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julho 24, 2005
Autos-Da-Fé
A notícia caiu como uma bomba. Por muitas e diversas razões que direi adiante. Não que a Esquerda Totalitária não tivesse perpetrado actos destes noutras paragens. Não que houvesse qualquer diferença entre os métodos da Esquerda Totalitária e da Direita Nazi-fascista, excepto no facto da primeira aplicar esses métodos com total hipocrisia e sob a capa das virtudes públicas. Nada disso. Sucede que as pessoas que promoveram estes autos-da-fé, se exceptuarmos Rogério Fernandes, então do PCP, eram gente da área do socialismo democrático.
Para além dos manuais do ensino estavam incluídos, nessa lista de material combustível, livros ou páginas a arrancar (!!) de livros de escritores como Ana Hatherly, José Régio, Urbano Tavares Rodrigues(?!), Tomás Ribas, Vitorino Nemésio, Barrilaro Ruas, Esther de Lemos (escrever com th é obviamente reaccionário), Calvet de Magalhães e Maria de Lurdes Belchior(!?). Estavam livros de Hermano Saraiva, de Fernanda de Castro (certamente por ser viúva de António Ferro!) e do pai do Marcelo Rebelo de Sousa. Etc., etc.. Não eram apenas manuais de propaganda (e se o fossem, acaso haveria direito de os queimar?). Apenas uma coisa distingue estes autos-da-fé daqueles praticados pelos nazis: foram feitos sem alarido público, nas traseiras de uma qualquer escola. Os nazis assumiam os autos-da-fé que faziam; a esquerda portuguesa fazia-os à sorrelfa, nas traseiras.
Segundo o Público relata hoje, Sottomayor Cardia, num discurso dirigido ao país, em Outubro de 1976, 2 anos depois do despacho de Rui Grácio que determinava os autos-da-fé, acusou o ME de ter «à maneira inquisitorial», ordenado a «destruição de livros pelo fogo Há no Ministério prova da realização de autos-da-fé por determinação oficial». Na altura os jornais não ligaram a estas denúncias. Segundo o Público porque eram 2 frases numa imensidão de um discurso que demorou 70 minutos a ser lido. Na minha opinião porque a tirania do politicamente correcto dominava os meios de comunicação social e exercia uma censura cobarde, porque camuflada atrás das boas intenções. Provavelmente nessa época, os mandarins da opinião achariam profiláctica a queima dessa literatura viciosa.
Mas a tirania do politicamente correcto está a perder terreno, pouco a pouco, no nosso país. A emergência de articulistas independentes, e com audiência, a banalização desses serventuários dos ícones da esquerda totalitária, a dificuldade que há em amordaçar as opiniões na época da globalização informativa e da blogosfera, etc., tudo concorre para a liberalização progressiva da informação. Por isso, hoje em dia é possível dar relevo a estes factos, com mais de 30 anos, coisa que nunca até agora havia sido possível.
Umas últimas linhas para assinalar que esta notícia deixou os meus pais siderados. Escrevo-as porque acho importante mostrar que o ovo da serpente germina nos ninhos mais inesperados.
Vitorino Magalhães Godinho, então ministro da Educação, é da família (de forma colateral) da minha mãe, que mantém relações de amizade, embora espaçadas, com ele e as duas filhas, que são da geração dela. Vitorino Magalhães Godinho alega não ter conhecido o despacho e considera-o «totalitário, embora apresentando-se de esquerda». Na ausência de outros testemunhos não se pode duvidar da palavra dele, embora se possa estranhar que não soubesse o que um seu subordinado fazia. Teria pelo menos a chamada responsabilidade política.
O meu pai conheceu bem Rui Grácio que considerava um sujeito extremamente cordato e tolerante que, apesar de ser então um guru na área das pedagogias e dos estudos sociais, ouvia com igual atenção nomes sonoros ou jovens que começavam a trilhar o caminho das alegrias cívicas. Apesar da sua notoriedade científica, nunca usou essa notoriedade como forma de ostentação. O meu pai tinha-o em grande consideração.
Os meus pais põem a hipótese que esse despacho e a sua execução tivessem origem em Rogério Fernandes, então do PCP e da linha de António Teodoro, que no Público de hoje, produz declarações bastante ambíguas sobre esta matéria. Mas tal não invalida a responsabilidade directa de Rui Grácio, pois foi ele que assinou o despacho.
Estes factos são, na minha opinião, exemplares. Pessoas de bem, de formação democrática, politicamente tolerantes (sublinho politicamente porque, como pessoa, o Vitorino é rabugento que se farta!) caem na tentação totalitária e promovem acções idênticas em tudo às dos fascistas que eles haviam combatido. Sucumbem à tentação totalitária arrastados pela gritaria de grupos radicais cuja força reside apenas nos decibéis da gritaria e não tem qualquer expressão popular, como se viu depois.
Não há vocações totalitárias. Há ideologias que fazem com que gente boa sucumba à tentação do mal em nome de princípios vazios de sentido moral, mas que foram sacralizados por essas ideologias em travesti de construtoras e zeladoras de uma sociedade alegadamente igualitária e feliz.
Publicado por Joana às julho 24, 2005 06:58 PM
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Comentários
"Há ideologias que fazem com que gente boa sucumba à tentação do mal em nome de princípios vazios de sentido moral, mas que foram sacralizados por essas ideologias em travesti de construtoras e zeladoras de uma sociedade alegadamente igualitária e feliz."
A ideologia que hoje em dia melhor se adapta a estas palavras da Joana é o neo-liberalismo radical. Com a diferença de que este nem sequer se preocupa em tentar convencer de que a sua aplicação nos tornará todos igualmente felizes. Uns serão ricamente felizes e os outros serão felizes na contemplação da riqueza dos primeiros e na ilusão de que todos podem lá chegar...
Publicado por: Albatroz às julho 24, 2005 07:38 PM
Bom...já vi que o problema é ler demasiadas vezes o Jornal Público. Eu já não o leio há um ano... por isso não me irrito, quer com as asneiras dos articculistas que de outros idiotas.
Publicado por: Templário às julho 24, 2005 07:40 PM
E o expresso vai para 2 anos que não o leio também... aqui na net econtram-se notícias bem mais interessantes.
Publicado por: Templário às julho 24, 2005 07:42 PM
Por exemplo pasmei ao ver uma reportagem americana na sic notícias 60" sobre medicamentos na Europa e nos EUA.
Pasme-se nos EUA os medicamentos são mais caros 100% !!! mas como ? será possível no País liberalão ?
A Pfizer por exemplo, o mesmo medicamento na europa que custa o dobro nos EUA. A reportagem é feita com responsáveis americanos e entre eles até responsáveis da Pfizer. Quando colocaram a hipótese por exemplo de os comprarem na Espanha que são mais baratos, o responsável pela qualidade dos medicamentos Liberalão americano disse:
- isso é perigoso...porque...por quanto mais mãos passarem os medicamentos, maiores são as possibilidades de perderem qualidade.... eheheheh
Mas já houve algum problema na qualidade por esse motivo ?
- Não ! mas pode acontecer....eheheheh
Outros dados... 67 milhões de americanos não têm seguro de saúde, logo têm que pagar a totalidade do medicamento.
Grandes exemplos a seguir... das políticas Liberais.
Nota: O programa nem sequer abordou a concorrência, pois só falava do mesmo medicamento e dos mesmos fabricantes.... é o Máximo !
Publicado por: Templário às julho 24, 2005 07:54 PM
Não há nada de novo debaixo do sol... e para termos essa certeza basta ler a carta semi-aberta que Paulo Sucena publica na edição de sábado do Público.
Fizeram ontem, se puderem fazem hoje amanhã e sempre.
Publicado por: carlos alberto às julho 24, 2005 08:21 PM
Ontem tive que fazer uma visita relâmpago a Tunes.
Acompanhava uma amiga que se ia despedir da uma moça que tinha falecido em condições mais que suspeitas durante a anestesia para uma operação em Faro.
Demorei-me lá três horas e nunca tinha visto uma terra tão porca, com as ruas todas esventradas sem palmo de alcatrão e, claro, em completa anarquia urbanística.
Não havia nada aberto e não se via vivalma nas ruas.
Tinha sido dia de mercado e o sítio onde ele tinha sido feito parecia o resultado de uma batalha campal.
Para chegar á terreola perdi-me duas vezes pois não há um sinal que nos ajude.
Fiz 580 quilómetros, não vi uma patrulha, não vi um GNR não vi um polícia.
Para completar os funcionários da funerária quando chegaram com o corpo vinham de camisa aos quadradinhos com três botões abertos e um deles com os óculos escuros pendurados no cocuruto da cabeça.
Para completar a família da morta recebeu a minha amiga, e a mim por acréscimo, quando acabavam de almoçar e nem fizeram o gesto de oferecer o que quer que fosse.
Provavelmente não tiveram tempo de o fechar nas gavetas.
Que triste País !!!
NOTA: Nada tem a ver com o post de Joana mas é apenas um grito de revolta num sítio onde tenho a certeza será lido.
Publicado por: carlos alberto às julho 24, 2005 08:33 PM
Boa noite. É só para dizer que afinal voto Mário Soares, comovido por o velhote estar disponível para enfrentar aquele contabilista doutorado em York. Eu sou do Bloco mas adoro irritar o Louçã.
Publicado por: pyrenaica às julho 24, 2005 08:58 PM
Albatroz às julho 24, 2005 07:38 PM: Não o percebo. Então você acha que "o neo-liberalismo radical" é uma ideologia construtora e zeladora de uma sociedade igualitária? Surpreende-me.
Tem a certeza que não está a confundir o "o neo-liberalismo radical" com o socialismo "real"?
Publicado por: Rui Sá às julho 24, 2005 09:01 PM
Templário o mercado de medicamentos nos EUA não é liberalizado.
Publicado por: lucklucky às julho 24, 2005 09:02 PM
Li este dossier no Público e também fiquei impressionado. E mais impressionado fiquei pelo facto da Joana ter afirmado que Rui Grácio era um sujeito decente. Há muita maldade numa ideologia que torna pessoas decentes em agentes do mal
Publicado por: Rui Sá às julho 24, 2005 09:05 PM
Socialismo democrático?! Que bicho é esse?
Publicado por: Senaqueribe às julho 24, 2005 09:15 PM
Parece que esta questão dos autos-da-fé não impressionou muita gente
Publicado por: Diana às julho 24, 2005 10:15 PM
lucklucky às julho 24, 2005 09:02 PM
Não é liberalizado ? como assim ? Na Europa é, uma vez que deram o exemplo, que compravam medicamentos na Espanha para a Dinamarca, chegavam lá levavam novo rótulo e ganhavam uns 40% no mesmo medicamento.
Então como é que eles punham a hipótese de por exemplo comprarem na Europa e venderem nos EUA ?
Aliás o caso até nem era de concorrência como lhe disse, mas sim dos medicamentos dos mesmos fabricantes/laboratórios/marcas na Europa e naos EUA e deram exemplos de vários medicamentos da Pfizer, que custam o dobro nos EUA.
Publicado por: Templário às julho 24, 2005 10:22 PM
Diana às julho 24,
Temos tantos autos-da-fé actuais e vamo-nos preocupar com os excessos que já vivemos há 30 anos ? isso são coisas prá "miúda" Joana se entreter, nós já as vivemos e são velhinhas como o caruncho.
Publicado por: Templário às julho 24, 2005 10:25 PM
Diana às julho 24, 2005 10:15 PM
Imagine que no golpe do 25 de Abril, tivessem sido fusilados, enforcados ou até mesmo queimados, 3.000 bufos da Pide ( o livrinho ainda existe, e as cópias também...) e mais 2.000 agentes da Pide e mais uns 3000 fachos o que daria 8.000. Ora numa revolução e mudança de regime opressivo de 48 anos, morrerem 8000 seria normal. Apenas morreu 1 e foi baleado pela Pide.
Publicado por: Templário às julho 24, 2005 10:32 PM
A Joana vem falar-nos de despachos abjectos para queima de livros. E censura a censura. Eu estou de acordo (com a Joana).
Só que depois diz que era gente da área do socialismo democrático (??). O que é que esse socialismo tem de democrático?
Ou essa referência é para atingir o socialismo?
Seguramente a Joana refere-se ao socialismo democrático daqueles tempos.
Quanto à comparação com os autos-da-fé do nazismo, fico por aqui para não ser malcriado.
Em resumo:
É realmente triste que isso se tenha passado e louvável que a Joana traga o assunto à liça do blogue.
Mas eu vejo sempre um pano de fundo demasiado ideológico, demasiado "reaccionário" nas suas observações aos vícios de uma certa esquerda. E, na minha perspectiva, isso faz-me sempre duvidar do intuito dos seus posts.
Deve ser defeito meu...
Publicado por: Vítor às julho 24, 2005 10:36 PM
Tem graça, também conheci o Dr Rui Grácio, de bigodinho e muito magro, um tal de Dino Monteiro que «comerciava» com países do Leste, o filho do Engº Tito de Morais, ao tempo ainda no Liceu Henri IV (salvo erro) e ligado a uma qualquer actividade sindical, o Dr Coimbra Martins e o próprio Dr Mário Soares no seu (suposto) apartamento em Paris (Metro Duroc). Verão de 1973, com o Dr Mário Soares a sugerir para Portugal uma experiência da «do tipo» da que então decorria no Chile ... eia, o que já se passou !
Publicado por: asdrubal às julho 24, 2005 10:38 PM
Depois de Auschwitz, Estalinegrado, Hiroshima, Coreia, Vietnam, Katanga, Biafra, Darfur, Afganistão, Balcãs, Iraque e, sei lá, mais mil e uma patifarias que têm ocorrido no Mundo só nestas décadas mais próximas, ainda há quem se impressione com a queima de meia dúzia de papelitos pintados!
Impressionante!...
Publicado por: Senaqueribe às julho 24, 2005 10:41 PM
Vítor às julho 24, 2005 10:36 PM
A Joana queria dizer que Durão Barroso na época era militante feroz do MRPP e advogava essas políticas, e até achava que se deveria ir mais longe. Hoje é um democrata de longa data e até é o presidente da comissão da UE.
Publicado por: Templário às julho 24, 2005 10:59 PM
O Durão parece que não conta.
Comprou uma bula (em bom tempo) e ficou imaculado.
E, agora, é José Manuel Barroso, se faz favor.
É que o ditongo "ão" é complicado...
Publicado por: Vítor às julho 24, 2005 11:05 PM
Eh pá (lá está o Dr. Jorge Sampaio a influenciar - é a verdadeira magistratura de influência).
Mas dizia eu, agora mais "a frio":
Eh pá, eu voltei a ler este post da Joana e francamente...
Eu leio e releio e já duvido (se dúvidas existissem) da validade do meu esforço para ser minimamente isento na leitura e interpretação dos posts da Joana. É que perco logo a vontade de tentar ser isento.
"A notícia caiu como uma bomba". Onde? Quem é que ainda duvidava dos excessos ridículos de alguns que gravitaram no poder pós-25 de Abril? Sim ridículos.
O que é que isso tem a ver com os "actos da esquerda totalitária"?
Seria bom que isto fosse comparável ao que a esquerda totalitária fez por esse mundo fora. Queimavam-se um livros, em arroubos de ideologia, e poupavam-se milhões de vidas humanas. Infelizmente a verdadeira esquerda totalitária fez muito pior.
É como diz Senaqueribe (julho 24, 2005 10:41 PM) "ainda há quem se impressione com a queima de meia dúzia de papelitos pintados!"
Publicado por: Vítor às julho 24, 2005 11:20 PM
O maior sucesso do neo-liberalismo foi convencer muito boa gente de que a sua aplicação rigorosa traria a felicidade a todos. Curiosamente, a crescente desigualdade, a crescente exclusão social, a crescente pobreza, a necessidade crescente de trabalhar cada vez mais horas, pelo mesmo salário, para não perder o emprego, a total inversão de valores que faz com que os corruptos e vigaristas sejam honrados e invejados, e as pessoas honestas e trabalhadoras sejam punidas, não conseguem libertar essas pessoas do transe hipnótico em que vivem. Será que só acordam quando a desgraça lhes bater à porta?... Se fizermos todos BUUUUUU!!!! ao mesmo tempo, será que elas acordam?...
Publicado por: Albatroz às julho 24, 2005 11:32 PM
Eu só gostava de saber o que diriam o José Manuel Fernandes e o "investigador" Adelino Gomes se soubessem que eu utilizo jornais muito respeitáveis (Público incluido) para atear o carvão da churrasqueira quando vou assar sardinhas aos domingos.
Ficariam impressionadíssimos, aposto!
Publicado por: Senaqueribe às julho 24, 2005 11:39 PM
Para lançar mais umas achas para a fogueira da nossa discussão, aqui vai o modelo económico que me agradaria:
1. As empresas seriam todas cooperativas, em que todos os trabalhadores seriam cooperantes. A direcção das empresas seria escolhida pela assembleia de trabalhadores, onde cada trabalhador teria um voto. O rácio do maior salário para o menor nunca poderia ser superior a 5. Os lucros das empresas seriam parcialmente reinvestidos e parcialmente creditados aos trabalhadores, em contas só disponiveis na altura da reforma, na mesma proporção dos seus salários. Os prejuízos seriam debitados na mesma proporção. [Para quem quiser saber mais detalhes esclareço que me estou a inspirar no modelo do grupo cooperativo Mondragón, do País Basco. Assim não me podem dizer que ando a sonhar com utopias. Em mais de 50 anos de actividade, só três empresas da Mondragón tiveram de fechar]
2. A transformação do modelo actual para esse, seria por decreto, com caracter obrigatório. Os anteriores donos ficariam credores das suas antigas empresas, até à concorrência do valor das suas acções no momento da transformação, estabelecendo-se um prazo máximo de 25 ou 30 anos para que essa dívida fosse paga. As empresas estrangeiras teriam de ficar de fora, por razões óbvias, mas aquelas que quisessem deslocalizar-se veriam os seus activos nacionalizados e redistribuidos aos trabalhadores, se eles quisessem continuar a sua actividade.
Tudo muito pouco liberal, pelo que peço as minhas antecipadas desculpas aos fieis da igreja liberal...
Publicado por: Albatroz às julho 24, 2005 11:48 PM
Só para dar uns arrepios a alguns dos nossos amigos, sugiro a leitura da seguinte entrevista:
http://www.venezuelanalysis.com/articles.php?artno=1504
Publicado por: Albatroz às julho 24, 2005 11:59 PM
O que vem hoje no Público é extremamente grave e só o nosso estado de inanição pode justificar a nossa displicência perante esses autos-da-fé.
Publicado por: Sa Chico às julho 25, 2005 12:07 AM
Albatroz às julho 24, 2005 11:48 PM:
Esse modelo foi experimentado na Jugoeslávia, conduziu à miséria e depois à desintegração do país.
Nos países comunistas também havia sectores cooperativos, como na RDA, onde visitei algumas cooperativas em 1979.
Na altura, eu ia lá para ser convencido e vim de lá desiludido: era uma economia que a única zona mais moderna estava completamente dependente da tecnologia da RFA. O resto era totalmente obsoleto e as cooperativas subsistiam porque, como o mercado não funcionava, quem pagava a factura era o empobrecimento da população.
Apesar da disciplina dos trabalhadores.
Publicado por: Hector às julho 25, 2005 12:18 AM
Sa Chico às julho 25, 2005 12:07 AM
Nem sei o que vem no público nem interessa, apenas li o título e foi suficiente. Mesmo que tivessem queimado o Camões nada era grave naquela época. Apenas o ter sido colaborador do antigo regime era grave. Chama-se a isto história ou momentos históricos, pois não é todos os dias que se derruba uma ditadura de 48 anos, sem um só tiro, é obra, só mesmo os portugueses.
Na época correspondentes do Jornal mais categorizado do Mundo, o "Le Monde" escrevia-se que nunca se tinha visto na história Mundial, uma revolução com flores nas espingardas !
Quanto aos excessos até nem foram nada de jeito, excepto uma ameaça patética do Otelo, que enchia o campo pequeno de Fachos, quando a maioria queria mesmo era que ele tivesse essa coragem, pelo menos que começasse pelos Bufos e pelos Pides e os fusilasse a todos.
Pagou anos mais tarde na cadeia, pelas suas patétices, pois não soube aproveitar quando teve o poder.
Publicado por: Templário às julho 25, 2005 12:18 AM
Albatroz às julho 24, 2005 11:48 PM:
Esse modelo foi experimentado na Jugoeslávia, conduziu à miséria e depois à desintegração do país.
Nos países comunistas também havia sectores cooperativos, como na RDA, onde visitei algumas cooperativas em 1979.
Na altura, eu ia lá para ser convencido e vim de lá desiludido: era uma economia que a única zona mais moderna estava completamente dependente da tecnologia da RFA. O resto era totalmente obsoleto e as cooperativas subsistiam porque, como o mercado não funcionava, quem pagava a factura era o empobrecimento da população.
Apesar da disciplina dos trabalhadores.
Publicado por: Hector às julho 25, 2005 12:34 AM
"Curiosamente, a crescente desigualdade, a crescente exclusão social, a crescente pobreza, "
E diz-se você professor de economia! Até as estatistícas da ONU tão favoráveis aos métodos socialisantes indicam que há cada vez menos pobreza no mundo. Que um dos problemas do mundo em desenvolvimento já começa a ser a obesidade. Que na China o capitalismo fez em 10 anos o que o Comunismo não conseguiu em 40. Uma grande parte da Ásia saiu da pobreza. Que em todo a Europa de Leste vivem melhor. Mas os dados do terreno que para um professor de economia deviam contar não contam o que conta é a ideologia, a palavra do "livro".
A pobreza máxima é em locais onde não á capitalismo, respeito pela propriedade privada, ou qualquer recompensa para quem se esforça.
Vide Cuba...
Publicado por: lucklucky às julho 25, 2005 12:35 AM
Ó albatroz! Faça lá a sua coperativazita, trabalhe no duro com os seus irmãos, prospere. Mas deixe-me a mim fora disso. É que não me dou muito bem com equipas cooperativas. Prefiro ser empresario em nome individual (e sim, pago os meus impostos muuuuiiito acima da média do sector). Deixe-me lá ser feliz assim... Pode ser? Ou gosta de esmagar seres humanos? Deixe-me lá lutar pela vida à minha maneira, i.e. sem esmagar os outros...
Obrigado,
Alface
PS Esta mania da norma... Prefiro ser outlier...
Publicado por: Alface às julho 25, 2005 12:43 AM
Foi porque já sabia que espécie de reacções ía ter é que referi que o meu modelo era a Mondragón, e não a Jugoslávia ou a DDR. O sistema cooperativo não nega a economia de mercado, apenas nega o capitalismo. Ou seja, não aceita o domínio dos meios de produção por uma classe capitalista. Se o grupo Mondragón, com mais de 60.000 cooperantes, tem sido um sucesso em concorrência com as empresas capitalistas, é porque o sistema funciona. Não sou eu que estou a fantasiar mas os que me criticam. A Mondragón é uma realidade palpável, não é um esquema livresco ou uma mera teoria. Mas que pode um monte de factos fazer contra um preconceito?...
Publicado por: Albatroz às julho 25, 2005 01:35 AM
Albatroz em Julho 25, 2005 01:35 AM,
Uma pergunta, caro Albatroz :
Mas seria toda a economia nacional organizada em Cooperativas ? Os grandes grupos financeiros, com a suas empresas e com os seus gestores, investiriam num «Estado Cooperativo» com as regras-base da Mondragón ? Enfim, é pensável extrapolar-se a experiência histórica da Mondragón para uma gestão macroeconómica (acho que não estou a dizer nenhuma asneira ...) ?
Publicado por: asdrubal às julho 25, 2005 02:21 AM
á = há
Qual a diferença?! 60000 "cooperantes" são os proprietários? Há muitas multinacionais em que o maior accionista não tem mais de 10% há outras em que tem 100% , se formos aos verdadeiros detentores do capital quando são fundos a controlar a empresa são milhares de anónimos que na prática detêm a empresa(embora seja o fundo a representá-los na assembleia de accionistas . O sistema deve ser o mais livre possível para cada um escolher a configuração que desejar. Mas não Albatroz pretende coartar a liberdade para um sistema hiperregulado só porque tem a certeza absoluta que uma única solução é a melhor para toda a gente!
Ficámos também a saber que o albatroz é anti liberdade e anti-propriedade.
Publicado por: lucklucky às julho 25, 2005 08:01 AM
"A notícia caíu como uma bomba."
A sério?! Só se foi como uma bomba carnavalesca, mas já (ainda) não estamos no Carnaval.
Ou estamos? Talvez sim, a avaliar pela cegada de gerontes que se dirige a Belém, mascarados de salvadores da pátria...
Publicado por: Senaqueribe às julho 25, 2005 09:37 AM
Caros amigos monárquicos e ainda os outros:
Arranjaram-me uma dor de cabeça, quando vi que o Templário, o Albatroz e o Asdrúbal eram monárquicos, logo três que aprecio ler.
Pensei, pensei e pensei e então para ser sincero é assim: não consigo prescindir do meu prazerzão de por lá a cruzinha (ou não por) e contribuir para uma emanação colectiva dos portugueses nauqle dia, a propósito de uma escolha presidencial. É mesmo assim, sempre que há votações fico excitado e comovido e gosto muito de ver as escolhas dos portugueses, global e localmente. Ficamos assim: eu sou libertário de esquerda e republicano, mas respeito-vos e estarei sempre aberto a aprender convosco.
Quanto aos reis todos que andam por aí, os únicos que eu acho graça são os de Espanha, mas atenção o Juan Carlos foi educado em Portugal. Aliás a última fotografia que conheço da Eugénia Vitória em dignidade real, foi aqui onde moro, no Estoril, no caso no Hotel Palácio.
Quanto a isso de Espanha e Portugal deixemo-nos de tretas, eles gostam muito de nós porque lhes fizémos frente e e vencemos embora gostem de tentar nos papar para nos ver reagir (eles têm mais salero e ficam espantados com a nossa reacção que vai do humilde até ao sem limite) e por isso também acho graça que empresas portuguesas se deslocalizem para Espanha, a não ser que eu esteja a ver mal o problema, continuam portuguesas, não?
E não se esqueçam que em 1640 tivemos uma espanhola a atiçar o D. joão IV (mais vale ser rainha por um dia que duquesa toda a vida ...). O padre António Vieira gostava muito da D. Luísa de Guzman. Quando ela se finou ficou muito desamparado ainda por cima saiu-lhe na rifa o Afonso VI.
Queria recomendar a todos a seguinte obra, eu só consigo ler três páginas por noite, mas está muito boa:
Henrique, o Navegador. Peter Russel. Livros Horizonte 2004 (Yale University, 2000). A citação de abertura é como segue:
"O princípe lusitano que, inspirado pelos céus, despertou o género humano para o amor da proveitosa glória, e num comércio sem fronteiras aproximou o mundo" James Thomsom, The Seasons, Summer 11.1010-12
PS: 1.claro que nestas coisas do D. Henrique os ingleses são muito rigorosos porque aproveitam para reclamar a costela plantageneta da mãe. Insisto: o pai é o Mestre de Aviz, e as contas ficaram sanadas com a entrega de Bombaim no dote de D. Catarina de Bragança.
2. Joana, pense nisto, afinal você é libertária de direita, usemos o denominador comum.
3. Parece, e agora chamo o Templário à liça, que os ingleses nos mamaram o maior diamante do mundo. Eu por mim prescindo dos direitos de autor da história até onde a reconstituí e ofereço-vo-la e vamos juntos deslindar o caso, porque eu estou metido para aí em 4 ou 5 casos diferentes (outras coisas que não têm nada a ver) e não tenho forças para tudo. Então?
Publicado por: pyrenaica às julho 25, 2005 09:49 AM
Monárquicos?!
Também não me importo de ser. Desde que seja eu o rei, claro!
Publicado por: Senaqueribe às julho 25, 2005 10:19 AM
Empresas portuguesas em Espanha continuam portuguesas?
Claro que sim, claro que sim, cada vez estamos mais ricos!
Publicado por: Senaqueribe às julho 25, 2005 10:22 AM
Constato que a Joana nem de férias consegue sossegar.
Durante a presidência de Ronald Reagan nos EUA, os EUA decidiram boicotar a produção de café da Nicarágua. Criaram uma comissão que deveria decidir, sobre cada lote de café posto à venda nos EUA, se o seu eventual "caráter nicaraguense" estava "suficientemente diluído". Estas expressões têm uma forte reminiscência à forma como os nazis trataram os judeus.
Ronald Reagan é hoje idolatrado por muitos direitistas, incluindo muitos ditos liberais.
A presidência de George Bush já nos ofereceu casos similares, de procedimentos que têm uma forte reminiscência com as atuações de regimes totalitários.
É pena que muitas pessoas só saibam ver o significado desses casos 30 anos depois... e, muitas vezes, nem 30 anos depois.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 25, 2005 11:19 AM
asdrubal às julho 25, 2005 02:21 AM
O grupo Mondragón foi fundado por um padre católico basco que teve a inteligência de incluir muito cedo um banco e uma universidade cooperativos nesse grupo. A universidade forma gestores para o grupo, e é o banco que funciona como financiador de muitas das iniciativas cooperativas, permitindo juntar o capital de investimento sem recurso a accionistas privados. A comparticipação dos cooperantes nos lucros fica igualmente depositada nesse banco - e fica cativa até à reforma do cooperante - o que gera um fundo de investimento muito importante utilizado pelo banco cooperativo. É claro que os grupos económicos e financeiros existentes não veriam com bons olhos a transformação das suas empresas em empresas cooperativas, e é por isso que a mudança teria de ser feita coercivamente, salvaguardando no entanto os direitos dos accionistas que teriam direito ao reembolso do valor do seu investimento. Os senhores capitalistas depois, ou aderiam ao sistema cooperativo e contribuiam para o seu sucesso como cooperantes, ou procurariam outras paragens. A experiência de Mondragón - que tecnicamente poderia ser alargada a toda uma economia - tem a enorme vantagem de acabar com patrões e empregados, de canalizar a totalidade dos fundos gerados para a actividade económica e para a remuneração do factor trabalho. Acaba o drama da utilização indevida das mais valias, da exploração, dos lucros iníquos, tudo isto sem ferir a economia de mercado e os seus mecanismos. E sem recurso ao Estado, o que deve deixar a Joana com água na boca... O sistema é tão bom que a maior parte das pessoas nunca ouviu falar dele, já que a oligarquia o odeia e tenta evitar o contágio. Imagine que há uns anos houve uma tentativa de criar um novo banco mutualista em Portugal, e o governo não autorizou com a desculpa de que "a União Europeia não via com bons olhos"...
Ao contrário do que muitos pensam, há alternativas. É preciso é conhecê-las.
Publicado por: Albatroz às julho 25, 2005 11:30 AM
A "notícia" do PÚBLICO, e sobretudo o número de páginas que lhe foram dedicadas, é típica da "silly season" estival, quando os jornais nada mais têm para "noticiar".
Admira-me que a Joana caia na esparrela de vir debitar bytes sobre o assunto.
É sabido que nos tempos do PREC foram feitos muitos disparates e houve muitas precipitações. Por exemplo, foi ateado fogo a sedes do PCP em diversas cidades do Norte, e foram colocadas bombas na Madeira. Um tipo de atuações com reminiscências desagradáveis, tal como a queima dos livros, mas que é melhor fingir que se esquece.
Quem lembra o passado, perde um olho. Quem o esquece, perde os dois.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 25, 2005 11:32 AM
lucklucky às julho 25, 2005 08:01 AM
"Ficámos também a saber que o albatroz é anti liberdade e anti-propriedade"
Não, meu caro lucklucky. Eu, que sou o fundador, chefe e único membro do grande movimento anarco-miguelista (que se sentará um dia muito à esquerda do BE na AR, perdão, das Cortes), não sou nem contra a liberdade nem contra a propriedade. Sou sim contra a libertinagem e contra a propriedade privada DOS MEIOS DE PRODUÇÃO. Mas não tenho a intenção de expropriar nem a sua bicicleta nem a sua casa de campo. Fique descansado.
Publicado por: Albatroz às julho 25, 2005 11:37 AM
pyrenaica às julho 25, 2005 09:49 AM
Há muito mais monárquicos em Portugal do que se pensa. A grande maioria tem é o bom senso de o não revelar. Dadas as actuais contingências do movimento (?) monárquico, não querem que os considerem loucos varridos...
Publicado por: Albatroz às julho 25, 2005 11:46 AM
Ups!: Victoria Eugenia ;-)
Publicado por: pyrenaica às julho 25, 2005 12:48 PM
Muito se tem falado de Espanha neste blogue.
Deixo uma "pérola" que espelha a nossa visão das relações com "nuestros hermanos".
"Viajavam no mesmo compartimento de um comboio, um português, um espanhol, uma loira espectacular e uma gorda enorme. Depois de uns minutos de viagem, o comboio passa por um túnel e ouve-se uma chapada.
Ao saírem do túnel, o espanhol tinha um vermelhão na cara.
A loira espectacular pensou: ... este filho da mãe do espanhol queria-me apalpar, enganou-se, apalpou a gorda e ela deu-lhe uma chapada.
A gorda enorme pensou: ... o filho da mãe do espanhol apalpou a loira e ela mandou-lhe uma chapada.
O espanhol pensou: ... este sacana do português apalpou a loira, ela enganou-se e mandou-me uma chapada.
E o português pensou: ... oxalá venha outro túnel para poder mandar mais uma chapada ao cabrão do espanhol..."
Publicado por: Vítor às julho 25, 2005 12:52 PM
Não tenho nada contra cooperativas. porque não se hão de juntar agricultores e outros tipos de indústria num modelo igual.
Agora institucionalizar essa forma de organização fere de morte o princípio de liberdade que tanto estimo.
Fico agradado com o facto de auinda existirem monárquicos com sentido de estado e com inteligência.
Abomino um certo tipo de monárquico que só o é não por razões de inteligência, mas por razões de tradição acrítica, ou por dar demasiado valor ao conteúdo genético e nobiliárquico.
Há diversas razões que impelem um regime monárquico a ser mais justo e democrático do que o regime repúblicano e não são essas de certeza.
Quanto à espanha, o problema não é deles, eles fazem o que lhes compete, nós é que neste momento nos deixamos ser enra... peroem-me a expressão
a culpa é nossa.
Mário Soares - aí está um homem com visão de Futuro (eheheheh)
Publicado por: Braveman às julho 25, 2005 01:35 PM
a diferença entre um liberal e um esquerdista é que um liberal porpoen deixar os cidadaos decedir , já o esquerdista tem muitas decisoes a tomar pelos cidadaos . até o que o cidadao deve ler ...... mas que interesa isso , uns papelitos a menos ...
o tal Durao , disse á uns tempos quando era pm : Quem aos 18 nao é de esquerda , nao tem coracao , mas quem aos 40 for de esquerda , não tem cabeça .
anormal do crl , merecia que alguem lhe tivesse respondido na mesma moeda : Quem aos 18 é de esquerda não tem cabeça , mas quem aos 40 é de esquerda , não tem coraçao .
fui um dos que em 1984 já tinha lido "o triunfo dos porcos" e o "1984" o que me valeu ser chumbado em ingles e historia , a revolucao industrial estava no programa do 9º ano , a maior autoridade sobre a revolucao industrial era o autor dos livros proibidos .. nem 18 anos eu tinha , só perguntei ; porque se passava á frente naquelas paginas dos livros de ingles e historia , seria por causa do autor ? .. fsdp.
nao me venham com historias de gente boa , a esses respondo de boas intensoes esta o inferno cheio , isto é uma questao de liberdade há quem goste e a defenda , e há os outros á esquerda , á direita , ao centro ........... uns apelao á razao humana , outros á fé na ideologia ,...enfim contra quem tem nossa senhora de fatima ou o grande arquitecto é dificil lutar , mas é uma uma obrigaçao racional .. .
Publicado por: jojo às julho 25, 2005 02:23 PM
Acho importante que estes factos venham à luz do dia. Não é silly season, nós é que somos um silly people. Noutro país civilizado os autores da proeza estariam no caixote do lixo da política e da história. Cá, soube-se logo 2 anos depois e ninguém ligou nenhuma.
Para mim isso é muito grave e mostra que o totalitarismo continua vivo no nosso país e a condicionar a opiniã pública.
Publicado por: Diana às julho 25, 2005 03:17 PM
Diana às julho 25, 2005 03:17 PM
No caixote do lixo da política e da história estaria muito boa gente se se ligasse a devida atenção ao que fizeram durante o PREC. Exemplos: Durão Barroso, José Manuel Fernandes, etc.
Pode-se argumentar, em relação a essa gente como em relação a outros, que já mudaram de disco e até que, ocasionalmente, se arrependeram daquilo que então fizeram. Mas, o que eles fizeram na altura exibe duas coisas que são invariantes: o estofo moral do indivíduo, e a sua apetência pelo exercício do poder.
Publicado por: Luís Lavoura às julho 25, 2005 04:21 PM
Albatroz às julho 25, 2005 11:46 AM:
Ainda bem que há espaços destes. Podemos dizer que somos monárquicos, do Benfica, pró-Bush, pró-Estaline, etc., sem sermos vexados em público
Publicado por: anonimo às julho 25, 2005 05:00 PM
Luís Lavoura às julho 25, 2005 04:21 PM:
A questão mais grave, que julgo que é o que a Joana nos quer mostrar, é que foram coisas feitas por gente "acima de qualquer suspeita", considerados "então" cordatos, simpáticos, tolerantes.
Não eram maoistas.
Publicado por: Diana às julho 25, 2005 05:05 PM
pyrenaica às julho 24, 2005 08:58 PM
"Eu sou do Bloco mas adoro irritar o Louçã", eheheh
idem! subscrevo,,, mudando o nome da personagem para Daniel Oliveira
Publicado por: xatoo às julho 25, 2005 05:41 PM
No ano 636 DC, o califa Omar mandou queimar os livros da biblioteca de Alexandria porque "ou estavam de acordo com o Corão e eram redundantes, ou não estavam e eram desnecessários".
Hoje o califa Omar é respeitadíssimo, considerado um principe do Islão, honrado, cordato, tolerante, "acima de qualquer suspeita". Hehehehe!
Quanto aos nazis e quejandos, são amaldiçoados apenas porque não ganharam a guerra, nada mais.
Este mundo é mesmo engraçado.
Publicado por: Senaqueribe às julho 25, 2005 06:01 PM
anonimo às julho 25, 2005 05:00 PM
Mas porque é que afirmar-se monárquico seria causa de vexame? Ainda se fosse afirmar-se republicano...
Publicado por: Albatroz às julho 25, 2005 06:04 PM
Vítor às julho 24, 2005 11:20 PM:
O que me incomodou neste assunto foi que pessoas que eu conheço e que me merecem consideração (como o Vitorino) ou que são amigos dos meus pais e que lhes merecem igual consideração (Grácio, Emílio da Silva, Avelãs Nunes, etc.), estivessem, por acção ou omissão, ligados a estes actos hediondos.
Acho importante investigar as razões sociológicas ou filosóficas que levou gente desta a pactuar com semelhantes actos. Qual o ninho em que a serpente germinou o ovo.
Publicado por: Joana às julho 25, 2005 06:32 PM
Joana às julho 25, 2005 06:32 PM
Compreendo o seu incómodo.
Mas o ser humano é mesmo assim. Mesmo os que julgamos mais impolutos, lá cometeram, em tempos, o seu pecadilho. É grave.
Pior seria se não tivessem ganho juízo.
Publicado por: Vítor às julho 25, 2005 06:51 PM
Isso não devia surpreender, vide o que aconteceu na Alemanha com Hitler ou por cá com Salazar antes da tentativa da esquerda suplantar um regime autoritário por um totalitário. Muitas boas pessoas colaboraram com estes regimes.
Publicado por: lucklucky às julho 25, 2005 07:05 PM
Olá xatoo, já tinha saudades... Ainda fui lá ao teu blog tentar meter conversa nos comentários, mas não me ligaste nenhuma...
Eu só gosto de irritar o FL porque ele tem aquele ar superior e inquisitorial, e é mesmo lá do fundo, disfarçado de franciscano. Faz-me pensar se não lhe fará falta uma coisa, por aquele rio acima (Fausto).
Agora isso não tira que ele trouxe para cima da mesa questões que ninguém mais trazia, sim senhor: a tributação dos bancos, o aborto, os direitos das minorias, etc., e por isso lhe estou reconhecido até deixei o meu ok escrito nos jornais para ele ficar "descansado" em coordenador...
Mas se estiveste na convenção viste como ele me odeia... ehehe, a CP até vetou o meu nome nas autárquicas o que me deu um jeitão, ficar livre daquele fardo terrível e poder ir brincar (?) para Moçambique, etc, sem sentimentos de culpa.
Abraço
Publicado por: pyrenaica às julho 25, 2005 07:35 PM
Para quem não lê jornais como eu, fica sem saber muito bem o que está em causa...
Publicado por: Mario às julho 25, 2005 09:21 PM
Concordo com a sua abordagem, Joana. Não é tão importante o caso em si (já se passaram 30 anos), como perceber como ele foi possível com ssas pessoas.
Publicado por: Sa Chico às julho 25, 2005 09:56 PM
pyrenaica às julho 25, 2005 07:35 PM
peço desculpa, não vi os teus comentários. Um abraço. E boas andanças por Mozambique
Publicado por: xatoo às julho 25, 2005 10:38 PM
Mario às julho 25, 2005 09:21 PM:
Leia, porque vale a pena. O essencial sobre os livros queimados vem no post, mas as 4 ou 5 páginas do Público sobre este assunto são de guardar.
Publicado por: Rui Sá às julho 26, 2005 12:06 AM
Rui Grácio, autor de despacho governamental que ordenou a destruição de "livros e revistas de índole fascista", a seguir ao 25 de Abril de 1974, justificou a sua iniciativa dizendo que ela se inspirou "no propósito de levar o 25 de Abril à Educação, libertando-a desses domínios da ideologia fascista".
Do Público de hoje
Publicado por: Sa Chico às agosto 1, 2005 10:33 AM
só keria dizer que toda a gente parece ignorar (pq nao leram bem o idiota artigo original de 5 paginas) que de todos os livros eram guardados exemplares. toda a gente cai da tentação de comparar o que foi feito (que é de facto discutivel) aos autos de fé da iquisição ou fazer outras comparações grosseiras como as que adelino gomes faz (revolução chinesa e nazismo). de certo que é questionável e é algo de menos feliz, mas um leitura atenta por alguem capaz de filtrar os sensacionalismos fracos e dramatizações moralistas do artigo de adelino mostra que as proporções do que está em questão bem como a pessoa em questão, torna irracional classificar (como neste forum alguém faz) Rui Grácio como "agente do mal". é esse o efeito irreversivel de uma peça de jornalismo medicore.
Publicado por: filipe às agosto 5, 2005 01:24 AM