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junho 17, 2005

A Espanha tão perto e tão longe

A Espanha tem cerca de 2.350 mil funcionários públicos, o que representa 5,7% da população do país. Essa percentagem, em Portugal, é de 7,5%, mais 31% que em Espanha. O governo socialista espanhol está a estudar um plano para reformas antecipadas do funcionalismo público visando uma diminuição dos seus efectivos e o seu rejuvenescimento. Enquanto isso, um “Comité de expertos para la reforma del Estatuto Básico del Empleado Público” está a ultimar um anteprojecto para desenvolver um sistema retributivo vinculado ao rendimento do trabalho.

O texto deste anteprojecto do “Estatuto del Empleo Público” diz que "Es esencial que se consiga superar definitivamente la vieja idea de que la Administración paga lo mismo a sus funcionarios con independencia de cómo realicen su trabajo. Las retribuciones en las Administraciones públicas no pueden desligarse de la evaluación del desempeño o rendimiento de los empleados públicos" O estudo recomenda uma avaliação periódica da produtividade do funcionalismo, seguida, sempre e quando esta seja negativa, de mudanças de posto de trabalho, despromoções e perda do complemento de produtividade.

Estes dois parágrafos mostram a distância que separa os dois países e que, tudo o indica, continuará a aprofundar-se. O Estado espanhol é mais eficiente que o nosso, pelo menos faz melhor (na educação e na justiça, pois no resto não sei), com menos gente. Mas não está satisfeito com isso. Em Portugal, onde a situação é muito pior, tímidas reformas são diabolizadas pelos sindicatos. É certo que o anteprojecto espanhol não está a ser visto com bons olhos pelos sindicatos e o ministro já fez algumas declarações contraditórias, mas o grau de contestação não se compara com o português, embora me pareça que os sindicatos portugueses irão ter muito menos apoio do que julgam.

No que respeita às reformas há algo que gostaria de acrescentar. Em primeiro lugar o regime do sector público tem que ser igual ao do sector privado. São uma injustiça as actuais diferenças. Em segundo lugar sou contra o aumento da idade da reforma para além dos 65 anos. Acho que quem quiser continuar a trabalhar deverá poder fazê-lo (se a entidade empregadora estiver pelos ajustes) e ter incentivos financeiros para tal. Todavia, o que se verifica no sector privado entre as empresas mais competitivas, é que há uma permanente necessidade de refrescamento dos quadros intermédios e de topo.

Dependendo dos casos, os técnicos a partir dos 55 a 60 anos já não estão, normalmente, adequados ao esforço anímico que a competição requer. A política que se utiliza é a de os colocar em cargos onde o seu know-how e a sua experiência são muito úteis, sem perda de regalias ou de vencimentos, mas distantes da selva agreste das corridas contra o tempo que se exige às chefias intermédias ou de topo. Isso acontece em todos os grupos economicamente agressivos e competitivos e que tenham suficiente dimensão para fazerem essa política. E é muito frequente, há décadas, nos países mais desenvolvidos.

Esta política permite igualmente abrir espaço para a progressão dos quadros mais jovens e dar esperança, a essa camada, de ter uma carreira à frente que só depende do seu dinamismo e criatividade e que não está tapada por chefias cristalizadas e inamovíveis.

É assim que uma empresa que pensa no seu futuro gere os seus recursos humanos e não manter os funcionários, de uma forma cega, agarrada aos seus postos de trabalho.

Publicado por Joana às junho 17, 2005 02:50 PM

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Comentários

Nota: Já devem ter reparado, mas ando numa vida mais atrapalhada, pois o meu mais novo apareceu anteontem com varicela. Ele anda satisfeitíssimo, com duas pintinas nas bochechas que até nem lhe ficam mal, mas isso introduziu algumas pequena confusões na vida doméstica.

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 02:41 PM

Os miúdos com que ele andou a confratenizar nas mini-férias também devem ter apanhado ... os que ainda não a tinham apanhado.

Acho que isto não se transmite pela net...

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 02:43 PM

Eu vou ter cuidado! As melhoras. Isso dura mais de uma semana de quarentena.

Publicado por: Diana às junho 17, 2005 03:13 PM

É inacreditável como o exemplo espanhol passa ao largo dos sindicatos portugueses. São umas autêticas avestruzes.

Publicado por: soromenho às junho 17, 2005 04:18 PM

Os sindicatos, bem como outras forças de 'esquerda' são, já desde há muito tempo, os defensores conservadores de privilégios insustentáveis (apenas aplicados em organismos público e 'empresas' afins, sustentadas pelo erários público), como se constata cada vez que, em vez de confiar nos sindicatos (que são cada vez mais organismos políticos e não económicos), negoceiam directamente com as administrações das empresas (os casos da Autoeuropa e mais recentemente da GM são emblemáticos), pondo os acordos atingidos directamente à consideração dos interessados (defendendo assim os seus verdadeiros interesses) em vez de depender de formas de mobilização, que embora sejam vistosas para os telejornais, terminam normalmente no desemprego. 'Antes quebrar que torcer' deve ser o lema da maioria dos sindicatos. O problema é que quem não torce são os sindicalistas, que até se devem sentir muito rectos e virtuosos nas suas atitudes rígidas e dogmáticas, mas quem quebra são os trabalhadores.

Publicado por: Pedro Oliveira às junho 17, 2005 04:38 PM

Eu bem me parecia que aquele Zapatero era um neoliberal de extrema-direita.

Publicado por: Mário às junho 17, 2005 04:47 PM

Eu não concordo que se altere a idade de aposentação para pessoas que têm uma carreira contributiva de mais de vinte ou vinte e cinco anos e a quem nunca se lhes deu a possibilidade de complementar - ou optar - por outros sistemas, mais flexíveis, e que porventura melhor lhes conviesse. Não acho justo.
.
Joana em Junho 17, 2005 02:41 PM,
Melhoras para o seu filhinho ; cuide em que ele não se coce ; aquilo pode deixar marcas para o resto da vida.

Publicado por: asdrubal às junho 17, 2005 04:48 PM

" Dependendo dos casos, os técnicos a partir dos 55 a 60 anos já não estão, normalmente, adequados ao esforço anímico que a competição requer. A política que se utiliza é a de os colocar em cargos onde o seu know-how e a sua experiência são muito úteis, sem perda de regalias ou de vencimentos, mas distantes da selva agreste das corridas contra o tempo que se exige às chefias intermédias ou de topo. Isso acontece em todos os grupos economicamente agressivos e competitivos e que tenham suficiente dimensão para fazerem essa política. E é muito frequente, há décadas, nos países mais desenvolvidos. "

Mas a Moda dos Novos Liberais é

- Precisa-se ......até aos 25 anos, com experiência !!!

É de rir !
e.. de chorar também !

Pobre gente, pobre povo, que já se esqueceu daquela linda historinha:

Havia um costume numa Aldeia, em que os filhos levavam os Pais já idosos para um Monte lá morrerem.
Um dia um prestimoso filhinho decidiu cumprir o dito costume, ao chegar ao Monte deu uma manta a seu Pai.
Seu Pai, pegou na manta, rasgou-a ao meio e deu-lhe metade.
- Para que é isso ? pergunto o filhinho
- Guarda-a para ti, para quando chegar a tua vez e teu filho te trouxer.

Desde esse dia, nunca mais os filhos abandonaram os Pais e assim acabou aquele mau costume !

Publicado por: Templário às junho 17, 2005 05:04 PM

Os piores males da história foram feitos por aqueles que mais diziam defender os pobres e os desprotegidos.

Publicado por: Mário às junho 17, 2005 05:50 PM

asdrubal às junho 17, 2005 04:48 PM: Obrigada. A primeira coisa que lhe fiz foi cortar-lhe as unhas rentes! Está a Zovirax a cremes contra o prurido.
A maçada é que exige muita atenção e tem que estar de quarentena. Embora eu tenha muito apoio, isto introduz alguma confusão.

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 06:30 PM

Mário às junho 17, 2005 05:50 PM:
Não sei ... afinal de contas, os que diziam defender os pobres e os desprotegidos acabaram por criar muitos mais pobres e desprotegidos.
Esse objectivo conseguiram-no.

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 06:32 PM

Joana:

Antes de mais as melhoras para o filhinho mais novo e daqui por algum tempo para o mais velho (a varicela transmite-se dos mais novos para os mais velhos?). Uma Joana humana que surpresa agradável.

Publicado por: António às junho 17, 2005 06:49 PM

A designação de 2.350 mil funcionários é alguma designação Americana, Anglo-saxónica, Economista ou simples gralha ?

Não é mais simples ( e mais correcto, julgo eu ) dizer 2,35 milhões de funcionários ?

É que dantes, nos nossos jornais era a confusão do costume, para dizerem a Microsoft facturou mais de 4 mil milhões de dólares escreviam:
- 4000 mil milhões de dólares
ou mais de 5000 mil milhões de contos.

Publicado por: Templário às junho 17, 2005 07:02 PM

Não saimos da cepa torta. Basta ver as palavras de ordem da manif.
O que vale é que não era representativa. Com a quantidade de camionetas, desde Viana do Castelo até Faro, à boa maneira salazarista, conseguiram 6% de adesão, ou menos, se excluirmos os milhares dos aparelhos sindicais e partidários.

Publicado por: AJ Nunes às junho 17, 2005 07:18 PM

António às junho 17, 2005 06:49 PM: O mais velho já a teve, quando tinha 2 anos, ainda este não tinha nascido. Está imunizado.
Obrigada pelo seu interesse

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 07:20 PM

Joana:

Podemos concluir que o seu modelo de mercado livre e concorrencial precisa do estado como regulador? Mas admitindo o estado o mercado não pode ser inteiramente livre? Sendo assim podemos concluir que os políticos, os funcionários públicos, os intelectuais são indispensáveis?
Assim resta-nos apenas discutir a dimensão do estado. O número de funcionários é uma boa medida? Não podemos ter um problema de economia de escala?

Publicado por: António às junho 17, 2005 07:21 PM

Nós só copiamos os exemplos laxistas. Queremos ter bons salários mas queremos as políticas que nos levam à miséria.

Publicado por: Susana às junho 17, 2005 07:39 PM

Não percebo. Comparar plano para reformas antecipadas com alargamento do período para as reformas? Por acaso alguém se importaria aqui por se reformar mais cedo?! Que pasmo, os sindicatos em Espanha não protestaram como os de cá e até dialogarem com o Governo! Só falta também comparar a tradição sindical em Espanha com a portuguesa e dizer que cá é muito mais aguerrida, mais esquerdista, mais mais mais!
(As melhoras para o seu filho.)

Publicado por: R. às junho 17, 2005 07:48 PM

Joana, o seu post dá a sensação que o problema do excesso de funcionários do Estado português se resolve com paninhos quentes do tipo reformas antecipadas. Não se resolve. Resolve-se com a saída imediata de uns 200.000.

Publicado por: Joao P às junho 17, 2005 08:30 PM

Comparar o nível dos funcionários publicos portugueses com o espanhol, é o mesmo que comparar o dos portugueses com os de Angola. Já vivi nos dois países.

Em Alcudia, Mallorca, cidade que tem mais hoteis que Lisboa e Cascais juntas e uma população de inverno como a de Cascais, a Camara Municipal tem uns 200/300 funcionários, os seus nomes, telefones e funções estão todos na página de internet da Camara e ai de quem marque uma reunião sem aparecer, sem falar de que ninguém lhe passa pela cabeça pedir dinheiro por empurrar um projecto como é comum por aqui( e por Angola).

Publicado por: Joao P às junho 17, 2005 08:44 PM

Isto também não se passa em Espanha:

Por cada dez euros de impostos pelos contribuintes, nove são para pagar despesas com pessoal” do Estado e transferências para as famílias, afirmou o ministro. Isto é, 90 por cento dos impostos arrecadados pelo Estado destinam-se a pagar salários da Administração Pública
Campos e Cunha 09.06.2005

Publicado por: Joao P às junho 17, 2005 08:55 PM

Joao P às junho 17, 2005 08:30 PM:
Eu apenas estava a comparar as mentalidades em Espanha e em Portugal. Veja outros posts meus sobre este assunto, onde eu falo de 200 a 250 mil.
Aliás, para Portugal ficar com a mesma percentagem da Espanha, teria que diminuir o sector público em 180 mil efectivos.

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 09:06 PM

António às junho 17, 2005 07:21 PM: O Estado tem que existir. Citando por exemplo Adam Smith, este nunca defendeu que o Estado devia limitar-se a garantir a segurança dos cidadãos: A liberdade era para os liberais dos séc XVIII e XIX a chave do bem-estar e da igualdade. A imagem do liberalismo "vendida" pelos adoradores do Moloch estatal apresenta-o, pelo contrário, como uma teoria legitimadora de uma ordem social que só beneficiaria os «dominantes».
A tendência que prevalece hoje em dia é a de interpretar o liberalismo através de uma óptica marxista ou da óptica do Estado jacobino, como único remédio contra a «dominação de classe». Este juízo acontece com a esquerda, mas também com a direita, que normalmente se acha no dever de fazer uma profissão de fé anti-liberalista.
É o que você faz

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 09:22 PM

Citando ainda Adam Smith:
O soberano, escreve Adam Smith, só tem três deveres a cumprir [...]. O primeiro é o dever de proteger a sociedade da violência e das invasões de outras sociedades independentes. [...] O segundo é o dever de proteger, tanto quanto possível, todos os membros da sociedade contra a injustiça ou ataques de qualquer outro membro, ou o dever de instituir uma exacta administração da justiça. [...] E o terceiro e último dever é o da criação e manutenção daqueles serviços e instituições que, embora possam ser altamente benéficos para uma sociedade, são, todavia, de uma natureza tal que o lucro jamais poderia compensar a despesa para qualquer indivíduo ou pequeno número de indivíduos. ver Livro V, cap. 1

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 09:25 PM

Joana (às 09:22 PM - Junho 17, 2005)
Marx é um discípulo de Adam Smith e ambos são designados como economistas clássicos.
Não me parece correcto disignar alguém de marxista liberal jacobino. Mas isso não é importante.
Muito importante é a reflexão sobre o papel que o estado deve desempenhar na sociedade. Saber até que ponto podemos confiar que o mercado abandonado às suas leis naturais conduz a economia ao equílibrio. Ou será que os mercados por si nunca levam ao equilíbrio?.
Este problema é antigo e têm sido avançadas várias soluções, mas parece-me que a resposta definitiva está muito longe de ser encontrada.
No meio disto tudo há o factor trabalho que são homens e mulheres que, de um momento para o outro, podem ficar sem qualquer forma de subsistência.

Publicado por: António às junho 17, 2005 10:44 PM

Joana,
só li, ainda, o primeiro parágrafo e fiquei pasmado. Então Vc faz percentagens de percentagens ??? ( 7,5% versus 5,7% ) e conclui que há mais 31% de funcionários públicos em Portugal do que em Espanha ?
Espanha terá 2,35 milhões de FP e Portugal cerca de 780 mil, para uma população de 10,4 milhões. A única coisa que Vc pode concluir é que Portugal tem mais 1,8 pontos percentuais de população alocada à FP. Agora, + 31% ??? A MFLeite chamaria a isso desonestidade ... política !

Publicado por: zippiz às junho 17, 2005 11:04 PM

Apesar de ser funcionário público (ou, talvez, por isso), concordo, em termos gerais, com o que a Joana refere no seu post. De facto, muito tem que mudar na nossa administração pública, começando pela "dieta". Mas, por vezes, os sindicatos são o pior inimigo do funcionário público.

Permita-me apenas duas observações:
1.ª: Será que todos os males residem na dimensão e funcionamento do Estado? Quando tivermos 300.000 funcionários públicos, qual será a desculpa para o nosso crónico atraso estrutural?
2.ª: A Estatística (disciplina nuclear da Licenciatura em Demagogia) não pode ser aplicada assim tão linearmente; no seu post julgo que será meramente ilustrativa. Até porque, é normal que países mais populosos tenham menor percentagem de funcionários públicos.

Publicado por: Vitor às junho 17, 2005 11:09 PM

António às junho 17, 2005 10:44 PM
Você anda a ler mal. «interpretar o liberalismo através de uma óptica marxista ou da óptica do Estado jacobino» não significa «disignar alguém de marxista liberal jacobino». Não sei onde foi buscar isso

Marx não pertence à Escola Clássica. A Escola Clássica, para além de Adam Smith, tem Malthus, Ricardo, Senior, Bentham e o francês J-B Say. David Hume é considerado um percursor desta escola.

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 11:23 PM

João P (às 08:55 PM : Junho 17)

Não sei se aquilo que diz que o ministro disse «cada dez euros de impostos pelos contribuintes, nove são para pagar "despesas com pessoal" do Estado e "transferências"» está certo.

Mas posso dizer-lhe que a sua conclusão não está certa: « Isto é, 90 por cento dos impostos arrecadados pelo Estado destinam-se a pagar salários da Administração Pública». Porque há as transferências, abono de famíla, subsídio de desemprego, rendimento social de insercção e outros, que não são salários da função pública.

Publicado por: António às junho 17, 2005 11:28 PM

António às junho 17, 2005 10:44 PM:
Quanto ao resto do seu comentário, sugeria-lhe que lesse antes alguma coisa daqueles autores e igualmente dos neoliberais Hayek e Rawls (estes têm visões um pouco diversas da amplitude do papel do Estado)

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 11:29 PM

António e João P:
Relativamente à vossa controvérsia leiam, sff, "Desenvolvimento e Fiscalidade" em:
http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/2005/01/desenvolvimento.html
que eu postei em 4 de Janeiro. Lá encontram estatísticas da repartição da despesa pública.

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 11:32 PM

zippiz às junho 17, 2005 11:04 PM:
Não é verdade que há mais 31% de funcionários públicos em Portugal do que em Espanha. Eu escrevi que a percentagem em Portugal é mais 31% que em Espanha. A percentagem!

E tem toda a razão. Nõ são mais 31%, são mais 31,579%. E isto porque 7,5/5,1 = 1,31579.
Compreendeu?

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 11:38 PM

descupe joana mas isso é um erro (ou sofisma) ! não existe percentagem de percentagens !
há uma diferença de 1,8 pontos percentuais entre a população empregada na FP. O resto é ignorância com demogogia à mistura.

Publicado por: zippiz às junho 17, 2005 11:42 PM

Vitor às junho 17, 2005 11:09 PM:
O número avançado para o tipo de Estado Social que temos (mas a funcionar devidamente) é de 500 mil fp (ver p.ex. Cadilhe). A diminuição da despesa pública de 50% do PIB para 35% a 40%, permitiria diminuir alguns impostos que bloqueiam a nossa competitividade. É o sector privado que sustenta o sector público, visto ser ele que produz os bens transaccionáveis. Se ele continuar a perder competitividade e as empresas a falirem ou a irem embora, não tenha dúvidas que chegará o dia em que o país não consegue sustentar o Estado.
Quanto à dimensão do Estado de acordo com os países, leia, sff, "Da Importância de um PEC" que postei em 27 de Dezembro passado:

http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/172891.html

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 11:51 PM

Não vejo porque "é normal que países mais populosos tenham menor percentagem de funcionários públicos".
Os professores, pessoal da saúde, funcionários judiciais, etc., são proporcionais à população do país.

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 11:53 PM

Joana,
Isso é o mesmo que vir dizer que o PSD subiu o IVA de 17 para 19% (+2pts) de 11,765% e que o PS ao subir os mesmos 2pts , de 19 para 21%, terá subido "só" 10,526% !!!

Publicado por: zippiz às junho 17, 2005 11:55 PM

A Estatística não é a disciplina nuclear da Licenciatura em Demagogia. A Estatística, Econometria e Análise Multivariada são disciplinas de grande rigor científico.
Há demagogos que interpretam os seus resultados de forma não científica, porque lhes convém.
Há demagogos que tentam denegrir a Estatística porque os resultados desta não lhes convêm.

Publicado por: Joana às junho 17, 2005 11:57 PM

Quando eu anteriormente escrevi que "Os professores, pessoal da saúde, funcionários judiciais, etc., são proporcionais à população do país" deveria ter escrito que "Os professores, pessoal da saúde, funcionários judiciais, etc., "deveriam ser" proporcionais à população do país".
Na verdade, em Portugal a Educação tem 50% mais efectivos que a média europeia e é a pior da Europa

Publicado por: Joana às junho 18, 2005 12:00 AM

Joana (ás 11.23 PM : Junho 17, 2005)

É uma mulher cheia de certezas e muita hábil a dar volta ao texto. Isso é muito bom para uma jornalista mas, muito mau, para uma executiva.
Olhe, se alguém interpretar a economia pela óptica de Marx, lógicamente, é marxista. Se alguém interpretar a economia pela óptica do Estado jacobino, é jacobino.
Eu sei que na História económica nem todos os autores incluem Marx entre os clássicos, mas um economista que certamente lê com atenção, César das Neves, no seu manual de introdução à economia diz: «Marx foi um grande economista alemão, discípulo de Smith...». Eu só citei a ligação teórica entre ambos por V. tentar no seu comentário fazer uma ponte de antagonismo irredutível entre os dois autores.

Publicado por: António às junho 18, 2005 12:05 AM

zippiz às junho 17, 2005 11:55 PM: Não sei se você está com dificuldades de entendimento, ou se está a brincar.
Admitindo uma população de 10 milhões, Portugal deveria ter 570 mil funcionarios para ter a mesma percentagem da Espanha. Se tem 750 mil, terá mais 31%.
O IVA é uma percentagem sobre bens. Você pode fazer essas contas. Mas para o consumidor, os bens sofrem um acréscimo de perto de 2% (depende da elasticidade da procura).
Leia, sff, "O Efeito dos Impostos" (http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/2005/05/o_efeito_dos_im.html) para ter uma ideia mais completa

Publicado por: Joana às junho 18, 2005 12:07 AM

Marx baseou-se em Smith, Malthus, Ricardo, Senior, Mill, etc., para contestar a Escola Clássica Inglesa.
Também se baseou em Owen, Fourier e Saint-Simon para criticar o Socialismo Utópico. A escola de Marx, Engels e outros é designada por Socialismo Científico ou Marxista. Do ponto de vista da Sociologia também é designada por Historicismo Marxista.

Publicado por: Joana às junho 18, 2005 12:12 AM

Está com uma ganda pedalada!

Publicado por: Coruja às junho 18, 2005 12:21 AM

Joana,
para Vc entender o meu ponto - NÃO HÁ PERCENTAGENS DE PERCENTAGENS - tem que deixar esse seu ar professoral ; e admita que está equivocada : Portugal tem um peso maior de FP face ao total da população (7,5%) do que Espanha (5,7%).
A sua afirmação "Essa percentagem, em Portugal, é de 7,5%, mais 31% que em Espanha" é errada... a não ser que Medina Carreira comungue da sua opinião estatistica !

Publicado por: zippip às junho 18, 2005 12:23 AM

Força, que esta gaja é uma reaças que só quer atirar poeira para os plhos da malta.

Publicado por: Cisco Kid às junho 18, 2005 12:34 AM

"plhos da malta"?
Querias dizer "olhos da malta" ou "piolhos da malta"

Publicado por: bsotto às junho 18, 2005 12:44 AM

A Joana (às 11:29 PM – Junho 17, 2005):

Disse: «sugeria-lhe que lesse antes alguma coisa daqueles autores e igualmente dos neoliberais Hayek e Rawls (estes têm visões um pouco diversas da amplitude do papel do Estado)»

Os maus professores acabam sempre por dizer que os alunos não estudam as lições.

As respostas aos problemas económicos que nos afligem na actualidade só muito dificilmente serão encontradas nos marxistas, liberais, keynesianos ou neoliberais. Eles tentaram resolver os problemas das épocas em que viveram. Hoje os problemas são muito mais complexos, portanto as respostas terão de ser encontradas por nós, óbviamente, estudando os erros cometidos no passado.

Publicado por: António às junho 18, 2005 12:57 AM

Está resolvido o Choque Tecnológico de graça. Não vai custar pêvas. Como hoje os problemas são muito mais complexos, as respostas terão de ser encontradas por nós. Para quê perder tempo a ler e a estudar e a ocupar os professores. A malta põe-se a pensar e resolve tudo.

Publicado por: Rui Sá às junho 18, 2005 01:14 AM

Joana (ás 12:12 AM – Junho 18, 2005):
Este seu comentário: «Marx baseou-se em Smith, Malthus, Ricardo, Senior, Mill, etc., para contestar a Escola Clássica Inglesa.
Também se baseou em Owen, Fourier e Saint-Simon para criticar o Socialismo Utópico. A escola de Marx, Engels e outros é designada por Socialismo Científico ou Marxista. Do ponto de vista da Sociologia também é designada por Historicismo Marxista.», é totalmente irrelevante para responder às questões que lhe foram colocadas, isto apenas serve para exibir a sua erudição (estranho numa pessoa que desanca forte e feio nos intelectuais).

Publicado por: António às junho 18, 2005 01:15 AM

Rui Sá (às 1:14 AM – Junho 18, 2005

«A malta põe-se a pensar e resolve tudo»

Temos que estudar e PENSAR. Custa um bocado principalmente a quem não está habituado a fazê-lo.

Publicado por: António às junho 18, 2005 01:33 AM

António às junho 18, 2005 01:33 AM

Pensar ? o que é Pensar ?

Ou será raciocinar ?

Se considerarmos Pensar, como formar ou imaginar ideias novas, então ninguém Pensa, ou quanto muito num Universo Planetário de 6500 milhões de habitantes teremos não mais de uns 6.

Raciocinar já é algo que está ao alcance de qualquer mortal. O problema é a sua base de dados (conhecimentos) tal como a de um computador, se ela é rica muito bem, se ela é pobre... saiem conclusões erradas.
Além de que um computador é neutro, e os humanos são tendenciosoa, julga-se que é devido a terem emoções, a terem 5 ou 6 sentidos, depois respeitam muito suas origens genéticas, vai daí adquirem uma educação, que lhes fornece os meios para se integrarem em sociedade. Depois convém Raciocinar conforme a maioria, caso contrário terá grandes dificuldades.

Publicado por: Templário às junho 18, 2005 03:16 AM

António às junho 18, 2005 01:15 AM
Você disse que "Marx é um discípulo de Adam Smith e ambos são designados como economistas clássicos." (em junho 17, 2005 10:44 PM) e eu expliquei-lhe que não era.
Depois fez referência novamente ao mesmo (em junho 18, 2005 12:05 AM) e eu voltei a explicar-lhe o assunto.
Depois arvorou a sua ignorância em chave do conhecimento dizendo que as minhas precisões sobre os disparates que havia escrito eram "totalmente irrelevante para responder às questões que lhe foram colocadas, isto apenas serve para exibir a sua erudição".
Tamanha desonestidade intelectual não merece qualquer futura resposta.

Publicado por: Joana às junho 18, 2005 08:33 AM

Joana (às 08:33 AM – Junho 18,2005)

Volto a repetir o que já escrevi: ««Eu sei que na História económica nem todos os autores incluem Marx entre os clássicos, mas um economista que certamente lê com atenção, César das Neves, no seu manual de introdução à economia diz: «Marx foi um grande economista alemão, discípulo de Smith...». Eu só citei a ligação teórica entre ambos por V. tentar no seu comentário fazer uma ponte de antagonismo irredutível entre os dois autores.»»

Acusar-me por isto de desonestidade intelectual?

A Joana nunca responde às questões delicadas. Terá muitas dificuldades em explicar com argumentos válidos não com retórica como costuma fazer, porque escolheu comparar os sectores públicos português e o espanhol, partindo do número de funcionários. Se tivesse algum sentido de humildade (ou honestidade intelectual) teria facilmente concluído que essa escolha foi leviana.

Publicado por: António às junho 18, 2005 09:45 AM

Templário (ás 03:16 AM – Junho 18, 2005):

Estou de acordo com o que escreveu.

Publicado por: António às junho 18, 2005 09:56 AM

Joana:

Vamos admitir este caso hipotético:

1. Um hospital com todas as valências para funcionar adquadamente necessita de 500 pessoas, médicos, pessoal auxiliar, enfermeiros etc.
2. Este hospital tem capacidade para desenvolver os seus serviços com toda a eficiência num intervalo populacional de 50.000 e 100.000 pessoas
3. Temos duas regiões autónomas em que as populações são exactamente de 50.000 e 100.000 potenciais utentes.
Aqui está um exemplo que nos diz com toda a clareza que uma análise comparativa de pessoas não é satisfatória. É o tal problema da economia de escala.

Publicado por: António às junho 18, 2005 10:10 AM

Vitor às junho 17, 2005 11:09 PM

Caro Vitor

Estamos em plena sociedade Liberal. Portugal é Hoje Liberal (já o era há muito)mas... havia a desculpa das Leis Laborais, que não estavam à medida dos Exploradores, Agora já estão !

Portanto, tanto lhes dá que o Estado tenha 300 ou 700 mil , que em nada influencia a criação de postos de trabalho com salários de fome etc.

A desculpa da Carga de Impostos também Já não serve, pois Empresário que se preze não paga.

Afinal os Liberais Portugueses hoje são meros observadores Filosóficos e olham para nós, Aconselhando-nos sobre a melhor maneira de resolvermos.... Nada !!!

Afinal apenas nos desejam Distrair com déficits, funcionários Públicos e outras tretas.


Publicado por: Templário às junho 18, 2005 10:43 AM

Aos Liberais só Interessa o Desemprego, nada mais !

Quanto maior for o desemprego, menor serão os custos de mão-de-obra.

Maior é o Poder sobre quem Trabalha, e terão que aguentar todas as medidas, caso contrário, serão despedidos e no dia seguinte há mais uma centena de Candidatos.

Esta é a Situação Ideal dos Liberais, Chamam eles a isto Liberdade ! Esqueçem-se de dizer, que é mais a Liberdade deles, do que a dos outros !
Os outros podem dizer o que quiserem, eles despedem-nos ! Esta é a Liberdade dos Liberais.

Publicado por: Templário às junho 18, 2005 10:48 AM

Joana:

Os seus comentários do tipo: «Depois arvorou a sua ignorância em chave do conhecimento dizendo que as minhas precisões sobre os disparates que havia escrito eram...» são ilustrativos do modelo de concorrência em que se revê. Funciona da seguinte maneira:
O adversário é um inimigo a abater, custo o que custar, o que está em causa é a lei de sobrevivência do mais forte, independentemente da capacidade dos concorrentes (adversários e inimigos são a mesma coisa), não interessa os meios para atingir os fins, primeiro a catequese depois o ataque violento se necessário.

Publicado por: António às junho 18, 2005 12:34 PM

Mas então não podemos comparar a população activa, por exemplo na agricultura, de ambos os países ? Por onde passa afinal a dificuldade de o fazer em relação ao funcionalismo público ? Enfim, sou um leigo nestas matérias ...

Publicado por: asdrubal às junho 18, 2005 12:47 PM

Joana:
Relativamente à Estatística e à Demagogia, ao que parece, estamos de acordo: "Há demagogos que interpretam os seus resultados de forma não científica, porque lhes convém." - era esta a parte da realidade a que me referia. Ainda no âmbito da Estatística lembro-lhe que a dimensão da amostra (no caso = 2, Portugal e Espanha) reportada à população (número de países existentes) não lhe permite tirar quaisquer conclusões. Por isso digo que o seu exemplo é meramente ilustrativo.
Quanto ao facto de eu defender ser "normal" que países mais populosos tenham menor percentagem de funcionários públicos, remeto para o post publicado por António a 18 junho de 2005 às 09:56 AM, que exemplifica, em moldes puramente teóricos, o que pretendia dizer.
Mantenho também que, reduzir o peso do Estado, só por si, não resolve nada. É um analgésico; não tem nada a ver com a cura da doença.
No entanto, concordo que existe um número excessivo de funcionários públicos. É possível e desejável, fazer mais e melhor, com menores recursos.

Publicado por: Vítor às junho 18, 2005 02:35 PM

Questões de controlo, optimização, formação, etc à parte, a Joana pura e simplesmente escamoteia o facto de a percentagem de trabalhadores da administração pública em Portugal e Espanha em relação à população activa ser em ambos os países da ordem dos 17%, com a Espanha umas décimas abaixo de Portugal. Estatísticas do Eurostat de há dois anos. Eram, aliás as mais baixas dos treze países considerados na estatística.
A média situava-se na ordem dos 25%.
Na Dinamarca e na Suécia, a percentagem de trabalhadores da administração pública em relação à população activa era da ordem dos 32% — quase o dobro da de Portugal e da Espanha.
Quem estiver interessado em saber A VERDADE e queira fazer análises COM RIGOR pode visitar o site do Eurostat

Publicado por: (M) às junho 18, 2005 04:28 PM

(M) às junho 18, 2005 04:28 PM:
Os valores da despesa pública e do peso do sector público e das comparações internacionais que apresentei têm sido difundidos por Medina Carreira, Daniel Bessa e Cadilhe e nunca foram desmentidos. Os números sobre Espanha são números que constam do actual debate e que vêm na imprensa espanhola.
No que se refere à dimensão do Estado vejam, sff, "Da Importância de um PEC" que postei em 27 de Dezembro passado:

http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/172891.html

onde está um estudo de Abel Mateus, feito ainda durante a gestão de Guterres, em 2001, com números sobre diversos países (4 anos depois deve ser pior).

E isto não são bocas mandadas a ver se pegam.

Publicado por: Joana às junho 18, 2005 04:53 PM

No que respeita aos hospitais há uma grande confusão. Um serviço hospitalar, quando é bem congeminado, e não para satisfazer ambições populistas, deve ser articulado com a população a servir, com a rede existente e ter as valências adequadas a essa situação.
Por exemplo, um neurocirurgião deve fazer um determinado número de intervenções cirúrgicas por semana. Menos que isso é desadequado do ponto de vista da prática cirúrgica. Se fizer poucas, a partir de certa altura a sua especialidade já não é neurocirurgia, mas sim passar certidões de óbito.
Se na zona não houver população suficiente, o hospital não deverá ter essa valência e deve haver um sistema de evacuação dos doentes para hospitais com essa valência.

Publicado por: Joana às junho 18, 2005 05:00 PM

Há um amigo meu que é médico oftalmologista e faz cirurgias, está colocado num hospital a 70 kms de Lisboa, onde há um serviço de oftalmologia. Há 2 ou 3 anos faziam 50 cirurgias por semana. Com a pressão dos enfermeiros que não querem horas extra, e dado passarem a maior parte do tempo no atendimento, aquele número desceu para 2 por semana. As filas de espera já ultrapassaram o ano e continuam a crescer.
Ele por enquanto mantém-se lá, porque também opera numa clínica privada em Lisboa, mas um colega dele demitiu-se porque com aquele sistema estava a regredir profissionalmente. E ele próprio está a pensar sair.

Publicado por: Joana às junho 18, 2005 05:07 PM

Essa história dos hospitais é mesmo assim. Há uma série de hospitais na província, que custaram caríssimo e que uma série de valências não funcionam e parte do equipamento, que custou caríssimo, també está fora de uso.

Publicado por: Ramiro às junho 18, 2005 05:38 PM

Joana às junho 18, 2005 04:53 PM

Extraordinário como a Joana tem solução para tudo. Não sei como ninguém tinha pensado nisso! Os políticos dos últimos 30 anos devem ter vindo a "satisfazer ambições populistas" e não têm, seguramente, a visão pragmática da Joana. O chato é que a evacuação também obriga à aquisição de meios (caros) e contratação de funcionários. E se, apesar de rápida, nos morre um familiar no trajecto de evacuação? Culparemos o Estado pela falta daquela valência no Hospital da região.
Joana, não caia no erro de julgar que Portugal é um país de vícios públicos e virtudes privadas.
Os problemas do sector privado não residem todos (provavelmente nem na sua maioria) no peso excessivo dos impostos e na ineficiência do Estado.
É necessária uma reflexão séria sobre o facto de eu, a Joana, os políticos, os empresários, os funcionários públicos, os trolhas, todos nós, enfim, sermos portugueses. É verdade: a Joana, como todos nós, embora julgue que encontrou a solução, também faz parte do problema.
Não vale a pena dizer, como dizia o outro, que "O diabo são os outros". Essa conversa serve apenas para nos entretermos nos blogues, cafés e jornais.

Joana, conheço as virtudes e defeitos da administração pública. Curiosamente, no âmbito da minha profissão (fiscalização da actividade económica) conheço também o sector empresarial privado (pequenas, médias e grandes empresas).
Concluo que:
- de facto, é um problema pagar IRS sabendo de antemão que uma parte irá ser mal utilizada;
- também é um problema pagar um produto ou serviço (IVA e lucro incluído) sabendo que, provavelmente, esse IVA e o IRC serão sonegados ao erário público.
E, curiosamente, o seu dircurso anda demasiado centrado no 1.º problema.

Publicado por: Vítor às junho 18, 2005 05:44 PM

Joana

O meu comentário não era uma resposta ao que dizem o Carreira, o Bessa e o Cadilhe — era um comentário ao seu post.

E no seu post só fala de Espanha e de Portugal.

Fica aqui o URL onde pode encontrar todas as estatísticas sobre o emprego na Europa (incluindo a que há-de vir – se vier)

http://europa.eu.int/comm/employment_social/publications/2004/keah03001_fr.pdf

Para lhe poupar trabalho, digo-lhe que os valores percentuais a que aludi estão no quadro da página 37. É só somar os dados relativos a «administração, defesa e segurança social», «educação» e «saúde e acção social».

Entendo que as histórias dos seus amigos médicos não me sejam dedicadas, quanto mais não seja porque estou de acordo com os princípios em abstracto.
Mas, já agora, não tem uns amigos médicos que lhe possam contar o que se passou com essas largas dezenas de gestores dos hospitais de «gestão empresarial»...

Não é coisa que goste de fazer, mas não tenho alternativa senão reproduzir aqui a notícia da TVI:

«O ministro da Saúde acaba de aprovar uma grande investigação às administrações hospitalares, revelada há meses pela TVI. Correia de Campos deu ordens para ser confirmada a reposição dos dinheiros, bem como para se avançar com inquéritos aos casos mais chocantes.

Os inspectores analisaram as despesas de todos os hospitais e administrações regionais de saúde e descobriram muitos carros de alta cilindrada, cartões de crédito usados para despesas pessoais, quilómetros falsos e um sem número de benesses. Havia até casos em que os hospitais pagaram dos próprios orçamentos a distribuição de lucros decidida pelas empresas públicas de origem dos gestores.

Dezenas de gestores hospitalares foram obrigados a devolver ao Estado milhares de euros que receberam indevidamente. Foram abertas investigações disciplinares em dezasseis hospitais, por causa de regalias e dinheiros ilícitos»

Depois diz-se que vão nove euros em cada dez para «despesas com pessoal». Com «pessoal» deste... pudera!

Publicado por: (M) às junho 18, 2005 05:51 PM

O problema em Portugal é que não há suficientes privados e muitos vivem á custa de contratos com o estado. Como muitas áreas continuam fechadas á competitividade (justiça, educação) logo as melhores práticas e eficiência não aparecem uma vez que não há recompensa para o esforço.

Publicado por: lucklucky às junho 18, 2005 05:53 PM

Joana:
o seu amigo, que também opera numa clínica privada, é o exemplo do que não devia acontecer. Devia optar por um dos regimes (público ou privado). Se o não fizer, as más línguas dirão que a culpa não é dos enfermeiros - é do seu amigo que, no hospital público, "encana a perna à rã" e angaria clientes para a clínica privada.
Existe essa coisa extraordinária (para não dizer ordinária)que permite que os enfermeiros e médicos, entre outros, trabalhem em dois ou três locais. Outra pérola do estatuto remuneratório, permite que os médicos que optem pela exclusividade na função pública recebam suplemento no ordenado.
Há falta de médicos e de enfermeiros?
Pois.

Publicado por: Vítor às junho 18, 2005 05:57 PM

lucklucky às junho 18, 2005 05:53 PM

Essa da justiça "fechada à competitividade" quer dizer o quê? Quer criar a Tribunais Judiciais de Portugal, S.A.???
Já agora, olhe à sua volta e repare que a educação não está fechada à competitividade. A não ser que queira colégios particulares e Universidades privadas "à borla".

Publicado por: Vítor às junho 18, 2005 06:07 PM

Vítor em junho 18, 2005 05:44 PM:
Mas isso de evacuar doentes de um hospital para outro é o que acontece todos os dias. Umas vezes porque não têm lá aquela especialidade, outras porque tinham mas já não têm médicos, ou o equipamento já não funciona.
Desgraçado de algum de nós que entre num hospital sem ter um "amparo" - alguém conhecido lá dentro ou uma cunha. Se não está feito ao bife.

Publicado por: Ramiro às junho 18, 2005 06:09 PM

Ramiro às junho 18, 2005 06:09 PM

Tem razão no que respeita à evacuação (salvo seja) - é o que já acontece. Mas repare que, na minha contestação ao post da Joana, esse exemplo é apenas um mote para referir a ligeireza com que se aventam soluções para problemas complexos. Agora, porque a Joana tem um amigo que lhe reporta alguns problemas num hospital a 70 Km de Lisboa, toca a fechar hospitais para poupar. Tenham dó (dos doentes).
Calma meus amigos...

Publicado por: Vítor às junho 18, 2005 06:23 PM

Em primeiro lugar eu não disse para se fecharem hospitais. O que escrevi foi que "Um serviço hospitalar, quando é bem congeminado, e não para satisfazer ambições populistas, deve ser articulado com a população a servir, com a rede existente e ter as valências adequadas a essa situação." Nem mais, nem menos.
E é assim que se faz nos países mais desenvolvidos.

Publicado por: Joana às junho 18, 2005 06:30 PM

Quanto ao caso do meu amigo, ele não tinha qualquer necessidade de me contar aquilo, pois (ainda) não sou cliente de oftalmologia, nem alguma vez frequentei aquele hospital, que deve ser um dos maiores hospitais do país fora das zonas de Lisboa, Porto e Coimbra.
Contou-me aquilo como um desabafo. Logo, não tenho razões para duvidar.

Publicado por: Joana às junho 18, 2005 06:36 PM

Segundo muitos comentaristas, Portugal até tem poucos funcionários publicos. E até acham a admin. publica eficiente.Ou pelo menos não é ineficiente. Presumo que tambem acham que pagamos poucos impostos. Que as nossa escolas formam cidadãos exemplares que podem competir com qualquer outro país europeu. Que os nossos serviços de saude publicos são senão exemplares, pelo menos ao nível da média europeia. Que a nossa justiça é celere e eficaz, que os criminosos são punidos e os justos absolvidos. Que a nossas forças armadas estão aptas a defender as nossas fronteiras, e que a segurança interna não tem problemas.

E se isto tudo for mentira? A culpa,(ah a culpa) é claro, é dos liberais (que são mais ou menos agora o que eram dantes os fascistas). Ou de todos aqueles que como a Joana, dizem que o rei vai nú. Vale mais continuar a fechar os olhos, e a dizer como ouvi a um ilustre: Eu só quero é sacar o meu!

Publicado por: Joao P às junho 18, 2005 07:01 PM

Essa da justiça "fechada à competitividade" quer dizer o quê? Quer criar a Tribunais Judiciais de Portugal, S.A.???

Penso que toda parte admnistrativa dos Tribunais podia ser S.A. quantos mais casos julgados mais lucro.

"Já agora, olhe à sua volta e repare que a educação não está fechada à competitividade. A não ser que queira colégios particulares e Universidades privadas "à borla"."
Isso seria verdade se as pessoas pudessem optar por não pagar a parte do imposto que vai para a educação estatal e a pudessem gastar num privado.

Publicado por: lucklucky às junho 18, 2005 08:09 PM

lucklucky às junho 18, 2005 08:09 PM

Essa da parte administrativa dos tribunais ser privatizada é uma ideia genial. Não sei por que é que ainda não foi aplicada em nenhum país. SE fosse a ti ia a correr registar a ideia.

A das percentagem do imposto também é uma ideia brilhante. Acho, mesmo, que o Estado devia publicar uma tabela e cada um retirava a parte que não usava. Olha, para mim tirava logo a minha parte nos submarinos do Paulo Portas e dava uma entrada para um Ferrari.

Publicado por: Ideias SA às junho 18, 2005 08:35 PM

Eu, para mim, deduzia a parte correspondente a 200 mil fp's que estão distraidamente a atirar aviõezinhos de papel enquanto não chega o fim do "dia de trabalho".

Publicado por: bsotto às junho 18, 2005 08:48 PM

Publicado por: Ideias SA às junho 18, 2005 08:35 PM

"Essa da parte administrativa dos tribunais ser privatizada é uma ideia genial. Não sei por que é que ainda não foi aplicada em nenhum país. SE fosse a ti ia a correr registar a ideia"

Pois esse é (um dos) problemas em Portugal tudo o que tem valor tem de vir de fora, capacidade para pensar por si próprio e ter ideias parece que só é permitido a estrangeiros.

É esse caldo de cultura que faz o nosso atraso.

Depois temos o Sampaio a falar de inovação... queremos inovação mas não temos a abertura cultural que a tornam possível e os riscos inerentes de se querer chegar primeiro.

A maior parte julga que será algo que se implementa por despacho governamental e uns milhões dos fundos Europeus.

Publicado por: lucklucky às junho 18, 2005 10:01 PM

bsotto às junho 18, 2005 08:48 PM

Uma chalaça em jeito de resposta:
Pelo menos fazem aviões de papel. Este facto, só por si, demonstra que, quem pratica tal actividade, possui um coeficiente de inteligência superior ao de quem redige posts como o seu.

Apesar do seu post, continuo a aceitar os argumentos de quem, de uma forma inteligente, defende uma reforma séria da administração pública, que poderá passar por uma redução de efectivos.

Publicado por: Vítor às junho 18, 2005 10:05 PM

lucklucky às junho 18, 2005 10:01 PM
em resposta a
Ideias SA às junho 18, 2005 08:35 PM

Resposta esclarecedora...

Ou será ironiza rebuscada?!

Estou derrotado...

Publicado por: Vítor às junho 18, 2005 10:09 PM

NO UK muitas prisões são concessionadas e geridas pela iniciativa privada

Publicado por: V Forte às junho 18, 2005 10:11 PM

Ressalva: onde se lê "ironiza" leia-se "ironia"

Publicado por: Vítor às junho 18, 2005 10:11 PM

(M) às junho 18, 2005 05:51 PM:
Estive a ler o que sugeriu e trata-se de um estudo sobre o emprego em geral e não discrimina a administração pública do privado. O sector da educação engloba o público (se englobar) mas todas as actividade privadas ligadas à educação, qualificação, formação, etc. E o mesmo para os outros.
Leia com mais atenção, pois aquilo não está de acordo com o que o (M) escreveu.

http://europa.eu.int/comm/employment_social/publications/2004/keah03001_fr.pdf

Publicado por: V Forte às junho 18, 2005 10:16 PM

Vítor em junho 18, 2005 10:05 PM
Outra chalaça: Eu ao menos sei escrever.
Quanto a trabalhos manuais, deixei-me disso depois do liceu.

Publicado por: bsotto às junho 18, 2005 10:19 PM

Joao P às junho 18, 2005 07:01 PM
Pagamos poucos impostos (per capita).
As nossas escolas também formam cidadãos exemplares (infelizmente deviam ser mais).
Os nossos serviços públicos de saúde são reconhecidos pela sua qualidade (não confunda a insatisfação associada à valorização do bem "saúde" com catastrofismo dos serviços).
Por acaso até temos poucos problemas de segurança interna.
Vai dizer agora que entre os liberais, como entre os outros, não existe quem queira "sacar o meu"?

Eu acredito em liberais esclarecidos.
Mas, parece que muitos têm como lema: A culpa é do Estado.

Publicado por: Vítor às junho 18, 2005 10:21 PM

Importa-se de repetir:
Pagamos poucos impostos (per capita)??
As nossas escolas também formam cidadãos exemplares (infelizmente deviam ser mais)?????????
Os nossos serviços públicos de saúde são reconhecidos pela sua qualidade. Por quem????????
Você vive em Portugal?

Publicado por: V Forte às junho 18, 2005 10:23 PM

bsotto às junho 18, 2005 10:19 PM

"Eu ao menos sei escrever."
Vá lá, não fique ofendido. Principalmente depois de ofender 200.000 funcionários públicos.

Publicado por: Vítor às junho 18, 2005 10:25 PM

Ofendido, eu? Não. Disee que era uma chalaça.
E ofender os fps? Então não foi você que disse que lançar os aviões de papel era uma actividade de ponta?

Publicado por: bsotto às junho 18, 2005 10:29 PM

V Forte às junho 18, 2005 10:23 PM

Aproveite para ler melhor o meu post e pensar antes de responder a quente.

Será que vivo em Portugal?????

Publicado por: Vítor às junho 18, 2005 10:30 PM

E já agora, eu disse que eles os lançavam. Não disse que eles os faziam.
Você sabe lá se eles não os sacam do sector privado?

Publicado por: bsotto às junho 18, 2005 10:31 PM

bsotto às junho 18, 2005 10:29 PM

"Disee que era uma chalaça"

Essa ortografia quer dizer que eu também sei escrever.
Até já me sinto melhor.

Olhe, deixemo-nos de questiúnculas.
Vou fumar um cigarro, em jeito de cachimbo da paz...

Publicado por: Vítor às junho 18, 2005 10:33 PM

Lá se foram por mais seis meses os dinheirinhos da «União» :
Incógnito, do cimo do Cristo Rei sito em Lisboa, oito Séculos vos contemplam ...

Publicado por: asdrubal às junho 18, 2005 11:25 PM

"Disee" foi um erro de tecla. O "s" e o "e" estão juntos.

Publicado por: bsotto às junho 18, 2005 11:45 PM

bsotto às junho 18, 2005 11:45 PM

Caro amigo:
Eu sei que sabe escrever.
Eu também sei escrever (apesar de, na reformulação de um post anterior, me esquecer de trocar "ironiza" por "ironia"). Será que os funcionários públicos, que lançam aviões de papel nos tempos livres, também sabem escrever?
Por falar em aviões de papel, deixo-lhe uma dica:
http://www.zurqui.co.cr/crinfocus/paper/airplane.htm

Ah! E já fumei o cachimbo da paz...

Publicado por: Vítor às junho 19, 2005 12:08 AM

Mais um post velhinho, quase centenário. Ainda por cima sobre espanhois!? Que falta de gosto

Publicado por: Coruja às junho 19, 2005 12:28 AM

V Forte às junho 18, 2005 10:23 PM

Ainda a propósito:

Facto: a OMS publicou (em 2000) um Relatório sobre a Saúde Mundial. Portugal ficou classificado em 12.º lugar no ranking global do desempenho dos sistemas de saúde (à frente da Alemanha, Canadá, EUA, Grã-Bretanha, etc.). Em Portugal, a despesa em % do PIB é elevada, embora a despesa per capita seja baixa (temos um PIB pequeno, é o que é...).
Para que não me apelide de faccioso: o estudo não abrangeu a totalidade das vertentes do sistema de saúde e carece de actualização.

No que respeita à carga fiscal, remeto para o estudo coordenado pelo professor António Pinto Barbosa, da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. Entre as várias conclusões deste estudo, destaco o facto de Portugal ter sido, nos últimos anos, um dos países da União Europeia (UE-15) com menor carga fiscal.
Para que não me apelide de faccioso: apesar das conclusões do estudo, acho que o esforço do contribuinte português é, aida assim, muito elevado.

Repito:
As nossas escolas também formam cidadãos exemplares (infelizmente deviam ser mais).
Não percebo qual a parte do "também" que o V Forte não percebe.

Publicado por: Vítor às junho 19, 2005 12:48 AM

V Forte às junho 18, 2005 10:23 PM
(Dirá: outra vez?! Este tipo é chato).

Coloco a hipótese de o V Forte entregar uma elevada % do seu rendimento ao Estado sob a forma de IRS. E acrescento que pagará IVA, IA, ISP, IABA, etc. Mas o V Forte vive numa sociedade que não censura (até aplaude) a fuga aos impostos. Ele paga e outros não pagam.
Depois vem um académico fazer um estudozeco e conclui que o total de impostos arrecadados a dividir pelo V Forte e pelos outros (que não pagaram) é uma ninharia.
E o V Forte fica lixado: Então eu mato-me a trabalhar para sustentar aqueles gajos, e vem este "doutor" dizer que eu pago poucos impostos???

Pois é: um come uma galinha o outro fica a olhar; em média, cada um come meia galinha.

Publicado por: Vítor às junho 19, 2005 01:04 AM

Estudos feitos por fps tendem a pedir mais impostos para os sustentar.
O Daniel Bessa apresentou estudos ao Guterres mostrando que se pagavam impostos a mais em Portugal, que isso afectava a competitividade das empresas e que seria negativo para o futuro. Guterres não quis ouvir e o Bessa acabou por se ir embora.
Hoje estamos como estamos, com o desemprego a duplicar. Quando não houver sector privado quero saber quem paga o público.

Publicado por: Novais de Paula às junho 19, 2005 10:32 AM

Leia, aqui neste blog, As Faces de Moloch (http://semiramis.weblog.com.pt/arquivo/2005/05/as_fauces_do_mo.html) para ter uma noção da nossa carga fiscal.
Leia ainda os outros 2 posts de continuação (ver na coluna ao lado)

Publicado por: Novais de Paula às junho 19, 2005 10:35 AM

Pois é, Vítor, você devia ler aqueles meus posts sobre as Fauces do Moloch, que o Novais citou.
Como você é fp, não paga os 23,75% que as empresas retiram logo à cabeça do nosso vencimento e entrgam à voracidade do Moloch. Mas o resto é igual.

Publicado por: Joana às junho 19, 2005 12:26 PM

Joana às junho 19, 2005 12:26 PM
Esses posts foram uma pedrada no charco. A maior parte nunca tinha pensado que pagava tantos impostos. A maioria está disfarçada em tudo o que nos rodeia.

Publicado por: soromenho às junho 19, 2005 12:44 PM

Sobre o mesmo assunto um post que apareceu em http://peterbloodgoestolisbon.blogspot.com/2005/06/sic.html
do Pedro Oliveira:

Recebi hoje este mail, que, embora não tendo a acutilância do Jaquinzinhos ou do Semiramis, transcrevo integralmente:

CARTA AO SR PRIMEIRO MINISTRO
2005/05/31 | 18:41Zé d`Almada

Caro Sr. Primeiro-ministro.
Venho por meio desta comunicação manifestar meu total apoio ao seu esforço de modernização do nosso país. Como cidadão comum, não tenho muito mais a oferecer além do meu trabalho, mas já que o tema da moda é Reforma Tributária, percebi que posso definitivamente contribuir mais.
Vou explicar: Na actual legislação, pago na fonte 31% do meu salário (20 para o IRS e 11 para a Segurança Social). Como pode ver, sou um cidadão afortunado. Cada vez que eu, no supermercado, gasto o que o meu patrão me pagou, o Estado, e muito bem, fica com 19% para si (31+19P) Sou obrigado a concordar que é pouco dinheiro para o governo fazer tudo aquilo que promete ao cidadão em tempo de campanha eleitoral. Mas o meu patrão é obrigado a dar ao Estado, e muito bem, mais 23,75% daquilo que me paga para a Segurança Social. E ainda 33% para o Estado (50+23.75+33+6.75).
Além disso quando compro um carro, uma casa, herdo um quadro, registo os meus negócios ou peço uma certidão, o Estado, e muito bem, fica com quase metade das verbas envolvidas no caso.
Minha sugestão, é invertermos os percentuais. A partir do próximo mês autorizo o Governo a ficar com 100% do meu salário. Funcionaria assim: Eu fico com 6.75% limpinhos, sem qualquer ónus mas o Governo fica com as contas de:
-Escola,
-Seguro de Saúde,
-Despesas com dentista,
-Remédios,
-Materiais escolares,
-Condomínio,
-Água,
-Luz,
-Telefone,
-Energia,
-Supermercado,
-Gasolina,
-Vestuário,
-Lazer,
-Portagens,
-Cultura,
-Contribuição Autárquica,
-IVA,
-IRS,
-IRC,
-IVVA
-Imposto de Circulação
-Segurança Social,
-Seguro do carro,
-Inspecção Periódica,
-Taxas do Lixo, reciclagem, esgotos e saneamento
-E todas as outras taxas que nos impinge todos os dias.
-Previdência privada e qualquer taxa extra que por ventura seja repentinamente criada por qualquer dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Um abraço ao Sr. PM e ao Senhor PR e muito boa sorte, do fundo do meu coração!
PS: podemos até negociar o percentual!!!

Publicado por: David às junho 19, 2005 01:09 PM

Peço desculpa, só agora percebi que "fp" era "funcionário público"... Não deviam ter mais cuidado com as abreviaturas?...

Publicado por: Albatroz às junho 19, 2005 01:13 PM

O país está a acordar para fazer face a estas sanguessugas que nos têm sugado até ao tutano.

Publicado por: Sa Chico às junho 19, 2005 01:58 PM

Albatroz às junho 19, 2005 01:13 PM

Hoje em dia, na mente de alguns, "funcionário público" é um insulto mais grave que "filho da puta"...

Publicado por: Vítor às junho 19, 2005 04:00 PM

Joana às junho 19, 2005 12:26 PM

Eu não pago os "23,75% que as empresas retiram logo à cabeça do nosso vencimento". Retiram do seu vencimento??? Que raio de lógica retorcida é essa?

Publicado por: Vítor às junho 19, 2005 04:21 PM

Se o meu vencimento bruto, antes de impostos, é 100, e a empresa paga simultanemente mais 23,75 para a SS, então o valor do meu trabalho, para a empresa, é 123,75. Se o valor do meu trabalho fosse inferior ela não me admitia.
Percebeu?
Eu calculo que, para um fp, que julga que o dinheiro é impresso na Casa da Moeda e é, portanto, inesgotável, isto é um "raio de lógica retorcida".
Para quem trabalha numa empresa e sabe que o seu vencimento depende da capacidade da empresa de gerar fundos para solver esses compromissos, é a lógica do dia-a-dia.

Publicado por: Joana às junho 19, 2005 05:00 PM

Joana às junho 19, 2005 05:00 PM

Tem toda a razão, claro. É surpreendente, mas a maior parte do pessoal não sabe que os descontos que as empresas fazem são parte do salário ou do vencimento.

É por isso que há cada vez mais outsourcing e trabalhadores ditos «independentes». Trabalhadores a recibo verde são uma poupança para as empresas a diversos níveis: contribuições para a segurança social, férias, 13º mês, etc. Não admira que haja cada vez mais trabalhadores «independentes» neste país.

É mais uma originalidade portuguesa que já entrou na lógica do dia-a-dia.

Os empresários, coitados, lá fazem o que podem... Até é caso para dizer: «Se soubesses o que custa ser empresário, quererias ser assalariado toda a vida»

Publicado por: (M) às junho 19, 2005 05:25 PM

Joana, durante anos trabalhei numa multinacional que entregava a cada funcionário no final do ano uma carta onde dizia quanto é que o referido funcionário tinha custado à empresa (salarios, premios, impostos, seguros, etc.), o que fez com que todos tivessemos consciência do nosso custo para a empresa.
Você nem sabe quanta razão tem quando diz que alguns pensam que é só ir à Casa da Moeda buscar mais um saco de notas. Um deles é o Carvalho da Silva cujo curso de sociologia está acima dessas ninharias. Também foi assim condicionado pelo camarada Vasco

Publicado por: Joao P às junho 19, 2005 07:46 PM

O principal problema é que ninguém te paga a horas.

Publicado por: lucklucky às junho 19, 2005 07:50 PM

Publicado por: Joana às junho 19, 2005 05:00 PM

Mais uma vez a Joana argumenta com a visão toldada pelo preconceito em relação ao funcionário público. Eu, se porventura usasse o mesmo nível argumentativo, ver-me-ia obrigado a chamar-lhe qualquer coisa como "liberalóide, mentecapta, etc".
Embora lhe possa parecer estranho, sou um ser humano medianamente inteligente e consciente do meu papel na sociedade.
E a Joana, pese embora afirmações como "...para um fp, que julga que o dinheiro é impresso na Casa da Moeda...", já demonstrou ter capacidade e inteligência suficientes para defender as suas teses com argumentos válidos (não necessita sequer do "muito beeeeem" de alguns dos seus acólitos).
Agradeço-lhe também o "percebeu". Não fora ele, eu não percebia...

Em média, levo para casa, como retribuição pelo meu trabalho, cerca de 1.100 euros mensais, nada mais.
Isto, no regime geral da FP, após 10 anos a contribuir para assegurar aos empresários idóneos uma sã concorrência do mercado, e aos consumidores a garantia de segurança alimentar. A trabalhar para uma economia de mercado.
Quando não me agradar, sou livre de me ir embora.
Defendo, aliás, que o estatuto do FP deve, gradualmente, evoluir para acabar com o emprego vitalício.

Licenciei-me, antes de entrar, há já mais de 10 anos para a FP. Paguei, posteriormente, a minha própria actualização formativa nas mais diversas áreas: Segurança alimentar, qualidade, informática, etc.
Alega a Joana que eu, ou melhor, o meu "patrão", não pagamos os tais 23,75%. Faça lá as contas e diga-me qual o vencimento que eu devo levar para casa.

De:
alguém que trabalha numa instituição pública e sabe que o seu vencimento depende da capacidade dessa mesma instituição, satisfazer o seu compromisso para com a Joana e os demais portugueses.

Publicado por: Vítor às junho 19, 2005 08:17 PM

Vítor às junho 19, 2005 08:17 PM:
Você está afulanizar as questões e está com "a visão toldada pelo preconceito de ser funcionário público".
Há funcionários públicos que cumprem, que têm rigor e brio no que fazem. Muitos perderam essas qualidades pelo péssimo funcionamento dos serviços, pela incompetência das chefias e pelo facto do mérito não ser recompensado.
Quando escrevo que haverá, grosso modo, 200 mil fp's a mais, não estou a diabolizar um sector, nem a denegrir uma classe. Estou a constatar um facto que tem que ser resolvido.
Frequentement lido com quadros superiores de institutos públicos e ouço queixas. Muitos trabalham bastante e não têm qq apoio. Os subalternos baldam-se e esperam sempre a classificação de Excelente. Segundo eles, com os PC's, Word e Excel actuais, são muitas vezes os técnicos superiores que fazem o trabalho quase todo e secretárias e outros funcionários andam na cavaqueira.

Publicado por: Joana às junho 19, 2005 09:09 PM

E "o seu vencimento «não» depende da capacidade dessa mesma instituição, satisfazer o seu compromisso para com a Joana e os demais portugueses".
Deveria depender, mas infelizmente não depende.
Depende apenas do seu brio e da sua capacidade de remar contra a maré dos hábitos instalados.

Publicado por: Joana às junho 19, 2005 09:11 PM

Joana às junho 19, 2005 09:09 PM

Não Joana, não tenho (pelo menos julgo que não tenho)desvios graves de raciocínio pelo facto de ser funcionário público. Simplesmente, não me agradam as generalizações de um lado e de outro, e todos baterem sempre no mesmo "ceguinho", sem sequer o conhecerem.
De qualquer forma, apreciei este seu post. Demonstra algum conhecimento da realidade dos serviços públicos.

Publicado por: Vítor às junho 19, 2005 10:09 PM

Joana às junho 19, 2005 09:09 PM

"alguém que trabalha numa instituição pública e sabe que o seu vencimento depende da capacidade dessa mesma instituição, satisfazer o seu compromisso para com a Joana e os demais portugueses."

Nesta frase, faço futurologia. Porque acredito que, a não ser assim, a situação tornar-se-á insustentável. Algum dia as coisas irão mudar. Tudo dependerá da exigência dos utentes dos serviços públicos e da determinação de quem "anda a remar contra a maré" (não são tão poucos como se julga).
A alternativa é essa - a exigência de qualidade; não é a metralha indiscriminada sobre os serviços do Estado.

Publicado por: Vítor às junho 19, 2005 10:17 PM

Quem fala na metralha indiscriminada sobre os serviços do Estado são os sindicatos, para meterem todos no mesmo saco, com o objectivo de fazer chicana política.
Não digo que é com o objectivo de manter os privilégios, porque os privilégios são parcos e quando não houver dinheiro, o Estado entra em colapso e não há nada para ninguém.
Aliás, você vê, entre os privados, que os acordos trabalhadores-empresas se fazem contra os sindicatos.
Os sindicatos aparecem quando as empresas fecham e os trabalhadores ficam à porta, para serem vistos na TV. Não resolvem rigorosamente nada.

Publicado por: Joana às junho 19, 2005 10:26 PM

Esta de Espanha ter 2,350 mil fun. públicos é um verdadeiro achado. sim, senhor!

Publicado por: Raul Santos às junho 20, 2005 02:32 AM

A Joana não está só. Imagine que o Louçã defendeu hoje na AR esta política espanhola.

Publicado por: soromenho às junho 24, 2005 10:29 PM

É claro que só falou na questão das reformas antecipadas. Não falou que o nº deles era muito inferior ao nosso.

Publicado por: soromenho às junho 24, 2005 10:30 PM

Não estou aguentado essa situação ! Este semana vou ganhar ! Euro Milhões !

Publicado por: ANSELMO às julho 12, 2005 04:40 PM

Come on bitch GAG ! Keep making those beautiful sounds

Publicado por: Peter North às julho 12, 2005 04:44 PM

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