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setembro 01, 2005

Contra o Pessimismo

É um facto. Soares é o candidato contra o pessimismo que reinava no PS sobre as consequências das presidenciais. A decisão inédita de Sampaio de dissolver uma AR, onde uma maioria estável apoiava um governo, por razões de discordância política, abriu a porta à possibilidade, já existente mas até então nunca utilizada, de um qualquer PR dissolver uma AR de cor contrária e demitir o executivo que governava com o seu apoio. O PS andou a vender ilusões na campanha eleitoral mas, quando governo, confrontou-se com a dura realidade da situação económica e financeira. Teve que “meter as promessas na gaveta” e fazer tudo ao contrário do que prometera. Essa situação tornou-o vulnerável a um “Sampaio” de cor contrária.

Soares representa o regime ancilosado da 3ª República. Representa todo o lastro que se acumulou nas instituições e mentalidades e que terá que ser jogado fora se o país quiser singrar na via do progresso. Soares afirmou que está a ver “instalar-se um pessimismo quanto ao futuro da pátria”, todavia esse pessimismo resulta justamente dos portugueses verem o impasse em que o país se encontra. Ora esse impasse, embora tenha uma culpa generalizável a toda a classe política, é protagonizado pela esquerda que empurrou Soares para esta candidatura. Soares é o candidato do impasse institucional, do projecto de empobrecimento colectivo em que vivemos e que tem sido referendado pelo eleitorado, por acreditar em mentirosos e por receio da mudança para uma sociedade e uma economia abertas às quais tem sido avesso há vários séculos.

Soares afirma que há “um indiferentismo por tudo o que ultrapassa os interesses mais imediatos de cada português”, mas essa afirmação é contraditória com o facto da candidatura dele se inserir na linha que tem levado Portugal a impasses sucessivos e que tem provocado esse indiferentismo. Soares porta-se como o dealer que se abeira de adolescentes pedrados e lhes diz carinhosamente: vocês estão mesmo em baixo … tomem lá mais estas doses para ver se arribam. Aliás é significativo que Carvalho da Silva, um dos protagonistas dos “interesses mais imediatos” dos portugueses, tenha enviado uma carta considerando a candidatura de Soares muito positiva.

O ponto alto do ilusionismo político foi quando Soares afirmou que “Todos sabem que não é a ambição que me move, nem muito menos a ambição do poder”, nomeadamente para uma assembleia que sabia exactamente o contrário, mas que se entusiasma ao rubro com frases como aquelas, apenas porque são “vendáveis”, … são fixes. Depois de 30 anos de mentiras, aquela assembleia de refractários à mudança já não consegue distinguir a mentira da verdade, pois apenas distingue o que é útil à manutenção do statu quo do que lhe é nocivo.

Como candidato da estagnação e da conservação dos interesses instalados, Soares não poderia deixar de avançar com a ladainha de que “Para lá do défice há outras realidades. O que conta, finalmente, são as pessoas e a sua determinação em lutar”. Foi o que Sampaio andou a dizer, até ser obrigado a dizer exactamente o contrário. Aliás Sampaio acabou por provocar a demissão de um governo por este, alegadamente, não estar a ser rigoroso com o défice e enveredar por um laxismo orçamental. Aquela frase é perversamente oca, pois pretende iludir as pessoas sobre o estado do país agitando-lhe emoções e apelando ao irracionalismo estéril e sem saída. A alguém endividado, e à beira da insolvência, não se deve dizer que para além da dívida há outras realidades, pois o que importa é ele ser uma pessoa e estar determinado em lutar, principalmente se até agora essa pessoa apenas tem estado determinada em lutar para continuar a viver acima das suas possibilidades, aumentando continuamente a dívida. As pessoas vencem as crises se forem confrontadas com a realidade e não embaladas nos cantos de sereias dos vendilhões políticos.

Finalmente, quanto à citação de Fernando Pessoa, acho que ela é apropriada à próxima eleição presidencial:
Mais do que isto
É Jesus Cristo
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca

Aqui os dois candidatos (admitindo que Cavaco seja candidato) estão igualados. Cada um é especialista na fraqueza do outro. Cavaco é especialista em saber de Finanças e Soares é especialista em ter uma biblioteca.

Publicado por Joana às setembro 1, 2005 06:25 PM

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Comentários

Mas há mais contradições na homilia de Soares.
Por exemplo, ele afirma-se defensor das minorias e, no entanto, nem por mera cortesia pronunciou uma única palavra em mirandês, que, como se sabe é uma lingua oficial da República, a par do português. Nem falou em minderico, importante dialecto da região dos Candeeiros. E desprezou o crioulo, dialecto mais falado nos muceques de Lisboa (Amadora, Loures, Sacavém, etc.) e nos transportes colectivos da capital e subúrbios.
Assim não vai lá...

Publicado por: Senaqueribe às setembro 1, 2005 07:06 PM

Minderico e o pinderico, dialecto falado pela maioria dos portugueses após terminarem o período de férias e comprarem os livros para os filhos

Publicado por: Coruja às setembro 1, 2005 07:41 PM

Soares é fixe e a malta que se lixe.

Publicado por: Coruja às setembro 1, 2005 07:44 PM

Coruja, duas rectificações, se não se importa:
1. Pindérico (e não pinderico) é o dialecto falado pela maioria dos políticos da nossa praça.
2. Soares é fish, não fixe (isto é com pregos...)

Publicado por: Senaqueribe às setembro 1, 2005 08:44 PM

O Soares é gajo para ganhar. Tem aquele ar bonacheirão.

Publicado por: ruizinho às setembro 1, 2005 08:47 PM

Vamos é ver se Soares sobrevive até às eleições...

Publicado por: Rui Martins às setembro 1, 2005 09:01 PM

Um bocadinho mais de rigor:
Sampaio dissolveu uma Assembleia onde uma maioria quase estável apoiava um Governo instável...

Publicado por: Vítor às setembro 1, 2005 09:12 PM

O mais engraçado, no meio disto tudo, é que Soares sempre foi o que alguns só agora dizem que ele é. A maior parte deles andou a enfunar as velas do soarismo, mas agora já nem o vazio ideológico da cabeça de Soares lhes serve. Adivinha-se porquê: já não paga dividendos.

Como não me apetece gastar mais cera com ruim defunto, fica aqui a sugestão para um exercício mental — tentar reconstituir o que a Joana escreveria sobre o governo socialista e os funcionários públicos, se tivessem mostrado uma décima parte da ineficácia que está a ser evidenciada pelo todo poderoso paraíso neoliberal no caso do Katrina.
Incapacidade para prever as consequências do furacão; incapacidade para evacuar a população pobre antes do furacão; incapacidade para socorrer depois do furacão.
Há pessoas que morrem à espera da ajuda que não chega.
Nos EUA, em 2005, e não no Bangla Desh, em 1970.
São as virtudes sociais do puro estado neoliberal.

Publicado por: (M) às setembro 1, 2005 09:13 PM

(M) às setembro 1, 2005 09:13 PM

V. está enganado.
Na desgraça, os EUA não são neo-liberais.
Só o são na bonança.
Isto é a tradução, em miúdos, de algumas "opinadelas" que se lêm por aqui.

Publicado por: Vítor às setembro 1, 2005 09:21 PM

Já repararam como está na moda falar em 3.ª República?

Publicado por: Vítor às setembro 1, 2005 09:22 PM

ruizinho às setembro 1, 2005 08:47 PM
É verdade, sim senhor. Tem um ar bonacheirão.
Parece o Don Corleone.

Publicado por: Senaqueribe às setembro 1, 2005 09:31 PM

A 3ª República é muito reinadia.
Por isso é que está na moda.

Publicado por: Senaqueribe às setembro 1, 2005 09:37 PM

Vítor às setembro 1, 2005 09:12 PM:
Maioria estável é um facto; Governo instável é uma opinião.
Note que não estou a dizer se acho ou não o governo de PSL instável, assim como também não estou a dizer que as numerosas trapalhadas deste governo são ou não prova de instabilidade.
Estou só a dizer que não se deve confundir matéria de facto com matéria de opinião.

Publicado por: Rui Sá às setembro 1, 2005 09:47 PM

Senaqueribe, Soares não parece o Don Corleone, ele É o Don Corleone a tentar recuperar o poder. Atente-se no titulo do blog da equipa que o defende com Vital moreira à cabeça

Publicado por: Joao P às setembro 1, 2005 09:49 PM

Os "neoliberais" americanos não coseguiram evacuar os edifícios, mas mais de 1 milhão de pessoas foi evacuado. Tudo em 2 dias. Uma parte muito significativa de Nova Orleães está abaixo do nível do mar.
Ficaram os mais pobres, talvez, mas também ficaram aqueles que pretendiam depois dedicar-se ao saque e que andam aos tiros aos helicópteros que andam em operações de resgate.
Se tivesse sido cá, nem quero pensar o que teria acontecido.
Mandar bocas irresponsáveis é fácil.

Publicado por: Rui Sá às setembro 1, 2005 10:03 PM

Se o Soares ganha, o país só terá estabilidade se ele bater a bota.
Ele é um intriguista e destabilizador, quer para amigos, quer para inimigos

Publicado por: AJ Nunes às setembro 1, 2005 10:08 PM

Ninguém, nem Sócrates, estará seguro com Soares a intrigar.

Publicado por: AJ Nunes às setembro 1, 2005 10:10 PM

Rui Sá às setembro 1, 2005 09:47 PM

Escrevi só para provocar a Joana.
Mas ela não me liga. Buáááá...
Mas não deixarei de dizer que não deixa de ser uma opinião (sua) V. considerar qualquer coisa um facto.

Um pouco à semelhança das "numerosas trapalhadas" deste Governo que V. refere, que eu digo (opinião) que não são um facto mas antes uma opinião sua.

Publicado por: Vítor às setembro 1, 2005 10:13 PM

Descontando o exagero relativista, é mais ou menos isto:
As nossas opiniões são sempre factos.
Os factos dos outros não passam de opiniões.

Publicado por: Vítor às setembro 1, 2005 10:14 PM

Rui Sá às setembro 1, 2005 10:03 PM

Se tivesse sido cá, o que teria acontecido já o M (setembro 1, 2005 09:13 PM) sugeriu.
Ou seja, dir-se-ia, neste blogue, que era tudo culpa do Governo.

Publicado por: Vítor às setembro 1, 2005 10:20 PM

Portanto, Soares não percebe nada de Finanças e Cavaco nada de arrumar livros. Percebi bem?

Publicado por: vitapis às setembro 1, 2005 11:06 PM

Portanto, Soares não percebe nada de Finanças e Cavaco nada de catalogar livros. Percebi bem?

Publicado por: vitapis às setembro 1, 2005 11:07 PM

Dir-se-ia, ou seria culpa do governo a incúria por não se fazer nada?
Do governo, nunca seria, seria apenas a chamada "responsabilidade política" por não pôr o Estado a funcionar "desta vez".

Publicado por: soromenho às setembro 1, 2005 11:13 PM

O problema com o funcionamento do nosso Estado é que, na realidade, todos os governos dos últimos 30 anos têm culpa.
E não falo para trás, porque, como houve uma revolução, parte-se de princípio que se desmantelou o Estado anterior.

Publicado por: soromenho às setembro 1, 2005 11:16 PM

soromenho às setembro 1, 2005 11:13 PM

O que eu acho extraordinário é V. dar toda a razão ao (M) (setembro 1, 2005 09:13 PM)
- antecipa que não se iria fazer nada;
- antecipa a culpa do Estado?!

É preciso dizer mais alguma coisa?

Publicado por: Vítor às setembro 1, 2005 11:43 PM

Vítor às setembro 1, 2005 10:13 PM: tenho a minha vida … bem basta ter que arrancar diariamente coisas do crânio para servir às feras!

Publicado por: Joana às setembro 1, 2005 11:51 PM

Vítor às setembro 1, 2005 10:14 PM
As nossas opiniões são sempre opiniões.
“Os factos dos outros” escreve-se “os fatos dos outros”. As pessoas não têm factos.

Publicado por: Joana às setembro 1, 2005 11:52 PM

Tendo em atenção a situação geográfica de Nova Orleães, o facto da maior parte da cidade estar situada num nível inferior ao do mar e de ter cerca de 2 milhões de habitantes, dá-me ideia que dificilmente se poderia fazer mais. Duvido que qualquer outro país conseguisse fazer melhor, com uma catástrofe de tanta violência e de proporções tão vastas, que atingiu desde Nova Orleães até à zona ocidental do estado de Nova Iorque, ou seja os EUA de sul a norte.
Se acontecesse por cá uma catástrofe daquelas proporções (nem era preciso, pois a área afectada tem uma superfície maior que a península Ibérica) não sei o que aconteceria. Seria uma desgraça incalculável.

Por exemplo, já me viram atacar o governo por causa do combate aos incêndios? O que ataco é o laxismo que está na base da devastação dos fogos. E faço-o neste blog desde 2003, com um governo completamente diferente.

Publicado por: Joana às setembro 1, 2005 11:53 PM

Rui Sá às setembro 1, 2005 10:03 PM

A propósito de «bocas irresponsáveis», é do mais elementar bom senso só se abrir a boca quando se sabe do que se fala.

Onde é que você descobriu que «mais de um milháo de pessoas foi evacuado»? A administração americana não evacuou ninguém. O que houve foi, unicamente, uma indicação para as pessoas darem à sola.
À boa maneira neoliberal, cada um que tratasse de si. Quem não tivesse automóvel, paciência!
Aliás, nem era preciso essa indicação. Quem vive naquela região e tendo a experiência que tem, já se tinha feito ao caminho mal se soube que New Orleans estava na rota de um furacão de categoria 5.

Quanto à população deixada para trás, basta ver os directos da CNN para se perceber o que está a acontecer. Hoje mesmo, um dos repórteres contou como morreu um «saqueador» com 8 meses de idade porque a mãe não teve leite para o alimentar.
Outro «saqueador» que morreu e que a CNN mostrou foi uma idosa numa cadeira de rodas. Morreu no edifício do centro de convenções, enquanto esperava pela ajuda médica e alimentar que nunca mais chega.

É curioso como aparecem sempre uns voluntários para lavar o cu à administração Bush, mesmo quando a realidade entra pelos olhos de um cego...

Não era má ideia que fossem ler a imprensa americana antes de virem para aqui com «bocas irresponsáveis»...

Publicado por: (M) às setembro 1, 2005 11:53 PM

Soares é, como sempre foi, um poço de contradições. Mas, como é fixe, o povo gosta pois o povo português sempre gostou mais de quem melhor os enganou.

A contradição maior de todas que eu vejo em Soares agora é a de saber se ainda voltaria a chamar dinossauro a Fidel Castro.

De resto, não se consegue arranjar um candidato independente, com menos de 40 anos - mulher, por ex. - e com uma cultura política adaptada aos nossos dias, melhor ainda, ao nosso futuro previsível ?

Ou continuamos a ter de ver o Padrinho III vs. O Professor Distraído ?

Publicado por: J P Castro às setembro 1, 2005 11:57 PM

Vítor às setembro 1, 2005 11:43 PM:
Prever que a actuação dos nossos meios seja ineficiente é, infelizmente, prever a hipótese mais provável.
Normalmente é o que acontece.
Houve, que eu saiba, duas excepções: a construção da Expo98 e a organização do Euro2004. Mas isso envolveu ou entidades autónomas criadas para o efeito, ou task forces específicas

Publicado por: Joana às setembro 1, 2005 11:58 PM


Ah, e antes de andarem a discutir se os EUA têm ou não uma administração responsável na evacuação de New Orleans, talvez gostassem de saber que há vários anos que painéis de cientistas diziam que aquela cidade estava à espera de ser destruída.

O problema é que nunca houve ninguém com coragem política para parar com as construções na cidade (que País me lembra esse ?...) pois a população local recusava-se a sair ou a acreditar nos "profetas da desgraça". Todas as administrações iam sendo cúmplices da irresponsabilidade.

Agora, quando Bush diz que quer reconstruir New Orleans revela a continuidade deste disparate: New Orleans NÃO deve ser reconstruída. É mais útil construir uma cidade nova fora do delta do Mississipi. E agora é uma ocasião única para dizer isto. Acho que a população compreenderá melhor...

O que "neoliberalismo" ou o "modelo social europeu" têm a ver com condições geográficas e climatéricas é que eu não sei. Quem souber que disparate mais um pouco...

No fundo, é como Portugal: todos dizem que o défice nos vai levar à bancarrota mas os portugueses não querem acreditar. Até o dia em que chegar o Katrina financeiro: o congelamento das contas bancárias e/ou a saída temporária de Portugal do Euro.

Publicado por: J P Castro às setembro 2, 2005 12:12 AM

(M) às setembro 1, 2005 11:53 PM:
Que Estado tem capacidade de evacuar, pelos seus próprios meios, em dois dias, uma cidade com a dimensão de Nova Orleães?
Claro que foi ordenada uma evacuação geral, mas as autoridades não têm possibilidade de controlar os que ficam, para os irem buscar. Todavia disponibilizaram locais de refúgio.
O que é que você queria? Que os americanos ficassem à espera que o Estado os viesse buscar?
Você é que não está a avaliar o que escreveu e que tipo de exigências faz.

Já agora ... não sabia que você via estações ao serviço do imperialismo ... logo a CNN ...

Publicado por: Joana às setembro 2, 2005 12:12 AM

New Orleans, no dia do Katrina:

SHEPARD SMITH: You’re live on FOX News Channel, what are you doing?

MAN IN NEW ORLEANS: Walking my dogs.

SMITH: Why are you still here? I'm just curious.

MAN: None of your fucking business.

Para além da capacidade de evacuar uma cidade como Nova Orleães (e áreas adjacentes) o que verdadeiramente define um país liberal são pérolas como esta. Dificeis de entender para alguns, suponho.

E acreditam mesmo que haveria um estado mais eficiente a lidar com uma situação similar que o norte-americano?

Publicado por: cordobes às setembro 2, 2005 12:53 AM

Joana às setembro 2, 2005 12:12 AM

Não sei se fui eu que me expliquei mal ou você que não percebeu bem...

O governo federal não tinha que ter capacidade para evacuar em dois dias uma cidade com a dimensão de New Orleans. O governo federal tinha a obrigação de fornecer transporte aos 50 mil habitantes que não tinham meios próprios para sair da cidade.
E tinha a obrigação de o fazer com a antecedência correspondente aos avisos públicos emitidos desde 23 de Agosto pelo National Hurricane Center
(http://www.nhc.noaa.gov/archive/2005/refresh/KATRINA+shtml/145512.shtml?)

«...as autoridades não têm possibilidade de controlar os que ficam, para os irem buscar...»

Esta sua afirmação tem ainda mais graça quando se sabe que as autoridades vão ter que «controlar» os que lá estão para, agora, os retirarem à força, porque as condições de habitabilidade são nulas. Vai ver como, agora, vão aparecer os meios.

Já agora... não sabia que a CNN estava ao serviço do imperialismo... Mas se calhar é você a falar só para não estar calada (ou para desviar as atenções do essencial, quiçá).

Publicado por: (M) às setembro 2, 2005 01:57 AM

40 a 50 mil habitantes de New Orleans corresponde a três divisões do exército americano.

Se a primeira potência militar mundial não tivesse capacidade para deslocar para, digamos, 500 quilómetros de distância três divisões em 48 horas, não seria a primeira potência militar mundial.

E note-se que estamos a falar apenas de pessoal. Nem sequer era necessário pensar em armamento, viaturas, etc.

Publicado por: (M) às setembro 2, 2005 02:03 AM

Joana às setembro 1, 2005 11:51 PM

Louvo o seu esforço.

PS1: Cuidado que as feras ainda apanham alguma doença má a comer as coisas que lhe vêm do crânio.

PS2: O PS1 é a resposta (à letra) da sua interpretação literal dos "factos dos outros"...

Publicado por: Vítor às setembro 2, 2005 10:07 AM

Joana às setembro 1, 2005 11:52 PM

Julgo que percebeu.
Na hipótese remota de não haver percebido, eu explico:
geralmente, atribuímos a tudo aquilo que dizemos a qualidade de factos. Pelo contrário, quando ouvimos afirmações com as quais não concordamos, tendemos a considerá-las como meras opiniões.

Publicado por: Vítor às setembro 2, 2005 10:27 AM

Déficit público em 6%. É um facto.
Espero que o Primeiro-Ministro congele os « 13º e 14º meses» na administração pública durante os próximos três anos, e comece já no próximo mês de Dezembro. É excusado chegarmos à beira da bancarrota como nos "bons velhos tempos" de Ernâni Lopes.

Publicado por: asdrubal às setembro 2, 2005 02:32 PM

Verifico que você, "geralmente", atribui às suas opiniões a categoria de factos.
Portanto quando você diz: "Dei uma martelada no meu pé" está apenas a emitir a sua opinião. Não é um facto. Você não deu qualquer martelada, nem tem martelo e sabe-se lá se terá pé.
Só tem a opinião que isso aconteceu.

Publicado por: Joana às setembro 2, 2005 02:35 PM

(M): Uma coisa é transportar 3 divisões, que se sabe onde estão, enquadradas, disciplinadas e organizadas, e outra coisa é ir à procura das tais 50.000 pessoas, de que você fala, que não se sabia quem eram, nem onde estavam.
Não estou a dizer que foi feito tudo que se podia. Geralmente não se consegue, mesmo quando se tenta. O que me parece é que você está a exigir coisas que nenhum Estado consegue fazer, naquelas circunstâncias.
Muita gente ficou, porque queria ficar, como o Fats Domino. Outros ficaram porque ou não puderam sair ou não acreditaram na gravidade do que estava para acontecer. Finalmente, alguns devem ter ficado para roubar lojas, casinos etc..

Publicado por: Joana às setembro 2, 2005 02:45 PM

Joana às setembro 2, 2005 02:35 PM
"Verifico que você, "geralmente", atribui às suas opiniões a categoria de factos."

Claro. Foi o que eu disse. Tenho esta mania de achar que tenho razão.
O que vale é que a Joana está aí para me demonstrar que não é assim. E a Joana nunca mistura opiniões com factos.
Por isso, às vezes, vejo-me obrigado a esgrimir meras opiniões contra os seus sólidos factos.

A verdade é que até a auto-crítica a Joana critica.
No seu afã do contraditório, a conversa foi para os pés (fétiche?).
Compara marteladas nos pés com a estabilidade governativa (se bem se lembra a conversa vem daí).
Vá-se lá saber porquê...

Publicado por: Vítor às setembro 2, 2005 02:59 PM

Joana às setembro 1, 2005 11:53 PM
sobre New Orleans "Duvido que qualquer outro país conseguisse fazer melhor"
já leu
o editorial do Público de hoje sexta-feira 2?
aprenda ao menos o mínimo com a gente da sua área politica

Publicado por: xatoo às setembro 2, 2005 03:05 PM

senão aprenda com os outros:
transcrição de um artigo de Miguel Vale de Almeida:

"Katrina ou a ecologia política.

Um furacão, como um tsunami ou um terramoto, é aquilo a que as seguradoras estado-unidenses chamam "um acto de Deus". Mas do mesmo modo que já não se pode falar em "natureza" humana sem ambiente e cultura, tão-pouco se pode falar em "Natureza" sem política. Os desastres naturais e os problemas ecológicos não existem per se - existem sempre em conjugação com a maneira como organizamos a vida colectiva, como prevemos ou não os desastres e como reagimos a eles. A catástrofe de New Orleans está aí para o demonstrar. Poderíamos falar do problema que é deixar crescer uma metrópole abaixo do nível do mar numa zona de tempestades tropicais; poderíamos falar de como esse crescimento se deve à importância da exploração de petróleo na zona e à nossa dependência dum combustível que vai acabar; poderíamos falar de como o planeamento, competência do Estado, cede sistematicamente à especulação. Mas a catástrofe de NO mostra duas coisas mais. A primeira - e nisto as catástrofes são autênticas fotografias em revelação - é a desigualdade: revela a pobreza urbana que grassa nos EUA e, historicamente, no Sul, e as pessoas que ficaram na cidade e que agora estão no desespero total são esmagadoramente negras (e não só por terem enorme peso demográfico no Louisiana). A catástrofe revela a justaposição entre pobreza e "raça" nos EUA. A segunda é a impotência, a incompetência e o desprezo do Estado ultraliberal, capaz de mobilizar tropa, armamento e tecnologia para o Iraque e incapaz, lento e negligente na ajuda às vítimas. Justamente o Estado que diz - a la Bush - que deve ser fraco e pouco interveniente, a não ser na protecção da segurança e propriedade dos cidadãos. Nem disto foi capaz.

Katrina pode ter sido, no seu momento inicial e inevitável, um "acto de Deus". A partir do momento em que o primeiro telhado voa, o primeiro dique desaba, a primeira pessoa aflita não é recolhida, e o primeiro bandido rouba uma loja, passa a ser uma questão de ecologia política. Agora substitua-se furacão por terramoto; e EUA por Portugal. Que cenário podemos imaginar?

PS: Porque tenho a sensação que demorou muito tempo até que os media dessem relevo ao que está a passar-se em NO? Porque não havia imagens. E porque toda a gente estava convencida de que nos EUA tudo se resolveria numa questão de horas. Agora já se percebeu que nos próximos dias e semanas vai jogar-se ali uma guerra - humana e política - da mesma ordem que a do Iraque".

Publicado por: xatoo às setembro 2, 2005 03:09 PM


Isto vindo do Miguel Vale de Almeida, que suponho ser o do BE, já era de esperar.

Como sempre, há uma lição de esquerda a tirar de um desastre ou de um desequilíbrio ecológico. Nunca estas cabeças vão perceber que a ecologia é mais do que um meio "útil" para atacar o Império.

Nunca estas cabeças vão perceber que há coisas impossíveis de controlar, como o clima, a Natureza, a doença, até a ignorância e a estupidez. Vão, por isso, continuar a exigir que se gaste fortunas em protecção civil, na saúde e na educação. Enfim, no mito do Estado-Providência até à exaustão.

Para esse fim, metem tudo ao barulho, desde a ecologia dos ecossistemas húmidos, à integração social de uma comunidade. No fundo, o objectivo é sempre o mesmo: atingir o Império Americano, que é o menos maligno de todos os impérios da história - mas não para eles.

Isso torna-se claro no "desejo" expresso no fim. O de que a questão de New Orleans se torne um motivo de conflito político semelhante ao do Iraque.

Chatos,chatos, chatos... Ou devo dizer xatoo's ?

Previsíveis, também, na sua retórica.

Publicado por: J P Castro às setembro 2, 2005 03:49 PM

Só falta acusar o neoliberalismo de ter desencadeado o Katrina. Há gente muito disparatada, como disse alguém mais acima.

Publicado por: fbmatos às setembro 2, 2005 03:55 PM

Publicado por: xatoo às setembro 2, 2005 03:05 PM
"já leu o editorial do Público de hoje sexta-feira 2? aprenda ao menos o mínimo com a gente da sua área politica"
Vou deixar de vir a este blog. Não sabia que a Joana era do PS.

Publicado por: Sa Chico às setembro 2, 2005 04:00 PM

«Isso torna-se claro no "desejo" expresso no fim. O de que a questão de New Orleans se torne um motivo de conflito político semelhante ao do Iraque».

J P Castro às setembro 2, 2005 03:49 PM

Só um autismo político à portuguesa provinciana é que não deixa ver que «a questão de New Orleans» JÁ É um conflito político.
O problema deste pessoal é que nem sequer lê as notícias.

Publicado por: (M) às setembro 2, 2005 06:41 PM

Ainda não percebi o que tem a candidatura do Bochechas a ver com o Katrina

Publicado por: Lopes às setembro 2, 2005 07:03 PM

Joana às setembro 2, 2005 02:45 PM

«(M): Uma coisa é transportar 3 divisões, que se sabe onde estão, enquadradas, disciplinadas e organizadas, e outra coisa é ir à procura das tais 50.000 pessoas, de que você fala, que não se sabia quem eram, nem onde estavam.»

>>>>> Acabe lá com esses ares (pa)(ma)ternalistas que eu sei melhor do que você o que é deslocar três divisões. Quanto mais não fosse porque já participei em operações dessas. Não lhe disse que os civis são a mesma coisa que militares.
Ninguém tinha que ir à procura de ninguém. O que o governo federal devia ter feito era pôr à disposição dos que queriam sair de New Orleans e não podiam os autocarros suficientes para transportar esses cidadãos — tax payers, como eles estão a lembrar nas declarações aos canais de TV.


«Não estou a dizer que foi feito tudo que se podia. Geralmente não se consegue, mesmo quando se tenta. O que me parece é que você está a exigir coisas que nenhum Estado consegue fazer, naquelas circunstâncias»

>>>>> Você não está a dizer isso porque não pode. Não só não foi feito «tudo que se podia» como não foi feito rigorosamente nada. Nem sequer se tentou. Nem um carrinho de mão foi disponibilizado.
«Coisas que nenhum Estado consegue fazer naquelas circunstâncias»? — Esta forma evasiva de argumentar não se enquadra nas minhas análises. Que «coisas»? 100 autocarros? 200 autocarros? 1000 autocarros? Isso é alguma «coisa» impossível?
E que «circunstâncias»? Pela minha parte refiro-me ao período que antecedeu o furacão. Quando havia pontes e autoestradas e aeroportos e portos de mar.
A talhe de foice, para quem quiser saber como teria sido fácil, deixo aqui este exemplo: Anualmente, no Dia Mundial da Criança, a Câmara Municipal de Lisboa desloca dez mil crianças em menos de duas horas. Tivessem existido os autocarros e veríamos quantas pessoas os teriam utilizado.
Quanto às exigências, não são minhas — são dos sobreviventes de New Orleans, são da totalidade da imprensa americana, são dos EUA inteiros. Eu limito-me a constatar a inoperância ululante de uma administração à deriva.


«Muita gente ficou, porque queria ficar, como o Fats Domino. Outros ficaram porque ou não puderam sair ou não acreditaram na gravidade do que estava para acontecer. Finalmente, alguns devem ter ficado para roubar lojas, casinos etc..»

>>>>> Esta argumentação é deprimente. Pegar no Fats Domino, nos optimistas e nos marginais e igualá-los quantitativamente às dezenas de milhares de doentes, velhos, mulheres e crianças que não sairam PORQUE NÃO TINHAM MEIOS PARA O FAZER revela uma aflitiva pobreza de argumentos.
Resta-me, em desespero de causa, recomendar-lhe a leitura das últimas declarações do seu guia espiritual G.W.Bush. Até ele está a reconhecer as imbecilidades que têm sido cometidas. E isso não é dizer pouco...

Publicado por: (M) às setembro 2, 2005 07:13 PM

Esta foi só a maior catástrofe natural na História dos USA.
Mas o facto de, quatro dias depois, não haver ainda uma amostra consistente de ajuda humanitária ... deixa-me de facto perplexo.

Publicado por: asdrubal às setembro 2, 2005 08:31 PM

Se fosse dada ordem de evacuação a Lisboa, duvido que, em 2 dias, conseguissem sair mais de 30%. As pessoas arrumam primeiro as coisas e fazem as malas.
Depois são as filas nas saídas.

Publicado por: Bsotto às setembro 2, 2005 09:05 PM

Não percebo a histeria daqueles que querem assacar as culpas da catástrofe à administração Bush. Esquecem que os USA são descentralizados. Por isso acho estranho o Mayor de NO mandar bocas. O que é que ele fez?. Até a polícia desertou.
O chefe da polícia de NO declarou à TV que muitos estavam com medo de serem mortos pelos gangs e por isso foram-se embora

Publicado por: Bsotto às setembro 2, 2005 09:15 PM

Ó Bsotonto... não digas mais asneiras

Publicado por: zzzzzzzzzzzz às setembro 2, 2005 09:22 PM

Estou a ver a Protecção Civil com autocarros, a tentar evacuar o pessoal que vive na Cova da Moura. E em Chelas. eheheheh.
Estes canhotos não sabem do que falam. Ainda por cima são ordinários.

Publicado por: (P) às setembro 2, 2005 09:38 PM

Este post começou por ser sobre o Soares, e agora é sobre o Bush.
A joana devia pôr um aviso à entrada do post, dizendo que aqui se discute Bush.

Publicado por: Rafael às setembro 2, 2005 09:44 PM

É facil criticar o que é criticável. As candidaturas de Mário Soares e de Cavaco - a concretizar-se - são altamente criticáveis. Mais dificil é avançar com uma alternativa. Manuel Alegre fez uma crítica demolidora à actual situação política do país, mas não tem a coragem de avançar. Nós todos concordaremos com o diagnóstico de Manuel Alegre, mas ninguém está disposto a proporcionar uma alternativa aos portugueses. Nessas condições devíamos mas é estar calados...

Publicado por: Albatroz às setembro 2, 2005 10:34 PM

Albatroz: Já agora para não estar também calado, sempre direi que se concordo em boa parte com o diagnóstico do Alegre, certamente nunca concordaria com soluções que ele viesse apresentar.
A menos que ele tenha feito uma viragem de 180º

Publicado por: David às setembro 2, 2005 11:00 PM

Peço desculpa pelo meu post anterior. Nem sei o que me passou pela carola para escrever aquela enormidade.
Eu é que não sei do que falo. Ainda por cima sou imbecil.

Publicado por: (P) às setembro 2, 2005 11:06 PM

(M): Você além de malcriado é vigarista.

Publicado por: (P) às setembro 3, 2005 12:28 AM

E o mayor de NO, que na 2ª ordenou a evacuação geral da cidade e na 5ª voltou a aparecer a queixar-se do Bush.
Não fez nada entretanto. Só manda bocas.
Nem tentou evitar que a polícia se desmobilizasse.

Publicado por: (P) às setembro 3, 2005 12:33 AM

muito bem,,,(M) às setembro 2, 2005 06:41 PM
é um facto! "o problema desta gente é nem sequer ler as noticias"

outra vez a Joana às setembro 1, 2005 11:53 PM
cada cavadela, sua minhoca:
New Orleans não "tem 2milhões de habitantes", mas apenas meio milhão


Publicado por: xatoo às setembro 3, 2005 01:11 AM

Albatroz em Setembro 2, 2005 10:34 PM,

O que eu «ouvi» no discurso de Manuel Alegre, foi a clara denúncia do excessivo papel que os partidos políticos ocupam no espaço da cidadania, os muitos inconfessáveis interesses que aí veículam, e a frontal discordância acerca da tri-candidatura de Mário Soares à Presidência. O homem bestunta paradoxlmente a seguir a trepidante proclamação do seu republicanismo. E é aqui que se me escapa um descomunal proboscídeo : mas o que é que afinal «vai eleito com» para o topo do Estado ?

Publicado por: asdrubal às setembro 3, 2005 03:06 AM

Fica aqui a prova real de que os meios existem e do mínimo que era possível ter sido feito antes do furacão — 40 000 pessoas transferidas em dois dias, usando apenas duas dúzias de helicópteros.

[Só uma observação para esse (P) que anda por aí: vigarista será você, o seu pai ou o seu avô, ou toda a sua linhagem. Anda a beber alguma coisa e certamente não é 7 UP]

KENNER, Louisiana (CNN) -- Military helicopters continued flying masses of New Orleans evacuees Friday to the field hospital and staging center established at the Louis Armstrong New Orleans International Airport.

The facility so far has processed 40,000 people, with priority given to the sick and injured, one official said.

CNN's Ed Lavandera said dozens of helicopters were landing and depositing people evacuated from various sites in New Orleans. Those sites included the convention center and the Superdome, where thousands of people have been stranded.

Publicado por: (M) às setembro 3, 2005 04:57 AM

Mas essa evacuação é possível, porque as pessoas estão em locais determinados. Não seria possível se se tivesse que ir à procura delas sabe-se lá onde.
E com o furacão a caminho, não sei como seria possível ir para lá com helicópteros

Publicado por: curioso às setembro 3, 2005 09:11 AM

O que é significativo em Nova Orleans depois do furacão é a violência, o saque organizado, os ataques a tiro aos helicópteros de socorro e às forças da ordem. Em Nova Orleans revelou-se a verdadeira natureza dos Estados Unidos: são um país violento, opressivo, sem o menor respeito pelo próximo. Ver o que se passa em Nova Orleans é perceber as acções americanas no Vietname e no Iraque. Um povo que se comporta desta maneira no seio da sua comunidade não pode respeitar os outros. Os "danos colaterais" passam a ser um pormenor insignificante para um povo que faz fogo sobre helicópteros de socorro após uma catástrofe no seu seio. O mundo vai ter de se unir para conter esse bando de malfeitores, essa horda de selvagens.

Publicado por: Albatroz às setembro 3, 2005 11:43 AM

Alguns factos: N O central tem 500 mil hab, mas com os subúrbios tem perto de 2 milhões.
A maior parte das pessoas que se vêem na TV são pretas, porque os pretos são 70% da população.
N O tem um dos índices de criminalidade mais elevados dos USA. É a principal porta de entrada de drogas nos USA

Publicado por: Rui Sá às setembro 3, 2005 11:49 AM

Albatroz: esses bandos de malfeitores são os gangs que já dominavam parte de NO. Não me parece que seja de ver os USA por essa amostra

Publicado por: Rui Sá às setembro 3, 2005 11:53 AM

Rui Sá,
Nos Estados Unidos - país onde vivi - a norma é: o que se não pode resolver, mata-se. Os gangs em NO são iguais aos gangs em qualquer grande cidade americana. O atirar a matar não é a excepção, é a regra. A intolerância, o desprezo pela vida e pelos direitos humanos são a norma. Seja no seio da própria comunidade, seja no estrangeiro, os americanos, na generalidade, são isso que estamos a ver.

Publicado por: Albatroz às setembro 3, 2005 12:19 PM

(M) às setembro 3, 2005 04:57 AM:
Chamei-lhe vigarista porque você utilizou o meu nick ((P) às setembro 2, 2005 11:06 PM) para me insultar.
Pelo tipo de linguagem ordinária, vê-se que é você. Pela falta de princípios, ao utilizar o nick do outro, vê-se também que é você.
Você deve sofrer de uma febre aguda anti-Bush que o leva a estas crises de histerismo.

Publicado por: (P) às setembro 3, 2005 12:37 PM

(P) às setembro 3, 2005 12:37 PM

Bem me parecia que você sofre de delirium tremens.
Parte do princípio que fui eu que utilizei o seu nick porque imaginou que fui eu. A sua imaginação está um bocado deformada, como se vê.
Aliás, é uma imaginação de baixo extracto, pois o melhor que conseguiu foi um nick decalcado no meu.
Como se isso não bastasse, tem-se na conta de muito importante, imaginando que eu me ia dar ao trabalho de reencarnar no seu nick e, ainda para mais, falar-lhe ao seu nível.
Sobre a ordinarice e os insultos, estamos conversados. Quem entra neste blogue habitualmente conhece o meu estilo e, de gingeira, o seu.
Quanto ao histerismo, é melhor não trazer para aqui a palavra, não vão os visitantes do blogue lembrar-se do adjectivo de que andam à procura para o qualificar.
Já que falo de desvios de comportamento, aproveito para o aconselhar a ir ao médico e tratar essa obsessão pró-Bush. Está a tornar-se perigosa. Você já começa a alucinar...

Publicado por: (M) às setembro 3, 2005 01:13 PM

curioso às setembro 3, 2005 09:11 AM

Se você fosse um bocadinho mais curioso, decobriria que as pessoas já estavam em NO. E que era mais fácil reuni-las ANTES do furacão porque elas podiam convergir para locais pré-determinados.
Agora é que os helicópteros andam de casa em casa à procura das pessoas. Porque as ruas estão inundadas. Algumas estão nos telhados, outras nos sótãos. A maior parte delas sem comida e sem água.
Depois, continuando a ser curioso, poderia ficar a saber que os furacões se deslocam, em geral, a baixa velocidade. Muito abaixo dos 100 km/h, o que até permite acompanhá-los de automóvel, como fazem os chamados «caçadores de furacões».
Este furacão demorou 5 dias a chegar a NO. Havia mais do que tempo para evacuar as mesmas pessoas que estão a ser agora deslocadas.
Não acredite quando lhe dizem que os helicópteros não podem voar com ventos fortes - É mentira. É claro que não podem voar no meio de um furacão e com ventos ciclónicos. Mas a Guarda Costeira americana está mais do que habituada a fazer salvamentos durante tempestades tropicais.

Publicado por: (M) às setembro 3, 2005 01:32 PM

Albatroz às setembro 3, 2005 11:43 AM (e seguinte)

Também conheço in loco a sociedade americana e estou inteiramente de acordo consigo quanto ao diagnóstico geral. Só quem nunca pôs os pés nos Estados Unidos ou foi lá apenas para ir à Disneylândia ou fazer compras em New York é que ignora quão violenta, no dia a dia, é aquela sociedade. A começar pelas polícias, como sabe.
Por isso, os tiros contra os helicópteros não surpreendem.
Só que, ao contrário do que alguns têm escrito neste blogue, tenho a ligeira impressão de que não podem ser incluídos no rol de gangs, passadores de droga, atiradores furtivos, violadores, etc, os milhares de velhos, doentes, mulheres e crianças que estão a morrer em NO por falta de ajuda.
É certo que há por aqui muita gente que acha natural que se deixe morrer de sede bébés e crianças com dois, quatro ou seis anos de idade só porque são pretos. Mas esse quadro de depravação mental sempre me repugnou.

Publicado por: (M) às setembro 3, 2005 01:48 PM

Para aqueles que acham que os EUA de Bush são o máximo, e que idolatram o neo-liberalismo, aconselho a que leiam o seguinte artigo:

http://www.zmag.org/sustainers/content/2005-09/03parenti.cfm

Publicado por: Albatroz às setembro 3, 2005 04:39 PM

Isto é o delírio mais completo.

Publicado por: Rave às setembro 3, 2005 09:24 PM

A obsessão anti-americana deixa esta malta cega

Publicado por: Cerejo às setembro 3, 2005 09:56 PM

De facto, às vezes a malta entusiasma-se.
Mas, que muita coisa correu mal, julgo que não restam dúvidas.
No entanto não me parece legítimo que, por qualquer razão obscura, se depreenda que a culpa é do neo-liberalismo.
Depois de feito o que é necessário (ajudar as vítimas e reconstruir o que foi devastado) julgo que os norte-americanos saberão retirar as ilações devidas.

Publicado por: Vítor às setembro 3, 2005 10:30 PM

Manuel Alegre neoliberal:
Há países que têm uma grande tradição de iniciativa cívica, de voluntariado. Se eu fosse americano, numa situação como a que nós estamos a viver, faria uma conferência de imprensa, diria que sou candidato e com certeza que imediatamente havia muitos voluntários por todo o país a apoiar a minha candidatura. Neste país não temos essa tradição dos clubes cívicos, dos clubes políticos. Se essa vaga de fundo surgir, algo de novo estará a acontecer no nosso país."
Manuel Alegre, Público (1/9/05)

Publicado por: soromenho às setembro 3, 2005 11:51 PM

Para quem gosta de culpar apenas o governo federal pelo desastre, sugiro que leiam o que a cidade de Nova Orleães haviaa planeado em caso de furacões:

http://www.cityofno.com/portal.aspx?portal=46&tabid=26

Publicado por: Gpinto às setembro 4, 2005 12:06 AM

Provavelmente é pelo facto de quer o Mayor quer a Governadora serem democratas que leva os comentadores acima a esquecerem-se das responsabilidades daqueles

Publicado por: Gpinto às setembro 4, 2005 12:08 AM

Gpinto às setembro 4, 2005 12:08 AM

Por acaso você conhece quais são as responsabilidades definidas na legislação americana para cada uma das instâncias que mencionou?

Sabe, por exemplo, que os mayors não têm qualquer autoridade sobre a Guarda Nacional?

Sabe que os governadores não têm qualquer autoridade sobre o exército e que foi GW Bush, lui même, a culpar o Pentágono pelo atraso no arranque do auxílio?

Poderá esclarecer-nos que tipo de acção é que pode empreender o mayor de uma cidade despovoada, destruída e completamente inundada, sem electricidade, sem água e sem telefones?

Isto, vamos lá, para deixarmos o «provavelmente» e passarmos ao «de facto»

Publicado por: (M) às setembro 4, 2005 12:37 AM

O furacão é um agente da vontade de Alá

Publicado por: lopes às setembro 4, 2005 12:43 AM

Eu bem que ouvi o Mayor dizer na CNN :
- «I'm kissed» ...

Publicado por: asdrubal às setembro 4, 2005 12:44 AM

Sabe, por exemplo, que os mayors não têm qualquer autoridade sobre a Guarda Nacional?
E depois? A Governadora não tem?
O Mayor e a Governadora eram os responsáveis pela defesa civil e pela evacuação.
Os planos urbanísticos de NO, tão criticados e que tornaram mais vulnerável a cidade são da responsabilidade das autoridades locais

Publicado por: Gpinto às setembro 4, 2005 12:49 AM

Gpinto às setembro 4, 2005 12:06 AM

Que ilacções é que julga poder tirar do site que menciona?

Por acaso sabe que se aplicam automaticamente os planos de evacuação do estado (de um qualquer dos estados federados), quando os furacões são da categoria 4 ou 5, sobrepondo-se aos planos locais?

Também não sabe, aposto — até porque essa informação não tem sido veiculada pelas cadeias de TV — que ainda há meios na Florida, designadamente em Miami, que foram para ali deslocados para auxiliar as populações afectadas pela primeira vaga do Katrina. Por exemplo, em Olympia Heights, no condado de Miami-Dade, há um acampamento que só depois de desmontado poderá seguir para a Louisiana.

O que se passa é que os serviços federais de coordenação, com o espectro Michael Brown à cabeça, não coordenaram rigorosamente nada. Do mesmo modo que tinham minimizado a quantidade de precipitação do furacão quando ele se abateu sobre Miami (então com a categoria 1), minimizaram a precipitação sobre New Orleans, apesar de se tratar já de um categoria 5. Esqueceram-se de contar, por exemplo, com a baixa velocidade de translação da tempestade, que funciona como factor multiplicador da precipitação. As inundações causadas pelo Katrina atingiram o dobro da altura das inundações causadas pelo Camille, há 15 anos. NINGUÉM TEVE O CUIDADO de informar a população dessa ameaça.

Publicado por: (M) às setembro 4, 2005 01:00 AM

Gpinto às setembro 4, 2005 12:49 AM

É impossível dialogar com alguém que ignora completamente a realidade sobre a qual quer falar e funciona na base do palpite.
Passe bem

Publicado por: (M) às setembro 4, 2005 01:02 AM

Para que o GPinto não diga que não lhe dei oportunidade de aprender mais uma coisa, aqui fica:
Cada governador só tem autoridade sobre a Guarda Nacional do próprio estado.
Quando é necessário coordenadar efectivos da Guarda pertencentes a vários estados (o que era o caso aqui), o comando passa automaticamente para o escalão superior, ou seja, o federal.
Foi por isso, em primeira análise, que George Bush responsabilizou o Pentágono, pelo atraso em assumir a coordenação das operações.

Publicado por: (M) às setembro 4, 2005 01:09 AM

Sobre @ Katrina não falo - fala por si. Os factos vão estar à vista de todos. Os falcões da imbecilidade do pesadelo americano já devem ter antecipado a agressão militar ao Irão, porque o Bush é muito pragmático: nada como uma incursão bélica para desviar as atenções e subir o nivel médio de serotoninas.

Mas enfim, também é verdade que tudo isto já estava devidamente antecipado lato sensu pelas super-produções holliwoodescas. Ou não?

Publicado por: pyrenaica às setembro 4, 2005 07:20 AM

Há muita raiva entre alguns comentaristas.

Publicado por: cosme às setembro 4, 2005 10:08 AM

"Hurricane Katrina's blow to New Orleans and the failure of the government to respond have shown the United States to be a failed state.

The George W. Bush administration focused all of its resources on war and the Department of Homeland Security, yet when a major American city was attacked, albeit by the forces of nature, the government failed to respond leaving at least hundreds, probably thousands, to die, others to suffer in illness and injury, and many more thirsty and hungry. No security in the homeland: a failed state.

The Federal Emergency Management Administration (FEMA), apparently without any management, delayed response until the emergency had overwhelmed the city. No emergency management: a failed state.

The National Guard and the military were called out to preserve order only when ordered had devolved into chaos. Chaos: a failed state.

Hurricane Katrina blew off the façade of American society. It pulled back the curtain to reveal the millions who live in poverty, mostly African American in New Orleans, but in other cities Latino, Native American, and white. The most apparent failure of the state has been in emergency response, but far greater has been the failure to create a stable existence, a decent society for millions.

What we see in New Orleans today we might have see as well if there had been a tsunami in Los Angeles or tornadoes in Chicago. Every American city harbors millions of people with high rates of unemployment, low incomes, poor housing, no health insurance, low levels of education. In the United States 25 percent of our children are raised in poverty. Nearly 50 million people have no health insurance.

When millions live like that: failed state.

President Bush has argued that our economy is a success. But it is not. We have had a failed economy. We have had now for the last few years, some would say for the last few decades, a "jobless recovery". We have an economy that produces profit, accumulates profit, pays dividends, enriches shareholders, invests abroad, and grows in wealth. Yet it has failed to provide jobs and wages for its citizens.

Wages and income for American families have stagnated while costs for everything, but especially for higher education have risen. We have an economy that cannot produce jobs that pay a living wage. We have wages that cannot pay for our standard of living.

Now we will have $3.19 per gallon gas. Then $5.00 a gallon gas. Then, who knows All of this was predictable, was predicted. Now we have had the storm that has brought it all on faster, what was coming on any way, what has now hit us.

Jobless recovery. If you cannot create an economy that allows people to live and thrive, you are a failed state."

Escrito por um americano...

Publicado por: Albatroz às setembro 4, 2005 11:16 AM

"Last September, a Category 5 hurricane battered the small island of Cuba with 160-mile-per-hour winds. More than 1.5 million Cubans were evacuated to higher ground ahead of the storm. Although the hurricane destroyed 20,000 houses, no one died.

What is Cuban President Fidel Castro's secret? According to Dr. Nelson Valdes, a sociology professor at the University of New Mexico, and specialist in Latin America, "the whole civil defense is embedded in the community to begin with. People know ahead of time where they are to go."

"Cuba's leaders go on TV and take charge," said Valdes. Contrast this with George W. Bush's reaction to Hurricane Katrina. The day after Katrina hit the Gulf Coast, Bush was playing golf. He waited three days to make a TV appearance and five days before visiting the disaster site. In a scathing editorial on Thursday, the New York Times said, "nothing about the president's demeanor yesterday - which seemed casual to the point of carelessness - suggested that he understood the depth of the current crisis."

"Merely sticking people in a stadium is unthinkable" in Cuba, Valdes said. "Shelters all have medical personnel, from the neighborhood. They have family doctors in Cuba, who evacuate together with the neighborhood, and already know, for example, who needs insulin."

They also evacuate animals and veterinarians, TV sets and refrigerators, "so that people aren't reluctant to leave because people might steal their stuff," Valdes observed.

After Hurricane Ivan, the United Nations International Secretariat for Disaster Reduction cited Cuba as a model for hurricane preparation. ISDR director Salvano Briceno said, "The Cuban way could easily be applied to other countries with similar economic conditions and even in countries with greater resources that do not manage to protect their population as well as Cuba does."

Our federal and local governments had more than ample warning that hurricanes, which are growing in intensity thanks to global warming, could destroy New Orleans. Yet, instead of heeding those warnings, Bush set about to prevent states from controlling global warming, weaken FEMA, and cut the Army Corps of Engineers' budget for levee construction in New Orleans by $71.2 million, a 44 percent reduction.

Bush sent nearly half our National Guard troops and high-water Humvees to fight in an unnecessary war in Iraq. Walter Maestri, emergency management chief for Jefferson Paris in New Orleans, noted a year ago, "It appears that the money has been moved in the president's budget to handle homeland security and the war in Iraq."

An Editor and Publisher article Wednesday said the Army Corps of Engineers "never tried to hide the fact that the spending pressures of the war in Iraq, as well as homeland security - coming at the same time as federal tax cuts - was the reason for the strain," which caused a slowdown of work on flood control and sinking levees.

"This storm was much greater than protection we were authorized to provide," said Alfred C. Naomi, a senior project manager in the New Orleans district of the corps.

Unlike in Cuba, where homeland security means keeping the country secure from deadly natural disasters as well as foreign invasions, Bush has failed to keep our people safe. "On a fundamental level," Paul Krugman wrote in yesterday's New York Times, "our current leaders just aren't serious about some of the essential functions of government. They like waging war, but they don't like providing security, rescuing those in need or spending on prevention measures. And they never, ever ask for shared sacrifice."

Mas claro que o liberalismo americano é melhor do que o "comunismo" cubano...

Publicado por: Albatroz às setembro 4, 2005 11:24 AM

"At the end of an unforgettable week, one broadcaster on Friday bitterly encapsulated the sense of burning shame and anger that many American citizens are feeling.

The only difference between the chaos of New Orleans and a Third World disaster operation, he said, was that a foreign dictator would have responded better."

Publicado por: Albatroz às setembro 4, 2005 11:29 AM

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=190664

Publicado por: pyrenaica às setembro 4, 2005 02:36 PM

E o protocolo de Kyoto meus lindos não terá nada a ver?

PS: continuo com umas lee vestidas (outras), e a sofrer pelo povo americano, também. Agora aquele arbustozinho estúpido se calhar precisa de ser comido bem fundo para ver as coisas...

Publicado por: pyrenaica às setembro 4, 2005 02:39 PM

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=190664


A propósito senhores governantes incluindo o sr. Durão Barroso, não estará na altura de pedir a devolução do ouro e o perdão da dívida externa ou coisa assim junto dos bancos judaico-americanos, garantido pelo FED? Os termos próprios da coisa deixo para o Albatroz, se ele achar por bem. É que amigos amigos negócios à parte, dizem muitos.

E depois ñós ajudamos na tentativa de reconciliação ecuménica, já que a questão se coloca assim, também.

Passando ao plano epistemológico, parece-me que o problema se coloca no discernimento sobre se as coincidências são casuais ou causais. Recordo que o acaso só entrou na esfera da linguagem científica, tanto quanto eu saiba, com Darwin, na obra que marcou o início da dominação da literatura científica anglófona.

Parece que temos de regressar ao latim. E ao grego. E já para já às outras que vierem também.

Publicado por: pyrenaica às setembro 4, 2005 02:56 PM

Confesso que a vida me fez aprender que aquilo que chamamos acaso é apenas o véu da nossa ignorância, para citar Rawls.

Publicado por: pyrenaica às setembro 4, 2005 02:58 PM

ui,ui

Publicado por: pyrenaica às setembro 4, 2005 03:23 PM

capicua?

Publicado por: pyrenaica às setembro 4, 2005 03:24 PM

à vista!

Publicado por: pyrenaica às setembro 4, 2005 03:25 PM


Caro (M),

Disse você:

"Só um autismo político à portuguesa provinciana é que não deixa ver que «a questão de New Orleans» JÁ É um conflito político.
O problema deste pessoal é que nem sequer lê as notícias. "

Eu leio e vejo notícias, mas como sei que tipo de pessoas são a maior parte dos jornalistas - o BE, por exemplo, só surge depois das aventuras de Miguel Portas pelo meio jornalístico... antes o PSR, a UDP e a PXXI não tinham capacidade para influenciar a sociedade portuguesa - e conheço alguns interesses dos donos de jornais, como "vender papel", tenho a consciência crítica para reconhecer a distorção nas notícias.

Olhe, dou-me por feliz por pensar por mim e não pelo que leio e vejo apenas !

É óbvio que há intenção de atacar a América sempre que algo está relacionado com a América. Ou não era Che que dizia: "criar um, dois, três vietnames" ?

Só que acho evidente a desproporção entre o conflito político nas responsabilidades de Bush e a extrapolação que se faz para atacar o tipo de sociedade que a América representa. O que tem uma coisa a ver com outra ? Só na lógica do Che e do antiamericanismo...

Além de que um Katrina em Portugal arrasaria metade do País e não vejo ninguém na UE (repito, na UE) com capacidade para nos ajudar melhor do na América... Mas a culpa disso deve ser do "W" Bush, é claro...

Por fim, se eu for um autista provinciano à portuguesa agradeço esses elogios.

Ser autista porque critico e isolo o "ruído" dos media, é bom. Ser provinciano porque efectivamente não se é um urbano dependente de um Estado centralizado, dá-me outra visão das coisas e isso é bom. À portuguesa porque nunca me deixei ir por sistemas ideológicos estrangeirados ou do tipo internacional, também é bom, embora os portugueses não saibam disso.

Os melhores cumprimentos, e sem parênteses !

Publicado por: J P Castro às setembro 4, 2005 03:53 PM

Capicua

Publicado por: Coruja às setembro 4, 2005 04:00 PM


Leio agora que os EUA já pediram ajuda à UE.

Vou adorar ver que meios a UE vai dispôr para a ajuda. Nem que seja para saber se um Katrina tinha uma resposta diferente aqui da que teve nos EUA.

Publicado por: J P Castro às setembro 4, 2005 04:01 PM

Já tava com saudades. Também vi lá no safari nocturno não sei se um mocho ou uma coruja porque era assim um tamanho intermédio, grandes olhos bem focadops...

Publicado por: pyrenaica às setembro 4, 2005 04:20 PM

"Nunca estas cabeças vão perceber que há coisas impossíveis de controlar, como o clima, a Natureza, a doença, até a ignorância e a estupidez." (J P Castro às setembro 2, 2005 03:49 PM).

Esta deve ser a maior anedota do séc. XXI.
Os fabricantes de climatizadores, os ecologistas, os médicos e farmacêuticos, os professores, os neurologistas e psicólogos, etc, etc., é que não sabem que as suas actividades são absolutamente improfícuas, pois conduzem a resultados impossíveis...
Só lhes resta rezar. Ou nem isso vale a pena...
J P Castro, conte-nos outra, sim? Para nos fazer rir.

Publicado por: Senaqueribe às setembro 4, 2005 05:09 PM

Caro J.P.Castro

Não tinha qualquer intenção de voltar a escrever sobre este assunto, mas a sua interpelação directa obriga-me, por uma questão de educação, a responder-lhe.

Com a minha referência ao «autismo político provinciano à portuguesa» não quis, de modo algum, ofendê-lo. Na verdade, nenhuma das palavras é ofensiva. Quanto ao conceito, veremos se me é possível explicá-lo.

O autismo é, como sabe, uma perturbação que dá origem a diferentes graus de alteração da linguagem e da comunicação, das capacidades sociais e da imaginação. Estes sintomas são, geralmente, acompanhados por comportamentos anormais, tais como actividades e interesses de carácter repetitivo e estereotipado e obsessões insólitas para com certos objectos ou acontecimentos.

O autismo político será, pois, uma cristalização do pensamento que perturba a linguagem e a comunicação, caracterizando-se por conceitos estereotipados e obsessões ideológicas.

O grau provinciano do autismo político diz respeito à incapacidade de ver para lá do que se passa a mais de dez quilómetros de distância, ou seja, é o chamado autismo político de vistas curtas.

Quanto ao qualificativo político «à portuguesa» refere-se à característica especificamente lusa de se falar do que não se percebe ou sobre o que não se tem informação.

Passando à demonstração, repare que eu escrevi, a propósito do Katrina, que há «pessoal que nem sequer lê as notícias» e você vem-me falar do Bloco de Esquerda e dos meios portugueses (eles próprios, aliás, cheios de autistas provincianos à portuguesa).

«Ler as notícias» significa adquirir informação, justamente para que se possa pensar «por si mesmo».
E adquirir informação, no caso do Katrina, significa, por exemplo, ver a CNN, a SKY News e a ABC, ler a imprensa americana, usar a Internet, aprofundar o conhecimento científico adquirido previamente sobre os fenómenos em causa. Em resumo: ir procurar a informação onde ela está e não num círculo com um raio de dez quilómetros.

O seu pensamento está tão cristalizado que até se manifesta na anormalidade de desenterrar o Che Guevara (além do mais citando-o a despropósito — que eu saiba, nunca o Che desenvolveu qualquer estratégia de guerrilha sobre furacões).

Por outro lado, a componente provinciana do seu autismo político transforma qualquer crítica à administração Bush num ataque «ao tipo de sociedade que a América representa» (o que pressupõe outra condição provinciana, a saber — que o tipo de sociedade dos EUA não pode ser criticado). Essa pergunta faço eu: o que tem uma coisa a ver com a outra? Mais: pode-se criticar simultaneamente a administração Bush e os valores da sociedade americana sem que uma coisa esteja, necessariamente, relacionada com a outra. Embora essa relação se estabeleça a muitos níveis. Só numa sociedade como a americana um reconhecido imbecil poderia ser eleito presidente.

É, ainda, sinal de provincianismo aparecer a defender a administração americana neste caso, quando nos EUA nem uma única voz se atreve a fazê-lo — nem sequer o próprio G.W.Bush. Perdão: há uma excepção — o inenarrável incompetente que está à frente do FEMA e que falhou em toda a linha.

Sobre a capacidade de previsão e de resposta aos efeitos de um furacão remeto-o para as declarações de especialistas americanos que o Albatroz transcreveu acima. Poderá, assim, adquirir alguns conhecimentos relevantes.

Finalmente, só uma ou duas observações em relação ao seu último parágrafo e que é um sintoma claro da característica «à portuguesa». Sem que alguma relação tivesse sido estabelecida entre ignorância factual, estados centralizados e ideologias, você alinhava um conjunto de palavras sem sentido («sistemas ideológicos estrangeirados»... «do tipo internacional»), numa tentativa para transformar uma divergência na análise da realidade resultante de graus diferentes de informação numa espécie de conflito ideológico. Isso é tanto mais ridículo quanto é certo que você não faz a mínima ideia das fronteiras da minha ideologia.

Já agora, deixe-me acrescentar o qualificativo «paroquial» ao seu sistema de pensamento. A sua observação em relação aos parênteses do meu nick não tem outra explicação.

Os melhores cumprimentos, com os parênteses que me der na real gana!

Publicado por: (M) às setembro 4, 2005 05:31 PM

Para não estar a sobrecarregar o blog da Joana, não transcrevo mas aconselho a leitura do seguinte texto:

http://www.zmag.org/content/showarticle.cfm?SectionID=72&ItemID=8655

Publicado por: Albatroz às setembro 4, 2005 06:35 PM

"The accurate Katrina headline is: Storm Hits, Capitalism Preserves Profits, Humanity Drowns."

Publicado por: pyrenaica às setembro 4, 2005 06:53 PM

Estou confuso. Perdi-me neste post e já não sei qual é o tema.

Publicado por: Rave às setembro 5, 2005 12:08 AM

Alguém me indica a saída?

Publicado por: Rave às setembro 5, 2005 12:09 AM

"Soares é o candidato do impasse institucional, do projecto de empobrecimento colectivo em que vivemos"

Substituir "o" por "um". Soares é apenas um dos candidatos desse impasse. Os outros três candidatos (incluindo Cavaco Silva) também são candidatos desse mesmo impasse.

É aliás sinal de impasse o facto de se ter que ir buscar políticos reformados e requentá-los (como se requenta um prato no micro-ondas, como nos restaurantes rascas nos servem cozinhados do dia anterior requentados) para os apresentar como candidatos presidenciais.

Não vou votar nem em Mário Soares, nem em Cavaco Silva, nem em Jerónimo de Sousa, nem em Francisco Louçã. Em nenhum desses quatro votarei. Nem na primeira nem na segunda volta.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 5, 2005 11:00 AM

A Joana tem, creio, 35 anos, ou talvez um pouco mais. Candidate-se. Pior figura do que os outros quatro não fará, de certeza.

Porque é que não se candidata? Porque, só para um princípio de campanha eleitoral, precisa de 30.000 contos. E não está para os gastar do seu bolso em troca de nada. É um argumento perfeitamente válido, mas que ninguém tem coragem de referir emvoz alta.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 5, 2005 11:03 AM

Já tem um blog. Só lje falta os 30 mil contos para a candidatura

Publicado por: David às setembro 5, 2005 11:50 AM

E mesmo que não falte, há o problema do Custo de Oportunidade. Será esta a melhor maneira de gastar o cacau?

Publicado por: David às setembro 5, 2005 11:51 AM

Só Mário Soares é que está reformado. Nenhum dos outros está.

Publicado por: Mauricio às setembro 5, 2005 12:34 PM

A candidatura contra o pessimismo só faz aumentar o pessimismo

Publicado por: lopes às setembro 5, 2005 02:32 PM

Mauricio às setembro 5, 2005 12:34 PM

Cavaco Silva é um reformado da política. Teve o seu tempo na profissão, depois abandonou-a. Agora é-nos servido requentado. Para mim, não serve.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 5, 2005 04:14 PM

Rui Sá às setembro 3, 2005 11:49 AM
"N.Orleans com os subúrbios tem 2 milhões de habitantes"
claro
Lisboa com os arrabaldes Porto e Faro também tem 10 milhões e picos.
Cada um maneja a realidade que lhe dá mais jeito,,,

asdrubal às setembro 4, 2005 12:44 AM
o Mayor disse "I`m kissed" ou "I`m pissed"

Publicado por: xatoo às setembro 5, 2005 07:32 PM

Lisboa tem 600 mil habitantes, mas com os subúrbios tem 2,5 milhões.

Publicado por: Sa Chico às setembro 5, 2005 09:26 PM

E não é preciso ir a mais de 30kms.
Subúrbios são subúrbios.

Publicado por: Sa Chico às setembro 5, 2005 09:27 PM

Há gente com o cérebro muito arrevezado

Publicado por: fbmatos às setembro 5, 2005 11:56 PM

Cavaco Silva é um reformado da política. Teve o seu tempo na profissão, depois abandonou-a. Agora é-nos servido requentado. Para mim, não serve.

Publicado por: Luís Lavoura às setembro 5, 2005 04:14 PM

Por essa ordem de ideias qualquer tipo que peça uma licença sem vencimento e tente voltar alguns anos depois "está requentado e não serve".
A gente ouve cada coisa

Publicado por: fbmatos às setembro 5, 2005 11:59 PM

Sa Chico às setembro 5, 2005 09:27 PM:
Cada um maneja a realidade que lhe dá mais jeito. Ou não tinha acreditado

Publicado por: Rave às setembro 6, 2005 12:25 AM

Custou-me a acreditar, mas é um facto

Publicado por: Sa Chico às setembro 6, 2005 09:44 PM


Caro (M):

É a última vez que me dirigo a si. Quem interpreta tão mal a história do parênteses não deve ser interpelado directamente, de facto.

Disse você:
" Essa pergunta faço eu: o que tem uma coisa a ver com a outra? Mais: pode-se criticar simultaneamente a administração Bush e os valores da sociedade americana sem que uma coisa esteja, necessariamente, relacionada com a outra. Embora essa relação se estabeleça a muitos níveis. Só numa sociedade como a americana um reconhecido imbecil poderia ser eleito presidente. "

Eu só acho que muitas das críticas (justas ou injustas) à administração Bush visam claramente atacar o tipo de regime. Não apenas as inépcias de Bush a lidar com um fenómeno fora do comum, ainda que previsível.

A sua citação acima mostra isso mesmo.


De facto, eu sou de um paroquial autismo político provinciano à portuguesa. Aliás, prefiro ser, especialmente se você não for nada disso.

De agora em diante, e em relação às suas ideias, vou limitar-me ao raio de 10km à volta de mim que você mencionou.

Publicado por: J P Castro às setembro 7, 2005 01:01 AM


Disse Senaqueribe:
"Os fabricantes de climatizadores, os ecologistas, os médicos e farmacêuticos, os professores, os neurologistas e psicólogos, etc, etc., é que não sabem que as suas actividades são absolutamente improfícuas, pois conduzem a resultados impossíveis..."

Tem razão. Expressei-me mal. A expressão correcta do que queria dizer não é "conseguir controlar", mas sim "conseguir dominar".

Entretanto, espero francamente que consiga arranjar anedotas melhores até ao fim do século...

Publicado por: J P Castro às setembro 7, 2005 02:10 AM

Estes assuntos levam a zangas insanáveis

Publicado por: hanibal às setembro 7, 2005 01:09 PM

O que provoca um enorme pessimismo. Não sei se o Marocas consegue ir contra esse pessimismo.
Estará a ir contra ele próprio

Publicado por: hanibal às setembro 7, 2005 01:11 PM

Acontece que ele é divertido. On vera.

Publicado por: pyrenaica às setembro 15, 2005 06:11 PM

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