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setembro 22, 2005
Embrulho Surpresa
Quando o politicamente correcto e o desprezo do Estado pelas preferências dos cidadãos se unem, a mistura é mortífera. A um casal que pretenda adoptar uma criança é-lhe oferecido o mesmo painel de opções que a um miúdo que faz um furo ou adquire uma bola hermética fica com o que lhe calhou em sorte. O casal não pode escolher a raça do filho que pretende educar. Também não pode ter acesso às análises e a outros meios de diagnóstico, se porventura os houver, sobre a situação da criança do ponto de vista da sua saúde, patologias existentes e respectiva gravidade. Para evitar dicas por fora, esses elementos nem sequer constam da base de dados.
Adoptar e educar uma criança é um assunto sério. Não é um furo que se faz e que depois, contrariado com o que coube em sorte, se deita fora o que saiu e se faz outro furo. Esta atitude das autoridades representa um desprezo pelas preferências dos cidadãos e uma capitulação absurda perante o politicamente correcto. Os principais prejudicados serão as crianças adoptadas, os pais adoptivos, se não concordarem com a surpresa que veio no embrulho que lhe saiu na rifa e aqueles que queriam adoptar uma criança, mas desistem face a estas circunstâncias pouco aliciantes.
Aliás, as crianças à espera de adopção são sempre as mais prejudicadas. São prejudicadas pelos prazos absurdos que a burocracia impõe aos processos de adopção (há 15.455 menores em instituições ou em famílias de acolhimento e os portugueses continuam a esperar uma média de seis anos para adoptar uma criança) e são prejudicadas pela diminuição da procura, fruto do receio de lhe sair em sorte uma criança com características não desejadas: patologias que se podem tornar num futuro calvário, etnia diferente da dos pais adoptivos, eventualmente não desejada, etc.. Os dados da Segurança Social são claros sobre a procura para adopção: há 135 candidaturas sem estudo iniciado, 11 formalizadas em 2003, 80 em 2004 e 44 em 2004.
Como tudo o que toca ao politicamente correcto ou ao papel do Estado em impor preferências aos cidadãos, é preferível varrer para debaixo do tapete os falhanços dessas perversões ideológicas. É onde estão mais de 15 mil crianças. É a cultura do depósito.
Publicado por Joana às setembro 22, 2005 01:15 PM
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Comentários
Mais um record para o Guinness.
Publicado por: Senaqueribe às setembro 22, 2005 01:16 PM
Sou pai adoptivo de duas crianças, que tinham respectivamente sete e oito anos de idade quando ficaram à nossa guarda, enquanto decorria o processo de adopção, e que são mestiças. Quando nos foi proposta a sua adopção, foi-nos proposta também outra situação, de duas outras meninas, um ano mais velhas, loiras de olhos azuis. Podíamos ter optado por um caso ou outro, e podíamos ter rejeitado ambas as situações. Os adoptantes não são obrigados a aceitar quem lhes for proposto, nem há penalizações se o não fizerem. A minha mulher e eu estivemos três anos à espera de nos ser proposta uma criança para adopção, e o processo de adopção levou dois anos. As coisas não são tão más como a Joana as coloca, embora possam ser melhoradas. Espero que a Joana não esteja a pensar que o processo de adopção seria melhor se deixado à iniciativa parivada...
Publicado por: Albatroz às setembro 22, 2005 01:46 PM
Não disse que eram obrigados a aceitarem
O que disse ´que os dados que referi não constam da base de dados das crianças para adopção.
Esta é a situação normal segundo soube.
Presumo que não lhe deram a escolher as crianças que lhe entregaram para guarda.
O que eu defendo é que houvesse celeridade e transparência neste processo. Todos ganhariam com isso
Publicado por: Joana às setembro 22, 2005 01:55 PM
Albatroz: não pode avaliar o comportamento geral pelo seu. Se cada vez há mais crianças para adopção é porque algo não está bem
Publicado por: Sa Chico às setembro 22, 2005 01:57 PM
Enquanto as crianças estavam à nossa guarda poderíamos ter feito os exames que quiséssemos, tanto do ponto de vista físico como psíquico, e poderíamos, em qualquer momento anterior à adopção, desistir de adoptar as crianças à nossa guarda.
"Presumo que não lhe deram a escolher as crianças que lhe entregaram para guarda."
Presume mal, uma vez que as podíamos ter recusado. E as próprias crianças também têm o direito de recusar ficar com os propostos adoptantes. Agora é verdade que não há uma espécie de supermercado de crianças, onde os potenciais adoptantes podem ir às prateleiras e escolher a criança que vão adoptar.
É verdade que tudo poderia ser mais célere, mas acho que o actual processo já é bastante aceitável. O principal problema é, por um lado, o preconceito anti-adopção por parte de alguns juízes e, por outro lado, o facto de que muitas crianças não estão disponíveis para adopção se algum dos progenitores biológicos aparecer de seis em seis meses a visitar a criança institucionalizada. Situação que está a mudar mas que ainda dificulta muitas adopções.
Publicado por: Albatroz às setembro 22, 2005 02:19 PM
Albatroz: desculpe meter-me na conversa, mas a 1º coisa que a Joana escreveu no comentário foi que "Não disse que eram obrigados a aceitarem".
Uma coisa é poder escolher entre diversas crianças, outra é optar por aceitar entre o que nos dão ou não aceitar nada.
Não me parece que isto seja propriamente uma escolha.
Publicado por: v Forte às setembro 22, 2005 02:30 PM
Progenitor biológico?
O que vem a ser isso?
Publicado por: Senaqueribe às setembro 22, 2005 03:12 PM
Já agora, a Joana podia fazer notar que a posição da moral tradicional católica sobre o assunto não difere muito da do Estado.
A moral católica diz que a gente deve aceitar os filhos que estão na barriga da mãe, os quais são um dom de Deus. Não deve olhar lá para dentro para testar se o feto sofre, por exemplo, de trissomia 21 (mongolismo). Segundo a posição da Santa Madre Igreja, um feto mongolóide tem tanto direito a desenvolver-se como qualquer outro, e os pais têm a obrigação de o ajudar, como ajudariam qualquer outro filho. Já ouvi esta posição explicitamente defendida por mais de uma futura mãe - e uma dela acabou por ver o filho mongolóide morrer-lhe nos braços, com as dificuldades respiratórias próprias dessa doença.
A moral tradicional católica também gosta muito da adopção, desde que não seja por casais homossexuais (aliás: pode ser por casais homossexuais, desde que eles não tenham atividade sexual). Com este pequeno obstáculo, impede algumas crianças de ser adoptadas, uma vez que inviabiliza alguns potenciais adoptores.
Em suma, a Joana perdeu aqui uma boa oportunidade de dar umas alfinetadas, não só ao Estado, mas também à moral tradicional católica.
Publicado por: Luís Lavoura às setembro 22, 2005 03:31 PM
Números aterradores.
Mas infelizmente já não há nada que me encha de espanto neste Tugal.
A Senhora Doutora Qualquer Coisa que toma conta de um qualquer instituto que deveria tomar conta das crianças ainda outro dia numa entrevista esclareceu o que podia fazer (não o que devia fazer) e questionado na TVI pelo apresentador sobre um caso bárbaro de que todos lavaram as mãos disse clara, claramente:
-Bem eu fiz uns ofícios.
Eu também gostava de fazer uns, mandando-os a todos para os antípodas (que coitados não têm culpa).
Neste momento há uma certeza.
A nível de estado nada funciona.
Publicado por: carlos alberto às setembro 22, 2005 04:28 PM
Não sei se isto é uma ideia estapafúrdia, mas deixo-a a vossa consideração (confesso que não reflecti muito sobre ela, é apenas uma ideia).
Para mim grande parte dos problemas de relação entre as pessoas reside na tendência que temos em "catalogar" as nossas relações humanas. Este é meu "amigo", aquele é meu "conhecido", esta foi um "one night stand", aquela já é minha namorada, a outra foi apenas um "flirt" de Verão. E isto aplica-se também às questões relacionadas com as relações contratuais, neste caso o matrimónio. Não é por serem casados que duas pessoas se amam mais ou menos, são melhores ou piores pais,etc, etc.
Com a adopção não me parece que existam "meias medidas". Se a criança é legalmente adoptada por um casal é sinónimo de que ela lhes "pertence". Se ainda não é adoptada, será sinal de que os ditos pais adoptivos ainda não estão em "posse" de plenos direitos sobre essa criança. EM todo este processo ninguém fala em amor, ninguém fala no acto altruísta de levar a seu cargo a educação e o crescimento saudável duma criança, tenha ela ou não relações biológicas ou jurídicas com quem a tem a seu cuidado.
Percebo que a existência de mecanismos de enquadramento legal seja imprescindível. Não consigo é perceber porque é que estão as 15000 e tal crianças em instituições que são verdadeiros depósitos de massa humana, onde por muito que se queira jamais se conseguirá transmitir o amor e o afecto duma relação directa e mais restrita. POrque não criar um enquadramento intermédio que permita uma vida melhor às crianças, mesmo que não legalmente adoptadas, junto de famílias que as acolham. Famílias de acolhimento como as dos programas de intercâmbios internacionais, por exemplo.
Publicado por: Xiko às setembro 22, 2005 04:38 PM
oooopppsss!
Publicado por: xatoo às setembro 22, 2005 04:43 PM
Algumas daquelas 15 mil crianças estão, provisoriamente, em famílias de acolhimento (mas não pais adoptivos)
Publicado por: Carlos às setembro 22, 2005 05:00 PM
Progenitor biológico?
O que vem a ser isso?
Um pleonasmo.
Publicado por: Pedro Oliveira às setembro 22, 2005 05:20 PM
Xiko em Setembro 22, 2005 04:38 PM,
Num enquadramento que é um pouco diferente, o do internamento prolongado em Hospital - "hospitalismo" de René Spitz - fizeram-se estudos arrepiantes nas crianças de tenra idade ou muito jovens. Quero acreditar que as instituições portuguesas de acolhimento e os seus responsáveis conheçam esses estudos.
http://psychiatriinfirmiere.free.fr/definition/hospitalisme/hospitalisme-theorie.htm
Publicado por: asdrubal às setembro 22, 2005 05:25 PM
Na verdade, parece um pouco desumanizante deixar a escolha a cargo de um catálogo de fotografias e a fichas com informações clínicas, psicológicas, etc... É fundamental estabelecer laços com a criança, estar com ela algum tempo para que ambos possa assentar numa decisão que irá ter grandes consequências para a vida de todos.
Quanto à morosidade do processo ela é proverbial. Folgo em saber que o processo é agora mais ágil. Isso foi consequência da aplicação da promessa de Celeste Cardona ou resulta de outro factor?
Publicado por: Rui Martins às setembro 22, 2005 05:39 PM
Pedro Oliveira às setembro 22, 2005 05:20 PM
Foi um lapsus linguae (ou mais concretamente, da mão)... Queria escrever "pais biológicos" e saiu-me um disparate... E como neste blog não há mecanismo de correcção após publicação, tive de passar por esta vergonha...
Publicado por: Albatroz às setembro 22, 2005 07:05 PM
v Forte às setembro 22, 2005 02:30 PM
"Uma coisa é poder escolher entre diversas crianças, outra é optar por aceitar entre o que nos dão ou não aceitar nada.
Não me parece que isto seja propriamente uma escolha."
Não me parece razoável querer ter uma opção de escolha absoluta de uma criança a adoptar. Afinal de contas também não escolhemos os nossos filhos biológicos. Não podemos escolher a cor dos seus olhos ou cabelo, se têm ou não doenças genéticas, se são inteligentes ou não, se são altos ou baixos, bonitos ou feios. O que nos não impede de os amarmos. E depois, como é que essa escolha se faria na prática? Os prospectivos adoptantes iriam de instituição em instituição, à procura da criança ideal? E o que aconteceria às crianças "não ideais"? Ficariam condenadas a ficar nas instituições? Acho muito mais razoável o que se faz, que é propor aos candidatos a adoptantes crianças disponíveis para adopção, à medida que elas vão aparecendo. Se quer, quer. Se não quer, não quer. Agora sempre vos digo que quem quer adoptar uma criança não tem grandes exigências, para além da saúde da criança. E há até pessoas que conscientemente optam por crianças deficientes, o que é um autêntico acto de heroísmo.
Quanto ao grande número de crianças institucionalizadas, como já referi, a principal razão é os pais biológicos aparecerem de vez em quando na vida dessas crianças, o que inibe a sua adopção. A lei portuguesa ainda dá uma grande importância à relação biológica, mesmo quando os pais biológicos são uns tratantes e se estão nas tintas para os filhos. Se os tribunais decidissem que essa relação espaçada e irregular não significava uma verdadeira relação paternal, haveria muito mais crianças disponíveis para adopção.
Publicado por: Albatroz às setembro 22, 2005 07:36 PM
Luís Lavoura às setembro 22, 2005 03:31 PM
Neste campo sou francamente conservador. Sou totalmente contra a adopção por parte de pares homossexuais. Uma criança tem direito a ter um pai e uma mãe, essenciais para o seu equilíbrio emocional e afectivo. Já é mau que muitas crianças cresçam hoje em lares monoparentais, pelo que não deveríamos agravar essa situação com situações com dois "pais" ou duas "mães". As crianças não devem ser vítimas de fantasias desse tipo. Se os homossexuais reclamam o seu direito à diferença, então que se conformem com as consequências dessa diferença.
Publicado por: Albatroz às setembro 22, 2005 07:43 PM
Xiko às setembro 22, 2005 04:38 PM
"Se a criança é legalmente adoptada por um casal é sinónimo de que ela lhes "pertence". Se ainda não é adoptada, será sinal de que os ditos pais adoptivos ainda não estão em "posse" de plenos direitos sobre essa criança. EM todo este processo ninguém fala em amor, ninguém fala no acto altruísta de levar a seu cargo a educação e o crescimento saudável duma criança, tenha ela ou não relações biológicas ou jurídicas com quem a tem a seu cuidado."
Peço desculpa, mas não me parece que saiba do que está a falar. As minhas filhas foram amadas da mesma forma, antes e depois do acto formal da adopção, e calculo que isso aconteça em 99% dos casos de adopção. O vínculo jurídico da adopção é semelhante ao vínculo jurídico de um casamento. Um casal que se ama e vive junto sem ser casado não passa a amar-se mais a partir do dia em que vierem a casar. A vantagem do vínculo jurídico da adopção tem a haver com a adopção do apelido da família e com o direito de herdar. Para a criança é também um sinal de compromisso muito mais forte por parte dos pais adoptivos, e reforça a sua confiança na estabilidade familiar. Coisas muito importantes, sobretudo quando os adoptados já têm idade para saber o que está a acontecer.
Publicado por: Albatroz às setembro 22, 2005 07:57 PM
esta coisa começa a tornar-se viciante,
onde se podem adaptar capicuas já feitas?
Publicado por: xatoo às setembro 22, 2005 08:06 PM
onde se podem adoptar capicuas já feitas?
Publicado por: xatoo às setembro 22, 2005 08:07 PM
pyrenaica
deixo-te esta para ti, ehehehe
(sou um altruista inveterado,,,)
Publicado por: xatoo às setembro 22, 2005 08:09 PM
xatoo, eu hoje estou com o piloto avariado, mas fico contente que andes a curtir capicuas. Cuidado com as indigestões.
Fica um xi para o corujinha também.
Publicado por: pyrenaica às setembro 22, 2005 08:12 PM
Não há maneira de um arbustinho crescer. Dizer isto com o Rita a chegar!
http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24754006&wcomm=true
Publicado por: pyrenaica às setembro 22, 2005 08:23 PM
Olha que bom, já não sou o único iconoclasta, e não podia pedir melhor companhia...do que me lembro da MN.
Ao menos com ela, às vezes, ficava música no ar.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=12&id_news=193531
Publicado por: pyrenaica às setembro 22, 2005 08:29 PM
Para além das capicuas, também há os números primos.
Publicado por: Coruja às setembro 22, 2005 08:58 PM
Nada como uma corujinha esperta
Publicado por: py às setembro 22, 2005 09:03 PM
E depois, o que eu gosto mais na Fátima Felgueiras é de ver aquele sorrisinho maroto, género escárnio e mal-dizer, a sublinhar a locorreia da senhora! Que belo, que sugestivo!
Publicado por: Senaqueribe às setembro 22, 2005 10:33 PM
logorreia, digo.
Publicado por: Senaqueribe às setembro 22, 2005 10:35 PM
Perdão, isto era para o post anterior.
Publicado por: Senaqueribe às setembro 22, 2005 10:50 PM
Aqui e acolá.
Temos que rever. Que mais não seja o neutrino nas minas da Panasqueira.
http://www.flashespace.com/html/sept05/22a_09.htm
Publicado por: asdrubal às setembro 22, 2005 11:01 PM
Publicado por: Albatroz às setembro 22, 2005 07:05 PM
Desculpa lá, não resisti...
Publicado por: Pedro Oliveira às setembro 22, 2005 11:02 PM
É verdade o que andam por aí a noticiar de que o tio Santana se reformou aos 49 anos com 3000?
Publicado por: zippiz às setembro 22, 2005 11:36 PM
zippiz : Vocè é injusto. Um homem acabado na flor da vida, claro que merece uma reforma.
Publicado por: Coruja às setembro 22, 2005 11:45 PM
E foi um erro o Coelhone não se ter reformado logo aos 30 anos
Publicado por: Coruja às setembro 22, 2005 11:46 PM
Talvez mesmo ser dado para a adopção
Publicado por: Coruja às setembro 22, 2005 11:47 PM
coruja: não fui suficientemente claro...o homem é impagável !
Publicado por: zippiz às setembro 22, 2005 11:52 PM
Ehehehe agente ri-se, e a «classe» engorda.
Faz-me lembrar a Ópera «Os Palhaços». Vamos bem.
Publicado por: asdrubal às setembro 22, 2005 11:58 PM
http://www.publico.clix.pt/
pelo andar da carruagem este velho jovem também se vai reformar cedo !!!
Publicado por: zippiz às setembro 23, 2005 12:13 AM
O PSL foi reformado por invalidez... mental
Publicado por: (M) às setembro 23, 2005 05:03 AM
A 100%, por inteiro
Publicado por: vitapis às setembro 23, 2005 08:58 AM
Portanto a reforma do PSL é por invalidez?
Publicado por: Tavares às setembro 23, 2005 09:30 AM
Ainda se queixam do nosso Estado Social
Publicado por: Coruja às setembro 23, 2005 09:33 AM
Anda um homem inválido, com perspectiva de desemprego político de longa duração
Publicado por: Coruja às setembro 23, 2005 09:34 AM
E andam a chorar meia dúzia de tustos
Publicado por: Coruja às setembro 23, 2005 09:35 AM
Não está bem
Publicado por: Coruja às setembro 23, 2005 09:36 AM
As trapalhadas com as adopções são das coisas mais nojentas da nossa burocracia
Publicado por: AJ Nunes às setembro 23, 2005 07:49 PM
E depois as chefias dão entrevistas na TV com o ar mais bem intencionado do mundo. Estão a fazer um óptimo trabalho. Só que não despacham as adopções.
Publicado por: AJ Nunes às setembro 23, 2005 07:52 PM
"Enquanto as crianças estavam à nossa guarda poderíamos ter feito os exames que quiséssemos, tanto do ponto de vista físico como psíquico, e poderíamos, em qualquer momento anterior à adopção, desistir de adoptar as crianças à nossa guarda." -- Albatroz
Não será isto prejudicial para as crianças e para os pais que desejam adoptar alguém? Concordo com a Joana, mais vale que se tenham as informações todas do que andar a saltitar entre candidatos.
Publicado por: Dos Santos às setembro 24, 2005 01:55 AM
Um filho é sempre um tiro no escuro. Mas se for nosso sabemos de quem sai, sabemos das nossas forças e fraquezas. Se o feto tiver problemas, podemos, no prazo actual da lei, abortar.
Numa criança adoptada não sabemos quem são os pais, quais as suas predisposições genéticas, nada.
Publicado por: Diana às setembro 24, 2005 09:41 AM
O Dos Santos tem razão. Uma criança não é um electrodoméstico que se leva à experiência. É um ser vivo. Ponham-se na pele de uma criança que seja sucessivamente recusada após "experiências" dessas.
Publicado por: Diana às setembro 24, 2005 09:43 AM
Há aqui um problema de comunicação. Quando disse que "poderíamos, em qualquer momento anterior à adopção, desistir de adoptar as crianças à nossa guarda", não estava a dizer que isso era uma opção do ponto de vista afectivo. Estava apenas a responder à Joana que se queixava da falta de escolha. Ou seja, embora como último dos últimos recursos, uma inadaptação dos potenciais adoptantes e adoptados - que é sempre possível - poderia ser resolvida pela desistência da adopção. Queria eu dizer à Joana que há sempre uma escolha, embora não o tipo de escolha que ela sugeria, ou seja, um catálogo de crianças - tipo La Redoute - onde estivessem todos os pormenores físicos e psicológicos, o grau de inteligência, uma cópia do ADN dos pais biológicos, ou qualquer outra coisa do género. Adoptar uma criança não é ir ao supermercado, é correr um risco por amor a essa criança. Quem não quiser correr esse risco não deve sequer pensar em adoptar. Mas sempre refiro uma enorme vantagem da adopção sobre ter filhos biológicos: é que a criança adoptada nunca pode sair ao pai ou à mãe (adoptivos)... O que evita afirmações do género: "Do que é que tu estavas à espera? Ela sai toda ao teu lado!..."
"Numa criança adoptada não sabemos quem são os pais, quais as suas predisposições genéticas, nada"
Só posso aconselhá-la, Diana, a nunca pensar em adoptar uma criança. Mas garanto-lhe que se pensa que conhece as predisposições genéticas dos seus filhos biológicos, está muito enganada. Eles podem sair ao tetravô paterno que era um tratante, ou à quinta avó materna que era esquisofrénica... (isto figurativamente, pois não faço a mínima ideia de como eles eram...)
Publicado por: Albatroz às setembro 24, 2005 10:14 AM
Corre-se sempre um risco, mesmo no catálogo da La Redoute, mas uma coisa é correr um risco calculado numa criança, nossa, ou da qual conhecemos alguma informação, outra é não conhecer rigorosamente nada.
Publicado por: Diana às setembro 24, 2005 10:20 AM
Por algum motivo há os depósitos de crianças e a procura baixa por adopções.
Estou convencida que a maioria dos que obtêm uma criança, fazem-no por processos ilegais.
São ilegais, mas há mais informação sobre a criança que na adopção
Publicado por: Diana às setembro 24, 2005 10:22 AM
Pois. Estou de acordo
Publicado por: Coruja às setembro 24, 2005 10:24 AM
Diana às setembro 24, 2005 10:20 AM
"Corre-se sempre um risco, mesmo no catálogo da La Redoute, mas uma coisa é correr um risco calculado numa criança, nossa, ou da qual conhecemos alguma informação, outra é não conhecer rigorosamente nada."
Obviamente a Diana não é uma potencial adoptante. O que me parece muito bem, pois quem não tem a vocação de pai (ou mãe) adoptivo, não se deve meter nisso.
Publicado por: Albatroz às setembro 24, 2005 12:19 PM
Quanto mais complicações se põem, menos "potenciais adoptantes" há.
Os resultados estão à vista.
É isto que pretende?
Publicado por: Diana às setembro 24, 2005 01:12 PM
Há duas ordens de "complicações":
A primeira é que nem toda a gente tem o perfil adequado a adoptar crianças, e a Segurança Social tem de ter algum cuidado com isso. Ou ainda se corria o risco de pedófilos adoptarem crianças.
A segunda, já por mim aqui referida duas vezes, é a da legislação que continua a privilegiar a preservação dos vínculos com os pais biológicos, mesmo quando esse vínculo é apenas aparente. Mas basta que haja um contacto, por muito fugaz que seja, das crianças com a família biológica, de seis em seis meses, para impedir que essas crianças sejam aprovadas para adopção. A grande quantidade de crianças institucionalizadas deve-se a isso, e não à falta de potenciais adoptantes. Enquanto a legislação não mudar, o problema manter-se-á.
Quanto ao problema da "escolha", tão sobrevalorizado aqui, não existe no sentido que se lhe dá. O que tem de haver entre um potencial adoptante e uma criança é empatia. Ou faz "clik" ou não faz. Se faz, qualquer criança terá quem a queira, mesmo se não for muito bonita, se tiver uma outra cor de pele, etc. Mas quem não tem experiência pessoal destas questões prefere teorizar...
Publicado por: Albatroz às setembro 24, 2005 01:51 PM
Desculpem a interrupção, mas tenho algo a dizer: quando uma coisa dá um péssimo resultado na prática, quem a defende é quem "pretende apenas teorizar".
Se os resultados práticos são desastrosos é porque está mal.
Ponto final.
O resto é lançar nuvens de fumo.
Publicado por: AJ Nunes às setembro 24, 2005 02:09 PM
AJ Nunes às setembro 24, 2005 02:09 PM
Agradecia que especificasse a afirmação "Se os resultados práticos são desastrosos é porque está mal", dizendo quais são os resultados práticos desastrosos e indicando quais as causas desse desastre. Talvez assim possamos começar a falar da mesma coisa e não de coisas diferentes.
Publicado por: Albatroz às setembro 24, 2005 02:48 PM
Haver mais de 15 mil crianças em espera para adopção não é um mau resultado?
Haver uma procura tão baixa, de acordo com os números apresentados, não é um mau resultado?
O conjunto disto não é um resultado desastroso?
Não é isto que é o cerne da discussão neste post?
Publicado por: AJ Nunes às setembro 24, 2005 05:36 PM
Não tenho qualquer referência a 15000 crianças à espera de adopção. Qual é a fonte dessa informação?
Publicado por: Albatroz às setembro 24, 2005 08:41 PM
Veio nos jornais e está escrito no post.
Não me diga que ainda não tinha reparado?
Publicado por: AJ Nunes às setembro 24, 2005 10:02 PM
O post da Joana diz que "há 15.455 menores em instituições ou em famílias de acolhimento", não diz que eles estão à espera de adopção. Como já referi, três vezes, muitas das crianças institucionalizadas não podem ser adoptadas porque mantêm contacto com as famílias biológicas. Mas já agora gostava que me dissessem o que é que se está a criticar. A ineficiência dos serviços ou a inadequação das leis?
Publicado por: Albatroz às setembro 24, 2005 11:41 PM
desculpem lá
Publicado por: pyrenaica às setembro 25, 2005 06:35 AM
é só uma
Publicado por: pyrenaica às setembro 25, 2005 06:36 AM
Há trocas de comentários que parecem mudos a falarem a surdos.
Publicado por: hanibal às setembro 25, 2005 11:52 AM
Albatroz, eu também não estou a defender que se etiquete a criança. Apenas que os candidatos a pais devem ter conhecimento do essencial. Se se desiludirem, são os pais que sofrem e acima de tudo, as crianças, que se sentem rejeitadas. Há, efectivamente, uma escolha, mas é posterior ao contacto directo com a criança já que os dados não são divulgados.
Outra questão pertinente, porque tem a Segurança Social o monopólio deste assunto? Outras instituiçoes devidamente certificadas não poderiam efectuar o mesmo serviço? Há tanta criança à espera.
Publicado por: Dos Santos às setembro 26, 2005 05:08 AM
Dos Santos às setembro 26, 2005 05:08 AM
Em Lisboa, tanto quanto eu saiba, a Santa Casa da Misericórdia está autorizada a gerir processos de adopção.
Quanto à divulgação de dados, nenhuns seriam suficientes para evitar a possibilidade de um desajustamento. Não há perfis psicológicos suficientemente válidos para garantir seja o que for, e depois há que contar com o facto de que uma criança que é adoptada quando já tem mais de dois ou três anos vem com certeza com algumas cicatrizes que só com o correr do tempo se detectam. Quem adopta nessas circunstâncias já sabe que vai ter de contar com essa possibilidade. Ou seja, quem quiser ter a informação toda relevante está a elaborar numa ilusão. Por isso mais vale contar com a empatia e com doses muito grandes de afecto, e não com informação, para ultrapassar essas dificuldades. Quanto ao risco de um adptante ficar desiludido, não me parece que isso seja um problema diferente de aquele que se tem com os filhos biológicos. Eu tenho dois filhos biológicos e duas filhas adoptivas, e a possibilidade de desilusão é exactamente a mesma. E as nossas reacções como pais são igualmente as mesmas.
Publicado por: Albatroz às setembro 26, 2005 01:39 PM
A adopção em Portugal é uma coisa vergonhosa. Com as crianças que há em "depósito" (mais de 15 mil) e as adopções anuais (pouco mais de 300), só daqui a 40 anos é que as actuais para adopção vão ser todas adoptadas.
Publicado por: Benamor às outubro 2, 2005 12:28 PM
Isto se não forem dadas outras para adopção entretanto ...
Publicado por: Benamor às outubro 2, 2005 12:29 PM
Vai um tirinho, freguês?
Publicado por: Nereu às outubro 2, 2005 07:35 PM
Vou adoptar esta, py!
Publicado por: Coruja às outubro 4, 2005 02:13 PM
Vou adoptar esta, py!
Publicado por: Coruja às outubro 4, 2005 02:13 PM
Vou adoptar esta, py!
Publicado por: Coruja às outubro 4, 2005 02:13 PM
Vou adoptar esta, py!
Publicado por: Coruja às outubro 4, 2005 02:14 PM
Vou adoptar esta, py!
Publicado por: Coruja às outubro 4, 2005 02:14 PM
Para o Xiko: a coisa mais importante numa adopção é, em 1º lugar, a própria adopção. Os adoptantes tb são gente. Situações juridicamente dúbias prestam-se a tudo: prestam-se a chantagem, extorsão... prestam-se ao que sucedeu a uma criança do porto, retirada pelo pai (toxicoindependente) e a avó da casa da madrinha que há anos a criava, para aparecer 3 meses depois a boiar no rio douro - aparentemente por causa de um subsídio. Quantas pessoas sobreviveriam ao assassínio ou rapto de um filho muito amado? Pode-se dizer: houve ganho para a criança, pq naqueles 3 anos que esteve com a madrinha foi feliz. E isso é verdade. Mas os adoptantes tb são gente.
Publicado por: aaa às outubro 5, 2005 08:13 AM