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agosto 30, 2005
Decisões Estratégicas
A entrevista de Valadares Tavares e Vítor Martins que veio a lume no Público de ontem é confrangedora. 1) Não trouxe qualquer informação adicional à falta de informação existente. 2) Aproveitaram quase todas as oportunidades para se demarcarem de 2 dos projectos do PIIP, por sinal a Ota e o TGV, que todavia incluíram se bem que a nossa atenção não incidiu sobre esses 2 projectos, pois tiveram em conta as promessas políticas que existiam [pois] Não faria sentido que dois professores universitários contratados para apoiar o Governo pusessem em causa o programa sufragado pelos portugueses. 3) Advertiram para o facto de Portugal poder perder fundos comunitários se não fizesse os projectos do PIIP (Quais? Todos?) o que pode sugerir que a virtualidade daqueles dois projectos é a de sacar dinheiro à UE. 4) Vítor Martins revelou algo que se julgava já arredado do pensamento económico fazer grandes projectos públicos é importante porque conserva emprego. Um grande sector de emprego é a Construção Civil, aí significa manter o emprego nas obras públicas. VM confunde o transitório com o sustentado, confunde a droga com a cura.
O primeiro ponto poderá não ser apenas culpa de VT e VM, mas também do jornal, que não enquadrou a entrevista com alguma informação adicional sobre os 200 projectos em apreço. Em qualquer dos casos VT e VM ficaram-se em demasia pelas generalidades, mais preocupados em se defenderem dos aspectos mais polémicos do que em dar uma opinião de peritos sobre aquelas matérias.
O segundo ponto é uma forma enviesada de fugir à questão. Dizer que Não faria sentido que dois professores universitários contratados para apoiar o Governo pusessem em causa o programa sufragado pelos portugueses é um disparate. Que eu saiba, durante a campanha eleitoral, os portugueses não fizerem estudos de tráfego nem avaliaram económica e financeiramente aqueles 2 projectos. Aquele raciocínio é perverso. Foi ele que levou Guterres a acabar com a barragem de Foz Côa e com a Incineração Dedicada dos RIP. Foi ele ainda que levou Durão Barroso a acabar com a Co-incineração. E foi o mesmo raciocínio que levou Sócrates a acabar novamente com a Incineração Dedicada. Há matérias que não podem depender dos sufrágios, mas de opções técnicas. Aquele raciocínio perverso leva à politização de muitas opções e ao protelamento indeterminado da tomada de decisões. Todavia compreendo que dois professores universitários contratados para apoiar o Governo queiram evitar emitir opiniões que não estejam em sintonia com as opções do Governo. Bastava porém dizerem que esses projectos não foram avaliados porque eram opções políticas do Governo.
Quanto à questão dos fundos comunitários parece-me uma falsa questão. Não é Bruxelas que deve ditar a configuração dos nossos investimentos públicos. Em segundo lugar não se deve meter Ota e as diversas linhas de TGV no mesmo saco. Pelas informações de que disponho, parece-me que Ota é um completo disparate. Todavia a ligação Lisboa-Badajoz é essencial pois permite ligar Lisboa, e o país, à Europa por uma ferrovia de alta velocidade e, em simultâneo, o porto de Sines à Europa Central. Mas para isso há que retomar o projecto de transformar Sines numa plataforma portuária intercontinental, para a qual há diversos investidores estrangeiros interessados, e fazer o ramal de Sines até ao TGV. Ora isto tem que ser um projecto integrado e, até agora, a RAVE apenas tem feito estudos de viabilidade económica relativamente à componente passageiros, sem ter em conta a hipótese Sines. Aparentemente o Governo não está a considerar esta opção, pelo menos para já (*). Quanto ao TGV Lisboa-Porto acho um erro duas razões: 1) Existe uma ligação Alfa que, em teoria, deveria fazer o percurso em 2 horas, o que parece suficiente; 2) não varrer para debaixo do tapete (do TGV) os disparates que se andaram a fazer na Modernização da Linha do Norte. Antes do mais, alguém terá que explicar o que sucedeu e quem são os responsáveis. Não surpreende o entusiasmo de João Cravinho pelo TGV Lisboa-Porto, pois ele foi um dos responsáveis políticos (juntamente com o Governo anterior a ele) pelo desastre que foi aquele projecto. João Cravinho é a última pessoa que deveria falar sobre este assunto e a forma inocente como fala de TGVs e SCUTs só mostra que os políticos portugueses não têm vergonha nenhuma.
Os restantes projectos de TGV são, pelo menos num futuro a médio prazo, para esquecer.
Quanto à questão do investimento público como indutor de emprego sustentado na Construção Civil, foi apenas um erro de casting. Deveria ter sido o Engº VT a dizê-lo. Um engenheiro não tem que perceber de Economia. VM não tem essa desculpa. Mas depois do que andou a escrever sobre o impacte do Euro2004, tudo é possível. Nomeadamente quando faz a autópsia do evento afirmando que o impacte não foi significativo (os factos sempre esses empecilhos!) mas também não foi negligenciável (como aliás ele tinha previsto).
Não sei quanto VM recebeu por este trabalho, mas é provável que tenha achado que o montante auferido não tenha sido significativo embora não fosse negligenciável. Subtilezas
Resumindo, estes projectos não são estratégicos as decisões é que são estratégicas. Só ainda não se percebeu em que estratégia se inserem
(*)Nota: Pode haver outras razões. Uma delas é que a informação não circula entre as entidades estatais. Há meia dúzia de anos, foi feito um estudo sobre as possibilidades de aproveitamento das estruturas ferroviárias do Alentejo. Numa das reuniões com a comissão de acompanhamento, quando se chegou à questão do ramal de Sines, o representante da Refer perguntou candidamente o que é que os consultores sabiam do que estava previsto!? Como é possível fazer estudos rigorosos em Portugal se as entidades que superintendem as áreas respectivas não conseguem dar as informações de base porque não sabem o que se passa?
Publicado por Joana às agosto 30, 2005 07:32 PM
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Comentários
Os departamentos universitários estão necessitadíssimos de arranjar cacau. Portanto têm que se ajustar às exigências dos clientes
Publicado por: Novais de Paula às agosto 30, 2005 10:51 PM
Os consultores privados também, dentro da deontologia profissional. Só que há a mania que os prof universitários são independentes e neutrais.
Publicado por: Novais de Paula às agosto 30, 2005 10:54 PM
Essa entrevista são só contradições.
Publicado por: buá às agosto 30, 2005 11:03 PM
Li outro dia que o "aeroporto" de Beja já vai na 5ª comissão instaladora a qual a exemplo das anteriores já se "instalou" mas ainda não sabem quando vai aterrar o primeiro avião.
Publicado por: carlos alberto às agosto 31, 2005 12:15 AM
Acho que VT e VM disseram coisas sensatas. Não se comprometeram com os projectos e explicaram que não os tinham avaliado
Publicado por: vitapis às agosto 31, 2005 12:32 AM
Quanto à questão das obras públicas, julgo que o Keynes dizia o mesmo. O VM não leu nada em contrário depois do Keynes. E depois?
Publicado por: vitapis às agosto 31, 2005 12:34 AM
O problema não é tanto a posição dos técnicos ou o modo como ficam na fotografia, mas sim o seguinte:
a) a hipótese de que a escolha dos projectos decorra essencialmente da gestão do ciclo político; o objectivo não é corrigir a trajectória suicida do país mas sim garantir a vitória eleitoral;
b) a orfandade do PIIP; ninguém verdadeiramente se assume como convicto defensor do pacote de investimentos e isso, para as expectativas e mobilização da sociedade, é fatal.
Publicado por: J.A. às agosto 31, 2005 08:34 AM
"Há matérias que não podem depender dos sufrágios, mas de opções técnicas."
Então o que resta para sufragar? No limite, a economia é coisa de técnicos, a engenharia idem, o tratamento de resíduos também, e assim por diante. O que resta então para sufragar (para ir a votos)? Os palhaços, estilo Ronald Reagan ou George W. Bush, que vão dar a cara por tudo isso, como se a política não passasse de um entretenimento televisivo? A que se reduz a democracia, quando todas as "opções técnicas" ficam excluídas do sufrágio?
De resto, as promessas eleitorais devem ser cumpridas, precisamente sob pena de as eleições serem uma falsidade, de a democracia ser uma fachada. Se Guterres, bem ou mal, diz que vai acabar com a barragem de Foz Côa, então deve cumpri-lo. Se Barroso, bem ou mal, diz que recusará a co-incineração, então deve de facto inviabilizá-la. Defender que um político não deve fazer promessas em assuntos técnicos, ou então que pode fazer promessas mas que não se deve preocupar com cumpri-las, é defender o esvaziamento da democracia.
O que, creio, não é projeto que se possa classificar como liberal.
Publicado por: Luís Lavoura às agosto 31, 2005 10:06 AM
"durante a campanha eleitoral, os portugueses não fizerem estudos de tráfego nem avaliaram económica e financeiramente [a OTA e o TGV]"
Pois não. Mas os portugueses votaram em partidos políticos que se apresentaram a campanha com determinados programas eleitorais. Não sei se o programa do PS continha ou não a OTA e o TGV - não prestei atenção ao programa do PS, uma vez que, de qualquer forma, não tencionava votar nesse partido - mas, supondo que continha, então é correto que o governo PS pretenda cumprir esse programa, fazendo avançar a OTA e o TGV.
O programa do PS poderia ter contido a OTA e o TGV mesmo sem quaisquer estudos de tráfego ou de viabilidade económica e financeira. O objetivo desses projetos pode ser outro. Por exemplo, aumentar o prestígio e a projeção internacional do país. Desenvolver a construção civil, encarada como setor estratégico da economia. Aumentar o emprego. Ou qualquer outro objetivo político. A política não se esgota em estudos de tráfego ou de viabilidae económico-financeira.
Se a Joana pretende reduzir a política a estudos de tráfego e de vibilidade financeira, então bem pode mandar as eleições às malvas, e pedir uma "ditadura esclarecida", ou tecnocrática, na qual seríamos regidos por técnicos, supostamente perfeitamente independentes, desinteressados, e assépticos, os quais guiariam o país sempre pelos melhores estudos de tráfego e económico-financeiros. Mas os exemplos passados nesse sentido não são muito motivadores. Somos desde há muito regidos, na área da energia, por técnicos da EDP que se guiam pela máxima de "quanto mais energia fôr produzida e vendida, melhor, mais próximos estaremos dos padrões europeus". O resultado está à vista.
Publicado por: Luís Lavoura às agosto 31, 2005 11:56 AM
Eu quando vejo alguém a defender a opção por estes projectos megalómanos e sem fundamentação que os sustente, aludindo ao facto de que "pelo menos" eles vão permitir criar/manter emprego no sector, dito estratégico, da construção civil, lembro-me sempre daquele provérbio chinês que nos incita em dar canas para pescar ao invés de dar peixe para comer...
Publicado por: Xiko às agosto 31, 2005 12:23 PM
Luís Lavoura: "Se a Joana pretende reduzir a política a estudos de tráfego e de vibilidade financeira, então bem pode mandar as eleições às malvas".
Oh Luís da Lavoura, então não é exactamente isso que fizeram em Portugal?
A política em Portugal está reduzida a nada! Uma cruz no quadradinho de quatro em quatro anos e pronto! Democracia tipo PALAVRAS CRUZADAS. O povo foi arredado da democracia que cada vez é menos participativa e mais feita por delegação nos grupos... (de vigaristas, que prometem uma coisa e depois fazem outra completamente diferente!).
Já só há duas diferenças relativamente à ditadura:
Naquele tempo, não podíamos falar: as paredes tinham ouvidos!
Hoje podemos falar (...e blogar)... mas ninguém nos ouve!
Pela minha parte, e, considerando a miséria a que isto chegou...e a impossibilidade de lhe dar a volta, vou zarpar! (alternativa recomendada pelo VAndrade no último caderno Emprego do Expresso, e que há quarenta anos atrás se chamava "DAR o SALTO" (segunda diferença).
Publicado por: elmano às agosto 31, 2005 01:24 PM
Luís Lavoura às agosto 31, 2005 11:56 AM:
Está a confundir opções políticas, sociais e económicas de base com opções por alguns projectos específicos.
Certamente que não foi por causa de Foz Côa que Guterres ganhou em 1995 (eu votei nele, era contra o fim da barragem para satisfazer meia dúzia de maníacos protegidos pela comunicação social, e nunca esperei que ele parasse aquele projecto). Também não foi por causa da co-incineração que DB ganhou em 2002.
Publicado por: Joana às agosto 31, 2005 02:39 PM
Por essa ordem de ideias, o PSL está desculpado pelo túnel do Marquês. Era uma promessa eleitoral. Nem percebo os furiosos que investiram contra aquela obra sufragada pela população de Lisboa.
Ele ganhou as eleições, mas não foi por causa duma obra que não era prioritária para Lisboa (embora o desnivelamento na Artilharia 1, e apenas aqui, fosse importante)
Publicado por: Joana às agosto 31, 2005 02:42 PM
"O programa do PS poderia ter contido a OTA e o TGV mesmo sem quaisquer estudos de tráfego ou de viabilidade económica e financeira. O objetivo desses projetos pode ser outro. Por exemplo, aumentar o prestígio e a projeção internacional do país."
Com esse objectivo seria de fazer uma ou duas pirâmides, um Colosso de (Rodes) Lisboa, uma Expo2010, contratar o Calatrava e o Gehery para fazerem uma dúzia de edifícios de prestígio pelo país, etc.
Publicado por: soromenho às agosto 31, 2005 04:25 PM
Se produzirmos mais energia, importamos menos.
Publicado por: soromenho às agosto 31, 2005 04:26 PM
Como se a Construção Civil produzisse riqueza... Onde estão os bens exportáveis? Onde está a criação de riqueza reprodutora?
Publicado por: Rui Martins às agosto 31, 2005 04:29 PM
Publicado por: Joana às agosto 31, 2005 02:42 PM
O que só prova que se vota apenas olhando para as "Caras".
Em cada mil lisboetas cinco podem ser beneficiados pelo tunel do Marquês.
Em cada mil suburbanos que demandam Lisboa para trabalhar vindos peloa A5 mil e um são beneficiados, mas votam em Massamá, Rinchoa, Mem Martins, Almada, Costa de Caparica...
Vá lá perceber-se esta lógica!
Publicado por: carlos alberto às agosto 31, 2005 06:47 PM
soromenho: grande parte da energia que consumimos é para os transportes
Publicado por: fbmatos às agosto 31, 2005 06:52 PM
Se usassemos mais o comboio e o metro, gastariamos menos crude.
Publicado por: Rafael às agosto 31, 2005 09:08 PM
O Luís Lavoura (long time no write) como quase sempre, pôs o dedo na ferida.
Existe uma corrente de opinião que quer reduzir (se é que ainda é possível reduzir mais) os políticos a uns meros verbos de encher mal engravatados, julgando que todas a política é técnica. Isto é a perversão da política.
Entre estas pessoas reconhecem-se alguns economistas.
Mas o político também não deve ignorar olimpicamente a fundamentação técnica e económica das suas decisões. E a verdade é que muitos políticos se acham no direito de (porque estão legitimados pelo voto e até fizeram vagas alusões aos projectos aquando da campanha eleitoral) fazer os investimentos mais disparatados. E isto, muitas vezes, apesar dos avisos à navegação feitos, frequentemente, pelos economistas.
Em suma, nem 8 nem 80. Cabe ao político definir as linhas gerais de actuação, com base num programa eleitoral. Deve, contudo, respeitar a análise técnico-económica mais detalhada, efectuada por quem o sabe fazer.
Claro que existe o velho problema da incerteza, nomeadamente ao nível do retorno dos investimentos. Existem casos em que o consenso é mais ou menos generalizado - por ex.º no que respeita ao número excessivo de estádios de futebol para o Euro 2004.
Outros casos existem, relativamente aos quais, por muitos estudos que se façam (e é desejável que eles sejam feitos/divulgados) subsistirá sempre essa incerteza quanto à viabilidade do investimento. Geralmente são situações em que está em causa o investimento a médio/longo prazo.
É também neste domínio que o político deve assumir as suas responsabilidades.
Publicado por: Vítor às agosto 31, 2005 11:45 PM
Essa do Aeroporto da Ota poder ser um projecto de prestígio para o país faz-me rir.
Publicado por: Bsotto às agosto 31, 2005 11:48 PM
Eu acho que a Joana tem razão sobre o facto de a Ota e o TGV deverem ser encarados de forma diferente. Parece-me importante a ligação do país à rede internacional de Alata velocidade
Publicado por: Manel às setembro 1, 2005 03:18 PM
Estou de acordo em que deveriam acabar as promessas de políticos sobre projectos que têm que ter uma avaliação rigorosa de viabilidade
Publicado por: Humberto às setembro 1, 2005 04:27 PM
Humberto: se fosse assim, os políticos ficavam calados. Normalmente nada do que prometem tem viabilidade.
Publicado por: Lopes às setembro 1, 2005 05:10 PM
Há projectos que podem ser referendados. Mas teria que ser um plebiscito para cada projecto. Não metido num "pacote" global.
Publicado por: Lopes às setembro 1, 2005 05:11 PM
Não percebo porque estão contra os políticos prometerem coisas sem estudos rigorosos em projectos específicos e aceitarem que eles prometam coisas que têm a ver com a Macroeconomia sem saberem o que estão a dizer.
Tanto técnica é uma coisa como outra
Publicado por: Surpreso às setembro 1, 2005 06:24 PM
Acho piada que se volte a falar de Foz Côa neste contexto, o de projectos decididos antes de serem estudados, precisamente para criticar a paragem das obras.
Pelo contrário, o que esteve mal em Foz Côa foi a decisão de fazer a barragem antes de fazer o estudo arqueológico do vale.
Depois - numa história que conheci por dentro 'a posteriori' - à medida que os vestígios iam surgindo, houve uma primeira tentativa de abafar o caso entre 93 e 94. Nada surgiu na comunicação social. Quando surgiu, no final de 94, por se ter tornado evidente para alguns especialistas que não era um caso menor e terem falado com colegas linguarudos, já as obras tinham sido bastante adiantadas. E adiantadas de propósito: tentou-se fazer daquilo um caso consumado (do tipo "haviam gravuras"). Depois, o ano de polémica que todos conhecemos, finalmente a decisão de SUSPENDER para avaliar o património. Só quase um ano depois a decisão de não retomar as obras.
Naqueles dois anos entre 93 e 95 gastaram-se para nada 20 milhões de contos, na tentativa de criar um facto consumado. E ainda hoje ouço dizer que quem parou as obras é que se precipitou e não quem mandou avançar sem fazer o estudo prévio do vale e, pior, mandou acelerar a obra à medida que surgiam vestígios raros.
É que, isto para os que não entendem de história, antes de Foz Côa julgava-se que a arte pré-histórica era predominante em cavernas. Após Foz Côa percebeu-se que as cavernas eram apenas sítios onde ela perdurou melhor até aos nossos dias. Que o habitat humano não eram as cavernas, mas antes tendas ou outras construções móveis.
E se reescrever a história não é importante, então afoguem-na... Não digam é que quem parou para pensar é que se precipitou.
As obras públicas e a construção civil em Portugal são um rolo compressor. Elas foram detidas em Foz Côa. São os mesmos interesses que estiveram por detrás do Euro 2004 e, agora, por trás da Ota e do TGV.
Mandam sempre avançar uma obra antes de estudar o assunto.
Publicado por: J P Castro às setembro 1, 2005 11:16 PM
E, entretanto, aprenderam a manipular melhor a comunicação social que antes os questionava. Foi só comprarem na bolsa as acções correctas.
Publicado por: J P Castro às setembro 1, 2005 11:19 PM
Surpreso: as pessoas não sabem o que querem
Publicado por: Rafael às setembro 1, 2005 11:32 PM
J P Castro às setembro 1, 2005 11:16 PM
Boa malha!
Ainda hoje, à hora do almoço, tive que argumentar contra quem acha que, quem parou a obra para salvar as gravuras, devia ser responsabilizado pela falta de água na Raia Beirã e Douro Superior.
Amanhã pespego-lhes com o seu comentário...
Publicado por: Vítor às setembro 1, 2005 11:34 PM
E pode dizer-lhe também que as alternativas do Sabor e do Alto Côa já têm estudos disponíveis. E, mesmo assim, a decisão final de avançar não foi tomada ainda.
Quem quer água, reze para que chova. Ou tente descobrir donde veio o Katrina...
Publicado por: J P Castro às setembro 2, 2005 12:42 AM
Joana às agosto 31, 2005 02:42 PM
Exatamente, eu não culpo Pedro Santana Lopes por construir o Túnel do Marquês: acho que ele tem a obrigação de o construir, uma vez que o prometeu e que ganhou as eleições. Considero o Túnel do Marquês profundamente errado (ele deveria apenas ser prolongado para passar as ruas Artilhara 1 a Castilho, como muito bem defende José Sá Fernandes), mas penso que Santana Lopes tem o direito e a obrigação de o construir, mesmo contra as vozes de associações, etc.
O errado é os políticos fazerem, em campanha eleitoral, promessas muito concretas sobre obras muito concretas. Mas, se caem no erro de fazer essas promessas, então devem procurar cumpri-las.
Já agora: eu nunca votei em Guterres, não votei em Durão Barroso, nunca votei em Jorge Sampaio, e não votei em Sócrates. Estou perfeitamente impoluto!!!
Publicado por: Luís Lavoura às setembro 5, 2005 09:38 AM
O Valadares Tavares anda atrás dos tachos. Tem mudado de área política conforme lhe cheira a poder.
Publicado por: Quevedo às setembro 10, 2005 02:22 PM