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maio 09, 2005
Concorrência Imperfeita
Tem sido para mim um caso intrigante verificar o furor com que os Blasfemos terçam em matérias futebolísticas: penalties a mais ou a menos, foras de jogo ou dentros de jogo, cartões amarelos e vermelhos que se mostram ou se escondem, jogadores que se agridem ou se afagam, etc., são dramas tumultuosos, que se agitam de forma estranha e que incendeiam teclas e mentes. Mas tudo se me tornou claro quando li que as acções da SAD do Porto tiveram uma perda de 47% face ao preço a que foram inicialmente vendidas.
Tamanha queda bolsista transtorna certamente qualquer agente económico, por muito experiência que tenha das vicissitudes do mercado. Vendo de uma perspectiva mais abrangente, o que lemos nesse blogue de referência não são, afinal, questiúnculas menores desse epifenómeno que é o futebol - o que estará a acontecer, e despertou a justa repulsa blasfema, são violações estruturais do modelo de concorrência pura e perfeita num importante sector do nosso tecido económico e do efeito devastador que a concorrência imperfeita teve no comportamento do mercado bolsista. É essa a matéria em apreço.
Nesse entendimento, questionar Ligas, Apitos Dourados ou Prateados, Federações é despiciendo. Não são essas as sedes destas matérias. Isso apenas causa que comentaristas pouco avisados, e outros bloggers, se insurjam por motivos fúteis e gastem as energias discutindo posições relativas de jogadores, bolas, cotovelos, mãos, bandeirinhas, apitos, etc., julgando estar a discutir futebol, em vez de micro e macroeconomia, exaltando-se com a caprichosa bola de couro, quando a matéria é a teoria neoclássica. É à Autoridade da Concorrência ou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários que se devem dirigir.
Em vez de linkarem jornais ou blogues desportivos, deverão linkar esses posts denunciantes à AC e à CMVM
Publicado por Joana às maio 9, 2005 11:19 PM
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Comentários
Não, Joana, não tem razão. Não devo estar errado se disser que nenhum blasfemo é accionista da SAD. O que denota uma enorme racionalidade bolsista (do nosso bolso, entenda-se), pois a lógica do mercado está muito longe de se aplicar aos títulos das SADs. A acção do FCP não desceu este ano o que devia, nem na época transacta subiu o que seria de esperar face ao "totoloto" que representou a Liga dos Campeões.
Nas nossas discussões sobre "bola", é tudo emoção e paixão pura e dura, sem quaisquer laivos de racionalização. Não se explica, reage-se da forma mais efervescente, com o coração a comandar a pena - melhor dizendo, a esmagar as teclas - coisa que nem a mais apurada sensibilidade feminina conseguirá compreender...
Publicado por: LR às maio 10, 2005 02:18 AM
Não são "os blasfemos", são apenas 2 ou 3 de entre eles, essencialmente o CAA.
Um problema estrutural da Bolsa, e da economia liberal em geral, é que está muito dependente dos "árbitros" e das suas apitadelas. Portagens ou não nas SCUTs --> subidas ou descidas do valor das ações da BRISA. Declarações do ministro saudita do petróleo --> alterações significativas no mercado acionista. Penalti por assinalar --> queda nas ações do clube. E assim por diante.
É uma economia de casino, mas na qual o croupier não é neutro.
Publicado por: Luís Lavoura às maio 10, 2005 09:48 AM
ainda se vive demasiado o futebol, como se fosse algo que dependessemos muito. bem, alguns dependem é certo... o que me irrita profundamente é porque raio não se mexem os portugueses por outras causas também??
http://diariode1filhodaputa.blogs.sapo.pt/
Publicado por: diario.fdp às maio 10, 2005 11:06 AM
Ontem ouvi um benfiquista dizer que o Benfica não merecia ganhar o campeonato. Hoje surpreendi uma conversa entre uma portista e um sportinguista em que cada um dizia a mesma coisa em relação ao respectivo clube.
Alheio às coisas do futebol, fiquei perplexo: se nenhum dos três clubes com possibilidade de ganhar o campeonato o merece, quem é que merece ganhá-lo?
Até que vim ao "Semiramis" e me imbuí da lógica circular do neoliberalismo: quem vier a ganhar terá ganho porque mereceu; e tê-lo-á merecido porque ganhou. O mérito está em ganhar, e não há outro.
Eis como a ciência económica me dissipou uma perplexidade futebolística.
Publicado por: Zé Luiz às maio 10, 2005 12:11 PM
E por acaso surpreendeu alguma conversa de bracarenses?
Publicado por: Coruja às maio 10, 2005 12:16 PM
Caro Coruja:
Não. Porquê? O Braga tem possibilidades de ser campeão? Como lhe disse, não ando a par dessas coisas.
Mas se o Braga for campeão, isso, segundo a lógica neoliberal, só poderá significar uma coisa (embora retrospectivamente): que mereceu sê-lo.
Agora se o mereceu pela habilidade no jogo ou pela habilidade no meta-jogo, isso é um assunto que me transcende tanto no Futebol como na Economia.
Publicado por: Zé Luiz às maio 10, 2005 01:42 PM
Lógica circular do neoliberalismo?
Como é possível que uma ideologia que não existe ter qualquer tipo de lógica?
Quem quiser discutir estas coisas com um mínimo de seriedade tem de deixar de usar estes termos, que mais não passam de palavras inventadas para motivos de chacota. Como se diz agora, garotices.
Publicado por: Mário às maio 10, 2005 01:48 PM
Pelo menos até as 19,45 horas do próximo sábado, vou ter o gozo de ver o meu SPORTING na frente. Depois, logo se vê...
Publicado por: Luís Filipe às maio 10, 2005 02:29 PM
Está a ver Joana, não se pode falar de futebol. A racionalidade esvai-se
Publicado por: Mário às maio 10, 2005 02:59 PM
O futebol com racionalidade
... não é nada
Publicado por: David às maio 10, 2005 06:52 PM
Com o devido respeito, prefiro Nossa Senhora de Fátima. Não chateia todos os dias. Dá lucro. E não tem árbitros.
Publicado por: asdrubal às maio 10, 2005 11:02 PM
Zé Luiz: lógica circular do neoliberalismo??
Você não andará a ler o EPC em doses excessivas?
Publicado por: Joana às maio 10, 2005 11:35 PM
O futebol para o verdadeiro adepto está pleno de racionalidade e emoção. Claro que destes há poucos...
Publicado por: Mário às maio 11, 2005 10:04 AM
Claro que que a sua lógica é circular: por mais larga que seja a volta, para um neoliberal a justificação da riqueza acaba sempre por ser a própria riqueza.
Publicado por: Zé Luiz às maio 11, 2005 04:47 PM
gostaria que me dessem notas sobre as diferenças entre as duas concorrencias (perfeita e imperfeita) no mercado oligopolista
Publicado por: thommy brave às julho 22, 2005 09:44 AM
No mercado oligopolista não há concorrência perfeita porque esta pressupõe a "atomização" dos vendedores (istoe, haver muitos). No oligopólio há, por definição poucos vendedores, que se conhecem, o que faz que a sua concorrência se faça segundo outros modelos que conduzem, em equilíbrio, a preços superiores e quantidades inferiores.
E facilita o estabelecimento de carteis.
Publicado por: Joana às julho 22, 2005 09:51 AM
gostaria que me dessem notas sobre mercado de concorrencia imperfeita
MONOPOLIO
OLIGOPOLIO
Publicado por: alexandrina almada às dezembro 6, 2005 09:56 AM
gostaria que me dessem sobre: mercado de concorrencia perfeita e mercadorias competitivas
Publicado por: alexandrina almada às dezembro 6, 2005 10:38 AM
gostaria que me dessem sobre: mercado de concorrencia perfeita e mercadorias competitivas
Publicado por: alexandrina almada às dezembro 6, 2005 10:42 AM