estamo-nos a divertir à grande...

É o velho lema .. quem corre por gosto não cansa..

Saindo destes considerandos ... vamos então à discussão politica ..( no fundo no fundo é o que é mais importante...)

... O imperialismo norte-americano fez muitos milhares e até milhões de mortos com a sua economia de guerra....

??? isto significa exactamente o quê ? há uns dias atrás discorria com o Rantanplan o papel dos USA na II guerra e o papel decisivo tido nesse teatro de tudo ou nada ...

Foi-me alvitrado que a Urss teve o papel mais importante ... ao que opus que seria fácil a Hitler fazer uma trégua com a Urss .. qd foi percebida a perda perante o general Inverno..
Por outro lado .. se não fosse a invasão da Normandia, Hitler .. que com a ajuda preciosa de Von Braun( fundamental mais tarde nos projectos espaciais norte-americanos ) já conseguia fazer mísseis.. perseguia afanosamente o fabrico de uma bomba atómica , sabendo-se que estava a trabalhar com água-pesada...produzida na época na Noruega..( Moderador: Água, água pesada, hélio, grafite, sódio metálico: Cumprem a função de reduzir a velocidade dos neutrons produzidos na fissão, para que possam atingir outros átomos fissionáveis mantendo a reação.)
Água pesada é o óxido de dideutério de formula D2O ou 2H2O. É quimicamente semelhante a água normal , H2O, porém com átomos de hidrogênio mais pesados denominados deutérios cujos núcleos atômicos contém um nêutron além do próton encontrado em todos os átomos de hidrogênio. Gilbert Newton Lewis isolou a primeira amostra de água pesada em 1933.

Postos este considerandos de parte .. o que faria Hitler com uma bomba atómica ? Muito provavelmente despejaria uma em Londres e com a evolução (mais do que evidente ) do V2 , despejaria mais umas quantas nos USA....

Isto leva a pensar ... será que os USA são realmente os oportunistas que só vieram à guerra para se salvarem a eles próprios ??
Ou ... para além disto existe uma irmandade do bem que se entreajuda ??
Eu tenho a prova viva de que isso acontece ... O PY viajou milhares de kms ( é certo que isto é um paraíso de harmonia ..) para encetar uma acção de entreajuda... pelo bem...
Ora se isto se passa ao nível individual ... pode perfeitamente passar-se ao nível de estados ...com certeza absoluta..

Ou vamos deixar de acreditar que existe o BEM ?

...Agora não tem nada a ver com a conversa de cima .. e é para o Super (M) .... gostava de ouvir a tua opinião sobre os coms do post " ressaca" ... depreendi que viajaste .. e não terás visto...esse post...

Chico Buarque ..." o politico " .. fado tropical...... ah esta terra ainda vai cumprir seu ideal.. ainda vai tornar-se num imenso Portugal...a linda mulata com rendas do alentejo... coração sereno.. me contesto .. distante .. o coração perdoa..o rio amazonas que corre tras os montes ... numa pororoca desagua no tejo ... no fundo .. sou um sentimental...e choro...num suave azulejo...
Ai esta terra ainda vai cumprir seu ideal .. ainda vai tornar-se num imenso Portugaaaaal...

Publicado por: cush às janeiro 31, 2006 04:16 AM

rss ... não estava previsto .. em duplicado.. deve ser da hora ..

Publicado por: Cush às janeiro 31, 2006 04:33 AM

Sa Chico às janeiro 30, 2006 08:43 PM

A independência e república americana foi construída à força, liquidando pelo caminho alguns ingleses e americanos que a não queriam. É uma coisa má, por causa disso? Não, é uma coisa boa.

Publicado por: Luís Lavoura às janeiro 31, 2006 09:20 AM

(cush não me deixes ficar corado, pá, que ainda por cima apanhei sol demais ontem e pareço um lampião! Eu não quero saber dessas coisas de elogios, pf, sou teu amigo-fechado e vamos em frente, só isso. Lambidelas dou, mas só a muito poucos como sabes)

Obrigado (M) pelo esclarecimento, foi então o Otto, "a arte do possível e do indicado", mas olhe que o meu amigo JAM, não interessa quem é mas tenta ser muito rigoroso, apontou-me absolutamente o conteúdo da frase como provinda do mestre de Alexandre. Agora é verdade que eu nunca li a Politika...

Já estou a fikar preocupado que já é o 3.o dia seguido que venho aki. É a história das saudades...

Aviso já que dia 3 partimos parqa a chapada diamantina por uma week.

Publicado por: py às janeiro 31, 2006 01:17 PM

boa notícia!

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=60&id_news=212788

PS nós na internet e no mundo vamos ser os maiores, claro, basta ver por este blog e outros e outras coisas)

Entretanto também vem a notícia do ameaço do fim da diplomacia por parte do Irão. Nem vos ponho aqui a notícia. O horizonte da 3ª GM adensa-se, como os portugueses previram logo nas sondagens do 11 Setembro.

Infinita tristeza (Manu Chau),,, mas não há nada a fazer, a inércia é muito forte, a não ser tentar ajudar um pouco a uma visão ecuménica que talvez dê para diminuir o horror. Cush logo temos de voltar a orar no Éden. Entretanto espero bem que o dragão se mantenha acima da III e aproveite para re-enriquecer (basta anular a dívida externa, que no resto já somos muito ricos: ouro, diamantes históricos, urânio, águas, ppl, esquentadores Vulcano a biogás, moldes, cortiça, etc., e o resto vem a caminho)

Publicado por: py às janeiro 31, 2006 01:39 PM

ja fazes bons brocheess -

tens que experimentar no cuzinho

Publicado por: Freudii às janeiro 31, 2006 02:48 PM

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