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julho 12, 2005
Vítimas dos Factos
Ou É a Economia, Estúpido!
No Boletim Económico de Verão, hoje apresentado, o Banco de Portugal viu-se obrigado a rever em baixa as previsões para a Economia portuguesa e alinhavou umas explicações, na generalidade correctas, mas com enviesamentos no sentido de dourar a pílula. É preciso que se tenha em conta que estamos num regime de uma maioria, um governo, um Presidente e um Governador do BdP. Mas esta imponência monocolor nada consegue contra os efeitos económicos e financeiros das más opções económicas e políticas. E o que é interessante, é que as actuais previsões consolidam a argumentação que eu tenho desenvolvido aqui por diversas vezes, em particular ontem.
O BdP explica a forte revisão em baixa das perspectivas de crescimento da nossa economia, pelo «desempenho decepcionante» que esta registou nos primeiros meses deste ano, bem como devido às medidas anunciadas pelo Governo para combater o elevado défice orçamental (o aumento de impostos) e à escalada do petróleo. O BdP prevê que a economia portuguesa cresça este ano apenas 0,5%, um valor que compara com os 1,6% estimados em Dezembro do ano passado e o crescimento de 1,1% verificado em 2004
O mais grave é que se o Banco de Portugal reviu em forte baixa as perspectivas de crescimento da economia portuguesa, acrescenta que estas ainda têm um elevado risco de ficarem abaixo do previsto, admitindo mesmo um decréscimo do PIB este ano e em 2006. Somando todos estes factores no PIB, o BdP afirma que existe um «balanço de riscos no sentido da baixa, através de uma probabilidade superior a 50% do crescimento económico ficar abaixo do projectado no cenário central». Ver figura abaixo, com as mangas de previsão para o PIB e a Inflação:
O que me intriga, na manga de previsão do PIB, é o valor médio dessa manga não ser equidistante dos limites superior e inferior, mas situar-se claramente acima da média. Será que o erro da previsão não segue uma distribuição normal? Ou haverá uma distribuição anormal por razões não estatísticas? Aliás, o próprio estudo afirma que a probabilidade dos valores se situarem abaixo da previsão é superior a 50%, o que coincide com a figura. Ora aquela previsão deveria ser dada de forma que a probabilidade dos valores serem ultrapassados fosse igual à probabilidade de eles ficarem aquém do previsto, ou seja, uma probabilidade de 50%. Aparentemente a necessidade de não ser tão pessimista foi superior às necessidades estatísticas.
No quadro seguinte encontram-se as projecções actualizadas do BdP. Basta olhar e constatar o descalabro dos valores entre as previsões feitas em Dezembro de 2004 e as actuais. Claro que o BdP é sucinto sobre esta queda. Ou foi iludido pelo canto de sereia de Santana (o que não é plausível) ou o desempenho deste governo é péssimo. Como é possível as previsões do BdP caírem tão abruptamente?
Em Dezembro de 2004 o BdP previa, para 2005 e 2006, um aumento do PIB de 1,6% e 2%. Agora prevê um aumento do PIB de 0,5% e 1,2%. E com o risco destes valores terem uma probabilidade superior a 50% (!!) de não serem atingidos. As exportações caem a pique. Como as importações caem menos, a nossa balança de transacções com o exterior vai piorar mais que o previsto. Por sua vez, como o consumo privado deve crescer mais que o rendimento disponível real, a taxa de poupança das famílias portuguesas vai atingir os 9,2% do rendimento disponível em 2006, o nível mais baixo desde 1999.
Entre os indicadores citados para explicar o «desempenho decepcionante da economia portuguesa, o BdP referiu «o expressivo aumento da taxa de desemprego no primeiro trimestre de 2005», que atingiu os 7,5%, num agravamento de mais de um ponto percentual face ao verificado no período homólogo. Ora o aumento do desemprego é uma consequência e não uma causa do «desempenho decepcionante da economia portuguesa. Mas, o que é um espanto, é a afirmação que «Como sempre se tem sublinhado os efeitos de curto prazo da consolidação orçamental são de natureza restritiva, sendo apenas no médio prazo que se verificam os efeitos positivos da redução do défice e da estabilização do rácio da dívida pública».
O BdP finge ignorar que uma consolidação orçamental baseada no aumento dos impostos é apenas droga que se ingere, para se acordar pior que antes. Sem uma forte contenção do lado da despesa, esta consolidação orçamental não leva sítio nenhum. Como o PIB não cresce, devido ao aumento dos impostos, a despesa pública, em termos percentuais, cresce de forma inexorável. Foi o que aconteceu com Manuela Ferreira Leite, apesar desta ter sido um pouco mais agressiva em matéria de contenção. Foi aflitiva a prestação esta noite de Perez Metelo, na TVI, tentando branquear toda esta situação. Falou da nossa falta de competitividade face ao exterior, como se isso fosse uma catástrofe natural e não fosse uma consequência da má política económica, laboral e fiscal. Apelou aos privados para investir, como se os privados se convencessem com novenas e pregações televisivas. Os privados convencem-se com factos. Se o país se torna atractivo ao investimento, investem. Caso contrário, ou não investem ou desinvestem.
Mas não sou só eu a considerar pouco consistente esta argumentação, ou pelo menos a forma enviesada como ela é apresentada. Os ministros das finanças da União Europeia não estiveram com meias medidas e pediram a Portugal para reduzir as despesas públicas de forma a baixar o défice orçamental, que deverá registar um valor recorde para a Zona Euro este ano. Foi pedido a Sócrates que desse mais garantias de que o país vai conseguir realizar os objectivos de redução do défice e reduzir as despesas. Sublinho reduzir as despesas e não a consolidação orçamental pelo lado dos impostos. Os ministros das finanças da UE, quando falam de um país que não seja o seu, não se iludem com palavras, nem têm que fazer fretes políticos nos ecrãs de TV. Não falaram em aumentar os impostos exigiram a diminuição da despesa.
Publicado por Joana às julho 12, 2005 09:40 PM
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Comentários
Mesmo sobre a hora!
Também ouvi o Peres Metelo e o sujeito meteu os pés pelas mãos.
Publicado por: David às julho 12, 2005 10:09 PM
Bem ... se eu estivesse ao pé daquela megera, também metia os pés pelas mãos.
Publicado por: David às julho 12, 2005 10:11 PM
Hehe David :)
"Os ministros das finanças da UE, quando falam de um país que não seja o seu, não se iludem com palavras,"
NEM MAIS!
O meu grande medo é o arrastar do Banco de Portugal para a lama da politiquice.
E a trás do Banco vem sempre a CGD...
Publicado por: lucklucky às julho 12, 2005 10:26 PM
E foi obsceno ver o Governador falar do crescimento das exportações para >6% em 2006! Não saberá ele que maior parte do nosso comércio é com a Europa e esta vai crescer abaixo da média do resto do mundo?
Publicado por: lucklucky às julho 12, 2005 10:34 PM
lucklucky às julho 12, 2005 10:26 PM: É nessas pequenas frases que se vê o rigor da escrita ... e da leitura.
Publicado por: soromenho às julho 12, 2005 10:35 PM
lucklucky às julho 12, 2005 10:34 PM:
Repare nos gráficos com as previsões sobre a evolução do PIB e da inflação.
No segundo, a previsão é a bissectriz dos intervalos de confiança. No caso do PIB está claramente acima. Porquê? Se fosse a bissectriz, seria cerca de 0,3% em 2005 (em vez de 0,5%) e 0,9% em 2006 (em vez de 1,2%). Isto por estimativa visual.
Ou seja, há uma forte probabilidade do crescimento do PIB ser negativo em 2005 e 2006 e o BdP tentou minimizar o impacto.
Publicado por: Joana às julho 12, 2005 10:44 PM
"Os ministros das finanças da EU ...não falaram em aumentar os impostos exigiram a diminuição da despesa".
Ora até que enfim que alguem com autoridade exige alguma coisa claramente ao governo!
É que Constancio hoje na TSF também declarou que os cortes na despesa publica não iam fazer nada...a curto prazo, apenas iam diminuir o investimento do estado que "todos sabemos" ser essencial para a retoma bla bla, bla bla. Para este senhor só há despesa publica desse tipo.
Agora vem as autarquicas, depois as presidenciais, e quando começarem a antecipar as reformas já não serão 100 mas 200 mil parasitas a serem reformados. E quando começarem a cortar nas reformas de 100% do ultimo vencimento, e as passarem para 80, 70, 60% é que vão ver como é que dança o monstro que criaram. Cavaco incluido. Sempre me surpreendi como é que o Guterres tinha conseguido manter o desemprego ao mesmo nível. Santa ingenuidade.
Obrigado Joana pelo seu meritório trabalho. Noto com satisfação que o nível de hate mail desceu substancialmente nas caixas de comentários deste blogue o que significa que aos poucos as pessoas começam a ver para além da cortina de fumo.
Publicado por: Joao P às julho 12, 2005 10:45 PM
Este blog está atornar-se uma espécie de serviço público.
Não é só ele. Mas ele é um dos de referência.
Publicado por: AJ Nunes às julho 12, 2005 11:13 PM
Alarmismos !
Sócrates fez o mesmo que Barroso, com ele o País mudava, com este já piora. O relatório do BDP comprova que com Barroso apareceu a crise e com estes Continuará a crise. Nada mais.
O engano das previsões, é também normal nos economistas, já estamos habituados e também já ninguém lhes liga. Desta vez até têm uma boa desculpa pois previam o preço médio do petróleo em 37 dólares e ele já experimentou os impensáveis 62 dólares.
Portanto estão desculpados e merecem bem os 25.000 euros /mês de ordenado para falharem mais que os Astrólogos !
Publicado por: Templário às julho 12, 2005 11:17 PM
As soluções dos defensores da "diminuição da despesa" só tem uma manga por onde caminha : corte em despesas de serviços públicos essenciais - Saúde, Segurança Social, Educação - e entrega a Privados dos serviços rentáveis.
Esta recente preocupação do F.C.Liberal sobre a "diminuição da despesa" é uma hipocrisia e deve ser tratada como tal. Até parece que se fossem governo, alguns dos que espumam liberalismo em cada post/comentário, baixariam os impostos...e diminuiriam o monstro que nos últimos 30 anos ajudaram a alimentar.
Publicado por: zippiz às julho 12, 2005 11:19 PM
Joao P às julho 12, 2005 10:45 PM:
«Constancio hoje na TSF também declarou que os cortes na despesa publica não iam fazer nada...a curto prazo, apenas iam diminuir o investimento do estado que "todos sabemos" ser essencial para a retoma»
Quando falo em cortes na despesa pública refiro aos cortes nos custos de funcionamento do sector público - efectivos, vencimentos e despesas de funcionamento.
São esses cortes que são sustentáveis. Investimentos, desde que tenham um rácio benefício/custo superior a um, devem ser feitos sempre que possível.
Publicado por: Joana às julho 12, 2005 11:21 PM
zippiz às julho 12, 2005 11:19 PM
"entrega a Privados dos serviços rentáveis"???
Se eles são rentáveis, como é que produzem despesa pública?
Publicado por: Joana às julho 12, 2005 11:22 PM
Em relação à evolução do petróleo, o BdP assumiu as perspectivas indicadas pelos mercados de futuros, ou seja, o petróleo deverá aumentar nos próximos anos. Em 2005 e 2005 terá uma cotação média anual de 52 e 53 dólares, acima dos 38,3 dólares registados em 2004, mas abaixo dos 60 dólares actuais.
Fizeram o mesmo que o Bagão, que estimou as suas previsões com um valor do preço do crude inferior ao existente na altura.
Publicado por: Joana às julho 12, 2005 11:25 PM
É um dos meus grandes defeitos soromenho leio tudo a 200 à hora :)
Joana também vi essa anomalia(?) só consigo explicar se estiver ligado a probabilidades. Ou a bissectriz é de um intervalo que não está no gráfico.
Publicado por: lucklucky às julho 12, 2005 11:27 PM
Joana às julho 12, 2005 11:21 PM
Ainda bem que assim estamos todos de acordo:
- O Estado é o grande motor do investimento, a grande locomotiva que arrastará os ADORMECIDOS investidores !
É criticável ? Porquê? Esse papel deveria caber aos investidores ? então porque não investem e ficam à espera da maminha do Estado !?
Publicado por: Templário às julho 12, 2005 11:27 PM
Não, porque o próprio BdP reconhece que há um «balanço de riscos no sentido da baixa, através de uma probabilidade superior a 50% do crescimento económico ficar abaixo do projectado no cenário central».
Não estou dentro do estudo, mas pelo que sei de estatística, não descortino qualquer razão para aquele enviesamento da previsão central.
Ou seja, o BdP colocou a previsão central num ponto em que a probabilidade de ser abaixo desse ponto é superior a 50%.
Ou seja, estatisticamente não é central.
Publicado por: Joana às julho 12, 2005 11:33 PM
É óbvio que dentro daquela manga de previsão temos valores que podem ocorrer com uma dada probabilidade. É apenas uma previsão. O que eu acho é que o BdP quis dourar ligeiramente a pílula, sem todavia mexer na margem de incerteza da previsão.
Se o valor for abaixo do previsto, ainda está dentro dos limites da previsão e não pode ser acusado de ter "errado".
Publicado por: Joana às julho 12, 2005 11:37 PM
Publicado por: Joana às julho 12, 2005 11:22 PM
não se arme ao pingarelho! Não existem serviços rentáveis e outros que não o sendo, por mal geridos, são pretendidos pelos privados ?
Publicado por: zippiz às julho 12, 2005 11:37 PM
Templário em julho 12, 2005 11:27 PM:
Até agora o Estado é a grande locomotiva que trucida os descuidados investidores !
Publicado por: Coruja às julho 12, 2005 11:41 PM
Se não são rentáveis por serem mal geridos, devem ser entregues aos privados para não continuarmos a desperdiçar dinheiro com incompetentes pagos por nós.
Quem se está a armar ao pingarelho?
Publicado por: Joana às julho 12, 2005 11:41 PM
"pingarelho" = desconversar !
se são mal geridos devem substituir os incompetentes - incluindo os ministros - por COMPETENTES ...e estes não existem só no sector privado (se só houvesse competentes no privado não havia empresas privadas não rentáveis, para já não falar da falências)
Publicado por: zippiz às julho 12, 2005 11:47 PM
É bem provável que seja só um cenário para jornalista pôr na cacha amanhã. Seria um boa pergunta para fazer ao Sr. Governador.
Publicado por: lucklucky às julho 12, 2005 11:51 PM
Mário Soares agora mesmo na SIC notícias
Os economistas aterrorizamm......
Publicado por: Templário às julho 12, 2005 11:51 PM
"Aliás, o próprio estudo afirma que a probabilidade dos valores se situarem abaixo da previsão é superior a 50%, o que coincide com a figura."
Cara Joana, apesar da matemática do Banco de portugal ser caricata, julgo que não pode tirar essa conclusão a partir dum grafico que apenas representa o intervalo de confiança a 50%.
Publicado por: incredulo às julho 12, 2005 11:55 PM
Se olhar o intervalo de 75% percebe o que quero dizer...
Publicado por: incredulo às julho 12, 2005 11:58 PM
incredulo às julho 12, 2005 11:58 PM:
O gráfico define regiões onde se pode aceitar que se vai situar o valor previsto com intervalos de confiança para 50%, 60% e 75%. A lei de distribuição que regee esta probabilidade é a normal. Logo,o valor central (aquele onde a probabilidade de estar acima ou abaixo é idêntica e igual a 50%) deve ser equidistante dos limites dos intervalos.
Mesmo o próprio BdP afirma que o valor da previsão tem uma probabilidade superior de ser abaixo, do que ser acima. Ou seja a probabilidade do valor real estar abaixo do valor previsto é maior que 50%.
Logo é o próprio BdP a reconhecer isso.
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 12:14 AM
Templário em julho 12, 2005 11:51 PM:
Todos os que mexem com números metem medo. Os economistas ao Soares e o tipo que gere o meu empréstimo para compra do carro, a mim.
Está-me sempre a ameaçar ficar com o carro
Publicado por: David às julho 13, 2005 12:16 AM
Cada vez que abro um dos post sobre economia, mesmo eu que disto nada percebo, tenho que tomar um Bialzepam 3.
A partir de agora só volto a ler aqueles que tenham bonecos do Bordalo.
Publicado por: carlos alberto às julho 13, 2005 12:20 AM
carlos alberto em julho 13, 2005 12:20 AM:
Cuidado! Não tome tomar um Bialzepam 3 sempre que ouvir falar de economia. Veja o estado em que ficou o Sampaio. O Homem já não diz coisa com coisa.
E chamou outravez economistas para uma reunião, quando os médicos tinham proibido isso.
De noite é ouvi-lo aos uivos pelos corredores do Palácio de Belém.
Publicado por: Coruja às julho 13, 2005 12:26 AM
"Logo é o próprio BdP a reconhecer isso."
Mas não baseado no intervalo confiança de 50%...
Publicado por: incredulo às julho 13, 2005 12:26 AM
incredulo às julho 13, 2005 12:26 AM:
Há "dois 50%.
Um intervalo de confiança de 50% significa que há uma probabilidade de 50% do valor real estar entre esses limites.
Dizer que há mais de 50% de probabilidades de um valor se situar abaixo do que foi previsto, significa que é mais provável que ele venha a estar abaixo desse valor que acima dele, independentemente dos intervalos de confiança.
São dois conceitos diferentes. O 2º não tem directamente a ver com intervalos de confiança.
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 12:35 AM
Vc substima-me. ;)
Publicado por: incredulo às julho 13, 2005 12:39 AM
Quer o crescimento do PIB seja 0,3% quer seja 0,5%, estamos feitos!
Publicado por: V Forte às julho 13, 2005 12:46 AM
Também achei que o Constâncio estava a fazer um frete político ao governo.
Publicado por: V Forte às julho 13, 2005 12:47 AM
E o Perez Metelo, coitado, metia dó.
Publicado por: V Forte às julho 13, 2005 12:48 AM
Pois é, vamos de mal a pior. E em vez de se atacar a doença, ataca-se a febre. Estamos a aspirinas a combater uma infecção grave
Publicado por: Emilio às julho 13, 2005 01:12 AM
carlos alberto em julho 13, 2005 12:20 AM:
Então o melhor é nem ver os noticiários de TV. Aqui, e em alguns outros sítios, ainda há propostas de solução. Na TV é só confusão.
Publicado por: David às julho 13, 2005 01:17 AM
Joana....essa dos futuros é boa...
"Em relação à evolução do petróleo, o BdP assumiu as perspectivas indicadas pelos mercados de futuros, ou seja, o petróleo deverá aumentar nos próximos anos."
Futuros ? essa é boa...que eu saiba há futuros longos e curtos. Porque haveria o BDP arriscar nos longos ? eu a 62 arriscava nos curtos !
Publicado por: Templário às julho 13, 2005 01:46 AM
eu contrariamente ao que a maior parte defende acho que o investimento público é uma cortina de fumo que engana as pessoas com a treta dos efeitos multiplicadores e do retorno positivo ...
Desafio a joana a procurar as estatísticas do retorno dos investimentos públicos versus investimentos privados, pois lembro-me de ver um estudo que até em países onde a corrupção é elevada, o efeito no pib dos investimentos privados é superior ao investimento público nos países quase sem corrupção ...
É fundamental acabar com o desperdício e a má gestão de cancros como os ministérios da saúde, da educação, da segurança social e da justiça ...
é fulcral acabar com ministérios obsoletos do tempo da planificação económica, como ministérios da economia, da agricultura, dos transportes e comunicações, até porque o estado não deve ser mais do que regulador e fiscalizador em vez de ser promotor e planificador ...
é fundamental acabar com idiotices como a ota e o tgv, quando acima de tudo temos uma crise de competitividade que só pode ser resolvida por 2 formas - diminuição vigorosa do estado, o que implica o disparar do desemprego e consequentemente da segurança social, e investimento a adaptação do estado ao mundo moderno com funcionários capazes e que naturalmente têm que ganhar mais, enquadrados por regiimes de funcionamento mais vocacionados para a avaliação do desmpenho do que para a promoção por antiguidade/cursos da treta ...
Não há dinheiro para tudo e já estou como diziam no jaquinzinhos e no blasfémias, olhem para espanha e vejam que aumentando um terminal, consegue-se um aumento tráfego mais que suficiente com um investimento que representa para aí 6 ou 7 % da opção portuguesa ...
Acabem-se com os subsídios às empresas dos amigos para pagar viagens a espanha, pda's, laptops, campanhas de publicidade e muitos estudos de consultoria (há tantas consultoras que já estavam deseperadas por não poderem andar a fazer estudos para serem financiados pelo estado) ...
Será que é preciso que nos cortem os fundos para que esta corja acorde ? Há pouco dinheiro porque o gastaram antes ... Não repitam os erros do passado ... Olhem para o post do jaquinzinhos sobre as semelhanças entre o que o psd fez que o ps criticou e o mesmo que o ps está a fazer (claro que é para rir, mas a rir a rir se dizem as verdades) ...
Publicado por: bcool às julho 13, 2005 02:34 AM
quanto ao falhanço das previsõese à falta de rigor do constâncio (quer na previsão do crescimento do PIB quer na previsão do crescimento das exportações), penso que a segunda explica a primeira ...
quando os técnicos cedem aos políticos e assumem pressupostos irrealistas, por muito bons que sejam os modelos de previsão, os resultados sairão sempre tortos ...
Mais do que tarot, é falta de profissionalismo e integridade, mas de quem já foi (e parece-me que ainda é) político, nada de diferente se pode esperar ...
Publicado por: bcool às julho 13, 2005 02:37 AM
zippiz tem que perceber que as empresas são como as pessoas e todos os outros organismos vivos, nascem, crescem, desenvolvem-se, começam a envelhecer e morrem ... nalguns casos são absorvidas por outras, como se fossem vítimas dos desenhos animados que absorvem os outros ...
a verdade é que uma empresa que deixa de ser rentável, porque os pressupostos centrais do seu negócio se alteraram, tem duas alternativas, ou muda os pressupostos centrais do seu negócio ou fecha - e essa é uma decisão da exclusiva responsabilidade dos accionistas e mais ninguém e ninguém tem nada a ver com isso ...
Estamos entendidos ???
Publicado por: bcool às julho 13, 2005 02:43 AM
Um bom gestor, será aquele que convence os sócios a mudarem uma unidade de produção/negócio, para locais onde os custos dos factores são mais baratos (matérias-primas, energia, trabalho e capital), no caso vertente, fechar empresas em portugal e deslocá-las para o leste europeu, ou mesmo a produção para o extremo oriente ... isso é que é ser bom gestor, em vez de tentar continuar com fábricas que subsistiam com a competitividade do baixo custo do factor trabalho e que actualmente já não existe ... Os sectores do têxtil, do calçado, do vidro e todos os outros tradicionais portugueses, ou conseguem subir na cadeia de valor e deixam de competir com os orientais que produzem em massa (além do baixo custo do factor trabalho, ainda têm a vantagem da escala de produção), ou então vão progressivamente fechando as portas ... Certo e sabido, é que essa mudança na cadeia de valor implica trabalho mais qualificado e menos trabalho não especializado, pelo que duma forma ou de outra, o desemprego dos trabalhadores não especializados é uma inevitabilidade a curto prazo - como diz a Joana - It's Economics Stupid ... (atenção, não o estou a insultar, apenas a mencionar que não há escapatória)
Publicado por: bcool às julho 13, 2005 02:52 AM
bcool às julho 13, 2005 02:52 AM
Essa é a teoria puramente Liberal, actualmente em voga nos EUA. Mas como há outras...deve saber que o Comissário Europeu que se preocupa com essas coisas, foi à China e Obrigou os Chineses a assinarem um acordo sobre texteis, obrigando assim o Estado Chinês a Taxar os produtos à saída com Impostos.
Por outras palavras, você bom gestor leva a empresa para onde quiser e julgar que obtém mais lucro, mas se eu lhe taxar os produtos à entrada, pode até a sua genialidade de gestor piorar drasticamente.
Tal como para um bom General se exige outro Grande General, ás ideias loucas de certos gestores, exigem-se outros loucos que estejam à altura !
Ou já se esqueceu como a Europa e os EUA, demoliram a genialidade dos Japoneses nos anos 70 e 80 ?
Publicado por: Templário às julho 13, 2005 06:17 AM
A Joana esquece o efeito da seca. A seca deste ano, que a cada mês que passa se afigura mais grave, tem um efeito grave no PIB. O PIB agrícola cai a pique, e o turístico também cairá, embora menos. Quantas pessoas costumavam ir passar fins-de-semana ao Alentejo e este ano não foram? Quantas pessoas deixarão de ir ao Algarve este ano?
Quando fala da balança de transações, a Joana também não refere adequadamente o peso do petróleo. As nossas importações estão a crescer em boa parte devido ao preço superior do petróleo. E ainda crescerão muito mais, isso é que é o mais grave.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 13, 2005 09:28 AM
Os efeitos económicos da seca ainda não se fizeram sentir e devem ser marginais (o nosso PIB agrícola deve ser bastante baixo).
Não vejo porque cai o PIB turístico, a menos que falte água no Algarve. Admitindo que se façam menos fins de semana no Alentejo, o efeito será positivo: menos importações de crude.
Eu referi fundamentalmente as exportações, que vão cair a pique. É isso que é grave.
As importações vão diminuir, embora menos, pelo facto do rendimento disponível estagnar.
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 09:43 AM
incredulo às julho 13, 2005 12:39 AM:
Não esou a subestimá-lo. Estou apenas a dar a minha interpretação da previsão, tal como foi apresentada.
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 09:53 AM
Por outro lado, a diferença não é significativa. É apenas psicológica - cair abaixo de pontos focais 0,5% e 1%.
Ou seja, não considero relevante do ponto de vista económico. Apenas acho curioso, e talvez relevante do ponto de vista de comportamento político do BdP.
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 09:58 AM
Nota:
No meu comentário de Joana às julho 12, 2005 11:25 PM, a frase «Em relação à evolução do petróleo, o BdP assumiu as perspectivas indicadas pelos mercados de futuros, ou seja, o petróleo deverá aumentar nos próximos anos. Em 2005 e 2005 terá uma cotação média anual de 52 e 53 dólares, acima dos 38,3 dólares registados em 2004» é da exposição do BdP
Eu escrevi a seguir «...mas abaixo dos 60 dólares actuais.
Fizeram o mesmo que o Bagão, que estimou as suas previsões com um valor do preço do crude inferior ao existente na altura.
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 10:00 AM
Nota:
Estas previsões são um descalabro comparadas com as que o BdP fez em Dezembro de 2004. Portanto os resultados da política económica têm que ser levados a débito do presente governo.
Não sei o que o governo do PSL teria feito se continuasse, provavelmente não teria feito muito melhor. Nunca saberemos.
Mas isso não invalida que a péssima prestação do actual governo.
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 10:08 AM
Na verdade o descalabro é total. Vou seguir o exemplo do carlos alberto (julho 13, 2005 12:20 AM) e começar a tomar ansiolíticos.
Publicado por: bsotto às julho 13, 2005 10:19 AM
Bem, se a economia oficial está de pantanas, resta-nos confiar na economia clandestina.
Haja cá fé!
E não se deve falar em crise, pois isso só a agrava!
Sejamos patriotas!
A propósito, o que é ser patriota?
Publicado por: Senaqueribe às julho 13, 2005 10:26 AM
Concordo (começo a ficar preocupado...) com os comentários da Joana. E acrescento que me parece pouco provável que o consumo privado não venha a ser menor do que previsto, o que dará um PIB ainda menor. Mesmo que isso se reflicta favoravelmente nas importações. Nesta altura os portugueses já estarão suficientemente preocupados para adiarem certas decisões de consumo. Como uma quebra no consumo irá ter repercussões na capacidade de sobrevivência de empresas dirigidas ao consumo (nomeadamente no sector do comércio), deveremos assistir a uma aceleração no desemprego e uma consequente quebra adicional no consumo... O melhor é agarrarem-se bem porque "isto" vai entrar em queda acelerada...
Publicado por: Albatroz às julho 13, 2005 10:28 AM
Bem, se a economia oficial está de pantanas, resta-nos confiar na economia clandestina.
Haja cá fé!
E não se deve falar em crise, pois isso só a agrava!
Sejamos patriotas!
A propósito, o que é ser patriota?
Publicado por: Senaqueribe às julho 13, 2005 10:31 AM
Joana às julho 13, 2005 09:43 AM
Aquilo que o BdP emite é uma PREVISÃO para o PIB de 2005. Nessa PREVISÃO o BdP necessariamente inclui o efeito económico da seca, mesmo que esse efeito ainda não se faça sentir neste preciso momento. O efeito NÃO É NEGLIGÍVEL: já ouvi previsões de que seria 1% do PIB a menos. O PIB agrícola é pequeno, é certo, mas não tão pequeno quanto isso. 1% do PIB perdido com a seca, é o suficiente para explicar as diferenças entre as previsões do BdP de Dezembro de 2004 e de Julho de 2005. Em Dezembro de 2004 não se fazia ideia de que a seca atingiria tal amplitude.
Não quero com estas observações minimizar o efeito sobre o PIB das políticas económica e fiscal. Quero apenas salientar que este ano é especialmente mau para Portugal devido aos efeitos conjugados da seca e da subida do preço do petróleo.
Infelizmente, temo bem que o segundo desses fatores - e talvez também o primeiro - se mantenha e até se agrave ao longo dos próximos anos.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 13, 2005 10:44 AM
Não sei como a AutoEuropa vai continuar em economia paralela, mas havemos de encontrar solução.
Publicado por: Coruja às julho 13, 2005 10:45 AM
Em geral, há na população a tendência para atribuir o progresso ou retrocesso da economia nacional às virtudes ou malefícios do governo que no momento se encontra em funções. Essa tendência é em larga medida errónea.
No caso presente, o retrocesso da economia portuguesa é, sem dúvida, em boa parte devido às políticas erradas que têm sido seguidas ao longo dos últimos anos (não apenas por este governo, mas por toda um conjunto de governos), nomeadamente o aumento do peso do Estado na economia, e políticas anti-concorrenciais. Mas aquele retrocesso é, ainda em maior parte, explicável por outros fatores: contração demográfica, fraco crescimento da economia europeia, dependência energética, etc.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 13, 2005 11:41 AM
bcool: nem mais. Você disse tudo. E para aqueles que pensam que um bom gestor é aquele que se preocupa sobretudo com satizfazer os sindicatos, ou as politicas do governo, ou as politicas sociais, ou sei lá o quê, sugiro uma presença de uma tarde numa Assembleia Geral de accionistas de qualquer empresa privada cotada em bolsa. É que por esses sítios o que conta são os resultados, e não uma conversazinha à mesa do restaurante com o sr ministro ou sec. de estado.
Publicado por: Joao P às julho 13, 2005 12:26 PM
Luís Lavoura em julho 13, 2005 11:41 AM:
A dependência energética resulta de uma política errada. Não é uma questão apenas exterior. Há atrasos de anos no licenciamento de pedidos de construção de Parques eólicos. Aliás a Joana já referiu isso várias vezes e eu conheço o ramo e a empresa do Carlos Pimenta e sei os entraves que têm sido postos.
Publicado por: Hector às julho 13, 2005 12:38 PM
E ainda há o caso de Foz Côa, com o disparate de parar a barragem, que custou 30 ou 40 milhões de contos ao país, mais a perda da energia que estaria a ser produzida, mais o dinheiro que custa manter aquele elefante branco que não serve para nada.
Publicado por: Hector às julho 13, 2005 12:40 PM
Quanto à "contração demográfica" ela só começará a sentir-se dentro de alguns anos, mas também parte de políticas erradas. Nos temos um "Estado Social" que só é social a espoliar a sociedade, mas não dá apoios nenhuns. Os países escandinavos conseguiram inverter a tendência há alguns anos. A Irlanda também.
Publicado por: Hector às julho 13, 2005 12:43 PM
Hector às julho 13, 2005 12:38 PM
Dos argumentos de Luís Lavoura às julho 13, 2005 11:41 AM, sobram 3 não atribuíveis à política errada, a saber:
-contração demográfica
-fraco crescimento da economia europeia
-e o não menos importante, etc
Luís Lavoura, V. tem que atribuir a culpa toda ao Estado. Ou ainda não deu por isso?!
Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 12:46 PM
Hector em julho 13, 2005 12:40 PM:
Há excursões de alunos das escolas que vão lá uma vez por outra.
É como levá-los ao Zoo visitar o elefante branco
Publicado por: Coruja às julho 13, 2005 12:47 PM
Alto.
O Hector apanhou-me. Enquanto eu escrevia um comentário, retirou mais um e passou-o para o lado do Estado.
Estamos a levar uma "cabazada"...
Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 12:48 PM
Contudo, folgo em saber que os países escandinavos são exemplo para alguma coisa: evitar a contracção demográfica.
Mas só para isso. Até porque eles estão associados a essa coisa que se chama social democracia...
Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 12:50 PM
Vítor: e quanto ao fraco crescimento da economia europeia ele deriva de políticas idênticas nos conceitos (mas não tão incompetentes na aplicação) que alguns países europeus fazem - França, Alemanha, Itália, etc.
E agora?!
Publicado por: Hector às julho 13, 2005 12:51 PM
Eu não atribio as culpas ao Estado. Atribuo aos governos que criaram o Monstro.
A única culpa do sector público (ou de alguns do sector público e respectivos sindicatos) é tentarem a todo custo evitar que esse Monstro emagreça.
Publicado por: Hector às julho 13, 2005 12:53 PM
Hector às julho 13, 2005 12:51 PM
Estou rendido.
É tão bom saber que a culpa é das políticas e, consequentemente, dos políticos.
Mas sempre quero ver como se desenrasca com a n/ arma secreta: o "etc".
PSD (porque PS traz ressonâncias negativas): Isto é só para irmos almoçar mais bem dispostos.
Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 12:57 PM
Portugal está numa deriva semlhante àquela que precedeu diversas revoluções. Como a do 28 de Maio.
Publicado por: Filipa Sequeira às julho 13, 2005 01:52 PM
A paragem das obras da barragem de Fozcoa foi o primeiro grande disparate do Guterres
Publicado por: Sa Chico às julho 13, 2005 02:26 PM
Mas na altura ninguém calava os artistas e os politicamente correctos com a mania das gravuras.
Publicado por: Sa Chico às julho 13, 2005 02:27 PM
"Portugal está numa deriva semlhante àquela que precedeu diversas revoluções. Como a do 28 de Maio."
Eu não sou assim tão optimista.
Publicado por: Senaqueribe às julho 13, 2005 02:38 PM
"A dependência energética resulta de uma política errada"
Isto não é em rigor verdade. Ainda agora passei pela Livraria Bertrand da Avenida de Roma. A porta está aberta e, mal se entra, sente-se o fresquinho reconfortante do ar condicionado. A realidade é esta: o ar condicionado está ligado com a porta aberta. Pelo menos 60% da eletricidade gasta no ar condicionado foge pela porta fora.
E este tipo de estupidez - que se observa repetidamente em Portugal - não é culpa do Estado.
As secretárias do meu grupo trabalham com o ar condicionado ligado e a janela e a porta do gabinete abertas. Justificação: fumam. Não podem fechar a janela porque se não morriam sufocadas no seu próprio fumo. Mas entretanto gastam energia (paga pelo contribuinte!) no ar condicionado.
Uma pessoa minha conhecida comprou um pequeno T1 com uma varanda. A casa era muito pequena. A pessoa fechou a varanda com umas janelas rascas de alumínio, e depois derrubou a parede que separava a sala de estar da varanda. Resultado: o isolamento térmico da casa foi à vida. A casa no Inverno é um gelo, que precisa de 5 kW permanentemente ligados para ser habitável. No Verão, é um forno.
A política energética do país - a qual passa pela política de habitação, nomeadamente o incentivo à compra de casa própria, aos condomínios, e à expansão dos subúrbios - tem sido péssima. Mas não é só ela a culpada do brutal desperdício de energia que nos carateriza.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 13, 2005 02:40 PM
Filipa Sequeira às julho 13, 2005 01:52 PM
Isso é a Teoria do Caos, ou é mesmo demagogia?
Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 02:42 PM
Quanto à barragem de Foz Côa, estou (e sempre estive) de acordo em que foi um erro abandoná-la. Mas, convenhamos, o principal problema da energia em Portugal não está no lado da oferta, mas sim no lado da excessiva procura e do excessivo desperdício. E o principal problema da energia em Portugal nem é a eletricidade, mas sim os transportes.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 13, 2005 02:42 PM
Sobre a contração demográfica: considero um erro políticas pró-natalistas. Tais políticas só se justificam pela manutenção da "raça", a qual é um valor que não me apela. Gente não falta neste mundo, e a quebra demográfica em Portugal (ou noutro país qualquer) pode sempre ser compensada por imigração. Poupando-se nos custos de formação da mão-de-obra!
Publicado por: Luís Lavoura às julho 13, 2005 02:46 PM
Luís Lavoura em julho 13, 2005 02:40 PM:
Mas você está a dar-me razão. Os governos é que têm a culpa, por causa das leis do arrendamento, da política de habitação que temos. O Estado é o regulador das regras de construção e dos regulamentos de construção em vigor.
As suas secretárias são funcionárias públicas ...
Publicado por: Hector às julho 13, 2005 02:49 PM
Oh Joana! Esta do Governador do Banco de Portugal paga direitos de autor. Ver meu comentário de ontem ao Post de Zippiz. Chamei-lhe foi Presidente!... por lapso.
Mas tome nota: Ainda não estão satisfeitos. É ver o afã deles para ver se conquistam mais autarquias e assim fazer o pleno!
Ninguém os pára! Fazem uso de tudo: Sociedades Secretas (Ópus Dei e Maçonaria) e menos Secretas (Rotários e outros). Padres no activo e Padres retirados. Cuidado que podemos estar a escorregar para um modelo de absolutismo mascarado de demoCracia (que não é... Quando muito GrupoCracia!)
Publicado por: elmano às julho 13, 2005 02:50 PM
Hector às julho 13, 2005 02:49 PM
Repito: Luís Lavoura, V. tem que atribuir a culpa toda ao Estado. Quem deixa porta aberta e A.C. ligado "tá visto" é funcionário público.
Não sei onde tem andado o Luís Lavoura estes anos todos...
Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 02:58 PM
"Os governos é que têm a culpa"
Não Hector: os governos têm PARTE Da culpa. Não têm a culpa toda. Nem nada que se pareça.
As minhas secretárias são funcionárias públicas. Mas se fossem privadas fariam o mesmo. Dei o exemplo da Livraria Bertrand, que não é pública. E de um apartamento T1.
As pessoas vão viver para os subúrbios em parte, é certo, devido às políticas que tal favorecem. Mas não somente. Também devido à sua preferência por casas novas e pelo "glamour" de uma vida automobilizada.
Uma pessoa minha conhecida mora ao pé do Cemitério dos Prazeres, e era gestora numa empresa situada no Marquês de Pombal. A empresa oferecia-lhe um carro, e ela ia todos os dias para o trabalho de carro. Espantei-me: tens um autocarro (o 74) direto de casa para o trabalho, para que andas de carro? Resposta: ui, o pivete das pessoas no autocarro! E porque não vais a pé, peguntei-lhe, é um bom exercício matinal. A pé? Nem pensar!!! Os sapatos de salto alto que uso no trabalho não dão para andar na rua!
É com estas atitudes que o povo português desperdiça energia.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 13, 2005 02:59 PM
Senaqueribe em julho 13, 2005 02:38 PM:
Provavelmente estou a ser optimista
Publicado por: Filipa Sequeira às julho 13, 2005 03:02 PM
Vítor às julho 13, 2005 02:42 PM
O Caos não precisa de teorias. Acontece pelo desleixo de todos.
E não é demagodia, é demo-aviso.
Publicado por: Filipa Sequeira às julho 13, 2005 03:04 PM
Luís Lavoura às julho 13, 2005 02:59 PM: A sua conhecida tem infelizmente razão. Já tentou andar de saltos altos pelas ruas (passeios) de Lisboa?
Em cada 10 passos, ficamos com um salto encravado. Ao fim de 100 metros a probabilidade de termos de deitar os sapatos no lixo é quase 1.
Publicado por: Filipa Sequeira às julho 13, 2005 03:07 PM
Filipa Sequeira às julho 13, 2005 03:07 PM
É evidente que ninguém anda de saltos altos longas distâncias pelas ruas - nem de Lisboa, nem de qualquer outra cidade do mundo.
Mas em qualquer cidade da Europa Central, as mulheres que querem ir a pé para o trabalho (e não são tão poucas quanto isso), ou bem que se recusam a usar saltos altos no trabalho, ou então mudam de sapatos quando chegam ao trabalho.
Isto é o que se faz em qualquer cidade da Europa. Só em Portugal é que as pessoas são tão snobes que têm de andar de salto alto no trabalho, e tão esquisitas que se recusam a ter no trabalho uns sapatos para lá usar.
Quando trabalhei na Alemanha, toda a gente no trabalho andava de chinelos. O pessoal vinha da rua com as botas cheias de neve e lama e, quando chegava ao trabalho, trocava as botas por uns confortáveis chinelos.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 13, 2005 03:15 PM
Eu então proponho-vos outro tema de conversa, mas é economia dirigido a Joana em primeiro lugar. Parece que voltou a dar a série Alves dos Reis (eu nunca vi e agora ainda não consegui ver também) e dizem-me que é uma coisa caricata e cheia de inverdades. Resolvi ir estudar o Oliveira Marques e descobri que o golpe do Alves Reis (não é Alves dos Reis) foi cometido em 1925; ora de acordo com O Marques "mal afectou a situação financeira de Portugal".
Por outro lado nem J Hermano Saraiva na História de Portugal nem Eugénia Mata e Nuno Valério na História Económica de Portugal se lhe referem, portanto o incidente não teve consequências nefastas que merecessem relato.
Por outro lado vê-se no gráfico apresentado por O Marques a seguinte série valores da libra em escudos:
- 1919: 11$57
- 1920: 35$56
- 1921: 57$10
- 1922:101$50
- 1923:123$62
- 1924:155$54
Em 1924 Álvaro de Castro vende as reservas de prata do Banco de Portugal (e suspeito que mais algumas coisas) e consegue travar a desvalorização.
Creio que quem nos andou a comer foi a Inglaterra.
- 1925: 114$29
- 1926: 95$53
Ora como o caso Alves reis aconteceu entre Fev.-Mar e Ago_Nov de 1925, com a prisão do homem em 5 de Dezembro de 1925 e a decisão da retirar as notas a 7 de Dezembro o caso ficou sanado como se prova pela valorização do escudo entre 1925 e 1926.
Ora entretanto o homem de 27 anos que engendrou a marosca era megalómano com certeza, só podia, mas é preciso não esquecer que era neto do Almirante Reis que dá o nome à Avenida, vinha portanto com referências "do avô herói nacional". Com o golpe injectou provisoriamente muito dinheiro na economia nacional com que se fez muita obra em Angola e Portugal.
Pagou a cena com 20 anos de cadeia. morreu pouco depois de sair.
E agora: herói ou vilão?
Publicado por: pyrenaica às julho 13, 2005 03:27 PM
Luis Lavoura ir a pé dos Prazeres ao Marquês não é propriamente um passeio de 500m...
Confesso que não percebo essa da energia. As pessoas desperdiçam energia porque julgam que está barata para o esforço despendido para poupar ou então são simplesmente idiotas ou não fizeram as contas.
Publicado por: lucklucky às julho 13, 2005 03:36 PM
Luís Lavoura em julho 13, 2005 03:15 PM
Já pensou que a máquina que tem, de muito longe, pior rendimento, é o corpo humano?
Só que não vem na conta da EDP, mas na dos Hipermercados.
Você sempre me saíu um desperdiçador de nergia!
Publicado por: Rui Sá às julho 13, 2005 03:44 PM
Rui Sá às julho 13, 2005 03:44 PM
As pessoas vão, muitas vezes, para o ginásio (de carro) para fazer exercício. Todo o ser humano precisa de fazer regularmente algum exercício físico. Uma das melhores e mais baratas formas de o fazer é ir a pé para o trabalho.
Entre gastar calorias a correr no mesmo lugar no ginásio, e ir a pé para o trabalho, a segunda é uma forma muito melhor de as gastar.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 13, 2005 04:09 PM
"ir a pé dos Prazeres ao Marquês não é propriamente um passeio de 500m..."
Num passo razoável, demora 25 minutos. Fazer isso duas vezes por dia (de manhã para ir, à noite para voltar), são 50 minutos de marcha. Precisamente aquilo que é aconselhado a qualquer pessoa como exercício diário, para manter o coração e a circulação num estado aceitável.
Tá vendo? Matam-se dois coelhos de uma cajadada: faz-se exercício físico, e poupa-se no transporte.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 13, 2005 04:13 PM
O governo já tomou medidas para que a crise não nos afecte. Vai baixar o preço dos ansiolíticos.
Publicado por: Coruja às julho 13, 2005 04:21 PM
O que dói, dói mesmo, é ver aquelas apreensões de centenas de milhões de euros de coca e heroína e a malta não vender aquilo no mercado internacional. Que falta de iniciativa do Estado!
Publicado por: Coruja às julho 13, 2005 04:25 PM
Para não gastar energias na deriva:
Ontem à noite tive uma conversa com um empresário (por sinal, com a 4ª classe) sobre os custos energéticos da sua indústria.
Não vou revelar pormenores (o segredo é a alma do negócio dele) mas adianto que se falou de:
nafta, gasóleo, bagaço de uvas e de azeitonas, estilha de madeira e resíduos florestais, matos, resíduos combustíveis de autmóveis (plásticos, pneus e estofos) e, obviamente, da cogeração.
A questão dos resíduos florestais, seria um bom princípio para se debater a necessidade de encontrar alternativas aos combustíveis fósseis e, em paralelo, contribuir para a resolução do problema dos incêndios florestais.
Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 04:38 PM
Vítor em julho 13, 2005 04:38 PM:
A biomassa tem que ser tratada antes, para obter a parte que se destina à produção de enrgia da parte que pode ser usada como estrume.
Publicado por: saavedra às julho 13, 2005 05:01 PM
"os resíduos florestais, seria um bom princípio para encontrar alternativas aos combustíveis fósseis"
Antes de se começar a usar o carvão, a madeira era o combustível por excelência. De facto, a madeira foi abandonada por se ter tornado escassa, e não por ser menos conveniente do que o carvão. No século 17 as florestas inglesas estavam tão cortadas, que os industriais ingleses se viam negros para arranjar madeira para as suas indústrias. O carvão, abundante em Inglaterra mas que era até aí desconsiderado como sendo uma coisa poeirenta e suja, passou então a ser usado, em desespero de causa. Nos EUA, com enormes florestas, a madeira foi usada como combustível industial até bem dentro do século 19 - ninguém pensaria em usar carvão quando tanta madeira estava disponível. Só quando as florestas começaram a escassear é que os americanos, por sua vez, se voltaram também para o carvão.
Os resíduos florestais são, evidentemente, uma opção. Mas nunca conseguirão cobrir mais do que uma parte negligível das necessidades.
A Mata do Solitário, na Arrábida, uma das pérolas da nossa natureza, esteve prestes a ser completamente destruída nos anos 40 do século passado, para ser transformada em carvão vegetal. Nesse tempo as pessoas precisavam de carvão vegetal para cozinharem e se aquecerem em casa.
Em África, muitas florestas estão pela hora da morte, porque as pessoas precisam de madeira para cozinhar.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 13, 2005 05:04 PM
Joana:
Centrei e reduzi e vim parar ao seu post. E aquela questão de uma bissectriz que não é bissectriz, apesar de ser um pormenor, fez-me pensar.
O nó górdio desata-se, percebendo que a previsão (cenário central) não se fundamenta em probabilidades de erro com distribuição normal.
Se calhar é hipergeométrica, binomial, T de Constâncio, ou qualquer outra.
Mas daí a argumentar que vieram "dourar a pílula", não concordo.
Haverá 0,001% dos portugueses que vão olhar para o gráfico, uns poucos mais que vão ligar ao número anunciado.
O que muitos viram e poucos perceberam, embora possam ter intuído, é que isto vai de mal a pior. E o homem veio dizê-lo, sem pílulas...
Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 05:07 PM
Luís Lavoura em julho 13, 2005 05:04 PM:
Mas as lareiras não produzem imensas dioxinas?
Publicado por: Diana às julho 13, 2005 05:17 PM
saavedra às julho 13, 2005 05:01 PM
E depois?
Luís Lavoura às julho 13, 2005 05:04 PM
V. às vezes irrita. Irrita porque é inteligente e gosto de ler os seus comentários, com os quais geralmente concordo.
E o que me irrita é o "negligível". Eu falei num princípio de discussão. V. falou em negligível. Mostre-me o estudo que fundamenta o negligível e a minha irritação passará a agradecimento.
Quando falo de resíduos florestais, falo (não é de fálico) dos resíduos que resultam da necessária limpeza das matas (matos e árvores de desbaste). Não falo do abate de árvores nem de limpezas na serra da Arrábida. Nem na floresta tropical.
Bem sei que o resto do que escreveu é verdade. Que estes resíduos são um contributo. Mas eu não disse o contrário.
Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 05:18 PM
Diana às julho 13, 2005 05:17 PM
Vou meter a foice em seara alheia:
Dioxinas? Nas lareiras? Valha-me o Senhor...
E ainda que assim fosse, alguém propôs a queima de resíduos florestais com tecnologia pré-histórica?
Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 05:28 PM
Vítor às julho 13, 2005 05:18 PM
A minha intuição de que os resíduos de madeira (aparas, serradura, etc) são negligíveis é baseada no facto de, como eu disse, ingleses e americanos terem acabado por ficar sem florestas quando tinham a sua indústria a funcionar só com base na madeira. Ora, parece-me evidente que os resíduos de madeira são em muito menor quantidade do que a madeira propriaente dita.
Quanto aos outros resíduos florestais (matos, fetos, silvas, etc), na sua maior parte não são adequados para queimar diretamente. Molhados não ardem, secos ardem depressa de mais mas gerando pouco calor. Têm que ser fermentados anaerobicamente para os tansformar em estrume. O metano resultante da fermentação, e mais o resíduo sólido da fermentação, podem então ser usados como combustível. Mas creio que a quantidade total desses resíduos nunca será suficiente para grandes veleidades.
É apenas a minha intuição. Números não tenho.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 13, 2005 05:34 PM
Diana às julho 13, 2005 05:17 PM
Para gerar dioxinas é preciso queimar matéria orgânica na presença de cloro.
As florestas não têm cloro, a não ser como poluente. Logo, as lareiras em princípio não emitiriam dioxinas. No entanto, na prática, já há tanto cloro espalhado como poluente por aí, que de facto a queima de madeira acaba por ser uma fonte de dioxinas.
Há quem diga que uma boa sardinhada emite dioxinas. O cloro é fornecido pelo sal (que é cloreto de sódio) com que se tempera as sardinhas. Mas nunca se mediu, que eu saiba.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 13, 2005 05:38 PM
Eu li isso no relatório da Comissão Científica Independente por causa da co-incineração. Diziam que as lareiras eram piores que as cimenteiras a queimar resíduos industriais.
Publicado por: Diana às julho 13, 2005 05:43 PM
OK. Já tenho desculpa quando me pedirem para ajudar a assar sardinhas.
Publicado por: Coruja às julho 13, 2005 05:46 PM
O pior é se mais ninguém quer por terem ficado em pânico com as dioxinas!
Publicado por: Coruja às julho 13, 2005 05:48 PM
Mesmo os post mais técnicos já têm mais de 100 comentários. Este bog corre o risco de ser um dos mais visitados neste país.
Publicado por: Mário às julho 13, 2005 06:06 PM
Luís Lavoura às julho 13, 2005 05:34 PM
A quantidade total de resíduos florestais é enorme. Estamos a falar, em potência, da superfície florestal portuguesa, grosso modo, de 3 milhões de hectares
Eu não vim para aqui inventar nada.
Já existe uma central de biomassa em Tondela. Já estão "faladas" para Oliveira de Azeméis e Montemor-o-Velho, que eu saiba. As que ainda não avançaram, não é por falta de matéria-prima. A de Oliveira de Azeméis foi contestada por ambientalistas e autarcas alegando que depois se iriam queimar "resíduos perigosos" . Esclarecedor.
No que respeita à compostagem, é outra alternativa, principalmente para materiais não tão lenhificados.
Temos que poupar divisas e investir em energias renováveis (exemplos: marés, ondas, vento, sol)
Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 06:16 PM
Luís Lavoura às julho 13, 2005 05:34 PM
O meu pedido de desculpa porque o meu último comentário foi submetido, acidentalmente, antes do tempo.
Já que estamos em teorizações: ainda que extraíssemos apenas 1 ton/ano/ha de resíduos florestais (menos em áreas protegidas e mais em floresta explorada para madeira) teríamos, qualquer coisa como 3 milhões de toneladas de matéria prima.
Não acho assim tão pouco.
Publicado por: Vítor às julho 13, 2005 06:30 PM
Devo estar a ficar preguiçoso Luis Lavoura :)
Um artigo interessante:
http://www.news.cornell.edu/stories/July05/ethanol.toocostly.ssl.html
(...)
"There is just no energy benefit to using plant biomass for liquid fuel," says David Pimentel, professor of ecology and agriculture at Cornell. "These strategies are not sustainable.
(...)
Publicado por: lucklucky às julho 13, 2005 06:31 PM
pyrenaica às julho 13, 2005 03:27 PM
Leia o livro, o Homem de Lisboa (que é bem melhor que a série da RTP) e verificará que não era assim tão megalómano quanto isso.
Tinha o instincto nato da desorganizão organizada da burocracia. Daí sabia que ninguém constestaria papeis e mais papeis reconhecidos por notários e embaixadas. Um Génio.
Até nas desconfianças sobre seus inimigos, pois sempre temeu um Inglês, que acabou por se ele a desmascará-lo.
Segundo relatos da época, Lisboa chegou a clamar, Alves Reis para Ministro das Finanças !
Hoje teremos que reconhecer que foi um Heroi, pois dinamizou a fraca e empedernida sociedade Portuguesa e foi um grande investidor em Angola nos caminhos de ferro e em minas.
Provou na prática que a Burocracia não serve para nada ( a não ser para emperrar a sociedade)
Além...de que...foi o único português que conseguiu desmistificar a INFALIBILIDADE DOS INGLESES !
Publicado por: Templário às julho 13, 2005 07:21 PM
Cavaleiro do Templo:
E isto depois de os ingleses nos andarem a chular brutalmente durante o pós-guerra, nós que participámos na guerra! Cobraram sempre a costela plantageneta do D. Infante D. Henrique, como se o pai não fosse D. João I. Ainda estou contente quando os f. cá no EURO2004. Será que a Joana não quereria fazer um parecer sobre esse tratado, parece que terminado em 1926 com incidência até 1988? É que se calhar bem vistas as coisas eles têm muito a pagar...
Publicado por: pyrenaica às julho 13, 2005 07:37 PM
Vítor às julho 13, 2005 05:07 PM:
Os erros de previsão seguem uma distribuição normal. Mas a questão é "de amendoins". Eu penso que dar um número inferior a 0,5% (e a 1% para 2006) teria efeitos psicológicos mais negativos. Deve ter sido essa a razão, até porque os limites dos erros da previsão estão no gráfico.
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 07:55 PM
Luís Lavoura às julho 13, 2005 03:15 PM:
Na Suécia, em todas as residências particulares onde entrei, tive que me descalçar, deixar os sapatos à porta e enfiar uns chinelos.
Já pensei impor essa medida cá em casa para não me riscarem o chão.
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 07:59 PM
Luís Lavoura às julho 13, 2005 05:38 PM:
O que me vale é que a nossa ucraniana já aprendeu a assar sardinhas.
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 08:02 PM
Luís Lavoura às julho 13, 2005 05:38 PM:
Essa do cloro deixou-me preocupada. É que eu, desde os meus 10 anos, num quarto de século, entre piscinas públicas e privadas, já devo ter percorrido o equivalente à travessia do Atlântico nos dois sentidos e ir a meio da 2ª ida!
Espero não ter ingerido uma dose excessiva de dioxinas.
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 08:06 PM
pyrenaica às julho 13, 2005 07:37 PM:
Qual tratado? o de Windsor?
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 08:07 PM
"O retomar do pagamento das reparações sob o plano Dowes de 1924 e um acordo sobre o modo de pagamento da dívida de guerra à Grã-Bretanha (num prazo de sessenta e dois anos, isto é até 1988) alcançado em 1926 foram especialmente úteis para se ultrapassar a crise de confiança que tinha estado na base do processo inflacionista". Eugénia Mata e Nuno Valério, História Económica de Portugal, Editorial Presença, ,1993, pag.187, penúltimo parágrafo.
O que eu pergunto é: o que é que nós teremos pago em contrapartida?
(agora tenho uma reunião)
Publicado por: pyrenaica às julho 13, 2005 08:23 PM
pyrenaica às julho 13, 2005 08:23 PM:
Esse acordo convertia essas dívidas em dívida amortizável externa, com o pagamento condicionado ao cumprimento por parte da Alemanha do pagamento das "reparações" de guerra. Em 1930 a Alemanha declarou unilateralmente uma moratória no pagamento das reparações e em 1933, após a subida ao poder de Hitler, repudiou essas dívidas de guerra.
Essas decisões fizeram primeiro suspender o nosso pagamento à Grã-Bretanha (1930) e depois tornaram a dívida nula, a partir de 1933.
É estranho esse livro não mencionar esse facto pois a suspensão ocorreu pouco mais de 3 anos após o acordo e a anulação da dívida 6 anos depois.
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 09:00 PM
Uma outra dívida contraída junto do Banco de Inglaterra, foi liquidada em 1929.
Em 1930, as nossas finanças estavam saneadas
Publicado por: Joana às julho 13, 2005 09:02 PM
Então Joana, faço a pergunta de outra maneira: de acordo com os números do O Marques que apresentei no comentário inicial qual é a sua interpretação para a espiral de desvalorização do escudo face à libra no pós-guerra?
A minha é de que a Inglaterra nos comeu em grande.
Outra pergunta: para si o Alves Reis fez bem ou mal à nossa economia?
Publicado por: pyrenaica às julho 14, 2005 12:40 AM
pyrenaica às julho 14, 2005 12:40 AM:
Aquela desvalorização foi um fenómeno geral das economias europeias no pós-guerra.
Veja a França que se fartou de receber reparações da Alemanha:
year rate
1913 OF 5.18
1914 OF 5.09
1915 OF 5.57
1916 OF 5.89
1917 OF 5.76
1918 OF 5.62
1919 OF 7.31
1920 OF 14.21
1921 OF 13.41
1922 OF 12.19
1923 OF 16.44
1924 OF 19.10
1925 OF 20.98
1926 OF 30.84
1927 OF 25.48
1928 OF 25.50
1929 OF 25.54
1930 OF 25.48
1931 OF 25.51
OF - Franco antigo - valor em dólares USA
Publicado por: Joana às julho 14, 2005 09:36 AM
E o Marco alemão:
Year rate
1913 M 4.20
1914 M 4.23
1915 M 4.85
1916 M 5.50
1917 M 5.77
1918 N/A
1919 M 32.85
1920 M 57.11
1921 M 83.02
1922 M 430.48
1923 M 50000.00
1924 M 4329000000000.00
1925 RM 4.20
1926 RM 4.20
1927 RM 4.21
1928 RM 4.19
1929 RM 4.20
1930 RM 4.19
1931 RM 4.23
1932 RM 4.21
Com a crise de 1923/4 foi mudadad a moeda, passando a ser o Reichsmark
Publicado por: Joana às julho 14, 2005 09:38 AM
As únicas moedas que se mantiveram es´táveis foram o US$ e a Libra. Mesmo esta, em 1920/22, teve uma ligeira oscilação. Fora desse período manteve sempre a cotação de £3 17s por onça de ouro.
Só apresentei números até 1932, porque a partir daí, com a crise americana, o dólar cai bastante e as comparações deixam de fazer sentido
Publicado por: Joana às julho 14, 2005 09:45 AM
A injecção de dinheiro falso na economia portuguesa (e sobretudo em Angola) teve o efeito normal - estimular a actividade económica, mas de forma não sustentada.
A injecção de dinheiro na economia, já aqui o escrevi várias vezes, é como a injecção de droga. Produz sensação de prazer no início, mas quando o efeito passa vem a ressaca.
O Alves Reis foi recebido em Angola como um herói, porque o dinheiro (falso) que injectou nessa economia, trouxe um período de relativa prosperidade
Publicado por: Joana às julho 14, 2005 09:50 AM
A valorização do escudo em 1926 tem a ver, quer se goste ou não, com a queda da 1ª República e o fim de um regime corrupto, anárquico, odiado por todos (inclusive pelo grupo Seara Nova). Nas últimas eleições da 1ª República a abstenção foi de 85%. E faço notar que a 1ª República havia diminuido, em muito, o corpo eleitoral face à Monarquia. Sidónio instituiu o sufrágio universal (excepto para as mulheres) mas mal foi assassinado, a 1ª República regressou ao sistema que tinha instituído (o eleitor tinha que fazer prova de saber ler e escrever). Isto num país com 80% de analfabetos!
Publicado por: Joana às julho 14, 2005 09:56 AM
O que há de inquietante na situação do país é que não vemos os políticos apontarem qualquer solução viável. Só conversa e palermices.
Publicado por: Susana às julho 14, 2005 12:23 PM
templário,
ao adoptar essas taxas, estamos a prejudicar todos em troca de beneficiar poucos, porque em vez de libertarmos recursos (capital e trabalho) de sector pouco competitivos para sectores mais competitivos, continuamos a insistir em modelos ultrapassados, tentando deter a areia com uma peneira ...
as empresas de textêis que sentem a ameaça das chinesas, mostram que em vez de se adaptarem a um mundo em mudança, ficaram agarradas a velhos paradigmas ...
acredite em mim quando lhe digo, daqui a 5 anos, veremos nos texteis e no calçado o que vimos no vidro ...
ou acrescentamos valor e nos distinguimos de quem produz em grande escala e com baixos custos dos factores, ou mais tarde (com proteccionismo) ou mais cedo (sem proteccionismo) o mercado nos irá apanhar ...
Publicado por: bcool às julho 19, 2005 12:11 AM
Peres Metelo
Mais um embuste, analisem e vejam se não segue os passos de Vitor Constância, moderação, moderação, ou seja nada diz de útil, mais 1 dos economistas alinhados após o 25.
Será que não há massa critica para romper e anular essa gente seguidista????
Perguntem a um negociante de feira como resolver o problema deste país e mandem para o desemprego esses economistas.
Publicado por: Pasmado às novembro 17, 2005 08:27 PM
Peres Metelo
Mais um embuste, analisem e vejam se não segue os passos de Vitor Constância, moderação, moderação, ou seja nada diz de útil, mais 1 dos economistas alinhados após o 25.
Será que não há massa critica para romper e anular essa gente seguidista????
Perguntem a um negociante de feira como resolver o problema deste país e mandem para o desemprego esses economistas.
Publicado por: Pasmado às novembro 17, 2005 08:27 PM
Peres Metelo
Mais um embuste, analisem e vejam se não segue os passos de Vitor Constância, moderação, moderação, ou seja nada diz de útil, mais 1 dos economistas alinhados após o 25.
Será que não há massa critica para romper e anular essa gente seguidista????
Perguntem a um negociante de feira como resolver o problema deste país e mandem para o desemprego esses economistas.
Publicado por: Pasmado às novembro 17, 2005 08:27 PM