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agosto 02, 2005

Informação sobre a Ota

Diversos blogues (e alguns órgãos de comunicação social) têm pedido ao governo para colocar em linha os estudos sobre o Aeroporto da Ota. Estou obviamente de acordo. Os actos administrativos deveriam ser transparentes em quaisquer circunstâncias, pois só assim podem ser evitados os fenómenos de corrupção, compadrio, abuso do poder e actos danosos para o cidadão perpetrados pela administração pública (incluindo instâncias governativas e autárquicas) a coberto do véu opaco e pesado da coisa pública. Todavia, no caso em apreço, acho essa pretensão insuficiente.

Os estudos de viabilidade económica e financeira e análises custo-benefício, a existirem, são de leitura difícil, mesmo para especialistas, não só em si mesmos, mas também porque subjacentes a eles estão diversas hipóteses e dados de base, cuja interpretação e julgamento não são evidentes para quem está por fora. Portanto os estudos deveriam ser apresentados na sua totalidade, incluindo todas as hipóteses de base e as razões porque foram tomadas. Mas mesmo isso é insuficiente.

Igualmente relevante seria a questão do investimento privado. Manuel Pinho afirmou que o novo aeroporto é financiado "quase exclusivamente pelo sector privado". Se isso for verdade, tal indica que, do ponto de vista financeiro, o projecto é viável na óptica do privado. Os privados não se convencem com facilidade e só se metem em projectos cuja avaliação acompanharam, ou sobre os quais fizeram uma avaliação paralela. Resta agora saber qual é a óptica do privado: inclui apenas o projecto da Ota, ou haverá contrapartidas algures? Ou pondo a questão em termos económicos: haverá externalidades positivas para os investidores privados?

Importa saber se o novo aeroporto é financiado "quase exclusivamente pelo sector privado" e se o sector privado apenas recolhe os cash-flows gerados pelo próprio projecto, excluindo quaisquer contrapartidas externas, sob qualquer forma.

Resta ainda a questão da análise custo-benefício. O novo aeroporto terá externalidades negativas? Quais os reflexos da mudança do aeroporto para a Ota na conta de exploração da TAP e de outros operadores aéreos portugueses? Qual o prejuízo dessa mudança para os utentes, admitindo que é possível quantificá-lo? Quais os custos do desmantelamento do Aeroporto da Portela? Neste último caso estes custos poderão ser absorvidos por uma eventual operação imobiliária a desenvolver naquele terreno. E uma última questão: quais os custos da substituição do Aeroporto da Ota (financeiros e sociais) no término da sua vida útil?

São estas as questões que exigem respostas dos ministros, devidamente documentadas: É verdade que o novo aeroporto é financiado "quase exclusivamente pelo sector privado"? E, se for verdade, será que os réditos dos investidores privados virão exclusivamente deste projecto? Será que o Estado não dará quaisquer contrapartidas que influenciem, directa ou indirectamente, os cash-flows dos privados?

É tão importante saber qual a relação dos privados com o novo aeroporto, e em que condições se estabelece essa relação, como a leitura das peças dos estudos de viabilidade de tráfego, financeira e económica, mesmo admitindo aquelas que sejam fornecidas na totalidade.

Publicado por Joana às agosto 2, 2005 11:29 PM

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Comentários

Estava tentado a perguntar à SAD do Benfica se haverá externalidades positivas para os investidores privados - tipo Somague - pelo facto de ter dado à penhora os passes de 5 jogadores, para garantir o pagamento referente ao novo estádio da Luz. Vê algum mal nisto ou é o mercado, no seu melhor , a funcionar, como dizem os liberais ?
Nem parece sua essa desconfiança com as "externalidades positivas".

Publicado por: zippiz às agosto 2, 2005 11:51 PM

A questão das externalidades só funciona em projectos públicos, pelas razões que apontei, ou em projectos com impacte ambiental (onde as externalidades são os custos ambientais, ou os benefícios, no caso de serem projectos ambientais - saneamento, valorização dos RSU, etc.).
Nesse tipo de negócios, entre privados, esgota-se tudo na óptica financeira.

Publicado por: Joana às agosto 2, 2005 11:56 PM

Veja aqui

http://dn.sapo.pt/2005/08/03/tema/cgd_recusouse_a_financiar_grandes_pr.html

os últimos resultados do Campeonato Nacional de Salto á "Vara".

Publicado por: carlos alberto às agosto 3, 2005 01:35 AM

Do Blasfémias:
CGD recusou-se a financiar grandes projectos públicos

Este artigo responde em parte às questões levantadas pela Semiramis.

O chamado financiamento privado da Ota será em grande parte financiamento público concedido:

- através das empresas públicas
- através de um desconto na privatização da ANA
- através da concessão de monopólios
- através de subsídios públicos e comunitários
- através da construção de infraestruturas de acesso
- através da cobertura do risco e da compra garantida de serviços por parte do estado e das empresas públicas
- através do endividamento das autarquias

Publicado por: David às agosto 3, 2005 01:43 AM

Na verdade toda essa questão da CGD cheira a esturro. Se for como dizem, isto é um escândalo.

Publicado por: Ramiro às agosto 3, 2005 09:16 AM

"Quais os reflexos [...] na conta de exploração da TAP e de outros operadores aéreos portugueses?"

Para uma liberal, a Joana mostra um gande amor à TAP e aos "operadores aéreos portugueses", seja lá o que isso fôr.

O que são "operadores aéreos portugueses", Joana? São aqueles cujos proprietários têm passaporte português? Ou dos quais 50% dos trabalhadores têm passaporte português? Ou 50% dos acionistas? Ou quê?

Por que é que a Joana se preocupa sobremaneira com os "operadores aéreos portugueses"? Trá-los no coração? É acionista de algum deles, como o é da Portugal Telecom?

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 3, 2005 10:32 AM

Parece de facto haver ligação entre as mudanças na CGD e a questão dos investimentos da Ota. Não deve ter sido apenas saneamento político.

Publicado por: Rui Sá às agosto 3, 2005 10:44 AM

Interessa também saber se as "externalidades" que o Estado concederá aos privados não poderão dar estrilho, como foi o caso da Ponte Vasco da Gama.

Ferreira do Amaral deu de bandeja a Ponte 25 de Abril aos privados que construíram a Ponte Vasco da Gama, prometendo-lhes também uma pesada subida das portagens na 25 de Abril. A coisa deu estrilho, e o Estado acabou por ter que renegociar tudo - pagando mais, claro.

Convem recordar esta história pouco edificante.

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 3, 2005 10:52 AM

Luís Lavoura às agosto 3, 2005 10:52 AM: Não era possível construir a ponte Vasco da Gama, sustentando-se a si própria, com a ponte 25 de Abril ao lado, com portagens políticas.
As portagens da Ponte 25 de Abril são políticas e distorcem o mercado de transportes na região de Lisboa. Durante anos ficaram congeladas e,para a classe 1 tem um valor irrisório.

Publicado por: Hector às agosto 3, 2005 11:12 AM

Aliás, num estudo feito para o GNFL (ligado à CP) em 1990, um consórcio luso-francês de consultores advertia que a própria travessia ferroviária Lisboa-Almada e a linha para Pinhal Novo, poderia ficar sem sustentabilidade financeira se as portagens não fossem revistas.
Continuaram congeladas e, quando Ferreira do Amaral se lembrou de as descongelar, à bruta, apanhou com o buzinão monumental.

Publicado por: Hector às agosto 3, 2005 11:15 AM

Foi por isso que as 2 pontes foram concebidas como um projecto único. Só assim foi possível avançar.
Quando Guterres subiu ao poder, não quis arrostar com o clamos público da Lusoponte aumentar substancialmente as portagens na Ponte 25 de Abril e renegociou o contrato.
Quando se renegoceiam contratos, quem toma a iniciativa sai sempre a perder. Portanto, é o OE que está a pagar tudo isso.

Mas uma coisa é incontestável: Aquele projecto só avançava ou considerando o negócio como um todo e entregando-o aos privados, ou sendo subsidiado pelo Estado.
A outra alternativa era não o fazer.

Publicado por: Hector às agosto 3, 2005 11:20 AM

Hector às agosto 3, 2005 11:12 AM

Que eu saiba (se Você souber melhor, esclareça-me) as portagens da Ponte 25 de Abril não são "políticas". A Ponte 25 de ABril já está paga e as portagens no seu valor atual chegam e sobejam para a sua manutenção.

Não percebo o que quer dizer com "as portagens da Ponte 25 de Abril distorcem o mercado de transportes na região de Lisboa". Se as portagens pagam a manutenção da pone, porque é que elas deveriam ser mais altas?

Eu concordo que as portagens na ponte 25 de Abril sejam subidas por motivos ecológicos - para forçar à diinuição do tráfego - ou por motivos da lei da oferta e da procura - aumentando as portagens em hora de ponta e eliminando-as durante a noite. Mas não vejo quaisquer outros motivos económicos para as mudar.

(Disclaimer: vivo no centro de Lisboa e só muito ocasionalmente utilizo a ponte 25 de Abril.)

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 3, 2005 11:28 AM

"[A ponte Vasco da Gama] só avançava ou considerando o negócio como um todo e entregando-o aos privados, ou sendo subsidiado pelo Estado."

Isto é evidente. O que acontece é que, precisamente, o Estado decidiu que não queria ser ele a pagar a ponte Vasco da Gama, e portanto pediu aos privados que o fizessem, oferecendo em troca a ponte 25 de Abril com portagens aumentadas. Ou seja, precisamente, o Estado ofereceu aos privados um monopólio (o das travessias do Tejo em Lisboa) em troca do seu capital.

Ou seja, houve uma externalidade no negócio: um monopólio, e uma ponte que já estava paga.

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 3, 2005 11:33 AM

Em primeiro lugar, a manutenção da Ponte 25 de Abril é bastante cara e, no estudo a que me referi, estava prevista uma verba de 30 milhões de contos (de 1990) só para a sua reabilitação.

Em segundo lugar, o preço a que me estou a referir é o de um serviço: a travessia rodoviária do Tejo em Lisboa. Para esse serviço, haver apenas uma ponte era insuficiente. Logo teria que se fazer outra. E não era possível haver uma ponte com portagens baixas e outra ao lado, com portagens actualizadas.

Pense de outra maneira: imagine que eu triplicava a largura da Ponte 25 de Abril (se tal fosse possível). Nesta situação não veria as novas portagens em termos do novo investimento?

A menos, claro, se fosse investimento público

Publicado por: Hector às agosto 3, 2005 11:41 AM

Qualquer concessão de serviço público é um monopólio. Neste caso um monopólio regulamentado, pois as tarifas foram fixadas à partida.
Ou seja, o negócio em si fez-se em concorrência, pois as tarifas faziam parte do concurso.
A exploração é que é em monopólio, mas regulamentado.
Isso acontece em qualquer concessão.

Publicado por: Hector às agosto 3, 2005 11:45 AM

A portagem da Vasco da Gama deve ser mais alta do que a da 25 de Abril, uma vez que a Vasco da Gama é 8 vezes mais comprida do que a 25 de Abril e portanto é de construção e manutenção muito mais cara.

Visto isto, não há razão nenhuma para que o Estado aumente brutalmente (ou autorize um privado a aumentar) a portagem da 25 de Abril com o fim de pagar a Vasco da Gama.

Em boa justiça, a Vasco da Gama deveria ter sido construída pelo Estado e por ele paga, tal como Salazar fez com a 25 de Abril, e depois amortizada através de portagens ao longo de decénios, as quais portagens seriam evidentemente mais altas do que as da 25 de Abril.

A concessão de um monopólio é neste caso injustificada, uma vez que não há nenhuma razão fundamental para que as pontes em Lisboa tenham que ser todas do mesmo dono.

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 3, 2005 12:09 PM

O abade Custódio dizia em "Os Maias", a propósito da educação de Carlinhos da Maia:

" - Deve-se começar pelo latimsinho, deve-se começar por lá... É a base; é a basesinha!"

Outrossim, poderíamos dizer, a propósito dessas externalidades, escolhas, etç.:

"Deve-se começar pelo Coase... É a base; é a basesinha!"

"The Problem of Social Cost", Ronald Coase, 1960:

http://www.sfu.ca/~allen/CoaseJLE1960.pdf

A propósito: estes meninos não saiem da faculdade sem saber o Teorema de Coase, pois não?

Publicado por: J.A. às agosto 3, 2005 12:16 PM

Repare aliás o Hector que há outros exemplos de empresas que investem em novas infra-estruturas para concorrer com infra-estruturas já há muito instaladas:

1) Os telefones. As novas empresas são supostas investir em novas ligações telefónicas para competir com a rede já instalada. E de facto fazem-no.

2) As auto-estradas. As "brisinhas" investem em novas auto-estradas que, parcialmente, concorrem com as já instaladas. Por exemplo, a A8 concorre com a A1 no tráfego de longo curso (para Leiria ou mais a norte). A nova auto-estrada Figueira da Foz - Espinho também vai concorrer com a A1. São auto-estradas de novas empresas que se lançam a concorrer com auto-estradas já há muito estabelecidas.

Não vejo razão, de facto, para que um privado qualquer (que não a Lusoponte) se lançasse a fazer uma ponte Algés-Trafaria, por exemplo. A ponte seria amortizada ao longo de dezenas de anos, tal como a 25 de Abril o foi (e tal como as auto-estradas e ligações telefónicas o serão).

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 3, 2005 12:18 PM

"Manuel Pinho afirmou que o novo aeroporto é financiado "quase exclusivamente pelo sector privado". Se isso for verdade..."

Mas qual privado Joana? Quem? Algum nome sem ser o Grupo BES de quem tanto se fala? e como? em que condições? para fazer o quê? com que contrapartidas? e é tudo secreto?

Publicado por: Joao P às agosto 3, 2005 12:23 PM

A Ota e TGV são para disfarçar. À boa maneira Guterrista o governo lança balões para o ar para entreter a malta enquanto nos vai ao bolso. O governo gasta e os portugueses que paguem. Não se trata já de corrupção, é mesmo roubar à tripa forra, com a colaboração do PR que até apela à solidariedade.
Anunciam que as reformas vão ter um plafond. O salario do PR. Mas não há plafond para as contribuições.
Resultado: os grandes salários em Portugal vão passar a ser pagos por fora ou mesmo lá fora. Isto é normal?

Reparo que hoje nas noticias é considerada "normal", meritória até, a partida de um contingente de tropas portuguesas para o Afeganistão. Há alguns meses atrás seria o aqui del rei. Que é isto? Já estamos em fase de liquidação final dos meios de informação? Estamos na Venezuela ou quê?

Publicado por: Joao P às agosto 3, 2005 12:30 PM

Luís Lavoura, há uma diferença substancial entre as autoestradas (e as comunicações então nem se fala) e uma travessia rodoviária do Tejo em Lisboa. É uma questão de impacto: social, ambiental, económico, etc. Por hipótese, para uma verdadeira concorrência na travessia, até se pode drenar o Tejo, e deixa de ser necessária uma ponte.

Você, neste caso, como no caso da rede eléctrica de AT e MAT, tem que suportar um monopólio por uma questão económica - sem monopólio, a segunda travessia não tem utilidade, já que o seu preço seria tão elevado que não teria utilizadores, pelo que não serviria para nada.

E há outra questão: os preços não t^m que ser definidos em função do custo, mas antes em função do valor económico, pelo que nada impede que, em nome de uma melhoria substancial da travessia o preço a pagar aumente.

Aquilo que você sugere, que seja o Estado a construir é, como se pode ver pela quase (estou simpático hoje) totalidade das obras de que o Estado é dono, o caminho mais certo para o desastre financeiro. Além, disso, para o utilizador, é indiferente a quem paga pelo serviço, desde que ele seja bom.

Sendo o Estado a suportar os encargos da passagem da ponte, é um roubo descarado ao nosso bolso (ao seu e ao meu, que também vivo no centro de Lisboa), já que nos dispusemos a pagar um preço por m2 muito mais elevado que o da Margem Sul. Tendo suportado os custos desta opção sem qualquer ajuda estatal, parece-me socialmente injusto que tenha que suportar também, na repartição de finanças, a opção de quem preferiu viver em Almada. Cada um que faça as suas opções, mas pague-as, que é o que eu faço.

Publicado por: NS às agosto 3, 2005 01:29 PM

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 3, 2005 10:52 AM

Há ai um pequeno erro.
A Vasco da Gama não foi construida por privados, foi construida por 1/3 do Estado, 1/3 de Fundos Europeus e os privados entraram com o outro terço e levaram de bonus a 25 de Abril.
Nada mau.

Publicado por: carlos alberto às agosto 3, 2005 02:04 PM

"sem monopólio, a segunda travessia não tem utilidade, já que o seu preço seria tão elevado que não teria utilizadores"

Não? Mas, se a ponte 25 de Abril está saturada, e se há procura extra (seja de pessoas que querem ir viver para a Outra Banda, seja de tráfego de longo curso passando por Lisboa), então certamente que haverá uem queira passar pela Vasco da Gama, mesmo sendo esta mais cara.

De facto, o que se verifica é mesmo que, apesar de a portagem na 25 de Abril permanecer muito menor do que na Vasco da Gama, a Vasco da Gama está com abundante procura.

Não vejo substancial diferença entre as pontes e as auto-estradas, ou os aeroportos. Por exemplo, a A8 (Lisboa -> Caldas da Rainha -> Leiria) foi construída com dinheiros privados, apesar de fazer parcialmente concorrência à A1 já previamente existente. Não foi necessário subir as portagens na A1 para que a A8 se tornasse viável. Tal como não foi necessário subir os preços dos telefonemas pela AT&T para que outras empresas criassem as suas próprias redes telefónicas.

No caso dos aeroportos, eu sugeriria que o Estado português, em vez de investir mais dinheiro na Portela, gastasse o dinheiro a transferir os militares para fora do Montijo, e a fazer uma ligação ferroviária à pista de Alverca. Depois punha um concurso internacional, aberto a qualquer empresa menos à ANA, para a construção de estruturas de apoio e exploração desses aeroportos. Dessa forma em breve teríamos Lisboa servida por 2 ou 3 aeroportos em concorrência uns com os outros.

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 3, 2005 02:48 PM

uma coisa completamente diferente.

Gostaria que me esclarecessem dois pontos.

1- O Partido Repúblicano Catalão pede à Espanha um estatuto idêntico ao Português. Disseram-me isso e de facto choca-me como é possível Portugal deixar que isto passe.

2- Juan Carlos vem aos Açores. Tudo bem. Mas porque vêem 2 barcos da Marinha de Guerra espanhola a acompanhar. Já não tão bem, mas vá lá. O problema surge quando estes não são acompanhados por navios portugueses. vieram à vontade.

3- Sampaio Trata Juan Carlos como Rei de Espanha (aponto não o trata como Rei Juan Carlos)

Juan Carlos trata Sampaio como Presidente Sampaio (não como presidente de Portugal. é assim tipo o presidente da região autónoma da galiza ou da catalunha)

Publicado por: Braveman às agosto 3, 2005 03:00 PM

Braveman às agosto 3, 2005 03:00 PM

Olhe, se Portugal tivesse um estatuto idêntico ao da Catalunha, eu dava-me por muito sortudo... entre ser governado por José Luis Rodríguez Zapatero e ser governado por José Sócrates, prefiro mil vezes o primeiro... é bem mais liberal. Já tínhamos a padralhada a ser posta no sítio, o que já era muito bom.

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 3, 2005 03:16 PM

Quero acreditar que está a ser irónico

Publicado por: Braveman às agosto 3, 2005 03:24 PM

Quero acreditar que está a ser irónico

Publicado por: Braveman às agosto 3, 2005 03:26 PM

Braveman: Nem pense nisso. O Luis Lavoura não brinca.

Publicado por: Coruja às agosto 3, 2005 03:28 PM

Quero acreditar que está a ser irónico

Publicado por: Braveman às agosto 3, 2005 03:39 PM

Quero acreditar que está a ser irónico

Publicado por: Braveman às agosto 3, 2005 03:43 PM

Cá pela minha parte para deixar esclarecida esta parte final da conversa (sobre as pontes é assim, eu não percebo nada disso, espero que vocês se entendam) a Espanha que não pense coisas demais, que ainda lhe sai uma pela frente que lhe dá um vipe, volta Leão, Navarra e Aragão se for preciso e Castela dá-lhe uma coisa. E o Zapatero que continue simpático, a dar bons exemplos de governação social, o Felipe de Bourbon também, não se esqueça que foi acolhido e educado em Portugal, senão estamos feitos. Entendido? É que no tal encontro no alto do Kilimanjaro, que não tem neve pela primeira vez há 20000 anos, vamos estar sózinhos (A Letizia ficou com enxaqueca na pousada...) e não há seguranças.

Publicado por: pyrenaica às agosto 3, 2005 06:14 PM

Logo que receba vou comprar os três calhamaços do Castels, mas entretanto uma questão me começa a latejar na cabeça, (linda frase, aliás copiada de um livro de MRP) que já prognosticava que “Os homens nem sempre avançam, nem sempre atacam. Alguns preferem esperar, deixar que o tempo lhes traga o que mais precisam, para nunca terem de tomar decisões.

Ora pois, até quando irá ser permitida a liberdade de opinião e crítica feroz nos blogues pelos poderes instituído?

Publicado por: carlos alberto às agosto 3, 2005 06:53 PM

Espero bem que a passagem do texto para o hiper-texto, como modo de comunicação, revolução que só começou há poucos anos - a Revolução Digital -tenha colocado a liberdade de expressão fora do controlo de qualquer sistema político.

Publicado por: pyrenaica às agosto 3, 2005 09:08 PM

Mesmo sem a Revolução Digital, a liberdade de expressão já estava fora do controlo do sistema político liberal.

Publicado por: Absint às agosto 3, 2005 11:02 PM

Fantástico, o "n+1" pessoas que se insurge contra os efeitos e não as causas (desculpem esta minha apreciação)!

A questão da Ota e TGV(Lisboa / Porto) foi decidida não agora nas em anteriores legislaturas.

Da parte do anterior governo PSD já havia essa certeza, e compromissos claramente assumidos por alguns responsáveis desse parte (leia-se Luis Arnaud, uma fantástica pedra no sapato de Durão).
A margem de manobra era aì reduzida, ou nula como se veio a comprovar no Euro2004.

A grande "questão" mede-se pela utilidade deste governo antes e após autárquicas, assim como "antes e após Durão". Caso Sócrates (e não estou a defendê-lo) não alinhe com esses interesses "Coelhisticos" é evidente que vai fora.

Por outro lado, e por mais demostrações académicas o PIB mede-se pela performance das empresas "pedreiros",..., chegando-se à fantástica conclusão que finalmente chegou-se ao estágio de se estar no "sector primário".

É claro que pelo IVA, e pelo factor "distância fronteiriça - 150 Km" já vou fazer compras a Espanha.

Aqui os Caramelos (pessoal de Palmela) agradecem,..., especialmente o TGV.

Rui.
PS (ou PSD)- É claro que investir no comboio é investir no deserto.
Por outro lado, importa provatizar os aeroportos para que a Ota seja rentével.
Fechar o aeroporto do Porto parece-me improvável. O Pinto da Costa não deixava,.....
Salazar quando fez a Ponte Salazar deixou uma marca indelével, no sentido de condicionar o "desenvolvimento" do Pais (ou o que resta dele) para sul,..., Rio Frio. Por isso, e ainda antes das autárquicas a urgência da assinatura quanto à Ota.
É claro que a Fátinha Felgueiriça e o Jorge do Cão são marionetes neste fantástico show, onde falta o Jô Soares,..., claro "ao abrigo dos sem Abrigo".

Publicado por: Rui às agosto 4, 2005 12:24 AM

Luís Lavoura em Agosto 3, 2005 03:16 PM,


Aquele efémero cone de luz, a dois mil metros de profundidade, aquilo é um «neutrino» ?
Portugal ainda vale uma missa em Barcelona. E a nossa merda de elites vale Zero. Não é ?

Publicado por: asdrubal às agosto 4, 2005 02:44 AM

Tanto barulho para nada. A OTA está mais que justificada:

- É uma construção ao melhor estilo soviético;

- Diminui o desemprego;

- Vai colocar Portugal no centro da Europa e tornar Espanha num país periférico;

- É um investimento duplo. Para além da construção do próprio aeroporto vai também financiar um grande número de segundas habitações, casas na praia e últimos andares nos edifícios melhor colocados nos centros das cidades.

Publicado por: Mário às agosto 4, 2005 12:04 PM

casas na praia?
Há praia na Ota, ou o projecto inclui um canal até ao Atlântico?

Publicado por: Coruja às agosto 4, 2005 12:34 PM

Não, mas estes projectos costumam ter derrapagens que dão origem a uma miriade de outros projectos mais pequenos.

Publicado por: Mário às agosto 4, 2005 01:55 PM

O canal até ao Atlântico não chocava. Como disse o Major, os custos podem ser multiplicados por 3, 4 ou 5, desde que haja mais investimento.

Publicado por: Coruja às agosto 4, 2005 02:18 PM

Dos jornais:
As pressões para a saída do aeroporto da Portela já são muitas. Há, porém, um dado importante que pode dar um empurrão decisivo: A urbanização da Alta de Lisboa está a crescer ao encontro dos limites do aeroporto. E pode não ficar por aqui. Caso o terminal saia do centro da capital, os terrenos não ficarão livres por muito tempo, e o magnata chinês Stanley Ho poderá aproveitar a oportunidade para expandir o seu megaprojecto.
"A ideia do aeroporto, situado naquele local, pode pôr em causa a própria venda das habitações – sob pena de desistências de compradores pelo ruído constante dos aviões –, exercendo uma forte pressão para a saída do aeroporto para a Ota. É isso que vai acontecer e nessa altura esse empresário [Stanley Ho] vai, concerteza, expandir o seu megaprojecto nos terrenos que ficarão livres", defende Carlos Moura, do núcleo de Lisboa da Quercus.

Publicado por: ardina às agosto 4, 2005 03:02 PM

ardina às agosto 4, 2005 03:02 PM

A Alta de Lisboa fica ao lado do aeroporto, e portanto não deve ser muito prejudicada pelo ruído dos aviões. Quem é mais prejudicado é quem fica no enfiamento da pista, pois aí os aviões passam-lhe por cima, ao aterrar (se fica do lado Sul) ou ao levantar (se fica do lado Norte) (estou a supôr vento do Norte, que é o predominante).

O povo português demonstra grande indiferença em relação ao ruído, quando se trata de comprar casa. Nunca ouvi ninguém queixar-se de que habitações numa determinada zona da cidade se vendessem pior por essa zona ser ruidosa. Nunca vi promotores imobiliários desinteressados de urbanizar uma dada zona com o pretexto de que ela é ruidosa. Duvido que eventuais problemas em vender as casas da Alta de Lisboa tenham grande relação com o ruído do aeroporto.

O que é trágico é ver que a generalidade dos portugueses, especialmente os decisores, insiste em prever o futuro em função da análise que faz do passado. Em vez de estudar as tendências e de fazer uma verdadeira previsão, os portugueses limitam-se a extrapolar as evoluções passadas. O facto de no passado as casas se terem vendido bem, não garante que no futuro isso continuará a acontecer - o mercado de habitação está a começar a dar sinais de saturação. O facto de o tráfego aéreo ter vindo a crescer no passado recente, não garante que ele vá continuar a crescer no futuro.

Publicado por: Luís Lavoura às agosto 4, 2005 03:51 PM

Mas se o aeroporto sair dali, será uma operação imobiliária muito valiosa

Publicado por: soromenho às agosto 4, 2005 04:18 PM

Aquilo é filet-mignon

Publicado por: soromenho às agosto 4, 2005 04:20 PM

Os energúmenos dos meus vizinhos são muito ruidozos. Não é possível realojá-los na OTA?

Publicado por: Mário às agosto 4, 2005 04:33 PM

Mário em agosto 4, 2005 04:33 PM:
O melhor é indicar a sua morada ao Mário Lino. Assim não há um custo ambiental acrescido. Pior não é possível

Publicado por: Rui Sá às agosto 4, 2005 05:48 PM

Estão a surgir em quantidade excessiva os comentadores e "especialistas" na OTA - são os chamados OTÁ(rios) - incapazes de descernir uma vulgar operação de venda de um PRODUTO (chave na mão) imposto por lobies tecnológicos estrangeiros aliados aos nossos dinossáuricos patos-bravos do betão-especuladores imobiliários. (sim, pq isso só de construir nã dá a mecha pró sebo).
Eu disse "de um produto imposto"?, pois, a parte sobrante que nos toca no negócio é a do "imposto"

Publicado por: xatoo às agosto 4, 2005 10:32 PM

Escuso-me de acrescentar argumentos contra a construção de mais este elefante-branco, parece-me evidente que a plataforma transcontinental Ibérica é Madrid (já desde há muitos anos).

Publicado por: xatoo às agosto 4, 2005 10:34 PM

Tudo bem xatoo olha eu fugi de Alvalade à conta do aeroporto da Portela, não por ter medo que me caísse um em cima, mas por causa do cagarim. Agora se um dia cai um, e não há-de haver coisa mais fácil de fazer como ataque terrorista, por exemplo, ou apenas acidente num dia hiper-ventoso (isto com o aquecimento global vai dar mais vento na costa Atlântica). Pensa lá nisso.

Agora se o melhor sítio é a OTA não sei.

Quanto às coisas serem feitas por uma série deles a comer é mesmo assim e temos de ser homens para saber que ou se fazem as coisas mais ou menos assim, ou não se faz nada e ficamos só a criticar nos blogues. Demasiado onanista para o meu gosto.

Publicado por: pyrenaica às agosto 5, 2005 07:04 PM

pyrenaica às agosto 5, 2005 07:04 PM
têm um aeroporto em Alverca e outro no Montijo, já feitos.
seria apenas uma questão de adaptação reconvertendo-os.
Vou de férias, um abraço e até sempre. mas,,,Vou ver se vou "postando" umas coisitas lá no meu estaminé.

Publicado por: xatoo às agosto 5, 2005 09:17 PM

Esta obsessão pela Ota dá que pensar. Ou o Sócrates é estúpido, ou há qq coisa por trás

Publicado por: Absint às agosto 6, 2005 03:34 AM

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