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agosto 04, 2005

Sir Newton e M. Smith

Isaac Newton estava debaixo de uma macieira, quando uma maçã lhe caiu na cabeça. A partir desse facto vulgar e anódino, ele deduziu a mecânica clássica. Adam Smith observou que num mercado livre os indivíduos tomam as melhores decisões quando deixados a agir por conta própria, motivados pelos seus próprios interesses, e daí foi deduzida a economia clássica.

Que teria acontecido se Newton, em vez de estar à sombra de uma macieira, estivesse na praia, ao sol, a ver saltitar uma bola tipo Nívea? Haveria mecânica clássica? Newton tornar-se-ia Sir Isaac Newton? No entanto, apesar da fragilidade inicial dos acasos que deram lugar à observação de Newton, ninguém se atreve a negar que a Mecânica e a Física sejam ciências, embora ninguém veja ou consiga agarrar a força gravítica. Ela é invisível. É como uma mão invisível que obriga os corpos a percorrerem certas trajectórias que dependem das suas massas e velocidades iniciais e cujo equilíbrio depende também da relação entre aquelas variáveis.

O sistema de formação de preços numa economia de mercado livre conduz a uma afectação de recursos mais eficiente. É como se uma mão invisível conduzisse os interesses individuais de modo a maximizarem o bem estar geral.

Durante mais de um século a mão invisível gravítica teve alguns contratempos com as autoridades eclesiásticas e políticas. Afinal de contas ela contradizia os primeiros parágrafos do livro base dessa própria autoridade. A mão divina parecia um conceito muito mais sólido e natural que essa força misteriosa e invisível que ocorria desde que uma massa estivesse presente. Mas depois tornou-se numa verdade científica incontestável.

A mão invisível do mercado tem tido mais dificuldade. Têm sido feitas experiências com sistemas alternativos de formação de preços, teoricamente mais racionais, visto ser a própria inteligência humana a planificá-los nos organismos centrais de planeamento e todas se têm gorado. Mais perverso: foi o próprio sistema “inteligente” de preços o principal factor de liquidação dessas experiências. Mas apesar disso a mão invisível do mercado continua a ser ridicularizada (excepto por aqueles que viveram as experiências da manipulação do mercado pela “mão inteligente e visível”).

É certo que os economistas se enganam nas previsões e não estão de acordo sobre certas decisões. Por exemplo, num inquérito recente entre economistas americanos, apenas 83% achavam que um grande défice orçamental tinha efeitos adversos na economia. Ainda se continua a discutir sobre as causas da Grande Depressão. Reagan disse uma vez que se o Trivial Pursuit tivesse sido inventado por economistas, teria 100 perguntas e 3.000 respostas. Todavia os paleontologistas não conseguem atinar com as causas da desaparição dos dinossauros e com milhares de lacunas na evolução das espécies e, até agora, ninguém pôs em causa o estatuto científico das Ciências Naturais.

Por exemplo, alguns conhecidos economistas pronunciaram-se sobre a Ota, considerando que tudo indicava ser um investimento fantasista. Todavia há economistas no governo que estão, pelo menos em público, confortáveis com a ideia. E um deles, o próprio ministro da Economia, é o principal impulsionador.

Há todavia uma diferença enorme entre a Ciência Económica e as Ciências da Natureza: é a questão da experimentação. Há laboratórios de Física, Química, etc., onde se fazem experiências. Não há laboratórios na Economia. Ou melhor … não há laboratórios “intencionais” na Economia. Implementa-se uma política e descobre-se anos (ou décadas) volvidos que foi um desastre. É então rotulada de “má experiência”. O problema é que depois não há unanimidade sobre a razão dessa política ter conduzido ao desastre económico e financeiro. Normalmente os herdeiros ideológicos dos que implementaram essa política sugerem razões colaterais ou artificiosas.

Tomemos o caso da Ota. Parece um caso simples. O projecto vai durar várias legislaturas. O dinheiro vai ser gasto, pouco a pouco – estudos, mais estudos, projectos de execução, reformulação dos projectos de execução, lançamento de concursos, anulação dos concursos, começo da construção, paragem parcial das obras para reformular o projecto tendo em atenção as ideias inovadoras que iluminaram a mente de um novo executivo, continuação das obras, paragem das obras porque se descobriram erros de concepção, retoma das obras, arranque parcial das operações porque não é possível esperar mais, prolongamento indefinido de diversas obras perante o olhar intrigado da população que não percebe o que se está a passar, etc., etc.. Quando se avaliar a extensão do descalabro financeiro, apenas se poderá concluir que foi uma “má experiência”. Ninguém é responsável porque, no fundo foram todos responsáveis.

Temos conhecida "experiência" da “Modernização da Linha do Norte” que foi o maior desastre financeiro do último quarto de século. Era um projecto para ser implementado em 6 anos. Ao fim de 6 anos, o ministro Cravinho afirmou que ele estava atrasado 10 anos. Como se sabe, nunca foi concluído. Só existem remendos. Faz no ano que vem dez anos que Cravinho produziu aquela afirmação. Enganou-se … estava mais de 10 anos atrasado. Estará provavelmente atrasado uma eternidade. Alguém foi responsável? Foram pedidas responsabilidades a alguém? Obviamente que não. Todos os governos desde 1990 eram responsáveis. Não se iam inculpar mutuamente. A responsabilidade directa cabe às administrações da CP e aos quadros técnicos superiores que estiveram envolvidos mas, no nosso país, este pessoal é inimputável – quando há um falhanço, a comunicação social só se importa com as “responsabilidades políticas”.

No caso da Física é mais simples. Mesmo que acertem com uma carga nuclear num asteróide e se produza um cataclismo cósmico, ninguém questiona a Física. Questionam os políticos que decidiram, ou a equipa que fez os cálculos, ou as empresas que produziram os equipamentos. No caso dos desastres económicos e financeiros ou se questiona a Economia ou … não se questiona ninguém … foi o destino.

Publicado por Joana às agosto 4, 2005 10:33 PM

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Comentários

O que aconteceu com a Linha do Norte não pressagia nada de bom

Publicado por: Diana às agosto 4, 2005 11:32 PM

Provavelmente a razão do TGV Lisboa-Porto é para ver se enterram de vez com esse desastre, para a gente se esquecer dele.

Publicado por: Diana às agosto 4, 2005 11:34 PM

Ora aqui temos outra história muito engraçada.

O Nosso Primeiro está muito entretido debaixo de um imbondeiro nas Africas, a ver a televisão via satélite que lhe mostra um Portugal dos pequeninos a arder de norte a sul.

E o que é que ele faz?
Chama o cafre e ordena mais dois gins tónicos.

É a mecânica dos fluidos.

Publicado por: carlos alberto às agosto 4, 2005 11:43 PM

Sabe-se lá se ele não está a sofrer com o calor dos trópicos

Publicado por: sacrista às agosto 5, 2005 12:35 AM

Cá vamos de novo!

"O sistema de formação de preços numa economia de mercado livre conduz a uma afectação de recursos mais eficiente. É como se uma mão invisível conduzisse os interesses individuais de modo a maximizarem o bem estar geral."

SIM!!! e NÃO!!!

Sim, o sistema de formação de preços numa economia de mercado livre conduz a uma afectação de recursos mais eficiente [em termos produtivos!]

Não, o bem estar geral não é dessa forma maximizado!

Está aqui a grande confusão da Joana e do seu clube. A eficiência produtiva obtida num mercado livre NÃO implica uma maximização do bem estar geral. Até porque os neo-liberais não nos dizem o que é, e como se mede, o bem estar geral. O que os neo-liberais fazem é tentar convencer-nos que o bem estar de alguns deve ser visto como o bem estar de todos. Profunda aldrabice, cada vez mais perceptivel.

Publicado por: Albatroz às agosto 5, 2005 12:53 AM

Embondeiro, embondeiro.
Tenho vinte e seis araucárias plantadas na Quinta do outrora William Harding Read. Oxalá pelo menos me dêem sorte, já que despesa é um ver se te avias.

Publicado por: asdrubal às agosto 5, 2005 03:18 AM

Tenho a impressão de que as araucárias não mentem.
Porque é que os Chineses, um Povo arqui-milenar, resolveram combater o liberalismo gobal com o seu próprio liberalismo global ? Hum ? São burros ?

Publicado por: asdrubal às agosto 5, 2005 03:27 AM

asdrubal às agosto 5, 2005 03:27 AM

Quando uma economia cresce à taxa de 10% ao ano é provável que muita gente esteja a beneficiar de uma melhoria do seu nível de bem estar. Ao soltar a capacidade produtiva e o engenho dos chineses, o governo chinês está a beneficiar a grande maioria dos chineses. O problema surge quando a competitividade da economia começa a perder-se por uma aproximação da estrutura de custos com a dos concorrentes mais directos. É aí que se começa a gerar a exclusão social e se começa a ter de fazer opções que conduzem ao desvio de recursos da esfera produtiva para a esfera redistributiva. A não ser que se seja um liberal puro e duro, e então a miséria de alguns passa a ser contabilizada como um custo aceitável, ou até necessário. É o que pensa a Joana, que acha ser pouco provável ela vir a estar entre os excluidos...

Publicado por: Albatroz às agosto 5, 2005 09:34 AM

É muita gentileza da parte da Joana escrever um post inteiro ao qual só falta a dedicatória.

Pensava que só o jcd tivesse direito a favores destes...

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 5, 2005 09:54 AM

Bom dia. Joana se o Newton estivesse numa praia tropical à sombrinha dum coqueiro e a maçã fosse um coco, tinha logo passado à relatividade geral.

Não é verdade que os paleontólogos não atinem com a extinção dos dinossauros. Que eu saiba a duvida é só sobre terá sido um grande meteorito, porventura o que formou o golfo do México, ou um período de erupções vulcanicas maciças, de que a evidência maior seria o Decan Trap lá para os lados da Índia.

De qualquer forma estão de acordo que terá havido um manto de poeiras e de cinzas que afectou substancialmente o clima e a fotossíntese e daí veio a cadeia alimentar principal toda abaixo. Os gigantescos brontossauros herbívoros, os triceratops, e depois os velociraptors e os tyranossauros, etc, sofreram o efeito dominó.

Houve uns espertos que não ganharam para o susto, além de terem membranas aladas (pterodactylus e afins)tinha-lhes dado uma coisa fractal nas escamas que foram passando a penas, puseram-se a assobiar para o lado, e evoluíram para todos os pássarinhos e passarões que conhecemos. Todos os piu-piu que ouvimos por aí estão filogeneticamente mais próximos do crocodilo que de um mamífero.

Dá para ter esperança, não?

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 10:04 AM

Asdrúbal, são tudo Araucarias heterophylas? Dantes chamavam-se excelsa, foi um português, o Prof. Franco, grande botânico, que renomeou essa espécie. Há umas muitos giras lá das bandas do Chile, as araucarias bidwilli e araucana, pelo menos (não sei fazer itálicos aqui), havia outra que já me esqueci do nome.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 10:09 AM

Albatroz às agosto 5, 2005 12:53 AM
No que respeita à Economia do Bem Estar e dado tratar-se de uma matéria complexa que não me parece tenha cabimento aqui, embora eu já tenha abordado superficialmente alguns pontos aqui, num comentário a si (Caixa de Edgeworth, p.ex.) pedia-lhe que consultasse:
Microeconomics - Gravelle & Rees - pgs 424-534
Modern Microeconomics - Koutsoyiannis pgs 484-549
Mathematical Optimization and Economic Theory - M Intriligator pgs 220-282
Welfare Economics - Robin Broadway & Bruce (todo)

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 10:13 AM

Luís Lavoura às agosto 5, 2005 09:54 AM:
Você tem um ego muito forte. Ainda falam do meu.

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 10:16 AM

pyrenaica às agosto 5, 2005 10:04 AM:
Julgo que essa seja apenas uma das hipóteses, a mais badalada actualmente.

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 10:20 AM

Para instrução da Joana, deixo-lhe aqui um trecho da entrevista a Herman Daly aqui referida há uns dias pelo Albatroz:

"you go and you look at the basic textbooks and you get the standard isolated circular flow of firms to households, of exchange value going around and around. There's no environment. [...] we have to work into economic theory not only the circular flow of exchange value which is important but also this one-way throughput of matter and energy - the digestive tract as well as the circulatory system - because it's that that ties us to the environment. The sources of low-entropy matter-energy, and the sinks for absorption of high-entropy matter-energy. And that has to be built into the very foundation of Economics, Chapter 1. No tacked on at the end of a chapter on Depletion and Pollution as Externalities like 'Oh gee, we never expected this to happen but it did so now we have to say something about it.' It's built into the very functioning of the economic process that we have to deplete, we have to pollute, that we have to keep those two activities within some sort of ecological constraint and what those constraints are affects the optimal scale or size of the total economy relative to the environment. And that big question has been completely left out. There's no concept of an optimal scale of a total macro-economic system relative to the larger ecosystem. And that fundamentally we have to bring into economics [...]"

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 5, 2005 10:24 AM

Quando é que a satisfação das necessidades reais dos seres humanos deixa de ser importante? Entendendo-se aqui como necessidades reais, aquelas que a tão vilipendriada economia satisfaz.

Quando esta satisfação é apercebida como assegurada, é a resposta. A economia e aquilo que na realidade a faz funcionar é olimpicamente desprezada pela esquerda caviar e pelos seus compagnons de route porque estes vêm a satisfação das suas necessidades reais como um fait accompli. Esquecem-se, evidentemente, que não existem refeições gratuítas: se não são eles que as pagam, outros as pagarão.

Evidentemente, todos insistem que estamos no melhor dos mundos, e que ainda seria melhor se não se insistisse tanto na realidade. Afinal de contas, 'quem vem atrás que feche a porta', e 'enquanto o pau vai e vem, folgam as costas'.

Publicado por: Pedro Oliveira às agosto 5, 2005 10:24 AM

pyrenaica às agosto 5, 2005 10:09 AM

Tantas e "tan hermosas", que Pablo Neruda lhes dedica uma ode:

Oda a la araucaria araucana

"Alta sobre la tierra
te pusieron,
dura, hermosa araucaria
de los australes
montes,
torre de Chile, punta
del territorio verde,
pabellón del invierno,
nave
de la fragancia..."

Publicado por: Vítor às agosto 5, 2005 10:28 AM

Joana às agosto 5, 2005 10:16 AM

Deve ser por termos ambos egos demasiado fortes que andamos por aqui às turras.

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 5, 2005 10:30 AM

Há, no entanto, uma diferença substancial entre a economia e a mecânica.

Chegados ao século 20, os físicos perceberam que a mecânica de Newton já não era adequada aos fenómenos que tinham perante si. Corrigiram-na então, introduzindo primeiro a relatividade restrita (1905), e depois a mecânica quântica (1926). Hoje em dia não há curso universitário de física em que estas duas teorias não sejam ensinadas em detalhe. A investigação moderna em física inclui continuamente estas duas teorias e os seus efeitos; a mecânica newtoniana continua a ser investigada, mas é apenas um tópico relativamente pequeno da física moderna.

Em contraste, a economia parece permanecer agarrada às suas teorias de há dois séculos atrás. Parece ter dificuldade em aceitar que elas precisam de ser modernizadas e corrigidas. Tal como os mecânicos ptolemaicos construíam epiciclos em cima de epiciclos para explicar as órbitas dos planetas, mas sempre sem sair do paradigma das órbitas circulares, os economistas introduzem correções atrás de correções à teoria de Adam Smith, sem nunca serem capazes de assumir que possa haver nela algo de fundamentalmente incompleto.

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 5, 2005 10:52 AM

Joana:
Uma distinção importante entre a Economia e a Paleontologia, na formulação de teses explicativas da realidade, é a carga ideológica associada a essas teses.
Um cientista, latu sensu, deve procurar formular as suas teses, coibindo-se de as "salpicar" com as suas convicções políticas, religiosas, etc.
Na Paleontologia é raro encontrar um padrão ideológico por detrás das teses.
Já na Economia...

Publicado por: Vítor às agosto 5, 2005 10:52 AM

Uau! Alto nível. Lindo, Vítor, obrigado, lembrei-me do nome da outra: angustifolia. Fica muito esgalgada com uns "penachos" lá em cima ao vento, e tem folha estreita pelos vistos.

Pedro Oliveira, você era do Barnabé? Esquerda caviar é comigo, latu sensu, embora tenha enjoado caviar para aí há 20 anos de tanto comer, mas só do preto, que há um tal dourado que ainda não provei. Deixei para os 70 anos não vá o diabo tecê-las. Se você é esse eu estive de acordo consigo quando disse "que modernos que eles são...".

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 11:03 AM

Mas já que estamos a ir cada vez mais fundo, vamos então... Estamos a falar de necessidades ou de desejos? Vamos entrar na esfera psicanalítica...

Quanto ao estatuto epistemológico da Economia trata-se do problema da "objectividade fraca", quando o sujeito se confunde com o objecto.

Eu cá por mim já deixei escrito em 2000 que precisamos é de uma ecosofia.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 11:08 AM

Luís Lavoura às agosto 5, 2005 10:52 AM
Não há, no entanto, uma diferença substancial entre a economia e a mecânica.
A mecânica de Newton continua válida nos limites em que era aplicada. As fórmulas da relatividade restritas reduzem-se às da mecânica de Newton quando v muito menor que c. A uma velocidade 100 vezes inferior à da luz (3.000km/s) o erro é de 0,00005 se não estou em erro.
E os mesmos fenómenos têm ocorrido com a Economia e com os sucessivos contributos em face da ocorrência de novos fenómenos económicos.

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 11:10 AM

Vítor às agosto 5, 2005 10:52 AM:
Se há área onde as convicções mais têm envenenado as investigações e as teorias é exactamente a Paleontologia. Sucede é que, nos últimos tempos, as convicções religiosas têm cedido terreno.
Mas espere pela Al-Qaeda. Se esta triunfar, você terá que rever toda esssa droga dos dinossauros que nunca terão provavelmente existido.

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 11:13 AM

Joana às agosto 5, 2005 11:13 AM

Nem precisa da Al Qaeda. Se George W. Bush triunfar, a evolução também deixará de existir. Os dinossauros continuarão a existir apenas porque 1) a maior jazida deles está, logo por azar, no Montana, um dos EUA, e 2) são úteis para fazer filmes e entreter criancinhas e fazer os respetivos pais gastar dinheiro.

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 5, 2005 11:20 AM

A Al-qaeda só vai triunfar nos estritos limites da reflexão do Espelho. Joana está a esquecer-se que Xenakis disse que o 11 de Setembro foi a maior obra de arte humana jamais feita? Já sei que vai atirar-me com o argumento da crueldade absoluta do dito, e com o sofrimento dos inocentes..., o paradoxo de Deus.

Bom eu tenho um amigo meu que me garante que não há inocentes.

Cá para mim cheira-me que nós portugueses somos os que viremos a ser chamados a procurar a redenção da porcaria que vem para aí, provocada pelo seu querido império anglófono, SIM! Conluiado com os Judeus, esta parte é que ainda não percebi bem, mas parece que o dispositivo ideológico judaico que fundou o juro acasalou bem com o anglicanismo, será?

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 11:22 AM

Joana às agosto 5, 2005 11:13 AM

A Joana recorre a exemplos da ordem do risível.
Claro que, para alguns, os dinossauros nunca existiram.
E não é apenas a Al-Qaeda (da qual não estou à espera, bem pelo contrário). Nos EUA, alguns também tentam que o mito cristão da criação do mundo, seja ensinado nas escolas, negando as teorias evolucionistas e todo um quadro científico devidamente sustentado.

Eu falei de cientistas, não falei de religião nem de paranóia (estas têm que ser descontadas). E, nesse sentido, mantenho que é mais frequente "perceber o homem" por detrás do Economista que por detrás do Paleontólogo.

Claro que a História (que ainda não acabou, apesar do que se diz por aí) continuará, e o tempo se encarregará de colocar as nossas explicações da realidade, no arquivo morto das curiosidades, a par das discussões epistemológicas à volta da Economia.
Mas isso é outra discussão...

Publicado por: Vítor às agosto 5, 2005 11:37 AM

Vítor às agosto 5, 2005 11:37 AM:
Provavelmente a Joana, quando fala de Economia, também não fala de religião (política) "nem de paranóia (estas têm que ser descontadas)"

Publicado por: Hector às agosto 5, 2005 11:41 AM

Mas atenção: eu não gosto do fundamentalismo islâmico. Será que não ficou nenhuma semente da tradição liberal do califado de Córdova?

Quanto aos judeus também acho que eles têm direito ao seu lugar, o problema é aquele super-ego estruturado debaixo da concepção da tribo eleita. Qual é o anagrama de JAVE: JHVH?

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 11:52 AM

Hector às agosto 5, 2005 11:41 AM

Claro que não.
Nem tal eu disse ou sugeri.
O pomo (Newton outra vez) da discórdia é outro.
Para mim, até é pacífico que a Economia seja uma ciência.

Publicado por: Vítor às agosto 5, 2005 11:54 AM

Olha se fosse o Santana a estar num safari no Quénia enquanto o país arde?
O que não faltaria!

Publicado por: AJ Nunes às agosto 5, 2005 12:04 PM

Mas se vamos falar de terrorismo e de sofrimento dos inocentes, eu acuso: os EUA são, sem qualquer dúvida, os maiores terroristas da História desde a 2ª Guerra Mundial.

Quanto ao "Fim da História" do Fukuyama, acompanhado da "Era do Vazio" de L., o desenlace daquele livrinho excelente " A Condição Pós-Moderna" do Lyotard, isso foi verdade durante uma geração. Acabou no 11 de Setembro.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 12:13 PM

AJ Nunes em agosto 5, 2005 12:04 PM:
Santana nunca iria ao Quénia. Estaria nas Caraíbas, com um whiskey on the rocks e rodeado de biquinis. E isso seria grave, mesmo sem incêndios.

Publicado por: Coruja às agosto 5, 2005 12:20 PM

pyrenaica às agosto 5, 2005 12:13 PM

A propósito desses terroristas, convem notar que anteontem 14 soldados deles foram para os anjinhos quando uma bomba (inteligente) explodiu à passagem do veículo militar em que seguiam, algures na próvíncia de Anbar, Iraque.

Não duvido que, lá no paraíso, cada um desses 14 valentes terá direito a comer 70 virgens.

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 5, 2005 12:21 PM

Coruja branca...(?)

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 12:23 PM

Luís Lavoura em agosto 5, 2005 12:21 PM:
Permita-me uma correcção. O paraíso fez saber que havia esgotado o stock de virgens.
Aquela ala do Paraíso está fechada enquanto ginecologistas tentam repor o statu quo ante.

Publicado por: Coruja às agosto 5, 2005 12:26 PM

Quando reabrir, os crentes terão que se contentar com virgens de ocasião.

Publicado por: Coruja às agosto 5, 2005 12:27 PM

Estou-me nas tintas para essas contas, Luís Lavoura, isso é lá com eles, e também 70 virgens para a eternidade é o mesmo que nada... Eu espero bem ficar liberto de tudo o que possa ser material, por causa da gravidade...

O fundo da questão é o exercício do martírio: só faz isso quem é animado uma causa profunda. Paranóia? Sim também acho, mas os números obrigam-me a ver que tem uma dimensão real tal que tem que ser tomada a sério.

Não foi o Iraque que invadiu os EUA. A grande maioria dos pilotos do 11 de Setembro eram sauditas.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 12:33 PM

"os EUA são, sem qualquer dúvida, os maiores terroristas da História desde a 2ª Guerra Mundial."

Patético e ignorante se não tivesses os EUA terias tido muitas e belas gureras e muitas até ao extremínio.
Podemos começar pelos soviéticos no afeganistão ou na chechenia. No primeiro bastava encontrarem uma bala .303 (as antigas Lee Enfield espingardas da ocupação britânica eram e ainda são das melhores nas montanhas que permitem um grande alcance ) numa aldeia para esta ser apagada do mapa quando estavam de maus modos ou só os homens quando estavam de bom modos.

E continua a confusão sobre o fukuyama...

Publicado por: lucklucky às agosto 5, 2005 12:55 PM

paranóia= para+noos, ao lado da mente?

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 12:57 PM

Olha lucklucky vê lá se aprendes alguma coisa com o Ran-tan-plan. e não é "extremínio" pá, é extermínio! E por isso não viste os extermínios que eles fizeram, vá.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 12:59 PM

Chutar para canto? Não consegues melhor que isso?

Publicado por: lucklucky às agosto 5, 2005 01:56 PM

Resposta no último post.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 02:05 PM

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 11:03 AM

Por acaso estava a pensar no Albatroz.

Publicado por: Pedro Oliveira às agosto 5, 2005 02:10 PM

Pedro Oliveira às agosto 5, 2005 02:10 PM

Essa da esquerda caviar era para mim?... Alguns dos meus amigos rebolar-se-iam de riso se ouvissem essa! Esclarecendo: não gosto de caviar, não gosto de champagne, e só não digo que não gosto da esquerda porque ainda gosto menos da direita... O que eu realmente gosto é de pensar pela minha própria cabeça, e é com satisfação que constato que aparecem aqui pelo Semiramis uns tantos que têm o mesmo gosto. Mas ainda há por aí umas cassetes de saldo, nomeadamente da banda neo-liberal...

Publicado por: Albatroz às agosto 5, 2005 02:35 PM

Um post comprido onde se comenta mais uma vez a contribuição de Bush na extinção dos dinossauros. Parece que há pessoas que não se apercebem que um ridículo colectivo continua a ser caricato, mas enfim...

Sobre o post propriamente dito. Claro que não tem sentido de falar do Bem Estar Comum e da sua maximização através do mercado livre. Não tem sentido se formos crianças que ainda não têm capacidade do pensamento abstracto.

O bem estar de cada um dependerá de muitas coisas e os aspectos económicos terão uma contribuição limitada. O objectivo de uma sociedade livre não é tanto a maximização do bem estar comum, mas antes dar a cada um a liberdade de poder seguir os seus objectivos. O que também se verifica é que as sociedades livres têm uma dinâmica incomparávela à de todas as outras, gerando muito mais riqueza. Se isto é o tal "bem estar comum" é discutível. Eu acho que não. Mas não me interessa. Não quero impor aos outros o que acho melhor para mim.

Publicado por: Mário às agosto 5, 2005 02:51 PM

É triste o Newton ter-se tornado Sir e o coitado do Smith permanecido plebeu.

Publicado por: Surpreso às agosto 5, 2005 02:59 PM

Ainda sobre o post, a certa altura ainda pensei que a Joana fosse alargar o paralelo entre a física e a economia no que respeita ao confronto com a igreja.

A economia ainda hoje é censurada pelos sacerdotes do politicamente correcto. Estes ainda conseguem impor à maioria o correspondente à visão da Terra ser o Centro do Universo. O equivalente serão conceitos como:

- A investimento público é o motor da economia;
- Apenas o planeamento centralizado impede o caos económico.

O mecanismo mental entre os que defendiam uma cosmovisão geo-centrada e os estatistas não é muito diferente. Simplismos que explicam facilmente o mundo, falta de coragem para observar e aceitar as coisas tal como elas são.

O que é curioso é serem alguns dos maiores críticos da igreja aqueles que lhe tomaram o lugar como censores principais.

Publicado por: Mário às agosto 5, 2005 03:02 PM

Publicado por: Mário às agosto 5, 2005 03:02 PM

Nem tanto Mário. Os extremos tocam-se mesmo - ou melhor principalmente - quando se pretendem opostos. E não é comparável a atitude santimoniosa, e a pose de 'holier than thou' de um qualquer Francisco Louçã com as de um inquisitor do passado - embora, felizmente, sem o mesmo poder, pelo menos por enquanto - ou de um actual al-Zawihri?

Publicado por: Pedro Oliveira às agosto 5, 2005 03:14 PM

Publicado por: Albatroz às agosto 5, 2005 02:35 PM

Não disse que era para ti. Disse que escrevi a pensar nos teus comentários. Além que ser esquerda caviar, ou respectivo compagnon de route tem menos que ver com os gostos alimentares de cada um que com a sua atitude perante (ou será antes ligação com?)a realidade.

Publicado por: Pedro Oliveira às agosto 5, 2005 03:17 PM

A analogia feita entre a fisica e a economia é forçada. Mas tendo ela sido feita convém tirar as consequências, e não se ficar pela simples atribuição do estatuto de cientificidade à economia – o que foi algo rejeitado por Popper, na medida em que para este os raciocínios probabilísticos não são científicos.
E a primeira consequência a tirar diz respeito à mão invisível. Se na física a mão divina foi substituída por uma «mão natural», isto é, pela força da gravidade, na economia aquilo que a mão invisível substitui não é Deus mas antes os homens. Ou seja, a primeira consequência a tirar consiste em afirmar que os homens não são livres de decidir e de escolherem pois (tal como num sistema físico) estariam determinados a agir conforme as leis da estrutura económica, conforme as leis do mercado «livre». Verifica-se, assim, uma contradição naquilo que é defendido pelo liberalismo: por um lado defende que os indivíduos são livres de agir por conta própria e de acordo com os seus interesses, mas, por outro lado, submete-os às regras do mercado «livre» que determinarão as suas acções e interesses.
Uma segunda consequencia a tirar é a atribuição ao mercado livre de um estatuto metafísico. Metafísico porque o mercado não é algo físico ou natural, mas seria antes aquilo em que assentaria a nossa maneira de agir. Em linguagem kantiana, o mercado seria a condição de possibilidade da nossas experiências (de consumo, produção, etc, etc). Isto é, sem mercado não seria possível produzir ou consumir. Pois...
Para o marxismo a infra-estrutura económica é, em última instância, aquilo que determina toda a produção cultural, os valores, a ideologia vigente, etc. Mas este determinismo marxista não deixa de reconhecer que essa infra-estrutura pode ser alterada pelos homens, e daí a mudança de sistemas económicos. Agora, o que aqui é defendido é que o mercado «livre» conduz os homens, e nessa medida não há lugar para qualquer acção livre destes. Mas, então, não se tem que responsabilizar ninguém, no âmbito da economia. Se antes, a propósito de um qualquer acontecimento, se dizia que foi a «vontade de Deus», agora, num mercado «livre», tem que se afirmar que o que acontece se deve à vontade do próprio mercado, da mão invisível.
Mas, voltando a Kant - e a propósito da terceira consequencia a tirar – talvez se possa dizer que há espaço para a liberdade «dentro» de um sistema liberal. Segundo Kant, a liberdade dos homens encontra-se no domínio da ética: é ao agir por dever que os homens se libertam do determinismo do mundo natural (ou natureza livre), e que se mostram autónomos. Assim, da mesma forma, só se pode ser livre num sistema dominado pelo mercado «livre», se as regras éticas se sobrepuserem às leis do mercado. Ou seja, só se é livre se os deveres socio-económicos se sobrepuserem aos interesses ou impulsos individuais alimentados e determinados pela tirania do mercado livre.

Publicado por: Carlos às agosto 5, 2005 03:17 PM

A resposta era ao último post.
Esse último só se fica pelo que escreveste antes. Que é apenas uma acusação...sem fundamento, pelo menos não o apresentaste.

Publicado por: lucklucky às agosto 5, 2005 03:23 PM

"não a" raios!

Publicado por: lucklucky às agosto 5, 2005 03:26 PM

heeh isto está mau...

Publicado por: lucklucky às agosto 5, 2005 03:29 PM

heeh isto está mau..."no o"

Publicado por: lucklucky às agosto 5, 2005 03:29 PM

Camarada anarco-miguelista Albatroz, se calhar fui eu o causador do equívoco. Eu também sou de esquerda, por causa da utopia, porque se formos ver grande parte das histórias de esquerda real dá para vomitar, e eu acabei de almoçar.Pedro Oliveira eu ainda sou do BE e adoro fazer traquinices ao FL, consigo-o por lívido, a seguir bem coradinho e finalmente às manchas vermelhas e brancas. Mas tenho que ser cuidadoso se não ainda fica azul e eu fico com sentimentos de culpa. Quanto a ti penso que: qual é a divergência que apontas?

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 03:35 PM

lucklucky eu estou a escrever-te com umas Lee vestidas. Eu não sou anti-americano primário, há muita coisa que eu gosto dos americanos, agora enfrento a História de frente, ou pelo menos, tento.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 03:37 PM

Fazeres acusações
que poucas pessoas assinam por baixo requer mais. Extraordinárias reivindicações requerem extraordinários argumentos.

Publicado por: lucklucky às agosto 5, 2005 03:41 PM

Eu acho que esta comparação pode ser irritante para alguns, mas está bem vista. Há um físico entre os comentaristas usuais. Pergunto-lhe a ele - há algum conceito físico despropositado no post?

Publicado por: Novais de Paula às agosto 5, 2005 03:42 PM

Eu já assinei lucklucky, o resto fica ao juízo de cada um.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 03:43 PM

pyrenaica às agosto 5, 2005 03:37 PM: Pá, eu não consigo fazer isso. Para enfrentar a História de frente tinha que estar sempre virado para trás, às arrecuas, e ainda me estatelava.

Publicado por: Coruja às agosto 5, 2005 03:48 PM

Claro Coruja. Preferes morrer com avc's na cama? Eu não.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 03:52 PM

Mas comecemos com o genocídio dos indíos...

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 04:01 PM

Eheh:) índios. E é porque eles pensavam que estavam na Índia... as Índias Ocidentais.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 04:03 PM

Indios após a Segunda Guerra Mundial?

Publicado por: lucklucky às agosto 5, 2005 04:05 PM

Newton foi substituido por Einstein
o tal Smith por Marx
No entanto, é pecado invocar Marx, mas Adam Smith passa a vidinha a ser sacado do armário pela inteligentia nacional.
Ora, mão invisivel em Portugal há só uma! (como no futebol em que só uns quantos é que jogam,apesar de haver milhões de comentadores e comentadeiras de bancada)
e essa mão invisivel até aí é a mão de Deus!,,,eheheh
Por isso por aqui, em vez de se fazer,,, reza-se!

Publicado por: xatoo às agosto 5, 2005 04:08 PM

Ainda a economia da física

As leis da Física não mudam só porque alguém arranja um novo modelo qualquer para explicar os factos. As maçãs já caíam por força da gravidade (e em resultado da acção hormonal, digo eu) muito antes de Newton se aperceber disso. E, venha lá a explicação que vier, o facto não se altera a rotina das maçãs.

Na Economia, passa-se a mesma coisa. As explicações não alteram os factos. Contudo, sucede que muitos economistas (à esquerda ou à direita) procuram, não apenas convencer-nos da adequação do seu modelo explicativo à realidade (já não falo dos que pretendem “alterar” os factos), mas também que seja o modelo que defendem, o modelo a seguir nas decisões dos políticos.
Portugal é um caso paradigmático: os economistas tornaram-se os gurus do pensamento político. E como isso pode alterar a rotina dos dias…

Publicado por: Vítor às agosto 5, 2005 04:11 PM

Dizer que Smith foi substituído por Marx tem tanto sentido como dizer que a física foi substituída pela astrologia.

Publicado por: Mário às agosto 5, 2005 04:12 PM

Newton foi substituido por Einstein
o tal Smith por Hayek (e não por Marx).
Einstein não contradisse Newton. Fora dos valores próximos da velocidade da luz, a mecânica de Newton continua certa.

Publicado por: Hector às agosto 5, 2005 04:13 PM

Newton e Smith foram substituídos por Mário, o Senhor da Verdade...

Publicado por: Esquerdalhaço às agosto 5, 2005 04:17 PM

A acusação foi escrita nos termos em que foi escrita. Os índios é para ir à origem, ao pecado original que os fez gostarem de ser os cow-boys do mundo. Chama-se a isso contextualizar. Eu sei que continuo com as Lee vestidas.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 04:23 PM

Boa Vítor. Tinha-me esquecido do etileno e da senescência. As paredes de celulose a colapsarem. Acho que o Newton também não viu.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 04:26 PM

Vítor às agosto 5, 2005 04:11 PM:
O que sucede é que os políticos precisam das receitas dos economistas para a política económica, como do parecer dos especialistas de tráfego, para a política de transportes.
Você chama-lhes gurus porque faz como o governo: precisa da opinião deles, mas depois faz o contrário (no seu caso, quer o contrário)

Publicado por: Hector às agosto 5, 2005 04:35 PM

Publicado por: Esquerdalhaço às agosto 5, 2005 04:17 PM

O pessoal de esquerda não costumava até ter uma certa graça?

Publicado por: Mário às agosto 5, 2005 04:43 PM

Mas Marx é insubstituível!

É impossível fazer melhor. Diria mesmo, é impossível a evolução

Publicado por: Mário às agosto 5, 2005 04:45 PM

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 03:35 PM

Quanto a ti penso que: qual é a divergência que apontas?

???

Publicado por: Pedro Oliveira às agosto 5, 2005 04:48 PM

Mário às agosto 5, 2005 04:43 PM

"Chamam-te Mário da graça
mas que graça é que tem
se tu, Mário, és a desgraça
de quem a graça não tem"

Adaptação livre de um poema popular de Fernando Pessoa.
E, já agora, o amigável desejo de bom fim-de-semana... (não se aborreça com o humor low-profile)

Publicado por: Esquerdalhaço às agosto 5, 2005 04:52 PM

Quando a esquerda não era conservadora até tinha alguma piada.

Publicado por: Pedro Oliveira às agosto 5, 2005 04:55 PM

...até me fizeste lembrar da zona de abcisão..., onde isso já andava, gracias hombre.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 04:55 PM

Não era contigo Pedro Oliveira. Mas tu és o do Barnabé ou não queres responder?

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 04:57 PM

Hector às agosto 5, 2005 04:35 PM

As conclusões que V. tira!? Fez um diagnóstico via web, das minhas inclinações. Tenho que ter cuidado...

"...como do parecer dos especialistas de tráfego, para a política de transportes."

Não sei se lhe escapou o facto, mas tem reparado na quantidade de economistas a opinar sobre a política de transportes?

Publicado por: Vítor às agosto 5, 2005 04:59 PM

Depois do que escrevi aqui já não posso ir mais por Heathrow:

http://online.expresso.clix.pt/1pagina/artigo.asp?id=24753120

Ainda bem. Acho o Charles de Gaulle muito mais bonito e o de Frankfurt mais interessante.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 05:03 PM

pyrenaica às agosto 5, 2005 04:55 PM

You're welcome, ou melhor, sempre às ordens.

Espero é que este blogue liberal não produza nada parecido com o etileno. Com a exposição a esse gás ainda ficaríamos "maduros"...

Publicado por: Vítor às agosto 5, 2005 05:06 PM

Lenha para a fogueira:

Reconheço que, por vezes, ando para aqui a opinar sobre matérias nas quais não sou perito (economia, por exemplo). Procuro, contudo, reservar-me de fazer afirmações peremptórias sobre matérias que desconheço. Mas, nós portugueses, temos um pouco a mania de opinar sobre tudo e mais alguma coisa (desculpo-me, assim, com o facto de ser português).

Mas não deixa de ser curioso que muitos economistas (pelo menos os mais mediáticos) se lembrem de desatar a opinar sobre tudo e mais alguma coisa.
A minha opinião vale pouco e não altera nada. A de muitos economistas da nossa praça, provoca, por vezes, estragos irreparáveis.
Mas, enfim, são portugueses também...

Publicado por: Vítor às agosto 5, 2005 05:15 PM

O etileno e o propileno são monómeros instáveis. Explodem com facilidade. Lembram-se de um desastre junto a um parque de campismo perto de Barceleona há 26 ou 27 anos, em que morreram quase 100 pessoas?

Publicado por: Hector às agosto 5, 2005 05:16 PM

Este blog não me parece tão explosivo. Ou talvez, no campo das ideias.

Publicado por: Hector às agosto 5, 2005 05:17 PM

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 04:57 PM

Não sou o do Barnabé.

Publicado por: Pedro Oliveira às agosto 5, 2005 05:20 PM

Hector às agosto 5, 2005 05:16 PM

Julgo que foi em Los Alfaques, em 1978.

Publicado por: Vítor às agosto 5, 2005 05:21 PM

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 04:57 PM

Aliás, nem sequer sou de esquerda. A esquerda hoje é aborrecida, previsível, passa o tempo a resistir, em vez de inovar. Em resumo, são uns conservadores.

Quanto a utopias, isso faz-me sorrir: de boas intenções está o inferno cheio. Todas a utopias postas em prática descambaram em banhos de sangue. Qualquer coisa que passa por 'revolução'. Que me lembre, a única bem sucedida, e que contribuiu para elevar o nível de vida das populações foi a revolução americana, pelo menos nos tempos modernos.

Publicado por: Pedro Oliveira às agosto 5, 2005 05:24 PM

Meu amigo só aceito um sempre às ordens bilateral. O maduro também é saboroso... eu sou gamado em cerejas madurinhas, bem pretinhas. E não te esqueças que fomos nós que inventámos a lógica do vinho do Porto... Deves ser novinho, eu já sou marmanjão, mas olha não me arrependo de nenhum ano que passou, nunca fui tão livre.

Agora pessoal passo-vos o filme que antevejo. A espiral de violência vai aumentar, os da Al-Qaeda vão fazer coisas, os índices bolsistas vão tremer e cair, os advisers de mr. Bush vão aconselhar inequivocamente que se antecipe a iniciativa contra o Irão por aquelas razões poragmáticas que os economistas gostam de invocar.

Lá no Irão saiu na rifa um fundamentalista que quer morrer como um homem - lá no conceito dele -e está na força da vida, e isto vai dar uma tristeza danada.

Felizmente espero que não tenhamos responsabilidades (nós portugueses) nessa coisa, antes pelo contrário. Cuidado Sócrates senão eu mordo-te.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 05:25 PM

o poragmáticas fica de propósito assim.

Não se esqueçam do pecado capital do Saddham: indexou o preço do petróleo iraquiano ao euro.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 05:35 PM

Revolução é uma mudança de direcção, não necessariamente repentina e muito menos violenta.

Neste momento assistimos à autêntica Revolução Chinesa, que desde o seu início até estar uma direcção final bem definida decorrerá num período de décadas.

Publicado por: Mário às agosto 5, 2005 05:39 PM

E há que enaltecer a política de diálogo europeia em relação ao Iraque que tem dado excelentes resultados.

Publicado por: Mário às agosto 5, 2005 05:42 PM

Dendrófilo, olha lá, já reparaste que nos saiu um arbusto pela frente? Será que isto quer dizer alguma coisa, como por exemplo ser tempo de as árvores medrarem e retomaraem a dominância ecológica? Viste os Ents do Tolkien? Hum!

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 05:50 PM

A pensar na Joana, e para lhe estragar as férias, lembrei-me de repente que a economia liberal (a outra também...) é como aqueles famosos consultores da McKenzie que primeiro perguntavam aos patrões qual era o resultado que queriam e depois cozinhavam o seu trabalho de consultores até chegarem ao resultado desejado (não estou a caluniar ninguém, assisti muito de perto a um exercício deste tipo). Os gurus económicos fazem o mesmo: primeiro decidem o modelo que lhes interessa, e depois elaboram umas teorias que sustentem o modelo. O resto é marketing...

Publicado por: Albatroz às agosto 5, 2005 05:57 PM

Publicado por: Mário às agosto 5, 2005 05:39 PM

A revolução chinesa arrisca-se a parar for falta de combustível (literalmente). Esperemos que os nossos amigos ecologistas consiguam, tal como James Lovelock, abrir os olhos a tempo e deixar que a tecnologia resolva os problemas que criou.

Publicado por: Pedro Oliveira às agosto 5, 2005 06:01 PM

Mário, eu não contei o filme que desejo. Eu contei o filme que antevejo. O filme que me apetece revêr chama-se África Minha.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 06:02 PM

Tenho aqui há minha frente um livrinho chamado "Os limites do Crescimento" , D. D. Meadows e outros, de 1972, um relatório do MIT, encomendado pelo Clube de Roma. Foi ignorado pelos economistas liberais, creio.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 06:06 PM

Errata: Lá atráz queria dizer Irão.

Sobre o terrorismo e como lidar com estados potencialmente perigosos todos têm pudor de admitir a impotencia que os estados democráticos têm para lidar com a situação.

- Intervir militarmente, como fizeram os EUA no Iraque, tem n desvantagens. É pouco popular, causa divisões internas e externas, causa morte e destruição e os resultados obtidos são sempre uma incógnita;

- Fazer diálogo, à "boa" maneira europeia, pode parecer sensato mas é como varrer o lixo para debaixo do tapete. Acaba-se por entrar no jogo de quem não tem a mínimo respeito pelo que somos nem pela nossa vida. Além disso, vão achar-nos fracos (com razão) e irão habituar-se a mentir e manipular, enquanto desenvolvem armas para nos exterminar.

O problema é grande e parece que nem a bem nem a mal se resolve. Se fosse terrorista de certo estaria muito satisfeito com a atitude que se vê no ocidente, que prefere as lutas internas à própria defesa.

Publicado por: Mário às agosto 5, 2005 06:15 PM

O MIT pode ser o local do mundo mais importante em termos de ciência e tecnologia, mas em termos económicos está conotado com posições anti-liberais...

Publicado por: Mário às agosto 5, 2005 06:23 PM

Mário para mim é adquirido que os EUA se preparam para intervir no Irão. O meu raciocínio prossegue a partir daí. Debaixo dessa hipótese penso que Portugal deve contribuir para minimizar o sofrimento humano generalizado e brutal que daí vai advir. Aliás admitamos que estamos bem posicionados para não poder fugir às responsabilidades com o Presidente da CE e o AC dos Refugiados. O debate em última análise é teológico e nós somos bons aí, na figura da redenção. Os pragmáticos quando levarem com um tufão de mais do dobro do pior registo de sempre, finalmente!, ficam a pensar. Et on y va.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 06:23 PM

correcção: o debate em última análise é político mas...

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 06:26 PM

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 06:23 PM

Não percebo como poderão os EUA intervir no Irão sem terem tropas suficientes. A não ser que seja com bombardeamentos cirúrgicos. Não vejo qualquer viabilidade de uma invasão como foi feita no Iraque. Nem penso ser plausível o Senado aprovar tal medida, mesmo tendo maioria republicana.


Publicado por: Mário às agosto 5, 2005 06:33 PM

lucklucky dei-te um "há" enganado lá em cima para tu desforrares (?) e não dizes nada. É à.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 06:35 PM

Queiram os deuses que tenha razão, Mário.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 06:37 PM

Mário às agosto 5, 2005 04:12 PM:
a propósito de Marx,retiro o "foi substituido" e passo a substitui-lo (!) por "foi actualizado"
realmente não se pode perder nem ignorar a espinha dorsal do conhecimento

Publicado por: xatoo às agosto 5, 2005 07:02 PM

e agora uns versinhos para ir de férias:
Teria António Aleixo lido Adam Smith?

Que o mundo está mal, dizemos
E vai de mal a pior;
E, afinal, nada fazemos
P`ra que ele seja melhor

Se os homens chegam a ver
Porque razão se consomem,
O homem deixa de ser
O lobo do outro homem

Publicado por: xatoo às agosto 5, 2005 07:06 PM

pyrenaica às agosto 5, 2005 05:50 PM

Temo bem que, nesta sucessão ecológica, os "arbustos" ainda sejam o que de mais "elevado" teremos por uns tempos. Bem que podiam aparecer uns robles velhos e avisados e pregar uns valentes açoites de copa nesta arraia miúda.
O pior é se o fogo obriga a que tudo comece de novo...

Publicado por: Vítor às agosto 5, 2005 07:37 PM

Não sei se repararam no estranho esgar de sorriso do "arbusto" ao anunciar que a retirada não era para já. Seria:
a) cinismo
b) nervosismo
c) mentira indisfarçável
d tudo isto?

Publicado por: Vítor às agosto 5, 2005 07:39 PM

O Clinton era muito mais Cupressus que ele - será o quê, um ulex?

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 07:47 PM

pyrenaica às agosto 5, 2005 07:47 PM

Quanto ao arbusto não sei.
O Clinton, devia ser mais sempervirens. A Monica Lewinsky é que poderá dizer alguma coisa. Constou que andou a medir o PAP do homem...

Publicado por: Vítor às agosto 5, 2005 08:07 PM

Tenho que ir jantar.
Ossos do ofício marital...

Publicado por: Vítor às agosto 5, 2005 08:09 PM

Então não é curtido fazer um 111? Tiveste muita gente simpática à tua espera. Estou esfalfado. Então ficamos a pensar nisso do arbusto: para aqueles que estão tristes por não saber o que é um Ulex, é um tojo. Até amanhã.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 08:11 PM

Carlos às agosto 5, 2005 03:17 PM
1 – Não me parece que Popper tenha rejeitado carácter científico à Economia, mas posso estar enganada. Indique-me, sff, onde Popper produziu essa teoria.
2 – Não foram os homens que substituíram Deus, mas a possibilidade da sua acção livre, de acordo com as suas inclinações e interesses produzir soluções de equilíbrio eficientes.
3 – Os homens não estão a decidir segundo lei nenhuma, mas apenas segundo os seus planos. A sua acção livre é que constituiu o mercado livre. Não há qualquer contradição.
4 – Houve “áreas” de economia de mercado na Babilónia, nas cidades fenícias, na Grécia, no Egipto ptolemaico e em Roma. Fenómenos tipificados nos últimos 2 séculos. Por exemplo, o Édito dos preços de Diocleciano teve na época o mesmo efeito que teria agora, de acordo com as concepções da teoria neoclássica.

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 08:45 PM

Carlos às agosto 5, 2005 03:17 PM
5 – “defende que os indivíduos são livres de agir por conta própria e de acordo com os seus interesses, mas, por outro lado, submete-os às regras do mercado «livre» que determinarão as suas acções e interesses.” Você continua a trocar tudo. São as acções livres dos homens na troca dos bens que define os equilíbrios de mercado. Há outras formas de estabelecer preços. Os chamados preços administrados. Sabe-se que isso sempre conduziu a situações desastrosas. Nas sociedades em que esses preços eram a norma, tal conduziu à implosão dessas sociedades.
6 – Os homens movem-se dentro de quadros éticos produzidos pelas sociedades onde vivem. O mercado funciona muito melhor em países onde o civismo é maior, como na Escandinávia, por exemplo, do que na América Latina, onde a corrupção impera e a concorrência é violada. Utilizar um dado sistema de valores éticos para algemar o mercado torna o mercado não eficiente e não assegura a ética social. Quem me diz que os valores éticos de A são mais perfeitos que os de B e conduzem a uma situação melhor para todos?

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 08:46 PM

Carlos às agosto 5, 2005 03:17 PM
7 – A imposição dos “deveres socio-económicos” obriga a uma entidade que superintende os interesses gerais, uma elite esclarecida, enfim, um sistema totalitário, mesmo que idealizado com a melhor das intenções. Há “más experiências” sobre os resultados dessas acções. Parece-me é que não serviram de ensinamento.
8 – O historicismo marxista revelou-se um fiasco, e aí Popper afirmou que as pretensões de “profecia” histórica, subjacentes à sua frase “a infra-estrutura económica é, em última instância, aquilo que determina toda a produção cultural, os valores, a ideologia vigente” era “insustentável. Marx, e mais que ele, os seus epígonos, transformaram a história numa sucessão de modos de produção padronizados, mas que nunca conseguiram explicar o funcionamento dessas mesmas sociedades de forma consistente, mas apenas de uma forma pré-determinada, de acordo com as teorias do materialismo histórico..

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 08:48 PM

Vítor às agosto 5, 2005 04:11 PM
“As maçãs já caíam por força da gravidade (e em resultado da acção hormonal, digo eu) muito antes de Newton se aperceber disso”
Em todas as economias em que houve trocas sem coacções extra-económicas (“áreas” de economia de mercado na Babilónia, nas cidades fenícias, na Grécia, no Egipto ptolemaico e em Roma – cf comentário acima) os mercados funcionaram da mesma maneira que os mercados após Adam Smith. Adam Smith apenas constatou que essa acção livre, de acordo com um plano baseado no seu interesse próprio, conduzia a soluções eficientes.
Como alguém disse acima, os economistas exprimem o que pensam, de acordo com o que aprenderam. Se os políticos os seguem ou não, é com eles.

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 08:50 PM

Albatroz:
Eu estive de férias uns dias na semana passada e vou de férias, novamente, daqui a uns 10 dias.
Agora não estou de férias.

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 08:53 PM

Aquilo que passa por serem leis da economia são muitas vezes meras consequências dos comportamentos humanos. O homem é naturalmente egoísta. Vai sempre procurar o máximo benefício pessoal. Num ambiente "livre" esse objectivo vai exprimir-se num quadro de relações de forças, em que os mais fortes (mais inteligentes, mais trabalhadores, menos escrupulosos, mais bem relacionados) dominam os mais fracos. Isso vai gerar uma desigual distribuição de riqueza. Os mais ricos e mais competentes vão produzir mais, ganhar mais dinheiro, acumular mais poder.

Mas se as pessoas tivessem um comportamento mais solidário, o seu comportamento como produtores e consumidores seria diferente, mesmo num ambiente livre. Nesse caso, o "liberalismo" teria uma expressão económica muito diferente.

Logo, o que a Joana define como "leis" da economia não é mais do que a consequência de uma psicologia predatória, e não tem portanto qualquer valor como "leis".

Publicado por: Albatroz às agosto 5, 2005 09:57 PM

Albatroz às agosto 5, 2005 09:57 PM:
Depois desse seu último parágrafo, tenho que lhe confessar que me enganei na bibliografia que lhe indiquei. Acho que os deve ler desde princípio.

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 11:16 PM

Smith tinha preocupações sociais, isso é inequívoco. Já Marx, tenho as minhas dúvidas.

A melhoria das condições de vida das pessoas faz-se com pequenas acções concretas, não construindo uma utopia cheia de boas intenções mas completamente desligada da realidade. A criação de um mundo perfeito não é a actualização de nada. A perfeição é o fim da linha, impede qualquer desenvolvimento futuro.

Publicado por: Mario às agosto 5, 2005 11:18 PM

Semiramis, a comparação entre Newton e Smith parece-me forçada. Newton descobriu uma força que afecta toda a matéria-energia desde o início do universo. Smith trata do mercado livre que a grande maioria das sociedades desconheceu e algumas ainda desconhecem. Uma comparação mais natural, assumindo a correcção das doutrinas de Smith, seria Darwin, que também estudou um objecto local e foi fortemente influenciado por...Smith

Publicado por: O Setúbal às agosto 5, 2005 11:24 PM

O mercado livre de Smith existe desde sempre.

Ou desde nunca, porque nunca é completamente livre.

Mas em termos económicos, ainda vai levar muito tempo até as pessoas perceberem que a Terra é mesmo redonda.

Publicado por: Mario às agosto 5, 2005 11:26 PM

Mario às agosto 5, 2005 11:18 PM:
Marx tinha preocupações sociais. Mas tinha-as como um intelectual. Foi um dos impulsionadores do movimento sindical mundial.
Como pessoa tinha um feitio péssimo. Engels, que o sustentava, vivia em "união de facto" com uma mulher do povo. Marx havia casado com uma aristocrata. Marx ignorou sempre essa ligação de Engels e foi muito arrogante para com ela.

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 11:37 PM

O Setúbal às agosto 5, 2005 11:24 PM:
Como escrevi acima, houve “áreas” de economia de mercado na Babilónia, nas cidades fenícias, na Grécia, no Egipto ptolemaico e em Roma. Fenómenos tipificados nos últimos 2 séculos. Por exemplo, o Édito dos preços de Diocleciano, a que eu me referi há meses, nuns posts sobre a economia romana, teve na época o mesmo efeito que teria agora, de acordo com as concepções da teoria neoclássica.
Sempre que não houve coacções extra-económicas, estabelecia-se uma economia de troca, que funcionava como economia de mercado, embora sem a extensão do mercado actual.
A comparação com Darwin também colhe. As espécies evoluem por um processo de selecção natural que tem algo a ver com o funcionamento dos mercados.

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 11:42 PM

Mario às agosto 5, 2005 11:18 PM:
Quando eu escrevi "como um intelectual" quis dizer que Marx tinha preocupações sociais de uma forma abstracta, não relativamente à miséria concreta.

Publicado por: Joana às agosto 5, 2005 11:44 PM

Semiramis,Grécia, Roma ... não são nada em termos quantitativos comparados com os milhões de anos em que, por ex., milhões de sociedades sem escrita viveram sem mercado livre. E não se pode falar nestas sociedades em coacção extra-económica porque a instância económica nem existia (altamente discutível isto, claro).
Darwin referia-se à natureza como fazendo as delícias dum "capelão do diabo"( Isto não é um argumento, claro está).

Publicado por: O Setúbal às agosto 6, 2005 12:07 AM

Deixa-me pensar:
- Para Popper os raciocínios probabilísticos não são científicos
- A Economia tem raciocínios probabilísticos
- Logo, Popper recusou o carácter científico à Economia...
Não percebi. Não percebi o que são raciocínios probabilísticos, embora julgue perceber onde se quer chegar (as famosas leis probabilísticas, não é?)

Também não percebi como é que há essa diferença entre Economia e Física, que depois já é mais pequena quando se trata de Mecânica e Economia. Mas então a Mecânica não é do domínio da Física?

E a Mecânica Quantica não é ciência, apesar de ter leis probabilísticas (de tal forma que baralharam o Einstein) ?

Então e as experiências de Amos Tversky (e de Daniel Kahneman e Vernon Smith, Prémios Nobel)?
Então e as experiências de Neuroeconomia?
Então e as experiências de António Damásio? (a experiência com o jogo das Cartas, descrita no Erro de Descartes, não simula um comportamento económico: tomadas de decisão de investimento?)

Isso deve estar a precisar de uma reciclagensita...

Publicado por: J.A: às agosto 6, 2005 12:32 AM

Tudo isto é muito confuso.

Publicado por: Silva às agosto 6, 2005 03:20 AM

Há alguns gajos que escrevem coisas mas não parece saberem o que significam

Publicado por: Silva às agosto 6, 2005 03:21 AM

Caro Silva: não me leve a mal, mas tendo em conta o seu comentário das 03:20, dir-se-ia que o seu comentário das 03:21 deveria ser: "Há alguns gajos que leiem coisas mas não parece saberem o que significam."

Diga lá então que parte é que não percebeu.

Publicado por: J.A. às agosto 6, 2005 09:53 AM

Joana às agosto 5, 2005 11:16 PM

A Joana percebeu bem o que eu queria dizer. As chamadas leis da economia não são absolutas, dependem do comportamento dos agentes económicos, e são portanto um produto indirecto da psicologia. Numa sociedade com comportamentos diferentes dos nossos a mesma escassez de recursos produziria, num mercado livre, processos e resultados diferentes dos que se verificam na nossa sociedade. Imagine uma sociedade na qual o consumo supérfluo só seria admissível depois de todos os membros da comunidade terem satisfeito as suas necessidades essenciais. A afectação de recursos seria muito diferente da nossa, quer em termos de bens produzidos quer em termos distributivos. O grau de satisfação dos consumidores medir-se-ia não em função do consumo próprio mas em função do consumo colectivo. A utilidade marginal seria definida como o aumento do grau de satisfação da comunidade pelo consumo adicional de uma unidade de um bem por um qualquer membro dessa comunidade. As opções de consumo teriam como critério essa mesma utilidade marginal. Ou seja, em cada momento a comunidade optaria por consumir o bem que produzisse, na comunidade, a maior utilidade marginal. Podia ser um consumo próprio, mas podia também ser um consumo por parte de outro membro da comunidade.

Pode dizer que isto não é relevante porque as pessoas da nossa comunidade não reajem assim. Mas aquilo que eu estava a tentar transmitir é o carácter relativo das chamadas leis económicas. Bastaria uma alteração de comportamento das pessoas para que a economia funcionasse de forma diferente. O que me parece importante na análise do carácter científico da economia.

Publicado por: Albatroz às agosto 6, 2005 10:06 AM

Por outro lado, mesmo na nossa sociedade, se se considerasse que todos terem o suficiente para viver era preferível a alguns terem graus de consumo muito elevado e outros não serem capazes de satisfazer a suas necessidades básicas, seria legítimo o poder político intervir, não para alterar as tendências naturais das pessoas, mas para alterar a forma como os recursos comunitários eram afectados. A chamada função distributiva do Estado, que levanta tantas dúvidas à Joana. Não sei se por princípio ou apenas pela forma como é feita. Obrigar as pessoas a serem solidárias contraria o pensamento da Joana, mas talvez seja admissível em termos da comunidade. O problema está em determinar qual a afectação de recursos - entre a esfera produtiva e a esfera social - que maximiza a satisfação da comunidade. Julgo que partindo de uma situação em que a totalidade dos recursos era afectada à função produtiva, e indo afectando uma fatia cada vez maior de recursos à função social, a princípio o grau de satisfação da comunidade iria aumentar mas, a partir de um determinado ponto, teríamos uma inflecção na curva de satisfação e ela começaria a diminuir. Ora este máximo não é susceptível de ser obtido por nenhuma mão invisível, e é por isso que eu não perfilho a cartilha liberal da Joana.

Publicado por: Albatroz às agosto 6, 2005 10:22 AM

É claro que estamos aqui em pleno campo da economia do bem estar social, que não desperta grande entusiasmo na Joana.

Publicado por: Albatroz às agosto 6, 2005 10:25 AM

Segundo Popper, a demarcação entre o que é ou não é ciência faz-se mediante o critério da falsificabilidade (ou falsificacionismo). Mas como estamos no Verão, optemos antes por esta outra, mais ligeira, popperiana maneira de ver a coisA.

«No dizer de Popper "(...) só há um caminho para a ciência: encontrar um problema, ver a sua beleza e apaixonar-se por ele; casar e viver feliz com ele até que a morte nos separe – a não ser que obtenhamos uma solução. Mas, mesmo que obtenhamos uma solução, poderemos então descobrir, para nosso deleite, a existência de toda uma família de problemas-filhos, encantadores ainda que talvez difíceis, para cujo bem-estar poderemos trabalhar, com um sentido, até ao fim dos nossos dias". A afirmação de que a origem da ciência está nos problemas é perfeitamente compatível com a prioridade das teorias sobre a observação e os enunciados observáveis. A ciência não começa com a pura observação. A concepção falsificacionista, proporciona uma imagem dinâmica da ciência.»
http://members.fortunecity.com/alexm2/Karl_Popper.htm

Publicado por: J.A. às agosto 6, 2005 12:16 PM

Ora sim senhor, alto nível. Albatroz venho resguardar-lhe os costados, ou se prefere por-lhe uma mão no ombro, com o seguinte: os economistas tradicionais ficam todos encantados com a teoria da optimização, o máximo de Pareto, ou lá o que é. Não deixa de ter pertinência, mas esses argumentos comportam uma redução brutal do real.

Ora em matemática (eu sou Engº, mas estudei bem Análise em Rn de que fui professor anos) só se pode falar em "extremo", seja máximo ou seja mínimo, numa função escalar, ou seja em que a variável-resposta seja sintetizada num único número real. Se pensar que a resposta deve ser medida por um conjunto de variáveis (um vector) já não se aplica o conceito de ponto extremo, a não ser em casos ultra-particulares em que todas as componentes do vector alcancem simultaneamente um valor extremo da mesma natureza.

O importante aqui não é a matemática mas o pano de fundo conceptual: o óptimo é inimigo do bom.

Todos aqueles que invocam principios de optimização para defender argumentos estão a suportar-se numa resposta unidimensional, sem consciência disso, dir-se-ia.

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 01:10 PM

pyrenaica às agosto 6, 2005 01:10 PM

Obrigado pelo contributo. Cada vez lamento mais não ter estudado mais matemática. Com as minhas limitações, apetece-me sugerir que o grau de satisfação poderia ser considerado unidimensional se fosse o resultado da soma da satisfação obtida pela afectação de uma parte dos recursos à esfera produtiva, com a satisfação obtida com a afectação do diferencial de recursos à esfera social. Ou seja, o montante dos recursos disponíveis é constante, a sua divisão entre a função produtiva e a função social (com os graus de satisfação deles derivados) é que variaria. Pode ser?

Publicado por: Albatroz às agosto 6, 2005 01:46 PM

Caro Albatroz, não creio que se possa conseguir qualquer redução unidimensional satisfatória, excepto com o estatuto de índice, sensu Peirce: o fumo é um índice do fogo. Esta resposta é em abstracto porque eu não consigo alcançar na totalidade a densidade semântica do seu comentário anterior.

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 02:07 PM

PS: eu também não sei música mas isso não me impede de curtir bué, e dizer que gosto ou não gosto, com toda a desfaçatez. Não podemos ir a todas.

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 02:13 PM

pyrenaica em agosto 6, 2005 02:07 PM:
A optimização baseia-se numa lógica multidimensional. Basta ver os modelos de programação linear e programção dinâmica

Publicado por: Novais de Paula às agosto 6, 2005 02:33 PM

Vou tentar expor o problema de uma forma tão "matemática" quanto for capaz:

Os recursos disponíveis numa comunidade são R

Se eu afectar x à produção, afectarei R-x às funções sociais

f(x) é o grau de satisfação que obtenho da afectação de x à produção

f(R-x) é o grau de satisfação que obtenho da afectação de R-x às funções sociais

f(x)+f(R-x) é a satisfação total da comunidade a partir das referidas afectações de recursos

f(x) e f(R-x) não são funções lineares, ou seja a satisfação não é proporcional à quantidade (percentagem?) de recursos afectados.

Como é que eu calculo o valor máximo de f(x)+f(R-x)?

Publicado por: Albatroz às agosto 6, 2005 02:37 PM

Acho que deveria ter utilizado f(x) e g(R-x) porque as funções são distintas.

Publicado por: Albatroz às agosto 6, 2005 02:43 PM

Novais de Paula, tenho de contradizê-lo em relação à PL: maximiza-se ou minimiza-se uma função objectivo que se expressa como um único número: é a soma dos ci*xi. Em relação à programação dinâmica não estou a actualizado, lembro-me vagamente de fazer uns PERT e CPL mas já não me lembro do que era.

Quanto ao fundo da questão, mantenho o que disse. Só pode falar de valor extremo (maximo ou mínimo) de acordo com a definição (não consigo escrever matemática aqui), quando pode garantir que numa vizinhança do ponto em questão (esse sim, pode ser multidimensional) todos os valores são inferiores ao valor máximo, ou superiores ao valor mínimo. Esta definição de extremo local generaliza-se para extremo global, substituindo vizinhança por domínio. Em qualquer caso, para isso precisa de usar uma relação de ordem, ou seja os sinais de > ou

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 02:45 PM

Ficou incompleto. Joana não me diga que voltou a cortar-me os comentários? recordo-lhe que Semiramis foi rainha sim, mas à traição.

Não vou repetir detalhadamente o que tinha escrito. O máximo conjunto completamente ordenável é o conjunto dos números reais (BJ Caraça, por exemplo.)

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 02:48 PM

E portanto o Plano de Argand dos números complexos que comportam duas dimensões (reais e imaginários) é um quadro muito mais fértil. Só que desaparece a hierarquia absoluta. Ficamos, retirado o veu de ignorância, todos iguais, todos diferentes.

Ora a mim cheira-me que o tempo é uma variável complexa...

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 02:52 PM

Albatroz, até aí eu tinha chegado e podemos prosseguir para as condições de 1ª ordem, etc.

O meu problema não é esse, é essa coisa da satisfação. O que é isso? Eu já me conheci cheio de dinheiro e amargo ou pobrezinho e feliz e ainda toda a combinatória de negações que queira fazer (creio eu, sei lá se ainda faltam algumas). Mas você está a usar satisfação num sentido social do termo...

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 03:03 PM

Bom, mas caso tenham ficado com dor de cabeça não se esqueçam de que os budistas aconselham o caminho do meio. O Siddartha passou de príncipe a mendigo, lá cogitou e cogitou, deu-lhe uma iluminação debaixo de uma árvore, andou o resto do tempo feliz, ao que se diz, e morreu depois duma bruta feijoada (à letra: porco com feijão). Ora essa de uma boa feijoada é muito bem compreendida entre nós, não?

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 03:16 PM

Os economistas, para resolverem o problema da utilidade (ou satisfação) transformaram-na numa variável ordinal. Não sei quantificar mas sei quando o consumo de uma coisa me dá mais ou menos satisfação do que o consumo de outra. Como o problema é o de esclarecer opções, isto não levanta problemas. Note que muitos modelos em economia não necessitam de quantificação, servindo apenas para esclarecer mecanismos. Eu não preciso de saber quanto mede a minha satisfação quando consumo um determinado bem. Basta-me perceber porque razão optei pelo consumo daquele bem e não de outro. No problema que coloquei talvez já seja necessário analisar melhor essa satisfação. Em termos colectivos o grau de satisfação será, por exemplo, tanto maior quanto menor for o nível de desemprego, quanto menor for a lista de espera para cuidados de saúde, quanto maior for a probabilidade de se ser admitido no curso superior da preferência de cada um, etc. Tarefa provavelmente impossível. Mas já seria bom se fosse possível demonstrar que o modelo neo-liberal não é adequado para se alcançar essa satisfação óptima. A quantidade astronómica de variáveis em economia complicam muito a tarefa de modelizar a economia e de tirar conclusões válidas. É capaz de ser mais arte do que ciência...

Publicado por: Albatroz às agosto 6, 2005 03:28 PM

pyrenaica: se se maximiza ou minimiza uma função objectivo que se expressa como uma combinação linear de ci.xi, é porque é multicritérios (para não falar do conjunto de restrições). O facto de você chegar a uma dada combinação de ci.xi e depois obter um único número, não invalida.
O PIB é a soma dos rendimentos de todos os cidadãos e o seu todo não afecta cada um retroactivamente.

Publicado por: Novais de Paula às agosto 6, 2005 03:29 PM

Bom, mas para aqueles que ficam em pânico a pensar que eu estou a dar cabo da ordem estabelecida, o que se calhar é verdade, mas já muitos mestres atrás fizeram o mesmo (Spinoza foi expulso da comunidade sefardita com um decreto que todos deviam ler...), acrescento que podem ficar relativamente descansados: o plano de Argand ainda é ordenável por classes de equivalência, por exemplo mediante o conceito de norma euclideana (distância à origem), aplicado sobre o isomorfo R2. Agora dentro de cada classe são todos iguais, todos diferentes. Mas atenção não fiquem descansados demais, porque que eu conheça há pelo menos três normas diferentes, todas aceites pela comunidade matemática (a norma Manhattan (isto está bem escrito?), por exemplo) que conduzirão a classes de equivalência diferentes.

Puf, espero ter contribuído para a vossa felicidade. Albatroz, vou ver o mar, será que vou vê-lo a voar?

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 03:32 PM

Novais de Paula, quando você faz y=combinação linear dos xi, está a lidar com uma variável real, unidimensional. Você acha lícita essa redução para a potencia do contínuo (R); para o custo total ainda concordo, para outras coisas não. Deixo-lhe a informação que o conjunto de todas as funções descontínuas num intervalo real tem uma potência superior à do contínuo.

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 03:41 PM

Albatroz às agosto 6, 2005 03:28 PM:
O problema não é o nº de variáveis. O problema é que você, como planificador central, não se consegue pôr na pele de cada um dos agentes económicos e estabelecer as suas funções de utilidade, etc.. Por sua vez as preferências vão evoluindo com o tempo.
Só através do mercado se consegue ver como é que isso joga tudo e quais são os preços e quantidades de equilíbrio. E é o sistema de preços de mercado em concorrência que leva a uma alocação eficiente de recursos

Publicado por: Novais de Paula às agosto 6, 2005 03:43 PM

pyrenaica: Se estou a lidar com y=combinação linear de xi, com i de 1 a N, está a lidar com um espaço N-dimensional

Publicado por: Novais de Paula às agosto 6, 2005 03:45 PM

Novais de Paula,
Meu Deus, nunca me passou pela cabeça optar pela planificação central ou prescindir dos mecanismos de mercado. Quero é domesticar o mercado, de forma a servir o bem comum...

Publicado por: Albatroz às agosto 6, 2005 03:46 PM

Albatroz às agosto 6, 2005 03:46 PM:
Você só domestica o mercado com planificação central, ou parcelarmente, com preços (ou quantidades) fixados administrativamente. Já viu, pelas experiências que houve, que mesmo esta última solução conduziu a maus resultados.

Publicado por: Novais de Paula às agosto 6, 2005 03:52 PM

Oiçam lá, já ia eu sair e tive que voltar atrás. Anda aqui um absurdo. O essencial do que eu disse acima está tudo nos Conceitos Fundamentais da Matemática do BJ Caraça, esse grande professor e português, perseguido pelo regima de Salazar, um livre pensador, Professor Catedrático do ISE (não sei se naquele tempo era ISE). E eu que sou Engº e li isso porque os meus pais tinham lá em casa é que tenho de vir dizer-vos para recordarem esse vosso professor.

Exactamente Novais de Paula eu descolei do socialismo real quando me tentei por na pele de membro do "Comité do Plano". Por isso é que eu não sou estatista, agora acho que os recursos estratégicos têm dimensão de Estado, deviam ser geridos com uma participação determinante do Estado e controlados de forma transparente por equipas de cidadãos, escolhidos periodicamente ou coisa assim.

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 03:52 PM

Reparou que a Lei do Arrendamento, feita com intuitos sociais, conduziu a um impasse, que ninguém sabe como sair dela.
Isto para não falar de uma série de regalias sociais e laborais.

Publicado por: Novais de Paula às agosto 6, 2005 03:54 PM

Novais de Paula, você não lê o que eu escrevo ou coisa parecida. Está a lidar com um espaço n-dimensional no campo do domínio, a resposta (y) é unidimensional. Se você acha lícito na generalidade reduzir o valor de um objecto multi-dimensional a um número real isso é consigo. Eu não acho, embora a potência do continuo tenha costas largas. Por exemplo, mostra-se que todos os Rn são isomorfos a R, isto é pode fazer uma correspondência bijectiva.

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 03:58 PM

Ah, com n finito! Com n infinito já não é assim...:))) Bem, agora é que me vou.

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 04:00 PM

Pois, mas esse Rn é um espaço N-dimensional.
Y não é unidimensional. Depois de fazer a soma dos produtos, y é um escalar.

Publicado por: Novais de Paula às agosto 6, 2005 04:01 PM

Oh Novais de Paula, um escalar é unidimensional por amor de Deus, é um número real. Está a confundir escalar com vector ou quê? O produto interno é um escalar, o produto externo é um vector. Não lhe digo mais nada.

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 04:08 PM

Isto está animado. Quando estiver perto dos 200, avisem.

Publicado por: Coruja às agosto 6, 2005 05:12 PM

Deixem-me meter o bedelho na deriva matemática.

Claro que podemos colocar um aparelho que monitorize os níveis de serotonina, nos clientes que entram num espaço comercial ou recorrem a uma prestação de serviços. Mas isto não nos vai dizer nada sobre a felicidade dos ditos clientes.

Lembrei-me da "experiência" anterior porque julgo que alguns comentários a este post, traduzem alguma confusão entre "satisfação" e bem-estar ou felicidade. Coloquei satisfação entre aspas porque (corrijam-me se estou errado) a satisfação de que se fala em economia, tem um sentido diverso da interpretação corrente deste conceito. Em economia, a satisfação tem "apenas" que ver com o preenchimento de uma necessidade.

Do meu ponto de vista é utópico procurar que a felicidade ou o bem-estar sejam variáveis a considerar em Economia. Isto porque, nem a felicidade nem o bem-estar, são o somatório de satisfações resultantes da obtenção de um determinado bem ou serviço.
Julgo que estamos a conferir à Economia uma abrangência excessiva.
E, com isto, poderão ficar desvirtuadas as discussões. Nunca pensei na Economia como uma ciência que se ocupe da felicidade das pessoas. Seria um encargo demasiado pesado...


Publicado por: Vítor às agosto 6, 2005 05:39 PM

Vítor, está a ser injusto. Estes posts e comentários sobre economia têm feito a minha felicidade.

Publicado por: Coruja às agosto 6, 2005 05:53 PM

Pois Vítor mas parece que o problema é que somos intelectualmente mais honestos se falarmos em "desejos" e não em "necessidades". Li isso num livro de Economia. É claro que é útil distinguir as chamadas necessidades básicas, o Sérgio Godinho cantou bem isso.

Albatroz, não o vi, mas compreendo, aquilo estava tão cheio de gente que também fugi.

Joana lamento mas obrigou-me a ir estudar o seu nome até ao fim: " A lenda de Semíramis...Percorreu assim toda a Ásia e depois dirigiu-se ao Egipto para interrogar o oráculo de Amon. O oráculo aquem ela perguntou quando morreria, respondeu-lhe que seria tirada ao número dos vivos, quando o filho, Nínias, conspirasse contra a mãe."

Assim foi. Escolheu o seu próprio fim? Ou só aí é que percebeu porque é que Honetes se enforcou?

Agora quanto a obra feita não há dúvida. Mas atenção não pense que fica com a fama de ter construído os jardins suspensos da Babilónia, porque foi uma sua sucessora,rainha da Assíria, originária da Pérsia, que pediu ao marido que lhe desse a imagem dos "paraísos", os grandes parques da sua pátria.

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 05:57 PM

As referências que eu fiz a Popper e a Kant não se deram por acaso, pois ambos são considerados dois filósofos liberais. Mas sendo liberais as suas teorias têm implícita uma critica ao liberalismo económico. Assim, mesmo que nem um nem outro se dediquem às questões económicas, é possível deduzir o que as suas teorias implicam a este nível.
Para Popper – e como eu já tinha dito – qualquer raciocínio assente em probabilidades não é cientifico. E não é porque parte de factos particulares para hipóteses gerais, que depois se transformam em leis (como é o caso da lei da oferta e da procura). Ora, de acordo com o falsificacionismo popperiano uma hipótese é, provisoriamente, válida, se puder ser refutada ou falsificada. Nesta medida não se pode dizer que uma teoria é verdadeira, ou mesmo provável. Só se pode mostrar que é falsa. Aliás, para ele nenhum enunciado universal pode ser considerado como verdadeiro ou provável. Diz ele que não é a observação de um milhão de cisnes brancos que torna verdadeiro ou provável o enunciado «Todos os cisnes são brancos». Mas basta encontrar um cisne negro para mostrar a falsidade deste enunciado. Conclui-se, assim, que para Popper a economia não pode ser uma ciência, pois serve-se fundamentalmente do cálculo de probabilidades e da estatística. Mas se serve de consolo, de acordo, com este critério popperiano poucas actividades e teorias serão cientificas. Sim, para ele o marxismo não é cientifico, assim como não o é a psicanálise, e durante muito tempo pôs em causa a cientificidade do darwinismo. De facto, como é que se refuta a teoria da selecção natural? E já agora o que tem a teoria popperiana de cientifico? Como se refuta ou falsifica o falsificacionismo?
Isto tudo para quê? Para pôr as coisas nos seus devidos lugares: Marx não é Deus, mas Popper também não é! E é porque nem um nem outro são deuses, que a análise marxista da sociedade (não estou a falar das profecias) não tem que sair desvalorizada. A muito conhecida frase de Marx «Não é a consciência que determina a existência social; é a existência social que determina a consciência» é subscrita mesmo por anti-marxistas. E é, porque o tempo em que os homens se viam a si mesmos como livres, transparentes e conscientes é o tempo da herança cartesiana, posta hoje em causa por Damásio, que reconheceu valor àquilo que Freud disse – é bom lembrar que Freud, Marx e Nietzsche foram considerados por Ricoeur como os mestres da suspeita. Assim, quem disse que o marxismo e a psicanálise não eram científicos? Damásio não foi de certeza.
Dizer que o mercado é «livre» porque os homens agem livremente e de acordo com os seus interesses é, portanto, uma falácia. Claro que o mercado é constituído pelos homens, e mais não é do que as relações económicas estabelecidas entre eles, mas essas relações aparentemente livres são é necessárias. Necessárias na medida em que são próprias ao sistema em causa. Fora deste sistema nunca seriam aparentemente livres nem necessárias, e por isso seriam vistas como forçadas e contingentes. Marx aqui tem razão: o sistema económico (existência social) produziu uma ideologia e determinadas regras que assimiladas pela consciência levam à confusão, e ilusão, entre o que é próprio do sistema e o que é natural, livre, ou melhor. Se hoje a escravatura é vista como um mal a combater, no passado esclavagista ela era algo de normal e «natural».
Esta confusão entre o que é natural e ideológico verifica-se no discurso dominante (mas que apesar disso se diz politicamente incorrecto).De facto, de qualquer neoliberal correcto (mas politicamente «incorrecto») se ouve dizer que se deve recompensar o mérito, que se deve ser competitivo, que se deve deixar o mercado funcionar. Então não se está a ver como isto é naturalíssimo? Segundo Darwin, as espécies que se adaptam às alterações ambientais são as que sobrevivem (ou as que têm mais «mérito»); na natureza verifica-se uma constante luta pela sobrevivência ( isto é, uma grande «competição»); a natureza tem leis próprias que a fazem funcionar ( como o mercado «livre»). O capitalismo seria, assim, o regime mais natural, não tendo nada de ideológico. Pois... Mas a verdade é que se a História do Homem se caracteriza por uma progressiva libertação da selvajaria da Natureza e pelo seu domínio, o mesmo deve acontecer face ao mercado e capitalismo selvagem. Só assim se podem combater «doenças» sociais; só assim se escapar ao darwinismo social.
Como isto já vai longo, vou acabar recorrendo novamente ao liberal Kant. O imperativo categórico kantiano na sua última versão diz que homens se devem tratar a si mesmos como fins e nunca como meios. Será que este princípio moral é demasiado totalitário? Se calhar é, e por isso é-se injusto quando se diz que Hegel (e Marx) é o filósofo do totalitarismo, e que Kant é o filósofo da liberdade. Realmente se todas as pessoas seguissem este principio o que iria ser dos capitalistas que utilizam as pessoas como meios para atingirem o seu fim: o lucro? No mercado trocam-se produtos, e os trabalhadores são mais um produto como outro qualquer que se compra e vende. São vistos como instrumentos, mercadorias – como diz Marx – ou meios – como diz Kant.
Por fim, é também curioso que o liberal Kant se tenha servido de um exemplo com um mercador para distinguir as acções morais das imorais. E aqui ele discorda do liberal Smith: sempre que se age por interesse está-se a agir imoralmente, mesmo que legalmente. E quem age por interesse não é livre; para Kant só é livre quem age por dever. Ou seja, não é preciso recorrer a Marx para criticar o liberalismo; os próprios liberais não deixam de o fazer.

Publicado por: Carlos às agosto 6, 2005 06:15 PM

Corujinha, como gostas de capicuas esta é para ti, mas estendo aos outros,vá. Foi escrito em 2002, daí o título. Mas não deixem de ler o Carlos acima porque é bem pertinente.

http://online.expresso.clix.pt/interior/default.asp?id=24733155

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 06:38 PM

PS: já não sou Prof. ou melhor para uns sou e para outros não sou, saiu-me um dilema pós-Shakespeareano: ser e não-ser eis a questão. Mas está certo eu sempre gostei de brincar com o tertium non datur. Bem, vou fazer alguma coisa.

Ah, e tenho os impostos em dia.

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 06:46 PM

Vítor às agosto 6, 2005 05:39 PM

"Do meu ponto de vista é utópico procurar que a felicidade ou o bem-estar sejam variáveis a considerar em Economia".

Estou de acordo, embora não necessariamente pelas mesmas razões. Mas é por isso que é preciso retirar recursos à esfera do económico para os afectar à esfera do social. Para estender o bem estar (a "felicidade"?) a todos. Porque a economia não o consegue fazer. E quem, senão o Estado, pode afectar esses recursos à esfera do social? Por isso contesto as posições da nossa anfitriã que acha que o "mercado", sózinho, é a via única para a felicidade...

Publicado por: Albatroz às agosto 6, 2005 07:12 PM

Provavelmente, antes de atacar o capitalismo neo-liberal devíamos definir um mínimo para que a justiça social esteja salvaguardada. Depois ir-se-ia ver como é que esse mínimo podia ser garantido. A seguir, que recursos seriam necessários. E finalmente se isso era ou não realizável.

Sem querer ser exaustivo, mas apenas para dar o pontapé de saída a uma reflexão sobre o tema, diria que o mínimo para que a justiça social fosse garantida seria:

- Todos aqueles que o quisessem teriam uma ocupação e uma remuneração condizente;
- Todos aqueles que não tivessem idade ou saúde para desempenhar uma função remunerada teriam garantido o alojamento e o sustento, com um mínimo de dignidade;
- São garantidos os cuidados de saúde a todos, pagos para aqueles que podem pagar, gratuitos para os que os não podem pagar;
- O acesso à educação, para além do ensino obrigatório, é garantido a todos, na mesma base da saúde;
- É garantido um alojamento condigno a todos os que dele precisarem e não tenham meios para o pagar;
- As mães com filhos menores de cinco anos e que quiserem ficar em casa com os filhos até essa idade, terão direito a um subsídio suficiente para as sustentar e aos filhos, de uma forma condigna;

Etc.

Publicado por: Albatroz às agosto 6, 2005 07:37 PM

Concordo Albatroz. Seria bem melhor do que esta coisa em que para aqui andamos. É utópico? Paciência para os pragmáticos... nada como a Poesia. O resto é rasca.

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 07:49 PM

Carlos às agosto 6, 2005 06:15 PM
Como você escreve sem ler o que outros (eu) lhe respondem, vou ser sintética.
A seu arrazoado baseia-se numa série de falsificações:
1 - Não é verdade que a Economia se sirva fundamentalmente do cálculo de probabilidades e da estatística; Serve-se dele, mas os fundamentos da análise económica não se baseiam na Estatística;
2 – Não é verdade que Popper tenha negado o carácter científico. Num texto dele intitulado “Previsão e Profecia das Ciências Sociais” (“Ciências”!!), critica o historicismo e acusa, isso sim, o Marxismo de não ser científico e de as suas profecias estarem mais próximas do Velho Testamento do que das das ciências actuais;
3 – Por essa ordem de ideias, uma série de ciências deixariam de o ser. Por exemplo:
3a – A Medicina recorre cada vez mais à estatística para avaliar não só as possibilidades de se contrair determinada doença, mas também a relação entre sintomas e uma dada doença (recorrendo à Análise Multivariada);
3b – a Física, a Química e a Meteorologia recorrem imenso à Estatística;
3c – A própria Arqueologia recorre à Análise Multivariada para, a partir de pequenos fragmentos tentar reconstituir o todo. E o mesmo faz a Paleontologia e a História Documental;

Publicado por: Joana às agosto 6, 2005 08:02 PM

Carlos às agosto 6, 2005 06:15 PM
4 – A sua crítica ao Darwinismo e a afirmação de que “a História do Homem se caracteriza por uma progressiva libertação da selvajaria da Natureza e pelo seu domínio” deve deixar os ambientalistas, e todos, em geral, abismados. Então a Natureza é uma selvajaria e a nossa tarefa é libertarmo-nos dessa selvajaria??
Se “só assim se podem combater «doenças» sociais”, então, não há dada a fazer!!
5 – Você utiliza a frase de Marx «Não é a consciência que determina o ser social; é o ser social que determina a consciência» como uma “pala” determinística, que está de acordo com o determinismo marxista e com a sua divisão da história em fases padronizadas, o que deixou uma herança terrível aos seus epígonos que tiveram que fabricar o Modo de Produção asiático para encaixar uma série de sociedades que fugiam aos padrões e a falsificar a história de outras sociedades para encaixarem “bem” nesses padrões. O ser social influencia a consciência social mas não a determina. Se fosse assim, o “homem novo” soviético não seria aquela gente civicamente atrasada, relativamente ao Ocidente.
6 – A orfandade de Marx leva a muitas confusões.

Publicado por: Joana às agosto 6, 2005 08:04 PM

Albatroz às agosto 6, 2005 07:12 PM
Julgo que você, à medida que vai lendo este blog, apaga-se-lhe da mente o que estava escrito antes. Nunca escrevi que o mercado “sózinho, é a via única para a felicidade”. Apenas escrevi que promovia um sistema de preços eficiente e conduzia à maximização do bem estar (em termos económicos). No post sobre a “Dimensão do Estado” e nos outros para onde este remete, pode ver o papel que eu atribuo ao Estado. E se leu Adam Smith viu certamente o papel que este atribuía ao Estado

Publicado por: Joana às agosto 6, 2005 08:07 PM

E agora vou voltar para o Living, para ver se os fogos que devastavam o aparelho da TV já estão controlados.

Resta sempre o telecomando. E é uma prova da solidez do matrimónio quando a mulher tem acesso livre ao telecomando.

Publicado por: Joana às agosto 6, 2005 08:11 PM

E quanto ao darwinismo aí vai:

http://triplov.com/creatio/casquilho.html

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 08:34 PM

E agora boa-noite. Vou voltar à minha biografia do Infante D. Henrique. Ele era danado, sabem que quando foi a aclamação de D. Duarte os procuradores dos concelhos tentaram, sem exito, remover o monopólio da produção de sabão do PAÍS, das mãos do infante, Duque de Viseu, Grão-Mestre de Cristo, e não conseguiram! Isto deve ter sido a mãe...

As mães são tramadas, felizmente já não tenho desses problemas aqui no lado imanente e ficou um bom recuerdo, vá lá.

Lembro-me que em 1492 quando os reis católicos cercaram Granada, o último rei Boabdil preferiu render-se e partir com o séquito para Fez. A mãe azucrinou-o como só elas sabem fazer: foi para isto que eu te criei, para seres um homem e na hora da verdade te comportares como uma mulher, etc.

Boabdil respondeu que não era por medo da morte, mas para que não estragassem Granada, que assim ficava bela para os vindouros. O Carlos V não resistiu a fazer lá um palácio piroso, aquele número clássico de fazer uma mijinha no território conquistado, mas de facto o Alcazar permaneceu belo até hoje. Lembro-me de estar lá num calorão infecto com os pézinhos dentro de água corrente, foi o que mais me encantou, o sistema hidraulico de rega por ali abaixo.

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 09:29 PM

Ah, é verdade, o rubi do príncipe negro (uma espinela) que está na coroa imperial britânica, era de Boabdil...

Publicado por: pyrenaica às agosto 6, 2005 09:36 PM

Pyrenaica, duas coisas:
1 - O rubi do príncipe negro "(uma espinela) que está na coroa imperial britânica", não pode ser do Boabdil, pois este viveu século e meio depois do Príncipe Negro (a menos que não seja do Príncipe Negro).

2 - Você andou em Agronomia? O meu pai é muito amigo do Saint-Aubyn (e eu também, dele e do filho economista). Que tal o achou como professor?

Publicado por: Joana às agosto 6, 2005 09:46 PM

Este post parece um hipermercado cultural.

Publicado por: fbmatos às agosto 6, 2005 10:42 PM

Há a secção de artigos de luxo, os de 1ª necessidade, os que estão em saldo, etc.

Publicado por: fbmatos às agosto 6, 2005 10:45 PM

O fbmatos teve um bom golpe de vista. Mas também há cassetes neste hipermercado.

Publicado por: Gros às agosto 6, 2005 11:52 PM

E há encontros: Caro amigo, há quanto tempo não o via!

Publicado por: Gros às agosto 6, 2005 11:53 PM

Joana às agosto 6, 2005 09:46 PM

1- A referida espinela está referenciada como tendo provindo do espólio de Boabdil, depois empenhada por Isabel para fazer face às despesas da expedição de Colombo.
2- O nome dele não se escreve assim, e não nos falamos. As perversões dos matemáticos e a lógica de fazer crescer o departamento com a chumbaria desenfreada dos alunos, tornaram-nos incompatíveis. For ever.

Publicado por: pyrenaica às agosto 7, 2005 07:48 AM

Ele várias vezes dizia lá em casa dos meus pais que era preciso um ano 0 em Matemática pois os alunos chegavam à universidade sem saber nada. Nós achávamos que o que era preciso era que o básico e o secundário funcionassem em termos. O ano 0 não resolvia nada a alunos que já vinham "coxos".
Agora deve achar que é também preciso o ano -1.
Sempre ouvi chamarem-lhe assim. Nunca vi o nome dele escrito.

Publicado por: Joana às agosto 7, 2005 09:52 AM

Lamento Joana mas a história é muito mais triste do que isso. Claro esse foi sempre o argumento utilizado: os alunos não sabem nada, cada vez sabem menos, durante 20 anos ouvi essa história e durante esse tempo procurei contrariar esse dispositivo meta-ideológico. Só mais tarde, depois de fazer o doutoramento, é que fiz o estudo sobre o (in)sucesso escolar no ISA e só percebi a amplitude da coisa a partir da reacção dos meus colegas, quando divulguei os números, até então secretos, das diferentes taxas de (in)sucesso das disciplinas. Para além de fazerem crescer o departamento aumentando o nº de alunos

Pode ficar contente Joana, à conta disso perdi o emprego numa estória de tal maneira vergonhosa (não para mim, para outros), que nem quero contar. Espero que a lei karmica actue...

Vocês, os liberais podem ficar contentes, depois de 21 anos de serviço ao estado, sem qualquer acusação de incumprimento de serviço ou outra, fui para a rua (ilegalmente, claro), sem direito a subsídio de desemprego e até se foi a ADSE.

Mas está bem, felizmente os deuses ampararam-me por outros lados, a carreira universitária é mesquinha demais para o meu gosto, fiz a investigação que quis, fiz o doutoramento que quis, fora de qualquer lobby e cunhas: o St'Aubyn queria obrigar-me a reescrever a tese mas os pareceres externos eram tão favoráveis (fui salvo por gente que não conhecia) que teve que engolir e juntar o seu voto à unanimidade dos outros.

C'ést la vie, não me queixo, prefiro ir para a rua a lamber botas. Ah, mas quando ele foi meu professor gostei sim, ele é muito simpático fora das relações de poder, até foi por isso que quis ir para o DM e acrescentar alguma coisa à minha paixão daquela época: Ecologia Matemática.

Publicado por: pyrenaica às agosto 7, 2005 11:48 AM

pyrenaica às agosto 7, 2005 11:48 AM

Há falhas de carácter profundas no nosso povo. A mesquinhez, a inveja, a falta de escrúpulos, concorrem todas para esta cultura de mediocridade em que os bons são os principais alvos a abater porque são a referência que denuncia a profunda mediocridade dos outros. Tendo trabalhado muitos anos em empresas americanas (do sector segurador) tive a peregrina ideia de voltar a Portugal, tendo ficado como director coordenador numa empresa de um grande grupo privado português. Apercebi-me que as informações de gestão utilizadas eram de má qualidade e propus a adopção do sistema americano. A proposta foi recusada. Decidi, em tempo meu, organizar uma pequena folha informativa com o método americano, para os outros directores e para os administradores. Fui rapidamente chamado à administração, admoestado e ameaçado se não parasse com essa minha actividade extracurricular. Ou seja, a manutenção da autoridade mentecapta dos administradores era mais importante do que ter dados de gestão fiáveis e universalmente (excepto em Portugal...) adoptados. É com esta gente que a Joana quer salvar a economia portuguesa...

Publicado por: Albatroz às agosto 7, 2005 12:06 PM

Mas mesmo assim Joana aposto que o meu camarada Louçã me detesta mais que o Sty. Obriguei a Maria Francisca a ter de assumir que tinha sido um erro a boca ao Paulo Portas, no debate. Ficou podre mas engoliu. A seguir vingou-se...E eu rio-me deles todos.

Publicado por: pyrenaica às agosto 7, 2005 12:08 PM

O que o país precisa não é de Blocos de Esquerda ou Blocos de Direita. É de um Bloco de Decência onde pessoas de todos os quadrantes ideológicos pudessem intervir na vida política, apenas baseados em critérios de competência, de honestidade, de vontade de defender o bem comum e de solidariedade.

Publicado por: Albatroz às agosto 7, 2005 12:29 PM

Por isso é que eu gosto deste blogue, apesar dumas traiçõezinhas da Joana, aprendo sempre coisas e fico a pensar noutras. Não se preocupe caro Albatroz, a minha vingança é que ando feliz, muitas vezes.

À Joana saiu na rifa o Nínias (ou vai sair), ou melhor ela escolheu que assim fosse quando optou pelo nome, a mim saiu-me o Chronos (come os filhos...). Ehehe, temos mitos à medida de cada um. Mas há um amigo meu, especialista em ornitologia, que diz que eu sou Fenix... Eu cá por mim já me chegava ser andorinha, mas não peço nada, senão ainda me calha sair um pterodactylo feioso.

Agora passando a coisas construtivas que do resto já estou farto, tenho que arranjar coragem para ir a essa coisa do valor económico total de um recurso natural. Tenho ali uma pilha que só olho de soslaio. Quando tiver alguma coisa de interessante para perguntar conto consigo Albatroz.

Publicado por: pyrenaica às agosto 7, 2005 12:46 PM

E já agora para rematar: o Sty não deixou nenhum livro escrito, não sei se ainda vai a tempo. É compreensível, ainda tenho ali umas folhas de Equações Diferenciais Ordinárias dele, em que não teve a decência de dizer que eram a tradução livre de um capítulo de um livro. Isso foi sabido. As folhas foram discretamente retiradas.

Ao contrário do meu querido Prof. Azevedo Gomes que fez a tradução livre do Odum, mas escarrapachou isso na capa.

Depois ainda tenho para ali uma colecção de exames de Análise quase todos com erros nos enunciados, que tinham de ser corrigidos quando nós, os assistentes, nos apercebíamos, durante o próprio exame. Já não bastava aquilo ser difícil e ainda por cima ter erros. Durante muito tempo pensei que era distracção dele, agora já não sei.

Calhou a Joana chamar o Sty à baila. Coisas curiosas...

Ele está reformado, ficou professor emérito, mas eu descobri que se metermos um "d" no emérito - "d" de "dado" - há várias posições admissíveis e dá para rir até mais não.

Publicado por: pyrenaica às agosto 7, 2005 01:36 PM

Corujinha, está quase a chegar aos 200! Enfim, ainda faltam uns tantos.

É verdade por falar em coisas mais interessantes. Já na mesquita de Córdova tive de render-me ao Carlos V que fez emergir lá do meio uma catedral de mármore negro. Acho lindo, no meio daquelas arcadas feitas de colunas de todo o mundo. E os muçulmanos que não chateiem porque fizeram o mesmo, enfim parecido, à Haja Sophia (é assim que se escreve?) em Bizâncio/Constantinopla/Istambul. Estávamos em 1453.

Publicado por: pyrenaica às agosto 7, 2005 01:55 PM

pyrenaica às agosto 7, 2005 11:48 AM:
É interessante dizer-me isso e acrescentar que "Vocês, os liberais podem ficar contentes".
O St'Aubyn foi do PCP e, após as confusões do fim dos 80 e princípio dos 90, ficou na esquerda do PS.
Ele e a minha mãe foram do núcleo fundador do Sindicato dos Professores.
Quando o Lynce foi para ministro, ele disse aos meus pais "como era possível um analfabeto chegar a ministro"?. (O Lynce também é do ISA)

De liberal, não tem nada.
Como pessoa, sempre achei que ele, a mulher e o Miguel (O Paulo, o outro filho, tem um problema grave) eram pessoas sãs. Isto em conversa mundana.
Nunca o conheci profissionalmente.

Publicado por: Joana às agosto 7, 2005 02:19 PM

Corujinha, mais uma. Continuando com mesquitas: dou 20 valores à mesquita de Casablanca. É bem bom, para quem possa, ir na Páscoa ou por aí, depois começa a ficar quente, de avião até lá, o combóio pega direito no aeroporto até Marraquexe, lá têm a Kotobia irmã gémea da Giralda de Sevilha, depois aluga-se um carro e vem-se por ali abaixo. Mazagão (El Jadida, creio) tem lá "la ville portugaise", fiquei todo orgulhoso com aquela construção, bonita, bem defendida e enquadrada, com "la cisterne (?)portugaise", uma magnífica e imensa sala subterrânea em colunata, com um efeito acústico fenomenal, que se diz ter sido a antiga sala de armas da cidadela. Foi toda reconstruída, a cidade inteira, porque quando os portugueses tiveram de abandonar Mazagão, saíram pela Porta do Mar enquanto os outros entravam pela frente.. e fizeram tudo ir pelos ares... Tudo! Un grand finale. Mas atenção, se eles reconstruíram é porque lá sabem.

Essaouira é muito bonita também e dá para compreender a colonização francesa.

A "cisterne portugaise" é que me deixa baralhado. É muito parecida com aquilo que nós cá nos castelos árabes chamamos de "cisternas árabes", portanto acho que isso é um híbrido intercultural.

Publicado por: pyrenaica às agosto 7, 2005 02:23 PM

Foi ele que emprestou à minha irmã (e a mim) os Boletins da Sociedade de Matemática para um texto sobre o nº de ouro, que ela fez como trabalho escolar (com a minha ajuda) em 1991 e eu transcrevi, quase na íntegra, para um de uma série de posts sobre o Código da Vinci, e por causa do qual, os inquisidores do BdE andaram a chegar-me o juízo, porque havia passagens dele que estavam na net e alegavam que eu tinha copiado da net.
O que é estranho, dado em 1991 não haver net.

Publicado por: Joana às agosto 7, 2005 02:24 PM

Joana às agosto 7, 2005 02:19 PM

Está bem Joana, isso também é tudo verdade, só que as pessoas são multifacetadas. Vamos aos factos: acha normal durante 20 anos ele ter sido o único catedrático do departamento? Isso diz tudo.

Também gostei da família toda e em particular sempre gostei do Paulo pela razão que conhece. Enfim, não vamos falar mais de pessoas que não estão aqui. Já lhe disse desejo-lhe boa sorte com essa do Nínias, eu já me safei do Chronos.

PS há uma parte final da lenda de Semiramis que eu não contei, alguns dizem que ela se transformou em pomba e foi para o céu. E esta, hem? Cuidado com os pterodactylos...

Publicado por: pyrenaica às agosto 7, 2005 02:29 PM

Quem disse tudo sobre o Código da Vinci foi o VPValente: é um romance de aeroporto.

Eu fui lá já há 20 anos de propósito ver a Última Ceia no refeitório das irmãs do convento não-sei-das-quantas em Milão e aposto que Jesus gostava mesmo do João. Claro isso visto pelos olhos do Leonardo, mas que olhos... Não tira que o Jesus também gostasse da Madalena, aliás faz todo o sentido.

Agora o Leonardo foi cuidadoso numa coisa, não se metia em política, trabalhava para todos.

Sabe que ele conheceu o Nicolau Machiavel? Estive a ler a biografia há pouco tempo. Eu pensava que o autor do Príncipe era rico, mas não, embora fosse embaixador da Senhoria andava sempre com dívidas e vestia meio esfarrapado porque a Senhoria não lhe pagava!

Essa coisa do BdE não sei do que fala, entre Out-Dez estive em Timor e andar na net lá não apetece.

Publicado por: pyrenaica às agosto 7, 2005 02:43 PM

Aviso que estou à espreita

Publicado por: Coruja às agosto 7, 2005 02:54 PM

toma...

Publicado por: pyrenaica às agosto 7, 2005 02:59 PM

O 200 é meu.

Publicado por: Coruja às agosto 7, 2005 03:22 PM

Quanto à capicua ...

Publicado por: Coruja às agosto 7, 2005 03:22 PM

Julgo que também

Publicado por: Coruja às agosto 7, 2005 03:23 PM

E logo eu que consegui não acertar em nenhum nº do euromilhões. Não haverá prémios para tipos tão abéculas?

Publicado por: Coruja às agosto 7, 2005 03:24 PM

Ora assim é que eu gosto! Corujinha branca..., três seguidas, hem? É a conta que Deus fez...

Joana ainda não almocei e tenho que pensar nisso, mas lembrei-me, lembra-se quando nos engalfinhámos no expresso-online? O que me ligou a si é que achei que gosta tanto de História como eu.

E depois há aquela história de Joana a Louca. Não sei se sabe quando ela, ainda Infanta de Espanha, mas já casada com o Filipe, foi a França em visita oficial, lá andava tudo às cores cheios de fitas, porque reinava uma Médicis - e ela,Infanta de Espanha, de negro e ouro! Começaram os jogos de humilhação real, a Joana ainda era moça coitada, só estava lá a fazer o número o melhor que podia, depois da missa na catedral a rainha de França ergue-se imediatamente para obrigar a Joana a segui-la humilhadamente, e a Joana, Infanta de Espanha, permaneceu ajoelhada mais meia hora a rezar, com a Médicis na porta à espera dela - ia-lhe dando uma coisa! Então fiquei sempre com ternura pela Louca por causa disso. Agora aquela de por a corte toda a acompanhar o funeral do Filipe em pleno Inverno, com o homem já morto há meses, todos os dias a abrir o caixão e a beijar-lhe os pés, grávida (deu à luz pelo caminho, acho que foi a nossa futura rainha) eu também confesso que lhe chamaria a Louca, mas acho que ela nem se importou. Coisa terrível o amor insano, hem?

Publicado por: pyrenaica às agosto 7, 2005 03:39 PM

Quatro, corujona! Bom, é o número de valências do carbono, a molécula da vida, tá bem na mesma. Ciao.

Publicado por: pyrenaica às agosto 7, 2005 03:42 PM

A Joana parece que, tal como eu, escreve sem ler o que os outros dizem. Por isso, vou também ser sintético.
1- Segundo Popper tudo o que é do domínio do provável não é cientifico. Portanto, todas as conclusões que a economia tire baseadas em probabilidades não são cientificas – para Popper, claro!
2- Popper nega a cientificidade ao marxismo, como eu já tinha reconhecido. Mas eu também disse que negou a cientificidade da psicanálise («recuperada» pelo cientista Damásio) e que pôs em causa a cientificidade do darwinismo. Popper considerou o darwinismo como metafísica!
3- Por esta ordem de ideias muitas ciências não o são de facto – para Popper, claro! A começar pelas ditas «ciências sociais», e a acabar em tudo aquilo que não seja possível refutar, pôr à prova ou testar. Mas a verdade é que a ciência hoje em dia é, realmente, probabilística, como mostra a mecânica quântica. E o que isto quer dizer é que o critério de demarcação popperiano já não é visto como sagrado – assim também Popper deixou muitas pessoas órfãs, como é o caso do traumatizado JCEspada, e outros como ele, que depois de verem o pai Marx morrer assistem, também à morte do(s) pai(s) adoptivo(s).
4- Para bom entendedor meia palavra basta. A libertação da selvajaria da Natureza não é o mesmo que a destruição da Natureza.
5- Novamente, para bom entendedor meia palavra basta. Quando eu utilizei a frase de Marx foi para mostrar a falácia do mercado livre, e não para defender qualquer determinismo.
6- A morte do comunismo deixou órfãos dos dois lados. Um dos lados ficou sem a referência; o outro ficou sem inimigo. Mas diga-se que este lado ficou órfão durante pouco tempo: agora o mal está no mundo muçulmano! Quem virá a seguir?

Publicado por: Carlos às agosto 7, 2005 04:16 PM

Acho que nós é que somos o mal para o mundo muçulmano. Eles é que nos chamam "cães infiéis".

Publicado por: Sa Chico às agosto 7, 2005 06:04 PM

Não contem comigo para os 300.

Publicado por: Coruja às agosto 7, 2005 08:06 PM

A psicanálise recuperada por António Damásio? Onde?

Publicado por: J.A. às agosto 7, 2005 08:40 PM

Olhe se eu não me engano acho que os dominicanos chamam-se a si próprios os "cães do Senhor". O problema são as épocas de cio...

Publicado por: pyrenaica às agosto 7, 2005 10:05 PM

Épocas de cio? de quem? Do Senhor?

Publicado por: bsotto às agosto 8, 2005 10:01 AM

Chamavam-se quando eram os encarregados da inquisição (Alta Idade Média). Um trocadilho de dominiscanis com canis dominis.

Publicado por: Pedro Oliveira às agosto 8, 2005 11:04 AM

Bela capicua. Bate certo com o nº do comentário.

Publicado por: pyrenaica às agosto 8, 2005 12:53 PM

Então Corujinha, que tal um 222?

Publicado por: pyrenaica às agosto 8, 2005 08:06 PM

chato! Agora já cá não anda o xatoo..

Publicado por: pyrenaica às agosto 9, 2005 03:01 AM

Para quem não conhece a feia história de plágio a que a Joana alude de forma tão ligeira, aqui fica um link:

http://bde.weblog.com.pt/arquivo/055924.html

Como será fácil ver, a história não é de todo como ela a conta. Detectaram-se então inúmeras cópias textuais, vírgula a vírgula, de textos alheios. Tenha vergonha, senhora.

Publicado por: Esfinge às agosto 9, 2005 05:13 PM

A ignorância absoluta e pesporrente e a sanha persecutória são os traços comuns dos inquisidores medievais e dos radicais de esquerda actuais.

Publicado por: Joana às agosto 9, 2005 07:42 PM

Interessante. Amanhã vou ver, que hoje já não dá. Joana chegou o seu Nínias?

Publicado por: pyrenaica às agosto 9, 2005 11:31 PM

Azar o seu, querida, que não nasci na tão vilipendiada Idade Média e até dou de Direita.

Olhe que a desonestidade intelectual não
e exclusivo de um quadrante político; nem consegue esconder a evidência do seu plágio reiterado por se armar em vítima perseguida.
A história da "ignorância", vinda de quem teve de roubar trabalho alheio para "brilhar" nesta minúscula ribalta da blogosfera, define a sua autora.

Publicado por: Esfinge às agosto 10, 2005 11:12 AM

Esfinge é um nick bonito. Tenho no entanto que te dizer que não tenho cabeça entre o que estou a fazer e o que ainda quereria fazer para poder investigar este caso. Em última análise não há razões para preocuparmo-nos: as coisas ficam com quem as faz, em todas as dimensões (10, 11?).

Lembro-me quando comprei um livrinho da Clara Pinto Correia sobre A Morte, um tema que obviamente me é caro e deparei-me com a menina acitar os mestres como se tivesse sido ela a pensar pela primeira vez. Fiz uma coisa terrível: pus o livro no lixo! Passados uns anos a menina foi desmascarada por plágio na Visão.

Claro que a honestidade intelectual é o fulcro da questão, mas cuidado também porque muitas vezes não se sabe se alguém já disse isso antes de nós.

Há uma frase bonita que ouvi a um amigo meu, um dia, que disse que tal como o ar as palavras são de quem as respira.

Publicado por: pyrenaica às agosto 10, 2005 01:07 PM

corujinha...

Publicado por: pyrenaica às agosto 10, 2005 02:01 PM

;-)

Publicado por: pyrenaica às agosto 10, 2005 02:13 PM

O problema do plágio tem tudo a haver com a questão da ética, já aqui debatida. Quem desvaloriza a ética dá o primeiro passo para o plágio ou para qualquer outra forma de desonestidade. Inclusive no campo da economia...

Publicado por: Albatroz às agosto 11, 2005 03:42 PM

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