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abril 12, 2005

A Internacional vítima de takeover Neoliberal

Parafraseando a cassete de Carvalho da Silva, a ofensiva neoliberal arremete selvaticamente em todas as frentes. Soube-se recentemente que a Internacional estava privatizada e que mesmo assobiá-la, inocentemente, em público, obrigava ao pagamento de direitos de autor. A cidadela mais emblemática do socialismo de Estado havia caído nas mãos da iniciativa privada. Havia passado a Internacional SA.

A notícia caiu como um raio. Em Portugal, como é evidente, apenas a Blogosfera (primeiro a Grande Loja e depois o Blasfémias, que eu saiba) deu notícia. Este infeliz evento era demasiado doloroso para os “politicamente correcto” da nossa Comunicação Social o partilharem com o seu público. Mas lá fora, ele foi glosado pelo El Mundo e pelo Monde. Este último conta a “descoberta” da privatização da Internacional em pormenor:

No filme Insurrection résurrection, um actor assobia durante 7 segundos a Internacional. O produtor do filme recebeu uma carta da entidade que zela pela propriedade privada dos direitos de autor em França (SDRM), avisando-o que, no decurso de uma fiscalização, havia sido detectada aquela apropriação indevida de um bem pertencente à Le Chant du monde. O custo de utilização daquele bem foi fixado em 1.000€ pela SDRM.

E o que é mais mortífero para a visão do Estado Social de que a Internacional tem sido um dos suportes sonoros mais comoventes e exaltantes, é que o filme em causa apenas teve 203 espectadores no total, isto é, 202 mais o vigilante da SDRM. Poucos mais que os filme portugueses que vivem às nossas expensas. A expensas do nosso Estado Social!

Louve-se todavia a prudência do cineasta. O actor apenas assobiou durante 7 segundos. Se ele, levado por um inebriante ímpeto revolucionário (ou insurreccional), tivesse assobiado durante 3 minutos, o produtor teria que pagar 25.714€! E imagine-se que em vez de um único personagem, fosse toda a assistência de um comício a entoar a Internacional num imponente concerto de assobios? Eram milhões de euros que estariam em jogo!

A esta hora, se leram o Monde, Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã devem estar de calculadoras em punho a fazer contas: Portanto x comícios com uma média de y participantes, entoando durante cerca de 3 minutos ... dá ... diacho! A quanto monta o financiamento da campanha? Bem ... temos que rever as contas ... há muitos camaradas mudos e outros só abrem a boca para a gente julgar que estão a participar. Temos que fazer um inventário rigoroso e falar com o nosso departamento jurídico. Para a próxima vamos treinar o pessoal a cantar a Maria da Fonte que, segundo parece, ainda não foi privatizada.

Publicado por Joana às abril 12, 2005 07:48 PM

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Comentários

É incrível. Mas como poderá tal ser verdade? Haverá mesmo um registo da Internacional? E a haver, não deve faltar muito tempo para que passe para o domínio público. Passo a comparação, mas alguém se lembra daquela vez em que a Intel tentou registar o núnero "486" dos seus processador Intel 486 como seu e o tribunal negou alegando que ninguém podia ser dono de um número? De tantas vezes que alguém entou a Internacional, a mesma também devia ter caído no domínio público uma vez que é património da Humanidade, quer se goste quer não. É um dos absurdos extremos a que pode ser levado o direito de Autor...

Publicado por: Rui Martins às abril 12, 2005 08:36 PM

Olhe que a Peugeot registou todos os números de três algarismos com um zero no meio.

Publicado por: carlos alberto às abril 12, 2005 08:57 PM

Subscrevo inteiramente o comentário desta Joana no Expresso on-line:

joanadelemos 18:02 12 Abril 2005

"Cavaco Silva foi o maior aliado da banca e do grande capital. Assim como, anos mais tarde, manuela Ferreira Leite.Em 85 ainda se vivia num país "nacionalizado".Cavaco sabia que tinha de privatizar, e alguém tinha de adquirir as Empresas nacionalizadas, se possível os grupos económicos "amigos".Utilizando os Beneficios Fiscais engordou a banca com dinheiro barato e á custa do Orçamento de Estado. Ou alguém pensa que quem fazia PPR'S e afins eram os trabalhadores com salários precários.Não, não eram. Eram os médicos, os advogados, os profissionais liberais, e alguns empresários, que atrvés da aplicação de dinheiro, muitas não declarado ao Fisco, ainda conseguiam reembolsar o pouco que haviam retido na fonte.Os benefícios fiscais e as privatizações foram e são uma das maiores farsas da III República.Se há traço comum entre Cavaco Silva e manuela Ferreira Leite é serem fortes com os fracos e fracos com os fortes.A mim simplesmente me causam repulsa."

Publicado por: pyrenaica às abril 12, 2005 09:42 PM

Rui Martins às abril 12, 2005 08:36 PM:
Veja o link do Monde. Só em 2014 entra no domínio público.

Publicado por: Joana às abril 12, 2005 09:54 PM

pyrenaica às abril 12, 2005 09:42 PM:
Essa sujeita não sabe o que diz. Se o regime então existente tivesse continuado, não tinhamos entrado na UE e hoje estavamos numa situação económica semelhante ao Equador ou às Honduras.
Ou pior.

Publicado por: Joana às abril 12, 2005 09:57 PM

Hum. Então só temos que esperar mais 10 anos... Se a peugeot conseguiu registar números isso só abona a favor da Justiça americana (caso Intel) e contra a francesa. Cada matemático vai ter que pagar uma "fee" por cada vez que numa operação aritmética lhe sair um "307"?

Publicado por: Rui Martins às abril 12, 2005 10:20 PM

E se assobiar a Internacional com o punho erguido, não dá desconto?

Publicado por: Coruja às abril 12, 2005 10:34 PM

Esta estória é a coisa mais ridícula que alguma vez li. O Alain Krivine - que ainda mexe, imagine-se - pelo menos teve piada.
Mas ainda estou por saber porque é que o Hino da Carta desapareceu do "site" que eu guardava nos meus "favoritos". E o da Maria da Fonte, áspas. Acho que o Afonso Costa também anda por aí ...

Publicado por: asdrubal às abril 12, 2005 11:30 PM

asdrubal em abril 12, 2005 11:30 PM:
Por sinal gostava de ouvir, ou sacar o mp3 do Hino da Carta. Onde é que isso se pode encontrar?

Publicado por: David às abril 12, 2005 11:45 PM

Então não querem saber que o vigilante da SDRM esteve nos comicios do PPD e vai fazer o mesmo com o hino que o brasileiro criou para o menino herói !?
A receita não vais ser grande coisa , mas enfim !

Publicado por: zippiz às abril 13, 2005 12:58 AM

Não sabia que o hino do menino herói tinha tanta reputação como a Internacional!

Publicado por: Coruja às abril 13, 2005 01:33 AM

Vai ver que so paga Direitos de Autor se essa tal de Internacional for cantada em Frances !Alegrem-se os internacionalistas Portugueses, Espanhois, Italianos e quejandos, pois possivelmente a SDRM nao tem jurisdicao fora da inovadora Franca...

Publicado por: Alkayross às abril 13, 2005 02:11 AM

David às abril 12, 2005 11:45 PM

Tenho em memória do meu computador o Hino da Carta. Se quiser entrar em contacto comigo para

albatroz_1942a@yahoo.com.br

tentarei enviar-lhe o ficheiro respectivo.

Publicado por: Albatroz às abril 13, 2005 09:28 AM

É um post muito triste, que exibe a raiva (porventura hereditária) da Joana contra os movimentos revolucionários, sem no entanto conter qualquer lampejo de análise crítica - contra, aliás, o que é costume da autora.

A pergunta que cabe fazer é se faz algum sentido ter uma canção como A Internacional com direitos de autor. Se o seu autor, ou os seus descendentes, beneficiam algo com tal manutenção. Se essa proteção legal não consiste antes numa apropriação indevida, gerada por artifícios legais, de um bem que desde há longo tempo é público. Em suma, se estes direitos de autor não são, de facto, um roubo.

Já há companhias multinacionais que tentaram patentear o arroz basmati. De tal maneira que um agricultor do Pandjab, a terra de onde essa variedade de arroz é natural, não pudesse vender o seu arroz com a menção "basmati" sem pagar patentes a quem não inventou esse arroz.

De vez em quando, a Joana perde a sua capacidade analítica para se remeter aos seus ódios irracionais.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 13, 2005 09:41 AM

Joana às abril 12, 2005 09:57 PM

Mais um comntário em que a Joana não usa capacidade analítica, e se remete ao insulto. No comentário de pyrenaica afirma-se que os benefícios fiscais aos PPRs foram uma forma de, indiretamente, alimentar a banca com subsídios do Estado (através das deduções fiscais). Não sei se é verdade ou não, e se o subsídio assim concedido foi grande ou insignificante, mas faz sentido. Em resposta, a Joana não argumenta: apenas diz que quem diz isso "não sabe o que diz".

De uma liberal, que não gosta de subsídios do Estado, esperar-se-ia melhor.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 13, 2005 09:44 AM

De notar que o João Miranda do Blasfémias já argumentou, corretamente, contra os benefícios fiscais concedidos a diversos produtos bancários. Esses produtos bancários fornecem, geralmente, rentabilidades para o cliente inferiores às de outros produtos análogos mas que não gozam de benefício fiscal. Efetivamente, os produtos com benefício são vendidos ao cliente com base no benefício, e não com base na sua rentabilidade, a qual é baixa. Naturalmente, a rentabilidade não paga ao cliente é embolsada pelo banco. Temos assim, de uma forma muito indireta, um subsídio do Estado aos bancos: o Estado deixa de arrecadar dinheiro em impostos, e os bancos arrecadam as rentabilidades extra de certos produtos.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 13, 2005 09:52 AM

Luís Lavoura às abril 13, 2005 09:44 AM:
Eu referi o "regime existente" então e não questões de pormenor como os benefícios fiscais, cuja questão aliás analisei aqui aquando da discussão do OE 2005.
Referia-me ao facto daquele comentário pretender que o país mantivesse a lei de delimitação de sectores, com uma economia parcialmente nacionalizada, e a impossibilidade do sector privado entrar nos seguros, banca, cimentos, etc..
Era isto que teria sido mortífero para a economia portuguesa.
Foi por isso que escrevi que aquela autora "não sabe o que diz" e espanta-me que década e meia volvidas ainda haja pessoas que pensem que aquela situação poderia continuar sem custos terríveis.

Publicado por: Joana às abril 13, 2005 10:30 AM

Joana, não conheço Joana Lemos nem sei se ela sabe ou não o que diz. Só li a citação sobre os benefícios fiscais, e achei que fazia sentido. Só a essa citação me referia, não a quaisquer outras coisas que Joana Lemos tenha dito ou escrito.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 13, 2005 10:38 AM

E não, não sou (nem nunca fui) defensor de nacionalizações. Como liberal, não gosto de monopólios nem de grandes grupos, sejam eles pertencentes ao Estado, seja a particulares.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 13, 2005 10:41 AM

Luís Lavoura às abril 13, 2005 10:38 AM:
Mas se ler o comentário citado pelo pyrenaica, verificará que a sujeita dispara ao acaso, metendo no mesmo saco os PPR's e as privatizações.
Os bancos e as seguradoras não vivem dos PPR's. Se fosse assim, iriam falir este ano. Os PPR's eram uma forma de incentivar as famílias a aplicar dinheiro nas poupanças e não no consumo. É uma ideia defensável, mas que também terá os seus inconvenientes, e um deles é não incentivar as seguradoras e bancos a remunerarem devidamente esses produtos.
E são os mais ricos que o fazem, pois claro. Mas também são os mais ricos que poupam e investem. É por isso que a teoria de "roubar aos ricos para dar aos pobres" pode conduzir à quebra do investimento, à fuga de capitais, etc.. É por isso que a fiscalidade é um instrumento económico que terá que ser usado com cautela.

Publicado por: Joana às abril 13, 2005 01:19 PM

Não sei como é que alguém pode ver "raiva" num post como este. Isto sim, é muito triste...

Publicado por: Mário às abril 13, 2005 02:02 PM

Pois é, Mário. Há pessoas que se zangam com ninharias.

Publicado por: Diana às abril 13, 2005 02:27 PM

Joana continuo a subscrever a opinião da sua homónima. Obviamente que nem tudo foi mau, mas fizeram-se muitos ricos a fugir aos impostos. Só que não fugiu são os trabalhadores por conta de outrém.

Está na hora de os ricos passaraem a pagar os impostos que devem. Claro que coisa tem que ser ponderada. Isto não é "roubar aos ricos" mas fazer com que se cumpra a justiça e a ética.

Publicado por: pyrenaica às abril 13, 2005 03:07 PM

E quanto à Internacional é assim: toda a gente pode cantarolá-la quando quiser, ou cantar um fado da Amália, que ninguém vai ser cobrado por isso.

Publicado por: pyrenaica às abril 13, 2005 03:10 PM

O problema não é um tipo andar na rua a cantarolar A Internacional - julgo que os direitos de autor ainda não chegaram a esse ponto (mas lá chegarão!). O problema também não é cantá-la em comícios - ela é cantada espontâneamente por algumas pessoas, por outras não. O problema é cantá-la em qualquer tipo de espetáculo público. Se num acampamento de jovens um deles saca de uma guitarra e começa a tocar uma canção de Dylan, pumba: tem que pagar direitos de autor, porque está a dar um espetáculo aos outros à custa de uma obra sob licença.

Esta coisa das patentes e dos direitos de autor, que está a ganhar notoriedade e importância crucial para os países ricos à medida que estes perdem os centros de fabrico, está numa verdadeira loucura, e se a malta não põe um travão nesta maluqueira, um dia destes não há nada que não pague direitos a uma grande companhia qualquer.

Vai-se toda a nossa liberdade.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 13, 2005 03:43 PM

(peço licença ao autor, mas tenho esperanças que haja aqui quem tenha percebido e aprendido. Esperemos que sim .. )


Há mais casas pias ..
que quer dizer, há mais crianças violadas, espancadas, maltratadas todos os dias

Continuam a ser dezenas de crianças por dia ( a casa pia, era uma ponta )

Quem ajuda estas crianças ? Que continuam a não ter protecção das Instituições, pelo contrário

Será que escrever em blogs BASTA ?
http://blogdeapoio.blogs.sapo.pt/

Sabe quantas crianças, não tem direitos em Portugal ?

Quantas são violadas, maltratadas, espancadas ? São dezenas por dia . Exacto, leu bem

Denuncia e luta pública :

http://filhoespancado.blogs.sapo.pt/

para homens e mulheres que querem fazer a diferença
CHEGA

_
Pai

Publicado por: blogue do pais às abril 13, 2005 03:51 PM

Tem toda a razão Luís Lavoura se a coisa não é travada é mais outra luta. Mas não se esqueça que o Sol, a chuva e o ar são de graça. O capitalismo - essa paranóia de acumular coisas à cabeça - será questionado até à medula.

Publicado por: pyrenaica às abril 13, 2005 03:57 PM

pyrenaica às abril 13, 2005 03:57 PM

Oremos, então!...

Publicado por: Senaqueribe às abril 13, 2005 04:37 PM

No passa nada !
Despediram o Santana e o seu governo e ficámos sem assunto ! Até Joana passou a mostrar o seu lado mais democrático ( "Essa sujeita não sabe o que diz" ...) !

Publicado por: zippiz às abril 13, 2005 10:24 PM

o sr. lavoura diz-se liberal mas o que me parece que gosta é de atentar contra os direitos de propriedade, neste caso intelectual. As patentes são o mecanismo que assegura a inovação, através do incentivo que é dado a quem investiga e desenvolva, possa conseguir o retorno desse investimento ...
Quanto às alarvidades aqui expendidas sobre os direitos de autor e sobre o registo, parece-me que as pessoas ignoram muito as diferentes situações e falam do que não sabem ...
Se alguém utiliza uma imagem, canção, slogan ou qualquer outra coisa que esteja patenteada numa qualquer obra que depois é comercializada, obviamente que tem que pagar os direitos de autor, pois utiliza algo dos outros para fazer dinheiro, por muito pouco que seja ...
Aliás, a própria utilização em material que não seja para comercializar, mas seja algo tipo websites, relatórios, apresentações, catálogos, folders, etc. de imagens patenteadas implica também o pagamento de direitos de autor, embora esta seja muito mais difícil de controlar ...
Não é o número 407 que está patenteado, nem o 486, mas antes a utilização de 407 enquanto marca de veículos ... Quanto ao 486, tal não poderia ser patenteado, pois tratava-se de uma característica técnica que independentemente da tecnologia todos os fabricantes podem desenvolver ...

Publicado por: bcool às abril 13, 2005 10:47 PM

Razão repartida ao bcool e ao Luis Lavoura.
Em última análise, o patenteamento pode ir ao ridículo de criar um enorme problema aos programadores informáticos (que ficam quase sem poder criar meros botões sem verificar resmas de patentes), de acordo com as recentes medidas aprovadas pela Comissão Europeia (contra o Parlamento Europeu, diga-se).
Mas a verdade é que também só achamos o assunto pouco relevante, quando é a propriedade intelectual dos outros que está em causa.
Penso que o liberalismo bem fundamentado defende, por princípio, a inviolabilidade da referida propriedade, avaliando as excepções com imenso cuidado. E nunca ao contrário caro Luis Lavoura.

Publicado por: Cirilo Marinho às abril 13, 2005 11:21 PM

Nota: o meu intuito não foi discutir o copyright (ou o copyleft!), mas brincar com o paradoxo de ser o hino dos arautos da apropriação colectiva dos bens privados a ficar registado como propriedade privada e ter direito ao recebimento ao recebimento de uma "renda" por isso!
Julgo que era Terêncio que numa peça, já lá vão mais de 2000 anos escrevia: faz o que eu digo, não faças o que eu faço!

Publicado por: Joana às abril 13, 2005 11:44 PM

zippiz: quem não é do BE é por definição trauliteiro e anti-democrático e quem é do BE, mesmo que apareça com mocas a protagonizar cartazes, é um democrata!
São axiomas políticos!

Publicado por: Joana às abril 13, 2005 11:46 PM

joana...
se Vc o diz é porque é verdade; quem sou eu para pôr em causa a sua luta contra os "arautos da apropriação colectiva dos bens privados"

Publicado por: zippiz às abril 13, 2005 11:53 PM

Eu não sou «arauto da apropriação colectiva dos bens privados»; mas devo confessar que a prefiro, não havendo terceira escolha, à apropriação privada dos bens colectivos.

Publicado por: Zé Luiz às abril 14, 2005 12:08 AM

Em todo o caso esta apropriação privada de um bem colectivo até pode ter alguma vantagem: será que agora vou poder - pagando, claro - pôr o meu telemóvel a tocar a «Internacional»?

Publicado por: Zé Luiz às abril 14, 2005 12:11 AM

Zé Luiz: Não há bens colectivos, tirando o ar, a água dos rios e das nascentes, o oceano, etc. Todos os outros foram pagos por nós.
Você, por exemplo, é pago por mim, numa pequena percentagem, admito, mas não tão pequena quanto isso.
A incúria e o laxismo estatal, os erros de gestão da coisa pública somos nós que os pagamos.

Publicado por: Joana às abril 14, 2005 12:15 AM

Zé Luiz: Só se você se evadir ao pagamento da royalty

Publicado por: David às abril 14, 2005 12:17 AM

Joana: você diz-me que não há bens colectivos e depois enumera uma lista deles, terminada ainda por cima em »etc». Será que nesse «etc» cabe uma propriedade intelectual caída no domínio público? A 9ª Sinfonia de Beethoven, por exemplo?
Já estou a ouvi-la: a 9ª Sinfonia não é um bem colectivo, é um bem público.
E o genoma dum organismo que existe em estado selvagem? É um bem colectivo, um bem público, ou pertence a quem consiga correr mais depressa até ao departamento de registo de patentes?

Publicado por: Zé Luiz às abril 14, 2005 12:33 AM

David:
Eu não me importo de pagar a royalty. Também não me importo de não a pagar. O que eu quero é a «Internacional» no meu telemóvel. Onde a poderei arranjar?

Publicado por: ZéLuiz às abril 14, 2005 12:38 AM

Zé Luiz em abril 14, 2005 12:33 AM:
Está equivocado. Quando compra o CD da 9ª está a pagar indirectamente os interpretes, a produção, o lucro e eventuais direitos de autor, se os houver.
Você sabe que os aparelhos de TV em locais públicos são obrigados a pagar uma taxa à SPDA. Foi aprovado há cerca de uma década na AR. Mesmo que a TV esteja a transmitir Beethoven.
É um roubo, pois a maior parte (ou mesmo tudo) do que se vê não tem nada a ver com os autores que ficam com a massa.

Publicado por: Joana às abril 14, 2005 12:45 AM

Pois é. Eu vou à tasca ver o Sport TV, que já é pago, e o dono da tasca ainda tem que pagar para ter o aparelho de TV.
É indecente.

Publicado por: Arroyo às abril 14, 2005 01:32 AM

Conclusão: haja dinheiro, que logo aparecem os talentos!...

Publicado por: Senaqueribe às abril 14, 2005 09:49 AM

"É um roubo, pois a maior parte (ou mesmo tudo) do que se vê não tem nada a ver com os autores que ficam com a massa."

Exatamente, Joana.

É precisamente isso, parece-me, que se passa com os direitos de autor sobre A Internacional. Quem os cobra não tem absolutamente nada a ver com os autores da canção, nem sequer com os seus descendentes, nem sequer com a eventual companhia que se terá encarregue da sua divulgação (se é que alguma).

Já agora, bcool: eu não disse nada contra o princípio da existência de patentes. Acho muito bem que haja patentes, direitos de autor, etc. Mas o que observo é que esse princípio, correto, está agora a ser levado a extremos delirantes, que nada têm a ver com o pagamento a criadores, inventores e artistas, mas sim, pura e simplesmente, com a apropriação (roubo) privado de bens que sempre foram públicos, e cujo autor, ou não existe, ou já há muito morreu e foi enterrado.

Publicado por: Luís Lavoura às abril 14, 2005 10:15 AM

Estou antes em crer que não existe qualquer correlação directa entre a criação dos talentos artísticos e os "dinheiros" (públicos ou privados). Não é por os direitos de propriedade intelectual serem protegidos que vão desbrochar mil talentos. Caso contrário, depois da consolidação dos direitos de autor durante o séc.XIX, teríamos verificado um aumento exponencial da qualidade da produção artística (o que é muito discutível que tenha acontecido). Ao contrário de outros bens, os bens artísticos nunca sofrem um efeito de acumulação de competências ténicas: é como se cada artista fosse o primeiro e só respondesse por si...

Publicado por: grim às abril 14, 2005 10:36 AM

Joana:
Você é que está equivocada. Quando compro o CD da 9ª estou a pagar indirectamente os interpretes, a produção, o lucro e eventuais direitos de autor, se os houver, mas só os que dizem respeito àquela interpretação. Se comprar uma edição da Deutsche Gramophon estou a pagar a esta empresa, à sinfónica de Berlim e aos herdeiros de Karajan, mas não estoua a pagar um cêntimo aos herdeiros de Beethoven. A obra em si é um bem colectivo (ou público, se é que há diferença).
Do mesmo modo, não é a mesma coisa comprar um livro de Adam Smith ou um de Milton Friedman: no segundo caso uma parte do que pago destina-se a pagar a obra em si mesma, que é um bem privado, e vai remunerar o autor. Se os dois livros, tendo o mesmo número de páginas, a mesma qualidade de papel, etc., custam o mesmo, temos que concluir que no caso de Adam Smith alguém se está a apropriar de um bem público.

Publicado por: Zé Luiz às abril 14, 2005 10:42 AM

Se eu compro um livro cujos direitos de autor caíram no domínio público, não estou à espera de pagar €0,00, estou à espera de pagar os custos de produção e o lucro do produtor. Do que eu estou à espera é que a poupança correspondente à caída dos direitos de autor no domínio público reverta, ou a meu favor - porque para estes efeitos o público sou eu - ou a favor dos autores em geral, como compensação pelo facto de os direitos de autor serem muitas vezes incobráveis directamente.
Se a diferença reverte, não a meu favor, nem a favor dos autores em geral, mas a favor da editora, estaremos perante um caso claro de apropriação privada de bens públicos.

Publicado por: ZéLuiz às abril 14, 2005 11:02 AM

Julgo que em França, a passagem ao domínio público é mais restritiva que em muitos outros países (nos USA e no UK, por exemplo).
Há obras francesas dos séculos XIX e anteriores que não aparecem online por causa dos direitos de copyright.

Publicado por: Hector às abril 14, 2005 12:10 PM

Em França e em Portugal. Onde é que há obras dos nossos escritores em online?

Publicado por: Diana às abril 14, 2005 02:44 PM

Na verdade esta história tem o sabor à justiça imanente

Publicado por: Ricardo às abril 14, 2005 04:56 PM

Qualquer coisa, como isto:


http://www.marxists.org/history/ussr/sounds/mp3/international.mp3

Publicado por: rui às abril 15, 2005 12:44 PM

pyrenaica às abril 12, 2005 09:42 PM~

A resposta de Joana é ilucidativa, aquilo que pyrenaica crítica, não obtém resposta nenhuma, ou seja o Compadrio, Os amigalhaços, A Corrupção, o empobrecer o Estado Português, nada... nadinha... o que conta é que foi tudo parar aos seus kridos que sabem fazer Lucros.

Joana às abril 12, 2005 09:57 PM

Ah... e aquela... que eles convenceram o Zé povinho para não fazer ondas... que era Patriótico entregar ao Champas ( mesmo permitindo a maior Vigarice Financeira Mundial de Bolsa ) ???

Pois Champas compra aos Espanhois e Cavaco perdoa-lhe a OPA sobre a totalidade, ou seja os acionistas pequeninos foram Roubados !

Depois o Grande Patriota, mau como as cobras, Vendeu tudo aos Espanhois do Santander, só para a família poder dividir melhor e Herança.

Já agora, estes crimes que aqui aponto, já Prescreveram ?

Publicado por: Templário às abril 25, 2005 07:46 PM


E os 9 milhões de contos que Catroga pagou e Cavaco assinou de cruz, para pagarem uma dívida de Champas a um banco Belga, que tinha pedido emprestado em 1973 5 milhões e depois com juros e alcavalas o nosso krido Catroga pagou 9 milhões de contos ?

Ou seja 45 milhões de euros... assim de borla...

Estes Capitalistas Ganham Fortunas com Suor e Lágrimas, não há dúvidas nenhumas ! como diz a teoria Joânica, se formos bons gestores, ganharemos !

Publicado por: Templário às abril 25, 2005 07:52 PM

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