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novembro 23, 2005

Mais Otorreia que Otoscopia

Se a engenharia financeira montada para viabilizar o Aeroporto da Ota está muito nebulosa, a operação de charme montada para impressionar a plateia foi um êxito. Uns já estavam convencidos, outros foram convencidos porque queriam ser convencidos, outros foram convencidos com o argumento irrefutável de que era um mal necessário, outros continuam por convencer, mas como não têm todos os dados na mão, não conseguem argumentar com alternativas. Limitam-se a abanar a cabeça horrorizados, o que não é suficiente como argumento. O mais preocupante é que os agentes económicos mais próximos dos potenciais utentes do aeroporto são aqueles que mais se insurgem quanto à localização.

Em primeiro lugar ninguém mostrou com clareza que não há alternativas à Ota: Quer Portela associada outro aeroporto próximo, quer Rio Frio. JM Viegas, ontem na SIC Notícias, mostrava-se resignado à solução Ota, como um mal necessário. Mas embora eu ache JM Viegas um técnico competente e sensato, também reconheço que ter uma empresa de consultoria na área de transportes implica ter opiniões consensuais, principalmente quando sente a inevitabilidade das coisas: já que não os pode vencer, alia-te a eles... Portanto a mudança de opinião dele pode ser por estar convencido que não há alternativas para a Ota ou ... para ele.

Guilhermino Rodrigues, que tenho na conta de um sujeito honesto, embora os 15 anos de cargos de obediência política (assessor da CML, governo do Guterres, Metro e agora ANA e NAER) lhe possam enviesar alguns raciocínios, foi razoavelmente convincente no que respeita às insuficiências da Portela, às dificuldades de exploração conjunta de dois aeroportos distantes um do outro, pela duplicação de muitos serviços, mas circunscreveu-se aos assuntos que dominava, evitando resvalar para terrenos resvaladiços como o Montijo ou Rio Frio. Essa tarefa coube a Cravinho. Mas Cravinho é um homem que perdeu toda a credibilidade. A Cravinho dou o prejuízo da dúvida: a menos que uma entidade independente e competente certifique o que ele diz, parto do princípio que ou não é verdade, ou é uma meia-verdade enviesada no sentido oposto à verdade.

Quanto à questão da engenharia financeira, só quem está por dentro pode saber ao certo os riscos que há subjacentes ao modelo apresentado. Segundo a apresentação, irá ser lançado um concurso público internacional para adjudicar qual o consórcio será o parceiro do Estado na parceria público-privada em regime de Project-fïnance. Tudo indica que a ANA será privatizada e os seus activos servirão como financiamento público do projecto. Os apresentadores afirmaram que desta forma se evita a utilização de recursos públicos. Não percebo como. A ANA é um recurso público. O que devem querer dizer é que este processo não terá reflexo no défice público. Na prática, o Estado vende a ANA e o resultado dessa venda é a entrada do Estado para o projecto.

Segundo foi afirmado, o prazo de recuperação é de 23 anos e a concessão será por 30 anos (neste tipo de negócios, findo o prazo da concessão, os bens revertem para o concedente, neste caso o Estado). O prazo de recuperação é muito longo o que indicia um elevado risco financeiro. Os cash-flows devem ter sido calculados na base de cenários que incluem a evolução do nº de passageiros/ano, a evolução dos negócios envolventes, etc.. Se este projecto tem implícito um elevado risco de insolvência, a pergunta que se coloca é quem o avaliza.

Uma solução, mas apenas no caso dos erros de previsão serem relativamente pequenos, é prolongar o período de concessão. Se as previsões falharem de uma forma mais substancial, alguém terá que pagar. E não será o consórcio adjudicatário que terá cláusulas contratuais que transferirão esse risco para o concedente (para nós ... em ultima ratio).

As previsões em que se basearam os estudos de viabilidade económica terão contado com uma eventual retracção turística resultante da morosidade de acesso a Lisboa? O estudo da Roland Berger não é muito elucidativo. A percentagem de desistentes é relativamente pequena, mas refere-se à primeira decisão. Imaginemos um turista que desembarcou na Ota, tomou o autocarro do operador turístico que lhe organizou a viagem, e fica 3 horas na fila entre Alverca e o Campo Grande. Voltará? Imaginemos os congressistas. Depois de uma experiência dessas, organizarão o próximo congresso em Lisboa? É um erro supor que o TGV resolve o problema, pois a maioria dos turistas desloca-se em autocarros fretados por operadores turísticos. Apenas os turistas individuais usarão o TGV.

O erro nas previsões resultante da questão dos acessos a Lisboa pode criar um grave problema de insolvência do projecto em si, e arrastar o turismo lisboeta para uma crise grave. Todos os operadores turísticos que foram entrevistados estavam horrorizados com a solução Ota. O próprio Fernando Pinto foi cauteloso «O que eu digo é que o novo aeroporto será mais longe de Lisboa do que o actual e quanto mais próximo melhor, mas dentro do possível. Se a Ota tiver uma ligação adequada e um sistema que seja viável em termos de transportes, é a solução indicada».

Ainda há uma outra questão que se refere a atrasos do projecto por culpa do concedente. O Estado tem-se comportado de forma desastrada em todos estes negócios. Não expropria os terrenos em tempo oportuno, não tem em conta as dilações decorrentes de complicações surgidas nos processos das aprovações ambientais, não dá respostas, nos prazos devidos, às dúvidas postas por projectistas e construtores, etc.. Ou seja, coloca-se sempre em posição vulnerável perante os parceiros do negócio e acaba por despender somas avultadas devido aos seus desleixos e erros. Todavia esta questão não tem a ver apenas com a Ota ... é o vício permanente da actuação do Estado nas empreitadas de obras públicas, qualquer que seja o regime em que elas se façam.

Resumindo:
1 - Não achei convincente que a Ota seja a única solução, embora reconheça que tem que haver uma solução, porque a Portela não assegura o tráfego aéreo para além do prazo de construção de um novo aeroporto. Ou seja, tem que rapidamente ser tomada uma decisão, apenas receio que esta não seja a melhor (ou a menos má).
2 – A engenharia financeira comporta muitos riscos (o elevado prazo de recuperação é um indicador seguro disso) e provavelmente o Estado irá cobrir os défices devidos a quaisquer desvios negativos das previsões. É certo que previsões são apenas previsões e ninguém tem o futuro na mão, mas é lícito questionar se elas têm a fiabilidade e a prudência necessárias.
3 – Um novo aeroporto não é uma obra faraónica, mas necessária. Todavia se for escolhida uma má solução poderemos iniciar o projecto de uma obra necessária e acabar tendo uma obra faraónica.

Adenda: Relativamente à questão da criação dos 28.000 postos de trabalho directos no aeroporto e de 28.000 postos de trabalho indirectos na envolvente, coloca-se uma dúvida. São postos de trabalho adicionais? Isto é, contam com a destruição de empregos (directos ou indirectos) decorrentes do fim da Portela? Um maior desafogo de espaço pode permitir a oferta de mais serviços aos turistas ou aos passageiros em trânsito, mas a grande distância a Lisboa tem também efeitos e adversos. Todavia acho muito emprego e julgo que aqueles valores não incluem o efeito na Portela e se referem à situação no fim da concessão, quando se atingir o nível de passageiros/ano para o qual o novo aeroporto foi estimado.

Publicado por Joana às novembro 23, 2005 11:20 PM

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Comentários

As suas dúvidas parecem sensatas mas Sócrates já lhe respondeu: quem está contra deve mostrar estudos que provem que OTA não é a melhor solução ( ónus da prova para quem discorda ).

ps: aquilo a que vc chama "operação de charme" pareceu-me uma boa maneira de "trasmitir e fazer passar a mensagem", coisa que os governos por vezes são acusados de não saber fazer.

Publicado por: zippiz às novembro 23, 2005 11:22 PM

Mas não se falou num «shuttle» exclusivo do Aeroporto Ota/Gare do Oriente, em 15 ou 20 minutos ? Ou a «idiossincrasia turística» azeda da Gare do Oriente até ao Hotel ? Possa, que fófós !

Publicado por: asdrubal às novembro 24, 2005 12:02 AM

TGV para ligar OTA a Lisboa? A 300 Km/h a viagem faz-se em 8 minutos, o que é muito bom!
Mesmo que, com a travagem vá parar a Cascais. Ou à Boca do Inferno...

Publicado por: Senaquerib às novembro 24, 2005 12:10 AM

"prontes" já acabei o trabalho de casa de hoje,,, ficou giro, funcional e repleto de informações com ligações às fontes - óh pra isto!
Eu fico parvo comigo mesmo, como é que eu consigo "inventar" estas coisas todas assim do nada,,,

Publicado por: xatoo às novembro 24, 2005 12:25 AM

A questão que a Joana colocou e que alguns operadores turísticos colocaram é que uma percentagem apreciável de turistas vem em grupo que depois é transportado em autocarros ligados à agência que organizou a viagem.
Acontecerá o mesmo a muitos congressistas, embora neste caso o tal shuttle (que usa o TGV, julgo) possa ser alternativa.

Publicado por: Ramiro às novembro 24, 2005 12:27 AM

Eureka.......

A Joana á casada com um Otorrinolaringologista !

Publicado por: Templário às novembro 24, 2005 12:58 AM

Na verdade este projecto deixa muitas dúvidas e sai muito caro. Sócrates diz que se paga a si próprio. Mas até agora Sócrates só tem mentido.

Publicado por: Viegas às novembro 24, 2005 12:59 AM

mas qual é a relação da otorrinolaringologia com a Ota ?

Publicado por: Templário às novembro 24, 2005 01:16 AM

É Ota

Publicado por: Sa Chico às novembro 24, 2005 01:22 AM

Otite deve ser a doença que o país terá quando tiver que pagar um balúrdio

Publicado por: Gpinto às novembro 24, 2005 01:23 AM

Otorreia é falar demais sobre a Ota.

Publicado por: Coruja às novembro 24, 2005 01:25 AM

É o que andamos todos a fazer. Estamos com Otorreia.

Publicado por: Coruja às novembro 24, 2005 01:26 AM

Deixem de bater no ceguinho. O problema é político, a decisão política, logo a próxima legislatura com a ajuda de Cavaco colocará tudo nos eixos.

O Viegas agora até dirá que a terra é redonda se for necessário. Estão em jogo os dois/três/quatro milhões usw que a PRP recebia descansadamente todas as épocas e para os quais se abriu um "concurso público".

Claro que quem mais acelerar chega primeiro á meta.

Publicado por: Dou pareceres sim/não/talvez(levo barato) às novembro 24, 2005 01:46 AM

A Ota paga-se a si própria, porque por decisão política se fecha a Portela.

Para saber se o projecto se paga mesmo a si próprio, bastaria fazerem as contas mantendo a Portela aberta.

Obviamente que nesse caso, o projecto é apocalíptico.

Quem é contra a Ota, só o é por causa do despesismo implícito, do novo riquismo de fazer um aeroporto gigante, faraónico, e deitar fora o velho (a Portela), e não por causa da suposta inviabilidade da Ota.

Quem é contra a Ota, não precisa de fazer estudos, porque o dito acima é "self evident". Nem sequer a NAER alguma vez considera fazer a Ota e MANTER a Portela. Só têm de se perguntar "porquê".

Ou, de outra forma, porquê fechar a Portela, senão para viabilizar a Ota?

Publicado por: Incognitus às novembro 24, 2005 08:34 AM

Nota, coloquei a seguinte adenda: Relativamente à questão da criação dos 28.000 postos de trabalho directos no aeroporto e de 28.000 postos de trabalho indirectos na envolvente, coloca-se uma dúvida. São postos de trabalho adicionais? Isto é, contam com a destruição de empregos (directos ou indirectos) decorrentes do fim da Portela? Um maior desafogo de espaço pode permitir a oferta de mais serviços aos turistas ou aos passageiros em trânsito, mas a grande distância a Lisboa tem também efeitos e adversos. Todavia acho muito emprego e julgo que aqueles valores não incluem o efeito na Portela e se referem à situação no fim da concessão, quando se atingir o nível de passageiros/ano para o qual o novo aeroporto foi estimado.

Publicado por: Joana às novembro 24, 2005 10:14 AM

Incognitus às novembro 24, 2005 08:34 AM: Não é possível manter os 2 aeroportos em simultâneo porque exigiria uma completa duplicação de serviços. Além disso a Ota, sem a capacidade actual da Portela a utilizá-la, nunca seria viável.
Só seria viável um segundo aeroporto se fosse feito razoavelmente perto da Portela (Alverca?). Senão teria que se encontrar uma solução de aeroporto único: Rio Frio? Montijo?

Publicado por: Joana às novembro 24, 2005 10:18 AM

Que eu saiba o projeto da Ota tem a ele associado a construção de uma nova auto-estrada que ajudará ao acesso a Lisboa. O pessoal não é suposto vir pela A1.

Não há TGV paa a Ota. Entre a Ota e Lisboa há um combóio normal, a uma velocidade média de 100 km/h. Isto porque um TGV demora 50 km ou mais a acelerar até à sua velocidade de ponta, e outros tantos km a travar. (Os combóios demoram muito tempo a acelerar e a travar devido à baixa frição nos carris, que gera um perigo de deslizamento em caso de acelerações ou travagens bruscas.) Ora, o problema é que os combóios dão-se pessimamente mal com declives, e o único "buraco" entre a Ota e Lisboa que não tem declives acentuados é por Vila Franca de Xira, e já está muito ocupado. Não faço ideia por onde é que querem fazer passar um novo combóio rápido que ligue Lisboa à Ota. Em terras cheias de montes como são as da Estremadura, não vai ser fácil, nem barato.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 24, 2005 10:18 AM

Joana às novembro 24, 2005 10:14 AM

Ouvi uma vez dizer que o aeroporto de Lisboa é o maior empregador da cidade, com 30.000 empregos.

Não me custa a acreditar portanto que a Ota tenha a ela associados 28.000 empregos. São aqueles que hoje eistem na Portela, pura e simplesmente.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 24, 2005 10:20 AM

Luís Lavoura às novembro 24, 2005 10:18 AM: Então porque é que está prevista uma paragem na OTA do TGV?
Não vejo como é possível uma nova AE entre a A8 e a A1. Não há canais de passagem. Fatalmente terá que se ligar à A1 ou às duas.

Publicado por: Vasco Forte às novembro 24, 2005 10:28 AM

Luís Lavoura às novembro 24, 2005 10:20 AM: Você é capaz de ter razão. Mas então não se trta da criação de empregos, mas da transferência de empregos.

Publicado por: Vasco Forte às novembro 24, 2005 10:29 AM

O que eu acho revoltante é o processo pelo qual foi escolhida a localização Ota em detrimento da localização Rio Frio. A decisão foi tomada exclusivamente com base num estudo de incidências ambientais das duas possíveis localizações. Nesse estudo apenas os aeroportos propriamente ditos foram considerados, e não os impactes ambientais de coisas que a eles estão associadas, nomeadamente os transportes terrestres (rodoviários e ferroviários) de e para os aeroportos. E, de qualquer forma, é evidente que não se decide uma localização de um aeroporto apenas com base em parâmetros ambientais - há também que ter em vista parâmetros económicos, a conveniência dos utilizadores, etc. Mas, foi precisamente isso que Sócrates fez durante o governo de Guterres: escolher a Ota em detrimento de Rio Frio e da Portela com base apenas em argumentos ambientais.

Eu tive responsabilidade muitíssimo indireta no processo, uma vez que era à época presidente do núcleo de Lisboa da Quercus. Os ambientalistas (Querucs, LPN e Geota) tomaram nessa altura, contra a minha opinião, uma posição muito errada, aliando-se ao governo, num "parti pris" total conta Rio Frio. Creio que basicamente por raiva contra a ponte Vasco da Gama, mas não sei. Os ambientalistas tinham boas relações com Sócrates, que à época era ministro do ambiente. O Francisco Ferreira da Quercus tinha conversas "tu cá, tu lá" com Sócrates, muito amigos, em que basicamente se distribuíam estratégias: o Sócrates fazia a parte governamental, o Francisco Ferreira fazia a parte sociedade "civil", mas em consonância. Temo que neste processo da escolha da Ota se tenha passado precisamente isto, embora não tenha provas disso.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 24, 2005 10:32 AM

Vasco Forte às novembro 24, 2005 10:29 AM

Exatamente. Os empregos que vão ser criados na Ota vão ser destruídos em Lisboa. Não vai haver criação de empregos. Apenas transferência.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 24, 2005 10:33 AM

Vasco Forte às novembro 24, 2005 10:28 AM

Sim, eu creio que a nova auto-estrada é para ligar a Ota à A8, e provavelmente também à A1. A A8 está menos saturada do que a A1.

Far-se-á passar o TGV pela Ota, mas aquilo que eu disse é que entre a Ota e Lisboa o TGV funcionará como um combóio comum, isto é, não funcionará a velocidade TGV.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 24, 2005 10:37 AM

Ora bem, entre Lisboa e Ota o TGV não pode funcionar à velocidade TGV.
Entre OTA e Leiria também não.
Entre Leiria e Coimbra também não.
Entre Coimbra e Aveiro também não.
Entre Aveiro e Porto também não.
Então, para que serve o TGV?

Publicado por: Senaquerib às novembro 24, 2005 10:50 AM

Luís Lavoura em novembro 24, 2005 10:32 AM: O que você acabou de escrever vai no mesmo sentido das acusações que a Joana e outros têm feito aqui contra o lobby ambientalista.

Publicado por: David às novembro 24, 2005 10:53 AM

Senaquerib às novembro 24, 2005 10:50 AM

Exatamente. Não serve para nada.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 24, 2005 11:00 AM

Estão à vista, neste blogue, dois ministérios-sombra: o das Obras Públicas e Transportes e o do Ambiente. Que se vêm somar ao da Economia e Finanças já existente...

Publicado por: Vítor às novembro 24, 2005 11:14 AM

Sem falar do secretário de Estado para a correcção dos desvios políticos na blogosfera

Publicado por: AJ Nunes às novembro 24, 2005 11:37 AM

Será preciso um equipamento mais sofisticado de "Otoscopia"

Publicado por: lopes às novembro 24, 2005 12:30 PM

TLIM TLIM TLIM

Espero que todos tenham lido a confissão/denúncia de Luis Lavoura em

novembro 24, 2005 10:32 AM.

Não é que não se soubesse, mas relatado por uma testemunha informada tem outro valor.

Fica no ar, no entanto, outra questão: o que é que leva Luís Lavoura a desqualificar assim o lobby ecologista?

Publicado por: (M) às novembro 24, 2005 12:33 PM

Em termos de acessos para além dos já existentes e das obrigatórias novas ligações à A1 e A8, pode ser edificada uma linha própria para "shuttle" a exemplo de alguns aeroportos internacionais europeus.

Penso ser viável este novo meio OTA - Lisboa mas com um tempo de viagem superior aos 20 min.

Quanto ao actual aeroporto da Portela, será importante refletir sobre o seu futuro bem como de todas as empresas agregadas. O futuro em termos urbanisticos ...

Publicado por: P. Tomaz às novembro 24, 2005 12:39 PM

AJ Nunes às novembro 24, 2005 11:37 AM

Temos também o Presidente da futura Comissão de e-Censura...

Publicado por: Vítor às novembro 24, 2005 12:41 PM

(M) em novembro 24, 2005 12:33 PM:
E também fica no ar as ligações perigosas entre o lobby ambientalista, as instituições e os interesses privados.

Publicado por: Diana às novembro 24, 2005 12:46 PM

Joana às novembro 24, 2005 10:14 AM

Eu também acho muito emprego directo.
Se alguém tiver números desagregados desta previsão, seria interessante analisá-los.
Terão entrado em linha de conta com as diversas automações que irão ser introduzidas na actividade nos próximos trinta anos?

Fica só um exemplo:
Com o novo aeroporto desaparece a frota de autocarros da ANA que transporta actualmente os passageiros de e para os aviões. Quando muito, ficará um par deles. O transfer entre terminais, se for caso disso, será feito em monocarril ou sistema idêntico não tripulado.
Isso implica o desaparecimento dos postos de trabalho de motoristas, pessoal encarregado da manutenção mecânica e da limpeza dos veículos e outros funcionários que acompanham, actualmente, a operação.

Isto não é uma previsão. É um facto.

Publicado por: (M) às novembro 24, 2005 12:48 PM

P. Tomaz em novembro 24, 2005 12:39 PM:
Não há espaço, entre a A1 e a A8, para um canal próprio de entrada em Lisboa.

Publicado por: fbmatos às novembro 24, 2005 12:56 PM

eu já confessei publicamente que em relação à Ota/ Rio Frio tenho o discernimento toldado por interesses dos meus primos (Quercus suber).

Já em relação a isto ando divertido:

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=203145

Publicado por: pyrenaica às novembro 24, 2005 01:07 PM

por falar em primos:

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1239914

Publicado por: py às novembro 24, 2005 01:09 PM

pyrenaica em novembro 24, 2005 01:07 PM: Com essa fiquei desconfiado sobre Soares. Afinal ele percebe de Finanças?

Publicado por: Coruja às novembro 24, 2005 01:21 PM

Ora eu quero um PR que não perceba nada de nada. Soares assim desilude-me.

Publicado por: Coruja às novembro 24, 2005 01:22 PM

Publicado por: fbmatos às novembro 24, 2005 12:56 PM

Mesmo que houvesse. Como Lisboa não dilata, seria mais um engarrafamento à entrada de Lisboa.

Também gostaria de perceber por que é que os utilizadores do novo aeroporto não residentes em Lisboa terão que ser obrigados a entrar na cidade para apanhar o shuttle e afins.

A propósito: Lisboa-Ota em 20 minutos? Alguém acredita sinceramente nisso?

Publicado por: (M) às novembro 24, 2005 01:42 PM

"Temo que Freitas do Amaral tenha confundido as suas posições particulares com a posição nacional, criando uma situação muito complicada para Portugal na UE. Afrontou o Reino Unido sem razões, e estes jogos só se jogam quando se tem razão e força para arcar com as consequências. Não me parece que Portugal tenha neste caso qualquer delas."
José Pacheco Pereira, PÚBLICO, 24-11-2005

Este ainda não sabe:

The Portuguese diamond: a fatal blue stone

Publicado por: py às novembro 24, 2005 02:14 PM

Pois é ... o Freitas confunde as posições

Publicado por: Coruja às novembro 24, 2005 03:18 PM

inexperiências ... educações antigas

Publicado por: Coruja às novembro 24, 2005 03:19 PM

(M) às novembro 24, 2005 12:33 PM

Eu não desqualifiquei o lobby ecologista. Para que se saiba, continuo a ser sócio da Quercus e até tenho as quotas em dia. Creio que o lobby ecologista é útil à sociedade e que, no geral, toma posições corretas e necessárias. Mas comete ou cometeu erros (na minha opinião), tal como aliás todas as pessoas os cometem.

Creio aliás que a Quercus já se apercebeu, entretanto, que a sua posição aquando do processo de eliminação da opção Rio Frio - pois que foi basicamente disso que se tratou com esse estudo de incidências ambientais, o que se pretendeu com ele foi descartar Rio Frio, com argumentos melhores ou piores, e optar definitivamente pela Ota - não foi a mais correta.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 24, 2005 03:57 PM

Luís Lavoura: Se isso foi assim, o que a Quercus deveria fazer era reavaliar a opção Rio Frio em termos ambientais. Era a única atitude honesta.

Publicado por: David às novembro 24, 2005 04:25 PM

corujinha, quem não sabe é o JPP o Freitas sabe com certeza senão não andava tão confiante.

Publicado por: py às novembro 24, 2005 05:34 PM

corujinha, quem não sabe é o JPP o Freitas sabe com certeza senão não andava tão confiante.

Publicado por: py às novembro 24, 2005 05:35 PM

Lui­s Lavoura: Se isso foi assim, o que a Quercus deveria fazer era reavaliar a opção Rio Frio em termos ambientais. Era a única atitude honesta.

Repito porque ficou ilegível.

Publicado por: David às novembro 24, 2005 05:42 PM

David às novembro 24, 2005 05:42 PM

Isso é mais fácil de dizer do que de fazer. Por duas razões. Primeiro, porque é preciso saber tudo aquilo que cada uma das opções envolve. Por exemplo, a opção Rio Frio envolve ou não envolve uma ponte ferroviária sobre o estuário do Tejo? A opção Ota envolve ou não envolve uma nova auto-estrada e/ou uma nova linha ferroviária? Segundo, porque a valoração de cada prejuízo ambiental é subjetiva. Aquando da avaliação de incidências ambientais promovida pelo governo de Guterres, as associações ambientalistas decidiram atribuir uma importância desmesurada aos aquíferos da península de Setúbal e à possibilidade da sua contaminação. Atribuindo tal importância desmesurada, a opção Rio Frio fica imediatamente eliminada. Se se fôr mais razoável e se comparar diferentes critérios ambientais, com uma escala de valoração diferente, podem-se fazer diferentes avaliações sobre a bondade relativa das diversas opções. Se, por exemplo, se atribuir uma importância desmesurada ao critério do ruído, então é óbvio que o aeroporto tem que ser tirado da Portela o mais depressa possível.

O que a Quercus fez, há uns anos atrás, foi juntar-se a um grupo ambientalista local de Alenquer (a Alambi) e fazer um comunicado conjunto em que mostrava que a opção Ota é extremamente gravosa do ponto de vista ambiental (para não dizer mesmo do ponto de vista da engenharia). Os terrenos da Ota estão no leito de uma ou duas ribeiras, salvo erro, e a construção do aeoporto vai exigir uma complexa obra hidráulica, bastante penosa do ponto de vista ambiental.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 24, 2005 06:09 PM

E eu continuo a dizer que a melhor localização para o novo aeroporto de Lisboa seria... Badajoz.
Muitíssimo mais barato, além do mais...

Publicado por: Senaquerib às novembro 24, 2005 06:11 PM

A título de exemplo, há uns anos participei num debate, que aliás se azedou um bocado, com outros ambientalistas, sobre se os automóveis com motores Diesel são ou não piores para o ambiente do que os com motores a gasolina. Se uma pessoa valoriza essencialmente o critério de eficiência do motor, isto é, o gasto de carburante, então um motor Diesel tem vantagens, dado que consome cerca de 10% menos carburante do que um motor Otto (motor a gasolina). Portanto, aqueles ambientalistas que estão sobemaneira preocupados com o efeito de estufa e com as emissões de dióxido de carbono têm tendência a afirmar que a motorização Diesel é ótima para o ambiente. Por outro lado, os motores Diesel emitem partículas (sólidas) de dimensões muito pequenas, cujos prejuízos para a saúde humana, animal e vegetal são enormes. Os motores Otto não emitem partículas. Se se atribuir mais importância ao critério da saúde pública, então os motores Diesel saem bastante mal na fotografia.

A nossa avaliação ambiental dos dois motores depende pois, em grande parte, de critérios subjetivos.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 24, 2005 06:16 PM

Li os comentários anteriores e vejo que a sociedade civil está atenta a estes problemas.
Muito bem, conto convosco.
Durante o meu reinado e se a Ota for para os ares garanto-vos que todos os acessos de Lisboa á mesma serão em túnel, para se poder ver a Luz.

Já agora esclareço um dos comentadores que o maior empregador de Lisboa é a Câmara Municipal e além disso ainda é o maior senhorio e julga ser dona dos terrenos da Portela.

Publicado por: Anibal (com elefantes em renting) às novembro 24, 2005 06:24 PM

Luís Lavoura em novembro 24, 2005 06:09 PM:
Uma nova ponte sobre o Tejo tem que existir sempre por causa do TGV Lisboa-Badajoz.
A Ponte Vasco da Gama tem um tráfego reduzido. Permite perfeitamente o tráfego dos turistas.

Publicado por: David às novembro 24, 2005 06:30 PM

A minha proposta de aeroporto em Cacilhas/Lisnave continua de pé...mas têm que se decidir rapidamente, sob pena da MªEmília construir lá uns mamarrachos!


ps: então Joana, já fez a análise de Rentabilidade/Ambiental/Sensibilidade/NPV/IRR...enfim, tudo aquilo que Cavaco também sente necessidade de ver clarificado? (Publicado por: zippiz às novembro 23, 2005 11:22 PM)


.

Publicado por: zippiz às novembro 24, 2005 06:55 PM

Decidam-se rapidamente que o zippiz e a MªEmília têm pressa.

Publicado por: Sa Chico às novembro 24, 2005 07:20 PM

Excelente

Publicado por: Coruja às novembro 24, 2005 07:29 PM

A Joana leu que parece que o Arafat foi envenenado pelos ouvidos?

Publicado por: py às novembro 24, 2005 09:45 PM

Dá-me ideia que não há nada a fazer. O Governo está naquela e quanto mais tempo passa menos alternativas há à Ota

Publicado por: J Ribeiro às novembro 25, 2005 02:16 AM

Um TGV funcional a ligar Lisboa a Madrid e ao resto do circuito europeu de TGV não roubará clientes ao transporte aéreo? Daqui a 15 anos não se sentirão já maiores efeitos do escasseamento do petróleo, com o correspondente aumento de preço do transporte aéreo?

Acho que a pressa de Sócrates se explica por um receio muito simples: nos próximos anos vamos continuar a divergir da UE e isso deve ressentir-se nas passagens aéreas. E nesse caso perderão credibilidade os cenários futuros com resmas e resmas de passageiros.

O princípio do utilizador-pagador irá sempre salvar a rendibilidade do projecto. Inventam-se taxas atrás de taxas e um mau serviço será "pago" pelo utilizador.

Publicado por: Fábio às novembro 25, 2005 05:46 PM

Qual utilizador? Se a procura de passagens aéreas diminuir não há utilizador que chegue

Publicado por: Salema às novembro 26, 2005 01:18 AM

Mas já alguém se lembrou de pedir a opinião ao Estado Espanhol sobre o TGV e a Ota ?

Eles é que vos podem dizer, o que convém.

Publicado por: Templário às novembro 26, 2005 01:40 AM

Sobre o TGV já pediram

Publicado por: VSousa às novembro 26, 2005 05:59 PM

Sobre o TGV os Espanhóis é que delinearam a grande estratégia, deixando aos tugas pequenos pormenores para se entreterem nas famosas e históricas discussões estéreis.

Publicado por: Templário às novembro 26, 2005 06:23 PM

Pois, mas eles é que definem os pontos de ligação.

Publicado por: Rui Lopes às novembro 27, 2005 01:17 AM

A menos que nós paguemos o troço espanhol que vai ligar ao sítio que queremos

Publicado por: Rui Lopes às novembro 27, 2005 01:18 AM

É bom que o py adormeça com as galinhas

Publicado por: Coruja às novembro 27, 2005 01:19 AM

Espero que não apanhe a gripe

Publicado por: Coruja às novembro 27, 2005 01:25 AM

corujex, deixei o 66 para ti ou outro amante de kpk, sabes como é o treino do caminho do meio obriga-me a alguma contenção...

Publicado por: py às novembro 27, 2005 07:19 AM

Py consideras o 69 uma capikua invertida ? :)))

Publicado por: Templário às novembro 27, 2005 12:35 PM

A mim parece-me mais uma KPK rotativa....

Publicado por: Templário às novembro 27, 2005 12:38 PM

boa Templário! Nunka tinha ainda visto assim - também acho que é mais para o rotativa, e depois só agora é que reparei que é um símbolo astrológico ;)

Publicado por: py às novembro 27, 2005 01:41 PM

KPK rotativa?

Publicado por: Coruja às dezembro 6, 2005 12:43 AM

KPK rotativa?

Publicado por: Coruja às dezembro 6, 2005 12:43 AM

KPK rotativa?

Publicado por: Coruja às dezembro 6, 2005 12:43 AM

KPK rotativa?

Publicado por: Coruja às dezembro 6, 2005 12:43 AM

KPK rotativa?

Publicado por: Coruja às dezembro 6, 2005 12:43 AM

KPK rotativa?

Publicado por: Coruja às dezembro 6, 2005 12:43 AM

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