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novembro 13, 2005

E as consequências?

Muito se tem escrito sobre os tumultos em França. As alegadas causas são esquadrinhadas ao milímetro. Os sociólogos da auto-culpabilização não têm dúvidas: a casa nova que afinal não era senão um penhor de culpa; o roubo do sonho de uma nova identidade social; um mal geral que se desencadeou em França porque “na Europa, é o país mais politizado, mais participativo e mais mobilizado”; uma lógica de automutilação devido à quebra da anterior "sociabilidade e a solidariedade do bairro de barracas", etc. Outros, mais modestos, referem a desigualdade económica, desemprego crónico, falhas de estratégia policial, fracasso nas políticas de integração, falta de perspectivas dos jovens revoltados. Ninguém arrisca falar nas consequências.

É a própria inventariação de causas que inviabiliza soluções. Refiro-me a soluções e não a paliativos que apenas adiem uma nova e porventura mais grave explosão.

Se uma casa nova não é senão um penhor de culpa, uma esmola que “ao invés de colmatar a exclusão a confirma”, então não servirá de nada fazer novas urbanizações mais humanizadas. As urbanizações não têm alma. Quem as humaniza ou desumaniza, é quem as habita.

A afirmação que estes tumultos se desencadearam em França porque “na Europa, é o país mais politizado, mais participativo e mais mobilizado”, é apenas uma utilização canhestra do mecanicismo histórico: os jovens desordeiros não são herdeiros da civilização francesa (aliás, recusam-na), a única participação cívica que se lhes conhece é a de receber subsídios estatais e não evidenciaram quaisquer pretensões políticas.

A razão mais sólida, mas pouco enunciada porque a França continua a ser um modelo de virtudes para a nossa intelectualidade da “ética republicana”, é a da discriminação. Colegas de um mesmo liceu vão a uma discoteca, mas um ou dois ficam à porta porque os seguranças aperceberam-se que são de ascendência árabe. Quando respondem a um anúncio de emprego, se enviam um CV onde, pelo nome, se detecta que são de ascendência árabe, o mais certo é nunca serem sequer entrevistados. A actual geração de franco-magrebinos tem muito mais dificuldade em encontrar empregos que os seus progenitores, porque a actual taxa de desemprego é muito elevada e a concorrência no mercado de emprego é muito forte. Se o empregador tem muito por onde escolher, descarta preferencialmente os árabes.

Ou seja, se parte dessa discriminação é intrínseca à sociedade francesa, a do mercado de trabalho resulta principalmente da falta de empregos. Afinal de contas a primeira geração encontrou emprego, apesar de ser magrebina. A actual geração não os encontra porque há poucos e os poucos que existem dirigem-se preferencialmente aos não-árabes.

Portanto estamos naquilo que me parece ser o cerne da questão, e que tem a ver com o desenvolvimento económico e o nível de emprego. A essência do Estado Providência europeu consiste na sua omnipresença social, regulando de forma rígida o mercado de trabalho, protagonizando uma função assistencialista generalizada e suportado por uma carga fiscal pesada. Todavia, quando há crescimento económico, a rigidez do mercado laboral desincentiva os empresários a admitirem os efectivos que admitiriam se não houvesse essa rigidez, por temerem ficar com pessoal excedentário, se o crescimento não for sustentável. Isto é, a rigidez do mercado laboral promove o malthusianismo económico.

Simultaneamente, a pesada carga fiscal é um entrave ao crescimento, porque aumenta os custos de produção e retira competitividade à economia, face a um mundo cada vez mais globalizado.

Finalmente, a função assistencialista generalizada tem um efeito nocivo em toda a sociedade. Cria nela a síndrome de dependência do Estado, a aversão ao risco, a ilusão de que as regalias que goza são “direitos adquiridos” ad aeternum, a mentalidade de que o Estado tem soluções para tudo e que cabe a ele resolver todos os problemas. E, pior que tudo, a permanente insatisfação pelos bens que o Estado proporciona: não era aquela a casa que desejavam, os subsídios que recebem não são os suficientes, etc. É a psicologia do mendigo que insulta quem dá uma esmola que ele considera insuficiente.

Talvez seja esta mentalidade perniciosa o efeito mais perverso do Estado Providência, com as suas características de omnipresença e omnipotência, tal como se verifica actualmente em França e em alguns outros países europeus. A capacidade de escolha, de decidir o rumo da sua vida, de assumir o risco de uma decisão, de ter audácia e espírito inovador são as características de uma sociedade de homens livres. Foi isso que fez a grandeza da Europa e do Novo Mundo. Tudo isso tem sido, pouco a pouco, castrado pelo Estado Providência. O Estado Providência está a transformar uma sociedade de homens livres num rebanho de subsídio-dependentes.

A anona e as distribuições gratuitas de alimentos e distracções a um número cada vez maior da cidadãos romanos, que passaram a viver na ociosidade, corromperam as virtudes cívicas e as qualidades que haviam feito a grandeza da República Romana e conduziram à sua decadência e queda. O Estado Providência europeu está, mutatis mutandis, a seguir um percurso semelhante no que respeita ao envilecimento dos valores e virtudes cívicas dos cidadãos europeus.

O que está de errado em tudo esta questão é a omnipresença e omnipotência do Estado Providência, a extensão desmesurada que a função assistencialista adquiriu e os efeitos perversos a que tudo isso conduziu: estagnação económica, aumento do desemprego, exclusão das camadas mais jovens do mercado de trabalho, a síndrome de dependência do Estado e o aviltamento dos valores.

É isso que tem que ser corrigido.

Publicado por Joana às novembro 13, 2005 10:51 PM

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Comentários

A pergunta que se pode colocar é : por que é que os cidadãos europeus não acabam com o Estado Providência?

Publicado por: zippiz às novembro 13, 2005 10:56 PM

Pela mesma razão que os drogados, sem pressão exterior (e mesmo assim ...), não acabam com a droga.

Publicado por: Joana às novembro 13, 2005 11:01 PM

O que vale é que a Joana e mais uns quantos não está "adicta". São eles quem nos vai salvar!

Publicado por: Vítor às novembro 13, 2005 11:18 PM

Vc é muito determinista; mas está bem.

E sobre que pressão está a falar? Desemprego, retirada de apoios sociais, desregulamentação de leis laborais, flexibilidade, mobilidade...blá, blá, blá, enfim, neoliberalismo radical.

O seu texto se tivesse uma referência ao controlo de fronteiras (espero que tenha sido uma opção e não um esquecimento) seria subscrito por esse próLePen,Nuno não sei quantos, da bancada do PP profundo.

Publicado por: zippiz às novembro 13, 2005 11:28 PM

Afinal sempre temos em Portugal uma Joana D`Arc !

Publicado por: Templário às novembro 13, 2005 11:40 PM

Se cada Francês amanhã matar um árabe, o problema ficará resolvido.

Publicado por: Templário às novembro 13, 2005 11:42 PM

E.. lata das latas, que na minha tasca se designa por ganda latosa, o problema são os de esquerda que ajudam com condições sociais a que se propague a preguiça, o não quererem trabalhar etc. Já para não falar na alteração dos "bons costumes".

É a Grande Crise há muito anunciada, mas que só vê quem quer.

Os Le Pen, espreitam a oportunidade histórica ( como sempre ).

Veremos nos próximos episódios, quando ela chegar a Espanha e à Alemanha onde é que ela irá parar... e/ou transformar a Europa.

Publicado por: Templário às novembro 13, 2005 11:48 PM

é só um primo antes de morfar

Oh Joana está aí uma revolução e vc não vê que é por causa das assimetrias profundas e não do contrário

Publicado por: py às novembro 13, 2005 11:50 PM

eh pá, um cavaleiro do Templo lixou-me um primo. Vou fazer como D. Dinis e nacionalizar a ordem.

PS vou ver a janela do convento de Cristo um dia destes; ainda há pouco me disseram que o tesouro ainda pode por lá estar?

Publicado por: py às novembro 13, 2005 11:54 PM

assim sendo

Publicado por: py às novembro 13, 2005 11:55 PM

vou kapikuar

Publicado por: py às novembro 13, 2005 11:56 PM

Py o D. Diniz foi mesmo o Rei mais afortunado de inteligência e foi ele que lançou com esse acto de acolher os templários as bases para que os Tugas descobrissem as maravilhas do mundo.

Quanto aos tesouros dos templários já nossos antepassados os gastaram à grande e nem sequer sobejou a humildade de reconherem na história dos Tugas a acção templária.

Até omitem, esquecem, ou provavelente ignoram que Vasco da Gama, Pedro Alvares Cabral e tantos outros eram Cavaleiros do Templo, tendo por Grão-Mestre o Grande Infante D. Henrique !

Publicado por: Templário às novembro 14, 2005 12:15 AM

Estes posts da Semiramis sobre a situação em França são os mais pertinentes que tenho lido sobre esta matéria. Vão ao fundo das coisas.

Publicado por: Adalberto às novembro 14, 2005 12:32 AM

Vejamos o fundo das coisas:

- Porque é que há imensos árabes com sucesso em França, sem problemas nenhuns económicos e no entanto continuam a apoiar estas acções de revolta ?

É o choque de civilizações que está na Rua.
É uma questão cultural, muito antes da económica.

A questão económica é derivada da cultural. Aliás a Joana admite isso, quando diz que um patrão não emprega um magrebino. Portanto nem mesmo a mão de obra barata o atrai.

O que está em marcha na Europa é um choque de Culturas.

Publicado por: Templário às novembro 14, 2005 12:40 AM

zippiz, os cidadãos europeus ESTÃO a acabar com o Estado-Providência. Não se deram conta disso e não tinham intenção de o fazer, é certo... Mas, por este caminho, vai chegar o dia em que os direitos ditos adquiridos (e assim definidos e mantidos por lei) serão apenas virtuais. E não adiantará nada aumentar mais os impostos, pois a receita fiscal continuará a diminuir. Será apenas um colapso das ilusões.

Ou talvez, repetindo-se a história, uma guerra imprevista acabe com o desiquilíbrio demográfico e com os detentores dos direitos adquiridos. Aí sim, o Estado-Providência renascerá. Já foi assim no pós-guerra.

Publicado por: J P Castro às novembro 14, 2005 12:44 AM

Em Portugal temos o mesmo paralelo, só que pouco expressivo devido aos ciganos serem em número reduzido.

Quem quer aceitar ciganos no seu prédio ?

Quem emprega ciganos ?

Só que sendo os ciganos uma raça de mercadores natos, agora enviam advogados engravatos comprarem em condomínios de luxo, com dinheiro na mão, uma bela casa. Dão uns 10 mil contos de sinal em dinheiro vivo.
Depois aparecem uns 20 com crianças a saltarem e a partirem tudo.
Resultado, o dono do empreendimento paga-lhes o dobro do sinal, para não fazerem escritura.

Os ciganos "Tugas" conseguem assim utilizarem a seu favor a própria discriminação de que são alvo.

Publicado por: Templário às novembro 14, 2005 12:46 AM

Templário,

devo admitir que eu, que não era adepto da teoria do "choque das civilizações", estou cada vez mais convencido disso. Aliás, eu próprio fiquei espantado com a minha mudança progressiva de posição. Os factos impuseram-se e, naturalmente, passei a aceitar essa tese que tenho cada vez mais como o cenário mais provável.

Tenho até uma teoria própria sobre o verdadeiro fundamento deste choque: as duas "civilizações" em choque, ocidental e islão, têm uma barreira incontornável sobre o papel da mulher na sociedade. Basta ver que países árabes onde a mulher se "ocidentalizou" são muito criticados pelo resto da sociedade islâmica.

Em tudo o resto, as "civilizações" podiam aproximar-se ou conviver salutarmente. No entanto, para o islão, a posição sobre o papel da mulher que o ocidente vem exportando para a maioria do resto do mundo (e expressa na decl. univ. direitos do homem) é uma ameaça concreta ao seu modo de vida. A partir daí, o islão reage fechando-se e atacando o "corrupto" mundo ocidental. Mesmo sem invasão política, o ocidente está há décadas a invadir culturalmente as mentes das mulheres nos países islâmicos. É então que a visão tradicional e fundamentalista reage e ganha força nos países islâmicos.

A isto, junta-se a questão do petróleo, que faz acreditar os países islâmicos que conseguiriam sobreviver e ter o mundo a depender deles. Isso dá-lhes o ânimo adicional que os convence de que se podem efectivamente isolar numa "civilização" própria.

Publicado por: J P Castro às novembro 14, 2005 01:01 AM

O problema é que de uma maneira ou de outra, este problema tem que ser resolvido. Senão será sempre pior.

Publicado por: Sa Chico às novembro 14, 2005 01:28 AM

J P Castro às novembro 14, 2005 01:01 AM

Não é apenas a questão da mulher na sociedade, pois se assim fosse seria fácil resolver essa questão com o apoio até das próprias mulheres árabes.
A questão religiosa islâmica, determina não só os costumes e tradições, como também toda a estrutura do Estado. Ou seja, a própria religião é o Próprio Estado e o Estado só pode existir pela religião. Esta separação do Estado da Religião ocorreu na Europa há centenas de anos. Falta fazê-la nos países árabes islâmicos, o que para já até parece incongruente.

Daí haver uma Lei Francesa que proíbe ícones religiosos nas escolas, e que os magrebinos já tentaram furar ( apelando erradamente à liberdade religiosa ).

Portanto a religião volta à ordem do dia, em plena Europa e não me parece nada simples resolver este caso, porque é latente e rebentará, provavelmente com a entrada da turquia na U.E. . Daí o terem colocado 10 anos à Turquia para que se porte bem, mas a religião poderá voltar à ordem do dia na Turquia e aí voltaremos ao mesmo problema.

Em resumo estamos com mais uma Cruzada pela frente.

Publicado por: Templário às novembro 14, 2005 02:10 AM

As catilinárias da Joana contra o Estado Providência são muito interessantes.
As explicações sobre as causas dos sarrabulhos em França também.
O problema é que não explicam por que motivo não ocorrem (nem poderão ocorrer) fenómenos semelhantes noutros países da Europa, onde o Estado Providência é muito mais Estado e muito mais Providência do que em França.

Publicado por: (M) às novembro 14, 2005 06:30 AM

Sempre gostei dos cavaleiros do Templo,..., incluindo as práticas iniciáticas...

Não se preocupe, embora não lhes tenha sido reconhecida com toda a amplitude a importância estratégica nos Descobrimentos, de que foram os depositários dos segredos de navegação, desde o grão-mestre D. Henrique, a Cruz de Cristo das caravelas portuguesas ficou aí a atestar para sempre a importância da Ordem. Quem quiser só tem de estudar um pouco.

Aliás desde D. Manuel e até D. Maria I a cruz de Cristo foi símbolo persistente dos reis de Portugal na iconografia. D. Maria é que com o susto da Revolução Francesa em 1789 decidiu refazer os símbolos e proteger-se com a insígnia das três ordens, Cristo, Aviz e Santiago, encimadas pelo Sagrado Coração de Jesus, não fosse o diabo tecê-las...

Publicado por: py às novembro 14, 2005 07:54 AM

plim

Publicado por: py às novembro 14, 2005 07:55 AM

O meu avô paterno que foi presidente da Casa de Tomar, tinha lá na sala uma reprodução em grande (gesso) da janela do convento, mas eu nunca liguei muito porque era puto, além de que tinha um dissídio com o senhor por causa das touradas (eu ficava do lado do touro).

Publicado por: py às novembro 14, 2005 07:58 AM

ihihi :)

http://dn.sapo.pt/2005/11/14/tema/ninguem_pode_eleito_presidente_pelo_.html

Publicado por: py às novembro 14, 2005 08:22 AM

Eu também acho que isto do pessimismo nacional foi um meta-dispositivo ideológico para amocharmos. Dá sempre jeito à ordem instituída...

http://dn.sapo.pt/2005/11/14/opiniao/mal_daqui_pior_dali.html

Portugal é Dragão. Mesmo com os fogos também somos da 1ª divisão da fotossíntese (ou melhor da produtividade primária líquida), senão campeões europeus...

Tendo como base o per capita 1500, a lusofonia é a expressão mais potente do mundo da expansão de uma língua multicultural.

O José já f*deu os neurónios aos alemães com a tradução das Intermitências da Morte (parece que é por causa do gegenstand ...). Vamos a ver como é que os ingleses se safam... Com os franceses e os latinos, no problem.

Uma língua que não consegue traduzir adequadamente um título dum Nobel,,,pois é

Publicado por: py às novembro 14, 2005 08:33 AM

ora bem:

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=201408

Publicado por: py às novembro 14, 2005 09:42 AM

Isto sem o Templário não era a mesma coisa.


Que falta fazia esta ilusão e fantasia, que nós, criançinhas irrequietas e sem responsabilidades, tanto necessitamos.

Publicado por: Mário às novembro 14, 2005 10:21 AM

py às novembro 14, 2005 08:33 AM: Se você ler boas traduções de filósofos alemães (Hegel, Marx, etc.) há-de verificar as notas de rodapé esclarecendo que se tinha traduzido aquela palavra por ... embora ... e mais adiante traduzem outra palavra pela mesma e avisam que há uma ligeira diferença que explicam em 4 ou 5 linhas, etc.

A questão é que "Intermitências da Morte" em português também não faz sentido. Fará dentro de um contexto que só o próprio autor sabe.

Os alemães têm diversas palavras para intermitente, conforme se referem a sinais de trânsito, estar ou não estar, etc.

Curiosamente para "febre intermitente" usam um termo Wechselfieber que à letra significa "febre que muda". Aliás, se intermitências tiver um significado próximo de vicissitudes, poderia ser traduzido por Wechselfälle.

Publicado por: Joana às novembro 14, 2005 10:45 AM

J P Castro às novembro 14, 2005 01:01 AM

Essa sua teoria está em brutal contradição com a invasão do Iraque pelos EUA. O Iraque era o país árabe no qual as mulheres tinham um estatuto mais elevado, e mais livre. O regime de Saddam promoveu extremamente a posição social da mulher. Essa posição regrediu brutalmente desde a invasão. Atualmente as mulheres iraquianas nem segurança física para andar na rua têm.

Se o cerne do choque entre o Ocidente e o Islão fosse a mulher, então haveria justificação para o Ocidente invadir muitos países islâmicos, mas certamente não o Iraque.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 14, 2005 11:08 AM

"cidadãos romanos, que passaram a viver na ociosidade, corromperam as virtudes cívicas e as qualidades que haviam feito a grandeza da República"

Tem graça, a comparação com o Império Romano costuma sobretudo ser feita em relação aos EUA atuais, não à Europa. Os EUA é que se deleitam com um consumo excessivo, obtido à custa de crédito que lhes é fornecido por todo o resto do mundo. O consumo europeu, em geral (exceção feita a alguns países singulares, como Portugal e o Reino Unido), não é excessivo. Os americanos é que vivem à custa do resto do mundo, em grande parte devido ao seu poder militar sobre ele, o qual poder impõe, embora de forma indireta, um tributo - tal qual como Roma fazia com as províncias do seu Império.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 14, 2005 11:11 AM

É só tretas.
Há uma profissão em França onde os magrebinos, sub-sarianos, afro-europeus, africanos, descendeste de tugas e outros, oportunamente nacionalizados ou vindos mesmo de segundas e terceiras gerações têm sucesso garantido.
É no pontapé na bola.
Basta ver a selecção nacional francesa que alinha normalmente com apenas um ou dois caucasianos, para dar cor.
Portanto, cá na minha ideia o que é preciso é enviar milhares de bolas para esses bairros ao pé de Paris com nomes tão poéticos ao gosto do EPC e cansá-los de tal maneira que á noite só tenham vontade depois de jantar de ir para a caminha.
Bem pensado, não é?

Publicado por: Luis Filipe A Estudar às novembro 14, 2005 12:01 PM

O problema da integração de emigrantes não está nas sociedades "acolhedoras", mas nos comportamentos de quem quer ser acolhido. A esse propósito o Público de ontem (domingo) traz um interessante trabalho jornalístico sobre a comunidade emigrante portuguesa em Paris(cerca de 800000 creio eu), que apelida de comunidade "invisível", tal é a forma como a mesma se integrou na sociedade francesa, ultrapassado em larga medida o estigma das "porteiras" e dos pedreiros. É a 2ª maior comunidade estrangeira da capital francesa, e tem uma taxa de desemprego menor à taxa nacional. Fossem todos como os portugueses - humildes, trabalhadores, esforçados por "não levantar ondas" e por se integrarem (sim, porque a integração não "caiu do céu", nao se recebe por via postal nem por e-mail, exige esforço e vontade dos próprios), e a situação em França seria bem distinta neste momento. E depois não me digam que a cor da pele não tem nada a ver...

Publicado por: Xiko às novembro 14, 2005 12:14 PM

Sobre os resultados da invasão do Iraque convém perguntar: O Iraque estaria hoje melhor sob Saddam?

Ou seja, teria ainda curdos vivos? teria ainda shiitas? teria ainda crianças a morrer de fome e doença? teria eleições e uma uma constituição votada pelo povo? Não sabemos. Apenas podemos adivinhar. Mas pelo contrário sabemos que teria um catrefada de politicos europeus a receberem milhões em petróleo, para votarem convenientemente no Conselho de Segurança da ONU. Que teria a familia próxima de Sadam a torturar quem os olhasse da frente. Que teria todos os ditadores do médio oriente refastelados nos seus palácios acreditando que a sua hora nunca chegaria. E só por isso a invasão do Iraque valeu a pena.
E cada dia que passa confirmo a minha certeza de que entre aqueles que se opuseram à guerra, estão todos os que consideram os árabes povos menores, inferiores, incapazes de se autogovernar, filhos de uma religião medieval e opressiva que é boa para eles, e para que nós ocidentais os possamos visitar apenas como turistas afastando a moscas, e que por isso era melhor deixa-los à sua vida. A guerra do Iraque é antes de mais uma opção moral.

Publicado por: Joao P às novembro 14, 2005 12:25 PM

Xiko às novembro 14, 2005 12:14 PM

Concordo consigo em que a postura daqueles que (não) querem ser acolhidos é muito importante. Mas não chega. Veja por exemplo o caso dos judeus na Alemanha antes do tempo de Hitler. Os judeus alemães eram, na sua enorme maioria, alemães normais. Muitos, quiçá a maioria, nem praticava a religião judaica. Os judeus alemães eram muito bons para a Alemanha como um todo - contavam-se, por exemplo, entre os cientistas que tornavam a Alemanha um país poderoso. Muitas das obras de arte nos museus alemães eram o resultado de doações de importantes industriais judeus. Ou seja, os judeus alemães fizeram tudo o possível para se integrarem na sociedade em que viviam. Apesar disso, sofreram o ódio e destino que sofreram.

Vivi nos EUA. Posso atestar o seguinte: não há americanos mais americanos do que os negros. Os americanos brancos são de diversas origens e guardam, em geral, recordações dos seus antepassados. Os americanos brancos identificam-se como sendo de origem alemã, ou italiana, ou judaica, ou norueguesa... Os negros, por oposição, nada mais são do que americanos. A sua cultura é 100% americana. No entanto, como toda a gente sabe, ainda hoje são objeto de discriminação. Apesar de serem os mais integrados de todos os americanos, são vítimas de racismo.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 14, 2005 12:40 PM

Luis Filipe A Estudar às novembro 14, 2005 12:01 PM

Luis Filipe, continua a estudar, pá!

Publicado por: Professor assistente às novembro 14, 2005 01:05 PM

Luís Lavoura às novembro 14, 2005 12:40 PM

Conheço razoavelmente bem os Estados Unidos e tenho uma leitura diferente da sua.
Não sou da opinião de que os negros são os mais americanos dos americanos.
O sentimento de «ser americano» é, talvez, o factor que mais contribui para a unidade nacional.
Tendo vivido nos EUA, como diz, deve lembrar-se de que em ocasiões de mobilização ou festa nacional tanto vê uma bandeira à porta de um negro, como à porta de um branco ou de um amarelo.
Isto sem falar no sentimento partilhado por uma larga faixa da população branca, especialmente na East Coast, que entende ser «o verdadeiro povo» americano. Esse sentimento tem alimentado, em diversas ocasiões, atitudes racistas para com outros grupos étnicos, incluindo os negros.
Quando diz que a cultura dos negros é «100% americana» também está a laborar num erro. Há uma tendência crescente na comunidade negra para reforçar a consciência das raizes africanas e das culturas africanas. Essas manifestações são mais visíveis precisamente nas camadas mais educadas, aquelas que você consideraria «mais americanizadas». Escritores, políticos, actores de cinema negros estão na vanguarda desse movimento. Uma das figuras mais salientes é Oprah Whitney, talvez a personalidade com maior capacidade de influência na comunidade negra.

Só uma pergunta — você não nota nenhuma contradição na última frase que escreveu: «Apesar de serem os mais integrados de todos os americanos, são vítimas de racismo» ?

É que, até prova em contrário, a integração racial pressupõe a eliminação do racismo...

Publicado por: (M) às novembro 14, 2005 01:33 PM

Será que se apercebem da enorme barbaridade que é discutir o que é "O verdadeiro americano"? Ou português autêntico?

Partidários do regime de castas? O mundo anda mesmo muito xenófobo...

Publicado por: Mário às novembro 14, 2005 02:07 PM

Obrigado pelas dicas Joana. Agora vou para Lisboa e vou pensar no kimbóio. Depois digo alguma coisa. Mas tem a ver com o contexto poético do significado e portanto do sentido. Se bem me lembro poiesis significa criação.

Publicado por: py às novembro 14, 2005 02:12 PM

O maior racismo é o dos pretos contra os pretos.
Porque embora para um branco todos pareçam iguais, entre eles as diferenças são mais que muitas.
Por essa razão é que o Grande Imperador Bokassa comia os fígados dos seus irmãos de cor e naquele país pequenino, o Burundi, lá no cú de Judas para não destoar matavam-se como tordos, ou seriam corvos?

Por outro lado na Libéria, país que foi buscar o nome a um poema de Saramago, já quase não se morre de malária.
As moscas não precisam de atacar os vivos.

Claro que isto é tudo culpa do Bush, em segundo plano do Barroso, Cavaco também deu uma ajudinha e Santa Ana pelo tempo que perde a estar na fila para comprar bilhetes para o espectáculo da Torloni em vez de se inscrever numa ONG, não tem desculpa.

Publicado por: Luis Filipe (já fiz a admissão aos liceus) às novembro 14, 2005 02:16 PM

Basta ver o comportamento do comandante da polícia de N Orleans (já demitido) e a quantidade de deserções de polícias de N Orleans durante o Katrina (quase 100 já foram despedidos por isso), todos pretos.

Publicado por: AJ Nunes às novembro 14, 2005 02:24 PM

Há agora um blogue de um português que vive em Paris, o ex-Barnabé André Belo. Tem já diferentes posts sobre este assunto. De um deles retiro esta frase, que bem se pode aplicar também à Joana:

"a análise das causas da revolta não [é] o objectivo principal de [José Pacheco Pereira], mas sim atacar o inimigo político que está do outro lado da trincheira (penso que era Mao Tse Tung que dizia que a primeira coisa que se devia fazer em política era escolher o inimigo)"

No caso da Joana, a prioridade é atacar a França e o modelo social francês (seja lá o que isso fôr). A análise das causas da revolta não é para ela verdadeiramente importante.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 14, 2005 02:50 PM

Esqueci-me, no comentário anterior, de mencionar o nome do blogue: Gare de l'Est:

http://www.garedelest.blogspot.com/

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 14, 2005 02:52 PM

Mário às novembro 14, 2005 02:07 PM

Você só tinha a ganhar com um curso acelerado de leitura.
Ninguém aqui está a discutir quem são os verdadeiros americanos ou outros.
Pela minha parte, mencionei a faixa da população dos EUA que se considera, a ela própria, ser constituída «pelos verdadeiros americanos».
Não há discussões possíveis. É um facto que eles pensam assim, é isso que dizem e agem em consonância.

Publicado por: (M) às novembro 14, 2005 02:57 PM

(M) às novembro 14, 2005 02:57 PM

Esses "verdadeiros americanos" são correntemente designados nos EUA por WASPs (= vespas), acrónimo de "White Anglo-Saxon Protestants".

Já agora, é interessante notar algumas "barbaridades" (na expressão do Mário), como sejam o facto de o Reino Unido ter uma religião de Estado. Há até (ou havia) no Reino Unido uma lei que penaliza criminalmente a blasfémia, a qual é definida como sendo dizer mal da religião anglicana. Dizer mal de qualquer outra religião é no Reino Unido perfeitamente legal, não é blasfémia.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 14, 2005 03:18 PM

"Você só tinha a ganhar com um curso acelerado de leitura."

Não queria dizer antes "um curso de leitura acelerada"?

Publicado por: Mário às novembro 14, 2005 03:26 PM

Ter uma religião de Estado é uma barbaridade. Mas pior é quando em Portugal os votantes do CDS-PP nem terem coragem de admitir em quem votam devido ao "racismo político" de esquerda. Os verdadeiros portugueses não podem ser de direita, é o que está implícito.

Nota: Não voto do CDS-PP.

Publicado por: Mário às novembro 14, 2005 03:29 PM

Mário às novembro 14, 2005 03:29 PM

Que eu saiba, nenhum trabalhador é despedido por dizer que vota no CDS-PP. Quanto aos que votam no PCP...

E não: não quis dizer curso de leitura acelerada. A sua leitura já é acelerada que baste...

Publicado por: (M) às novembro 14, 2005 04:07 PM

Publicado por: (M) às novembro 14, 2005 04:07 PM

Engana-se. Precisava de um curso de leitura acelerada mas falta-me tempo para me dedicar. Depois, a sua explicação sobre o "verdadeiro americano" não tem o mínimo sentido. Simplesmente desviou o assunto para outro que parece o mesmo. Não lhe disse nada porque já perdi a paciência para estes joguinhos infantis. Mas não sei se percebe a imagem que de xico esperto que dá ao tentar fazer-se superior e com piadas subtis quando se limitou a fazer a figura do elefante na loja de porcelanas.

Publicado por: Mário às novembro 14, 2005 04:17 PM

(M) às novembro 14, 2005 04:07 PM: Acho que em Portugal não é permitido despedir pessoas, a menos que tenham uma ligação precária à empresa.

Publicado por: David às novembro 14, 2005 04:20 PM

Julgo que o Mário se está a referir à análise feita por um blog de um especialista em sondagens (Margens de Erro) que a partir do facto de as votações no CDS/PP serem, desde há muitos anos, sistematicamente superiores aos resultados das sondagens, concluiu que havia muitos eleitores do CDS que preferiam não indicar o seu sentido de voto.

Publicado por: David às novembro 14, 2005 04:23 PM

Py
há outra palavra portuguesa que não tem tradução em mais nenhuma lingua - é "empecilho"
quanto às "intermitências" tem a ver com o facto de não ser o Tempo que passa,,, mas sim Nós é que passamos pelo tempo
o Saramago agora anda a ficar astrofísico,,,

Publicado por: xatoo às novembro 14, 2005 04:23 PM

empecilho em alemão escreve-se xatoo

Publicado por: Coruja às novembro 14, 2005 04:31 PM

Hoje no PÚBLICO vem uma entevista ao alto-comissário português para a imigração. Referindo-se aos problemas em França, ele diz que é inadmissível um ministro referir-se a cidadãos do seu país como "escumalha".

O facto de em França tal não ser inadmissível revela bem a que nível a França se encontra atualmente.

Há uns meses a correspondente em Paris do mesmo jornal referia que não era invulgar os deputados da Assembleia Nacional francesa proferirem imprecações como "puta de merda" quando ouviam uma deputada a discursar, independentemente do teor desse discurso e apenas pelo facto de ele ser proferido por uma mulher. Também é revelador do nível em que a França se encontra.

Publicado por: Luís Lavoura às novembro 14, 2005 04:34 PM

Mário, pense assim: Você lê 36 mil palavras por dia. Se poupar, com um curso acelerado de leitura, 0,1s/palavra, poupa 1 hora por dia. Ao fim de um mês são 30 horas.
Quanto tempo demora o curso?

Publicado por: David às novembro 14, 2005 04:35 PM

Publicado por: David às novembro 14, 2005 04:35 PM

O curso não tem duração definida porque era auto-aprendizagem... Ler mais rápido não é só uma questão de ritmo, é preciso também alterar a forma como a leitura se passa no nosso cérebro... E isso implica esforço e tempo...

Em relação ao CDS-PP, tem razão.

Publicado por: Mário às novembro 14, 2005 04:47 PM

"É isso que tem que ser corrigido."
Oremos, pois. Deus nos ouvirá!


Publicado por: Senaquerib às novembro 14, 2005 07:43 PM

Acha mal. Primeiro porque isso de não ser possível despedir é uma treta. O patrão, se quiser, arranja sempre maneira de justificar um despedimento. Depois porque o vínculo precário está a transformar-se em regra no mercado de trabalho português.

Mas como tem alguma dificuldade em entender isto eu inverto os termos do problema:

Não conheço ninguém que não seja admitido numa empresa por votar no CDS-PP. Já quanto aos simpatizantes do PCP...

Publicado por: (M) às novembro 14, 2005 08:16 PM

Mário às novembro 14, 2005 04:17 PM

Você não precisa só de um curso de leitura. Precisa de um curso de educação especial...

Publicado por: (M) às novembro 14, 2005 08:17 PM

Talvez haja soluções, a Semíramis apresenta algumas, mas cujos efeitos só a longo prazo se sentirão, se forem tomadas.
A curto e a médio prazo não vejo soluções

Publicado por: Filipa Sequeira às novembro 14, 2005 08:42 PM

Publicado por: (M) às novembro 14, 2005 08:17 PM

Faça uma coisa. Não perca mais tempo comigo que eu consigo não vou perder de certeza.

Publicado por: Mario às novembro 14, 2005 10:09 PM

ih,ih,ih,ih,ih ih ih ihh

Publicado por: Fátima Felgueiras às novembro 14, 2005 11:07 PM

Essa vossa discussão sobre quem é mais americano, faz-me lembrar a definição que o Barata-Feyo deu do Artur Albarran (ilustre representante dos interesses daquele país neste pequeno rectângulo): é um preto americano de sapatos amarelos! Só faltou acrescentar, actualizando a definição, "com o rádio no máximo".

Quanto à integração dos estrangeiros: é verdade que ela não cai do céu (nem vem por correio ou mail). Deverá ter a colaboração de cada um, integrando-se no contexto da sua nova sociedade.

Penso que a primeira coisa de todas é aprender a língua. Naturalmente, tal transformação custa tempo, dedicação, curiosidade, e até dinheiro. Enfim, é preciso ter interesse, como em tudo na vida.

Publicado por: Saloio às novembro 16, 2005 07:41 PM

e portanto

Publicado por: py às novembro 17, 2005 08:33 PM

tirem-se as consequências

Publicado por: py às novembro 17, 2005 08:34 PM

com uma

Publicado por: py às novembro 17, 2005 08:35 PM

kapikua

Publicado por: py às novembro 17, 2005 08:36 PM


Luís Lavoura às novembro 14, 2005 11:08 AM

E quem disse que a guerra do Iraque faz parte do conflito civilizacional ? Eu não disse isso...

A lógica para o Iraque foi outra: encontrar um cenário de guerra "útil". Isso foi dito explicitamente pelo Wolfowitz.

Que foi um tiro no pé, já todos sabemos...

Publicado por: J P Castro às novembro 19, 2005 02:16 AM

A consequência é o Sakorzy ir a presidente

Publicado por: Salema às novembro 23, 2005 12:25 AM

E a direita perpetuar-se no poder em França. O PS com o programa radical que adoptou, tão cedo não volta ao poder.

Publicado por: Salema às novembro 23, 2005 12:27 AM

Segundo parece os incêndios dos automóveis é uma prática frequente nos suburbios em França. Só neste ano, até ao começo dos "tumultos", a média eram 2.000 veículos por mês. A diferença agora foi que foram 9.000 em 3 semanas. Em situação "normal" sriam 1.500!

Publicado por: Gustavo às novembro 23, 2005 03:36 PM

Esta gaja é uma reaças, é o que é.

Publicado por: Cisco Kid às novembro 24, 2005 11:06 PM

Carros em França?

Publicado por: Coruja às novembro 25, 2005 12:32 AM

Nem seguradoras

Publicado por: Coruja às novembro 25, 2005 12:33 AM

Só cocktails Molotov

Publicado por: Coruja às novembro 25, 2005 12:34 AM

E miúdos contratados

Publicado por: Coruja às novembro 25, 2005 12:36 AM

e por aí fora

Publicado por: Coruja às novembro 25, 2005 12:37 AM

kpk

Publicado por: Coruja às novembro 25, 2005 12:38 AM

Reaças

Publicado por: Cisco Kid às novembro 26, 2005 01:01 AM

Reaças

Publicado por: Cisco Kid às novembro 26, 2005 01:02 AM

Reaças

Publicado por: Cisco Kid às novembro 26, 2005 01:02 AM

Reaças

Publicado por: Cisco Kid às novembro 26, 2005 01:02 AM

Reaças

Publicado por: Cisco Kid às novembro 26, 2005 01:03 AM

Reaças

Publicado por: Cisco Kid às novembro 26, 2005 01:03 AM

Reaças

Publicado por: Cisco Kid às novembro 26, 2005 01:03 AM

Reaças

Publicado por: Cisco Kid às novembro 26, 2005 01:04 AM

Reaças

Publicado por: Cisco Kid às novembro 26, 2005 01:04 AM

Reaças

Publicado por: Cisco Kid às novembro 26, 2005 01:04 AM

Reaças

Publicado por: Cisco Kid às novembro 26, 2005 01:04 AM

Reaças

Publicado por: Cisco Kid às novembro 26, 2005 01:05 AM

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