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março 10, 2005

Aron e Sartre

Faz em 2005 cem anos que nasceram Raymond Aron e Jean-Paul Sartre. Têm muito em comum. Nasceram ambos em 1905; foram condiscípulos na Escola Normal Superior da Rua de Ulm; estiveram, até às suas mortes (Sartre em 1980 e Aron em 1983), empenhados em todas as grandes lutas e eventos do século. Apenas houve duas pequenas diferenças entre ambos: 1) Em cada evento, Sartre esteve, quase sempre, do lado certo, de acordo com o pensamento politicamente correcto da época; Aron esteve, quase sempre, do lado errado, de acordo com esse mesmo pensamento politicamente correcto; 2) Em cada evento, Sartre esteve, quase sempre, do lado errado, de acordo com o posterior julgamento da história; Aron esteve, sempre, do lado certo, de acordo com esse mesmo julgamento.

Sartre foi sempre o ídolo do pensamento politicamente correcto, mesmo quando se verificava, poucos anos depois, que tinha apoiado um erro – o pensamento politicamente correcto não tem memória. Aron foi sempre diabolizado pelo pensamento politicamente correcto – as injustiças da História (ou seja, os factos que tramaram o pensamento politicamente correcto) são imperdoáveis para aqueles que tomam as suas ideias como valores absolutos.

Aron pressentiu o que adviria com a ascensão do nazismo. Para ele, o dizer não a Hitler deveria ter ocorrido em Março de 1936 (ocupação militar da Renânia) e não após Munique. O espírito de Munique nascera em 1936. Pelo contrário, Sartre sempre pensou que Hitler seria um epifenómeno transitório e mesmo aquando dos acordos de Munique, não se apercebeu logo da dimensão exacta do que estava em jogo. Após a derrota, Aron foi para Londres, enquanto Sartre, saído do cativeiro, dedicou-se à escrita em Paris. Foi, segundo ele, «un écrivain qui résiste, et non un résistant qui écrit», porque resistir não pode ser uma finalidade em si. Tentaram, mais tarde, fazer dele um resistente, mas como afirmou J-C Casanova num debate recente «Si la résistance consiste à discuter dans un café, alors il y a eu beaucoup de résistants en France!».

Depois de acabada a guerra, Sartre (e os Temps Modernes, a cujo Comité Directivo, Aron também pertenceu de início) envereda pela 3ª via, nem capitalismo, nem comunismo. Mas o futuro Sartre já está prefigurado na apresentação dos Temps Modernes (lançado em Outubro de 1945): quer se queira quer não, todo o texto «possui um sentido»: «para nós o escritor não é Vestal nem Ariel – ele está “no momento”, e não importa o que faça, está marcado e comprometido mesmo no seu retiro mais remoto» ... «Cada palavra tem repercussões. Cada silêncio também» «as palavras são pistolas carregadas». Já tive ocasião de me debruçar, aqui, sobre a perversão da filosofia do “intelectual comprometido”.

E pouco a pouco, Sartre deixa-se impregnar pelo fascínio do PCF, que se apresentava como o futuro da humanidade perante os crentes, como o agente decisivo da História. Vai ser o percurso de Sartre, o da tentativa (sempre frustrada, mas sempre permanente) de reconciliar o aventureiro de origem burguesa, motivado pelo seu ego a agir, e o militante revolucionário cujo ego é motivado pela acção. O PC continua, apesar de tudo, a ser a única chave no que respeita à sua vontade de romper com a burguesia e com a «civilização da solidão» que ela traz em si e na qual foi educado. A invasão da Coreia do Sul pela tropas norte-coreanas e a intervenção americana sob o patrocínio da ONU extremou os campos. A partir daí, Sartre tornou-se um compagnon de route do movimento comunista – «Um anticomunista é um cão, persisto e persistirei em dizê-lo».

Aron ficou decididamente, no outro lado da barreira. Para ele, a influência de Estaline não parava no Elba. A força do imperialismo soviético dependia menos do seu potencial militar do que da sua irradiação ou da penetração da sua propaganda. A existência, na própria Europa Ocidental, de grandes partidos comunistas, como em França e na Itália, é descrita por Aron, em 1948, como sendo a de «quintas colunas». Sem dúvida, os milhões de eleitores que confiam nos partidos comunistas ocidentais nutrem-se de esperanças honrosas, mas isso não deve ocultar a realidade, a saber, que os dirigentes e os aparelhos desses partidos fazem a política da URSS no quadro nacional onde exercem as suas actividades.

Aos olhos de Aron, para frustrar os seus objectivos três condições se impunham: primeiramente, o restabelecimento dos grandes equilíbrios económicos, financeiros e monetários; logo - em segundo lugar - a restauração de um poder de Estado; e, em terceiro lugar, a luta decidida contra a ideologia comunista no próprio terreno das ideias e da propaganda.

E disso se encarregou Aron «Os revolucionários têm como que um ódio ao mundo e um desejo da catástrofe. Todos os regimes conhecidos são condenáveis face a um ideal abstracto de igualdade e liberdade. Apenas a Revolução, porque é uma aventura, ou um regime revolucionário, porque este consente no uso permanente da violência, parecem capazes de conjugar este objectivo sublime. O mito da Revolução serve de refúgio ao pensamento utópico, torna-se o intercessor misterioso, imprevisível, entre o real e o ideal. .... A própria violência atrai, fascina, mais que repele. O mito da Revolução converge com o culto fascista da violência

A crítica ideológica [ do intelectual de esquerda] é moralista contra uma parte do mundo e em extremo indulgente perante o movimento revolucionário. A repressão nunca é excessiva, antes pelo contrário, quando atinge a contra-revolução ou é ministrada por um movimento revolucionário. A prova da culpabilidade é sempre insatisfatória, quando ministrada pela justiça dos países ocidentais sobre «revolucionários». Quantos intelectuais aderiram aos PC’s por indignação moral e acabaram subscrevendo de facto o terrorismo soviético e a razão de Estado?

Estes escritos de 1955 tornaram Aron no “lacaio da burguesia”, encarregado de lhe «fornecer a dose de justificações capazes de permitirem a esta ter boa consciência e enfraquecer os seus adversários». E isto não foi dito por nenhum radical, mas sim por Maurice Duverger, que de esquerda nunca teve nada. Tal era o ambiente intelectual que se vivia na época.

E quando lhe objectaram que o anticomunismo conduz ao fascismo, Aron respondeu com firmeza: «Não temos qualquer credo ou qualquer doutrina a opor à doutrina e ao credo comunistas, mas isso não nos humilha, porque as religiões seculares são sempre mistificações. Elas propõem às multidões uma interpretação do drama histórico e atribuem a uma causa única as infelicidades da humanidade. Ora, a verdade é outra, não há uma causa única ... Não há Revolução que, de um golpe, possa inaugurar uma fase nova da humanidade. A religião comunista não tem rival, ela é a última dessas religiões seculares, que acumularam as ruínas e espalharam torrentes de sangue».

Enquanto isso, Sartre apressava-se a estar do lado da causa do proletariado comunista. Em 1954, de regresso de uma viagem à Rússia onde fora passeado, louvado e empanturrado, dá entrevistas onde afirma: «A liberdade de crítica é total na URSS. O contacto é tão alargado, tão aberto, tão fácil quanto possível». E avança esta predição ousada: «Por volta de 1960, antes de 1965, se a França continuar a estagnar, o nível médio de vida na URSS será 30 a 40 por cento superior ao nosso. É bem evidente, para ela e para todos os homens, que a única relação razoável é uma relação de amizade». E Sartre conhece os factos, sabe do Gulag, mas tem uma atitude dúplice, pois embora condene existência dos campos soviéticos, alerta contra a exploração que disso faz, todos os dias, a imprensa burguesa. Todavia, 2 anos depois, o esmagamento da revolta húngara era um facto demasiado evidente e demasiado público – Sartre anuncia então que quebra «as relações com os escritores soviéticos meus amigos, que não denunciaram, ou não podem denunciar, o massacre da Hungria», e descobre, finalmente, que «já passou o tempo das verdades reveladas, das palavras de evangelho: um Partido Comunista não pode viver no Ocidente se não adquirir o direito de livre exame».

Aron tinha mais uma vez acertado. Sartre precisou da brutalidade dos factos para ver, não direi claro, mas alguma ténue luz.

Foi igualmente oposta a posição deles perante o fim da IV República, incapaz de encontrar uma solução para a guerra da Argélia. Sartre preconizava uma nova Frente Popular e o combate ao gaullismo que seria a continuação da política colonial sob uma espécie de monarquia constitucional, Aron apostou no general, prevendo que ele faria uma política contrária aos militares que o tinham chamado. Mais uma vez foi Aron que acertou.

Mas Sartre encontrou outros heróis. Meses antes da crise dos mísseis, escreve «Os cubanos, é preciso repeti-lo, não são comunistas e nunca pensaram em instalar bases de foguetões russos no seu território»!! Fidel é um anjo... Fidel é «o homem para tudo e é o homem de todos os pormenores»... Fidel «é, a um tempo, a ilha, os homens, o gado, as plantas e a terra; ele é a ilha inteira»... vi Fidel no meio dos «seus» cubanos - «os cubanos tinham adormecido um após outro, mas Castro unia-os numa mesma noite branca: a noite nacional, a sua noite...»

Com a crise de Maio de 1968, Sartre abre uma nova página da sua intervenção política. Novos heróis se prefiguram diante dele: os estudantes revoltados e os grupúsculos trotskistas, maoistas e anarquistas que tentavam acaudilhar a revolta. Declara então que o PC e a CGT já não estão na corrida revolucionára: «O que está prestes a formar-se é um novo conceito de sociedade baseado na democracia plena, numa conjunção de socialismo e de liberdade»

Aron, do outro lado da barricada, declara com enorme coragem política, face ao vendaval existente, que os «estudantes franceses formulam várias reivindicações legítimas a partir de motivos de queixa autênticos. Mas uma pequena minoria entre eles, aproveitando a capitulação de muitos professores, graças à inocência política da massa estudantil e dos professores tradicionais, está prestes a conseguir levar a cabo uma operação verdadeiramente subversiva .... Dirijo-me a todos, mas em primeiro lugar aos meus colegas, de todas as correntes de opinião, aos estudantes, tanto aos dirigentes como aos manipulados. Convido todos aqueles que me lerem, e que encontrarem nos meus pontos de vista o eco das suas próprias inquietações, a escreverem-me. Talvez tenha chegado o momento, contra a conjura da lassidão e do terrorismo, de nos reagruparmos, fora de todos os sindicatos, num vasto comité de defesa e de renovação da universidade francesa

Nada mais distante das posições de Sartre que acusa com brutalidade o antigo condiscípulo: «Aposto que Raymond Aron nunca se pôs em causa e é por isso que ele é, na minha opinião, indigno de ser professor. Não é o único, evidentemente, mas vejo-me obrigado a falar dele porque, nestes últimos dias, ele escreveu muita coisa.» Contra Aron, Sartre defendia a eleição dos professores pelos estudantes e a participação dos estudantes nos júris dos exames. «Isso implica que deixemos de pensar, como Aron, que pensarmos sozinhos atrás das nossas secretárias - e pensarmos a mesma coisa há trinta anos - representa um exercício de inteligência». Todavia, esse exercício de inteligência tinha permitido ao pensamento político de Aron ser validado pela história, enquanto o de Sartre era apenas uma verdade absoluta enquanto durava cada contexto; depois ele próprio se encarregava de mudar de rumo.

Também aqui as posições de Aron se revelaram correctas. Foi perseguido e para receber um prémio universitário teve que o fazer clandestinamente, mas as eleições marcadas na sequência da crise foram um triunfo para De Gaulle e uma derrota clamorosa para os protagonistas do Maio de 68. Sartre, perante a recusa do PCF e dos sindicatos de encabeçarem o movimento, propôs a refundação da esquerda, «à esquerda» do PCF

E assim Sartre seguiu um percurso ligado ao radicalismo de esquerda. Em 1972 afirmava em entrevista que «continuava a favor da pena de morte por motivos políticos ... num país revolucionário em que a burguesia terá sido expulsa do poder, os burgueses que fomentassem um motim ou uma conspiração mereceriam a pena de morte ... um regime revolucionário deve desembaraçar-se de um certo número de indivíduos que o ameaçam e, para este caso, não vejo outro meio a não ser a morte; é sempre possível sair de uma prisão». No La Cause du Peuple, do qual ele é, desde Maio de 1970, o director titular, pode ler-se apelos a «sangrar os patrões», «esfolá-los vivos como porcos que são», a «linchar os deputados», a «catar os «pequenos chefes», a responder aos patrões sequestrados que ainda pedem «autorização para ir urinar»: «mija nas calças! Não sabes o que são umas cuecas que colam ao traseiro por causa do suor, assim, pelo menos, ficarás a saber o que é ter o cu molhado...», dos comunicados de «operários em revolução», «Vai chegar o dia em que exterminaremos toda a corja de patifes a que pertences». E outras expressões que prefiro não transcrever aqui.

A barbárie de outros textos publicados num jornal, J’accuse, na década de 70, do qual ele se mantém como director e em relação ao qual, ao que se sabe, não deixou nunca de se mostrar solidário: «quanto a esse patrão, será preciso tirar-lhe os miúdos, se eles os tiver, até que as reivindicações sejam satisfeitas...» e a imagem - que também não o parece escandalizar - de Dreyfus, nessa altura patrão da Régie Renault, em que este surge caricaturado como um cão ocupado a sodomizar outro, suposto representar a «canalha sindical» de Billancourt.

Em meados da década de 20, Aron e Sartre haviam prometido, um ao outro, que aquele que sobrevivesse escreveria o obituário do outro no Boletim dos Antigos Alunos da Escola Normal. Aron não honrou essa promessa e explicou porquê: «Demasiado tempo passou entre a intimidade de estudantes e o aperto de mão na conferência de imprensa do “Barco para o Vietname”(*), mas ficou qualquer coisa. Deixo aos outros o encargo, ingrato, mas necessário, de celebrar uma obra cuja riqueza, diversidade e amplitude confundem os contemporâneos, de pagar um justo tributo a um homem cuja generosidade e desinteresse ninguém porá em dúvida, mesmo quando se empenhou, e fê-lo por diversas vezes, em combates duvidosos»

É, de facto, preferível, no interesse da memória de Sartre – que é um filósofo importante e um escritor de mérito – esquecer o Sartre político, cuja lógica do absoluto revolucionário o levou a escrever textos que poderiam figurar em antologias de literatura fascizante. E continuarmos a ler os escritos políticos de Aron, o intelectual lúcido, que durante 40 anos se debateu com a actualidade, tentando captar-lhe o sentido, com objectividade, sem sentimentalismos nem romantismos. Um intelectual que permanece actual.


(*)Em 1979, quando da tragédia dos “boat people” estiveram juntos para sensibilizarem o Eliseu e o povo francês a colaborarem na tentativa de salvamento das dezenas de milhares de refugiados vietnamitas que fugiam do país por mar em condições dramáticas.

Publicado por Joana às março 10, 2005 11:45 PM

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Comentários

Aqui devo confessar que concordo em grande parte com a Joana. Sempre gostei de Raymond Aron. Sempre detestei Jean Paul Sartre.

Publicado por: Albatroz às março 10, 2005 11:39 PM

Este é o chamado texto para memória futura! É ler e pensar...

Publicado por: Hector às março 11, 2005 12:24 AM

Nem Roger Kimball o diria melhor...
Eu, como não aprecio tanto o Aron como o Sartre políticos, não meto para aqui prego nem estopa.
Eram ambos judeus, não é verdade?

Publicado por: Comunista Liberal às março 11, 2005 12:39 AM

Voltei atrás porque me esqueci de deixar uma observação. Ao contrário do que se pode inferir do 5º parágrafo

«...reconciliar o aventureiro de origem burguesa,(...) e o militante comunista que...»

Jean Paul Sarte NUNCA foi militante do PCF.

Publicado por: Comunista Liberal às março 11, 2005 12:52 AM

excelente

Publicado por: Ch'ti às março 11, 2005 01:03 AM

Isto para um blog, é obra!

Publicado por: Rave às março 11, 2005 01:19 AM

"L'homme au magnétophone", (uma estória rocambolesca acerca da praxis da psicanálise), foi o único texto que li de Sartre.
Sabia-o envolvido, nos anos 70, num grupo de extrema-esquerda maoísta, cujo jornal, se não me engano, era «La Cause du Peuple» também aqui referido no escrito de Joana. Mas não fazia a menor ideia que um homem com uma superior inteligência, pudesse alguma vez escrever algumas das barbaridades aqui citadas.

Publicado por: asdrubal às março 11, 2005 04:45 AM

Comunista Liberal em março 11, 2005 12:52 AM:
Nunca foi, nem era minha intenção dar essa ideia, mas a escrita estava ambígua ... pressas ...
Alterei ligeiramente o texto para evitar dar essa imagem.
Obrigada

Publicado por: Joana às março 11, 2005 09:21 AM

Bom artigo. Aliás, semiramis tem qualidade. Só falta citar a bibliografia. está no l'express. Não faça como a outra, aquela das biologias. De qualquer modo, Aron é um dos grandes intelectuais do Sec. XX. É obrigatório ler. Sartre é dispensável, e não sei se ficará na história do pensamento. Por exempo, alguém se lembra do Merleau-Ponty? Nem a wilkipedia.

Publicado por: alberto às março 11, 2005 09:23 AM

asdrubal em março 11, 2005 04:45 AM:
Não disse que foi Sartre que escreveu aquelas barbaridades. Mas como Director do La Cause du Peuple e do J’accuse, era responsável por elas.
As afirmações relativas à pena de morte revolucionária são dele.

Publicado por: Joana às março 11, 2005 09:28 AM

Alberto: Se leu o Express, há-de reparar que este pequeno texto tem uma perspectiva diferente, dando bastante menos relevo à crise de 1968. Em qualquer dos casos a frase de J-C Casanova e a questão do obituário de Sartre fui bebê-las a esse dossiê.
As citações relativas aos dois jornais maoistas, respiguei-as de “O Século de Sartre” de Bernard-Henry Lévy. As citações de Aron são de diversos livros – O Grande Cisma, O Ópio dos Intelectuais, etc.
Outro livro interessante sobre este assunto e onde igualmente me apoiei, foi o Le Siècle des Intellectuels de Winock.

Publicado por: Joana às março 11, 2005 09:51 AM

A cultura francesa da segunda metade do século 20 é uma aberração, que escassamente ficará na história.

Vale a pena ler os comentários de Noam Chomsky sobre ela, por exemplo em "Duas horas de lucidez".

Essa cultura viveu deslocada da realidade.

O texto da Joana está, evidentemente, muito bom. Mas o tema é muito pobre e triste.

Publicado por: Luís Lavoura às março 11, 2005 09:56 AM

É fácil estar «do lado certo da História» 30 anos ou 50 anos depois. Também eu, HOJE, entre Sartre e Aron escolho Aron. Mas há 37 anos escolhi Sartre, e não renego essa escolha.
Difícil é estar do lado certo da História quando as árvores ainda não deram os seus frutos.
Impressionou-me particularmente uma citação que Joana faz de Aron:
«Os revolucionários têm como que um ódio ao mundo e um desejo da catástrofe. Todos os regimes conhecidos são condenáveis face a um ideal abstracto de igualdade e liberdade. Apenas a Revolução, porque é uma aventura, ou um regime revolucionário, porque este consente no uso permanente da violência, parecem capazes de conjugar este objectivo sublime. O mito da Revolução serve de refúgio ao pensamento utópico, torna-se o intercessor misterioso, imprevisível, entre o real e o ideal. .... A própria violência atrai, fascina, mais que repele. O mito da Revolução converge com o culto fascista da violência.»
Fico a pensar: haverá hoje «revolucionários»? E se os há, quem são? Os radicais islâmicos? O ódio ao mundo é o desejo de catástrofe estão presentes nestes, sem dúvida. A direita radical, neoliberal e neoconservadora? O ideal abstracto de liberdade está lá, embora falte o de igualdade. E há sinais já evidentes de que numa certa direita o mito da revolução converge com o culto fascista da violência.
Quantos de nós teremos a lucidez de Aron e a capacidade de distinguir entre o que é hoje o ovo da serpente e o que é mero epifenómeno?
Quem vai construir e manter os Auschwitzs e os Gulags do futuro? De que eles vão ser construídos, não tenho a menor dúvida. A natureza humana é o que é. Mas vão ser construídos por quem?

Publicado por: Zé Luiz às março 11, 2005 10:16 AM

Chomsky tem a lucidez dos esquizofrénicos, mas passando adiante...

De facto, este tema é de uma pobreza franciscana, mas a sua relevância é essencial. O tema é pobre porque devia ser tão óbvio ao que conduziriam determinadas soluções para que se perdesse tempo em discuti-las.

Mas torna-se fundamental quando tantos intelectuais aderem a soluções absolutamente criminosas. Poderia juntar Heidegger, esse sim um dos maiores filósofos do século, que aderiu ao nazismo.

É o velho problema de dar demasiada importância ao intelecto, e de sobrepor tudo o que saia dele ao resto. Mas pode ser que a globalização dos intelectos faça com que estas aves raras deixem de existir.

Publicado por: Mário às março 11, 2005 10:46 AM

O lado certo da história?! O que é isso?! O lado certo da história é defenido e criado pelos vencedores...Imaginem que a seita cristã que deu os primeiros passos em pleno império romano tivesse sido extinta tal como milhares de outras que ao longo da história humana desapareceram...actualmente dir-se-ia aquilo que os contemporâneos escreveram...Confundiram a comunhão com canibalismo...o amor cristão com o incesto etc.
Os vencedores relevam o negativo dos vencidos e ocultam o positivo dos mesmos e simultâneamente fazem o inverso em relação a sí próprios...não sejamos ingénuos....

Publicado por: amsf às março 11, 2005 11:00 AM

Concordo com o amsf que não devemos ser ingénuos. E é por isso que não acredito nas cantigas dos arrependidos.

Por isso quando alguém diz que "Quantos de nós teremos a lucidez de Aron e a capacidade de distinguir entre o que é hoje o ovo da serpente e o que é mero epifenómeno?" eu penso que não é uma questão de lucidez mas de integridade.

Nem vale a pena ir buscar assuntos do passado. Vejo hoje em dia muita gente defender as coisas mais incríveis apenas para satisfazer os seus odiozinhos e as suas debilidades emocionais. Por isso, muitos abdicam da lucidez porque isso não lhes permite fazer as suas terapias.

Publicado por: Mário às março 11, 2005 11:29 AM

Não há fronteira entre o bem e o mal.
Ambos ocupam o mesmo espaço, mas nem sempre o mesmo tempo.

Publicado por: Senaqueribe às março 11, 2005 12:15 PM

ppppppppppppp

Publicado por: pppppppppp às março 11, 2005 01:35 PM

Não pode haver dúvidas quanto ao que é o "lado certo da história": é simplesmente aquele que nos permite discutir, em total liberdade, qual o "lado certo da história". Nos países onde vingaram os diversos ideais de Sartre, nunca mais se discutiu, livremente, qual o "lado certo da história". A única conclusão a tirar deste excelente texto da joaninha é que qualquer deriva totalitária - seja ela nazi, comunista ou islamista - tem de ser afrontada, corajosamente, e sem medo de não estar na moda, pelos homens de boa vontade.

Publicado por: miguel caldas às março 11, 2005 01:44 PM

miguel caldas,

Consegue dizer essas mesmas coisas em público sem correr o risco de ser agredido?

Publicado por: Mário às março 11, 2005 02:34 PM

Nunca li Aron nem Sartre mas pergunto-me como é que a sociedade consciente e bem formada não vota ao ostracismo tamanha cavalgadura? Um tipo que ideológicamente anda aos zigue-zagues serve para quê? E quando acaba a pregar a violência pura, para que se lhe dá notoriedade? Não percebo. Mas isto sou eu que sou burro e ignorante...

Publicado por: Emilio de Sousa às março 11, 2005 02:36 PM

Miguel Caldas escreveu:

"Não pode haver dúvidas quanto ao que é o "lado certo da história": é simplesmente aquele que nos permite discutir, em total liberdade, qual o "lado certo da história"."

Em abstracto a sua resposta é genial...mas passemos das palavras aos actos (não necessáriamente violentos)e veremos se o sistema(s)em que estejamos inseridos não reage colocando-nos do "lado errado da história". Podemos discutir é verdade mas não podemos ser consequentes com as conclusões das nossas discussões...

Publicado por: amsf às março 11, 2005 02:36 PM

Sartre Foi o idolo do pensamento politicamente correcto, segundo a Joana. Aron parece que É o idolo do pensamento politicamente correcto actual. De facto, se, como diz a Joana, as posições de Aron mostraram ser as certas e as CORRECTAS, é porque o são de acordo com alguma perspectiva. E não será esta o politicamente correcto actual? Não será esta o pensamento único actual? Não será esta a ideologia dominante que se quer confundir com a realidade? Não será esta a moral de rebanho a que os «politicamente incorrectos» aderem de forma acritica? A mim parece-me que aqueles que se dizem «politicamente incorrectos» são os politicamente correctos por excelência.

Publicado por: joão às março 11, 2005 02:55 PM

Nota: Este post corresponde a uma preocupação que eu já tenho evidenciado aqui por diversas vezes (ler 08-11-04 Politicamente Correcto e 07-11-04 Intolerância Congénita, por exemplo) relativa à perversidade teórica de que a verdade é aquilo que serve os nossos interesses, individuais ou de classe, à arrogância dos detentores da verdade absoluta que olham com desdém os que não foram iluminados pela sua sabedoria infinita que detém o sentido da História e do futuro da humanidade.
E depois vê-se que eram os ignaros, os pacóvios, aqueles que não tinham sido iluminados pela razão absoluta que tinham a ... razão ... absolutamente.
E não há melhor paradigma desta dialéctica que os percursos políticos de Sartre, o iluminado pela(s) verdade(s) absoluta(s), e Aron, sucessivamente o lacaio dos americanos, o lacaio da burguesia, o lacaio da Universidade decadente, etc.
Há bastante tempo que tinha esta opinião sobre os percursos de Aron e Sartre. Mas foi a leitura, há umas semanas, de um dossiê do Express sobre esta matéria, que me trouxe à memória a questão do centenário do nascimento de ambos, e onde verifiquei que tinham sido condiscípulos na mesma Escola Superior, o que acentua as similitudes e as diferenças dos percursos de ambos

Publicado por: Joana às março 11, 2005 03:07 PM

Zé Luiz em março 11, 2005 10:16 AM
Aron não esteve no lado certo da História 30 anos ou 50 anos depois. Esteve na época. Os que julgaram, sucessivamente, que estavam no lado certo da História, em cada época, é que estavam errados.
E que é isso de “A direita radical, neoliberal e neoconservadora?”. Os radicais são aqueles que só aceitam (quando o fazem) a democracia, enquanto oposição, preparando o terreno para o mundo novo: nazismo, comunismo, radicalismos de esquerda, como o BE, ou de direita, como Le Pen ou Haider. Os neoconservadores são acusados de quererem impor a democracia, aos outros, à força, mas não de não serem democráticos. Quanto ao neoliberalismo ... bom ... vou guardar-me para um dia destes.
Você pergunta “quantos de nós teremos a lucidez de Aron” mas o seu discurso evidencia uma profunda pena pelo “paraíso perdido” de Sartre (ou pelos sucessivos “paraísos perdidos”).
Para se reconciliar com Sartre, leia “O Século de Sartre” de Bernard-Henry Lévy, que citei acima e que poderia ter o título “Como interpretar com amizade os disparates de Sartre”. Conta barbaridades que Sartre escreveu, mas tenta dar explicações e mostrar que havia um lado humanista muito vincado.

Publicado por: Joana às março 11, 2005 03:26 PM

Excelente texto, em si e, principalmente, pelos problemas que levanta.
O lado certo da história? Neste caso não é o dos vencedores, pois não hove vencedores. Os outros é que perderam.
Julgo, como diz o Mário, que é tudo uma questão de integridade, integridade intelectual

Publicado por: Hector às março 11, 2005 03:50 PM

Claro, Joana.
Tem razão. Aron nunca teve a veleidade de estar do lado certo da História. Sartre teve-a. E hoje sabemos que ter essa veleidade é sinal de que muito provavelmente se está do lado errado.
Quanto a saber quem tem hoje essa veleidade... quem são hoje os «donos do futuro»... fica para mais logo.

Publicado por: Zé Luiz às março 11, 2005 03:55 PM

Zé Luiz em março 11, 2005 03:55 PM:
Normalmente não estou de acordo consigo, mas agora tiro-lhe o chapéu: acertou em cheio

Publicado por: Hector às março 11, 2005 04:43 PM

Joana,

Não sei se já se apercebeu de uma coisa. Quanto você trás assuntos "históricos", os comentários são-lhe mais favoráveis. E quanto mais afastados no tempo esses assuntos são, maior é o nível de concordância.

Contudo, penso que as suas posições se mantém sempre as mesmas. Será que há a ilusão de que, na história não podemos mexer, mas na realidade presente uma opinião pode mudar o mundo?

Publicado por: Mário às março 11, 2005 05:07 PM

Caros Hector e Mário:
Integridade?
Para, face aos Gulags, estar contra os carcereiros, não é preciso integridade, basta o mínimo dos mínimos de decência.
Já é preciso integridade, sim, para abominar todos os Gulags por igual, sem usar de dois pesos e duas medidas.
Agora para prever e abominar os Gulags futuros... para conhecer a árvore que ainda mal deu frutos... para isso a integridade não basta, é preciso lucidez.

Publicado por: Zé Luiz às março 11, 2005 05:21 PM

Zé Luiz,

Para estar contra o terrorismo também é preciso apenas o mínimo de decência. Mas tantos, com alguns intelectuais à cabeça o desculpam, justificam e chegam mesmo a glorificar.

Publicado por: Mário às março 11, 2005 05:32 PM

Fabuloso. A não esquecer Camus e Mauriac....

Publicado por: AA às março 11, 2005 06:03 PM

Mário em março 11, 2005 05:07 PM:
Possivelmente tem razão. Sendo assim, proximamente irei abordar o tema da Indústria Acheulense e de como os bifaces simétricos demonstram o elevado grau de inovação que percorreu o Paleolítico Médio.
E, se for necessário mais consenso, poderei ir até ao Paleolítico inferior!

Publicado por: Joana às março 11, 2005 07:33 PM

Mário:

Quem desculpa, justifica ou glorifica a barbárie
acaba por ter de se desculpar e justificar a si próprio, sem nunca o conseguir. E adquire muito pouca glória.

Já não tenho paciência para debates em que o interlocutor de direita atira o Estaline à cara do de esquerda e o de esquerda atira o Hitler à cara do de direita.

Mas a barbárie tem que ser explicada, tome a forma que tomar. E não pode ser explicada apenas pela maldade intrínseca de uns tantos monstros.

Explicar não é justificar. Se virmos bem, encontraremos pontos comuns entre um Hitler, um Estaline, um Bin Laden, um Sharon: a ideia sempre presente de que os fins justificam os meios; a ideia de que no campo oposto não há inocentes; um ódio especial aos moderados, aos prudentes, aos vagarosos, aos empecilhos, aos que complicam um mundo que, na cabeça deles, é simples como a luz e como as trevas.

Publicado por: Zé Luiz às março 11, 2005 08:27 PM

A maldade é inerente a todos os que querem impor uma visão do mundo. A barbárie hitleriana (o ariano puro nazi) ou a barbárie estalinista (o novo homem comunista), assim como as de Pol Pot, et. Tudo para criar o homem novo, liquidando os que não se enquadram na sua visão do "homem".
E é assim a barbárie islamista de Bin Laden - o islâmico puro.

Publicado por: Hector às março 11, 2005 10:07 PM

E é por isso que essas barbáries têm adeptos e sempre tiveram tanta gente a apoiá-las. Elas são uma espécie de humanismo perverso.

Publicado por: Hector às março 11, 2005 10:11 PM

E Sharon pode ser acusado de belicista, mas nunca de terrorista, ou ser equiparado a Estaline ou a Bin Laden. Esse tipo de misturas é uma forma de "suavizar" a barbárie dos verdadeiros assassinos e terroristas. Pode não ser essa a intenção, mas é onde leva invariavelmente.

Publicado por: Hector às março 11, 2005 10:16 PM

Bom...nem sei bem por onde começar... a Joana já o sabia, é ideologicamente entre a direita e a Extrema-direita Americana.

Assim sendo, sua cabecinha, não pára de tentar desmontar e destruir, todo e qualquer ícone de esquerda, nem que sejam Confirmados e Reputados Filósosfos Contemporâneos.

Vai daí...puxa quando lhe apetece pela URSS, e não aceita de maneira nenhuma, os avanços assombrosos que se verificaram naquele regime, mesmo que tenha tido um esquisofrénico Estaline.

Quando um dia, se comprovar que Estaline era esquisofrénico, não aceitará os resultados, e não pactuará com a doença.
--------------------------------------
A sua ideologia, (julgo que é a correcta, porque a história segundo ela própria o diz...o confirma..) não vê mais além...e por todos os meios ao seu alcance, tenta com afinco desmontá-la.
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Só mesmo para a irritar e a contrariar, aqui ficam dados para que ela não se esqueça:

- A Rússia rural e faminta de 1917, transformou-se em:-------------------------------------------------------------------------
a) maior potência Europeia, e ombreou com os EUA até à década de 70.
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b) foi a primeira potência mundial a explorar o espaço.
----------------------------------------------------
c) ombreou com os EUA na corrida ao armamento sofisticado, ultrapassando todas as potências Europeias, como se sabe, isso significa, que detinha uma avanço considerável, em conhecimentos científicos e tecnológicos.
---------------------------------------------------------------------------------------------
- Quanto ao Sartre, basta apenas dizer-lhe, que foi um Homem que viveu, pensou, sonhou, e sobretudo lutou...enquanto outros eram meros espectadores, e esperavam pelo resultado final, ele ousou lutar, e suas causas, sempre estiveram, na linha das grandes causas da História, Explorados e Exploradores, Dominados e Dominadores, e que se saiba, tais causas ainda permaenecem actuais, sem romantismos, como a Joana gosta de referir.

Publicado por: Templário às março 11, 2005 11:16 PM

Ainda sobre utopias

Falta ainda verificar, onde levará a conjugação do Comunismo Chinês, com o Capitalismo.

Porque quando interessa ao correctamente político de hoje, puxa-se pela URSS e nunca pela China, que é esquecida, como se se pudesse esquecer um País com 1 300 milhões de habitantes, que o mesmo é dizer, que são mais numerosos que os EUA, Canadá, Europa dos 25, e Rússia, todos JUntos, não chegam para os chineses.

Ora a China, neste momento está a atravessar um momento único, Pois Não tem défice nenhum, aliás já tem um belo Superavit, conjuntamente com o maior desenvolvimento e crescimento económico, que não há memória no Mundo.

Será que a ideologia Comunista, que assenta neste Momento, num País/ 2 sistemas é a Correcta ?

Publicado por: Templário às março 11, 2005 11:24 PM

Julgo que a 4ª Grande Guerra Mundial, se dará , quando os EUA não conseguirem pagar suas dívidas à China, daqui a 10 anos.

Publicado por: Templário às março 11, 2005 11:26 PM

Só me admira uma coisa....com a crise instalada no CDS, e com o Portas/Malraux de rastos e com uma forte depressão, estando esta Joaninha em forma, com a ideologia de Direita toda muito bem esquematizada, porque será que não concorre à liderança do CDS ?

Será que Portas a desconhece ?

Alguém que ligue ao Portas e que a apresente, pois esta ideóloga de Direita, não pode ficar assim, sem acção...

Publicado por: Templário às março 11, 2005 11:41 PM

Faltava a voz da tasca.

Publicado por: David às março 11, 2005 11:57 PM

à porta da tasca tá lá sempre o papagaio david

Publicado por: Templário às março 12, 2005 12:00 AM

Em cada evento, Sartre esteve, quase sempre, do lado errado, de acordo com o posterior julgamento da história.
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Esta análise é imunda.------
Se Sartre hoje fosse vivo, estaria contra a Guerra dos EUA no Iraque, estaria contra o ditador Saddam e contra os Ocupantes Americanos, por certo, não seria confundido com a AL-kAEDA.

Sartre não advogaria como a D. Joana, que o povo Iraquiano, precisava das lições de Democracia Americanas para se livrar de seu ditador.

Sartre respeitava a cultura dos Povos.

Sarte era pela Liberdade dos Povos.

Publicado por: Templário às março 12, 2005 12:15 AM

Puis progressivement il "désertera le champ littéraire et le champ philosophique" pour affronter " le cambouis du réel".

Comme l'indique Pierre Billard* désormais "il ne refera plus le monde, il le vivra : dans la rue, dans la foule, dans l'actualité , dans la politique concrète". Jean-Paul Sartre, est mort en 1980. Ses obsèques ont rassemblé un cortège de plusieurs dizaines de milliers de personnes qui l'ont suivi jusqu'au cimetière du Montparnasse. Bernard Henri Lévy vient de publier une étude passionnée sur Jean-Paul Sartre : Le siècle de Sartre ( Grasset) et explique dans Le Nouvel Observateur ( 13-19 janvier 2000) pourquoi, selon lui, " Sartre, c'est

Publicado por: Templário às março 12, 2005 12:27 AM

Bernard Henri Lévy vient de publier une étude passionnée sur Jean-Paul Sartre : Le siècle de Sartre ( Grasset) et explique dans Le Nouvel Observateur ( 13-19 janvier 2000) pourquoi, selon lui, " Sartre, c'est l'Homme-Siècle".

Sartre L´Homme-Siècle.....é sobre isto que lhe doi o cotovelo.....

Publicado por: Templário às março 12, 2005 12:34 AM

Ó Templário, se leres os comentários da Joana, as barbaridades escritas por Sartre nos jornais maoistas, ela foi buscá-las e esse livro de Bernard Henri Lévy "Le siècle de Sartre".

Publicado por: Coruja às março 12, 2005 12:37 AM

L´homme-Siècle não é o Século de Sartre, é o Homem-século muito mais do que o homem do século...muito para além...

Publicado por: Templário às março 12, 2005 12:39 AM

Corujinha, eu já há muito que percebo as deturpações da Joaninha, e uma coisa é o que ela leu no PREC, o que ela quer ler sobre Sartre e suas acções políticas, e eu como marchei ao lado de Sartre em Paris em algumas Manifs, vivi as suas atitudes, logo não é uma menina rabina, que vai destuir um pensador que é estudado no Mundo Inteiro.

E suas acções estavam relacionadas com os tempos que viveu, só quem tem ideologias de direita toscas, é que se lembram de vir tentar destruir uma figua ímpar nos tempos contemporrâneos. Só esta Joana se podia lembrar de tamanha aberração.

Publicado por: Templário às março 12, 2005 12:45 AM

A partir de 1950, Sartre se rapproche du Parti communiste dont il est un " compagnon de route " critique et avec lequel il rompra totalement en 1968, lors de l'invasion de la Tchécoslovaquie. De 1950 aux années 60, Sartre approfondit remarquablement la théorie marxiste (Critique de la raison dialectique, 1960). Les mots (1964) lui vaudront le Prix Nobel, qu'il refusera. Avec son ouvrage sur Flaubert (L'Idiot de la famille, 3 tomes, 1971-1972), il semble se rapprocher de la psychanalyse. Atteint de cécité, il continue néanmoins à travailler et à militer. Il meurt, en 1980, ayant mené une vie engagée, qui force souvent l'admiration (Sartre était profondément désintéressé et indifférent à l'argent).

Publicado por: Templário às março 12, 2005 12:59 AM

"Compagnon de route" crítico, vejam bem a que nível chegam as deturpações.... de crítico do PCF, já pertencia desde pequenino...

Recusou receber o Prémio Nobel... uma atitude, congruente com seu pensamento.

Publicado por: Templário às março 12, 2005 01:02 AM

Sartre, dans toute son œuvre, est le philosophe de la liberté. Récusant la fatalité, il a peint l'homme, dans tous ses écrits, comme un existant maître de ses valeurs et de l' histoire.
Les concepts fondamentaux de la philosophie de Sartre sont les suivants :

• le pour-soi, manière d'être de l'existant humain, qui secrète du néant et ne peut coïncider avec lui-même. Le pour-soi est inséparable de la conscience : " la loi d'être du pour-soi, comme fondement ontologique de la conscience, c'est d'être lui-même sous la forme de présence à soi " (L'Etre et le Néant, lle partie); - à articuler au pour-autrui ...

• l'être-en-situation caractérise le pour-soi en tant qu'il est responsable de sa manière d'être, ce qui résulte du fait concret qu'il est un existant au milieu d'autres existants. Cette situation est historique et varie pour chaque homme. "Ce qui ne varie pas, c'est la nécessité pour lui d'être dans le monde, d'y être au travail, d'y être au milieu des autres et d'y être mortel".

• la conscience, mouvement de transcendance vers le monde et les choses, mouvement fondamentalement transparent à lui-même ;

• l' existence : exister, c'est être-là, surgir dans le monde et s'y forger ; "l'existence précède l'essence " : l'homme est d'abord dans l'univers où il imprime sa marque et se construit ainsi librement ;

• l'angoisse : sentiment et saisie de l'imprévisibilité de notre liberté, lorsque la conscience appréhende son avenir, devant lequel elle est totalement libre , l'angoisse est " la saisie réflexive de la liberté " (L'Etre et le Néant) et se distingue de la peur, qui a un objet déterminé ;

• la liberté, pouvoir que détient la conscience de se soustraire à la chaîne des causes et d'échapper aux déterminations naturelles ,

• le projet : l'homme est pro-jet , sa conscience se jette en avant d'elle-même vers l'avenir.

Il est fondamentalement liberté et transcendance.

Publicado por: Templário às março 12, 2005 01:05 AM

Je ne suis à l'aise que dans la liberté,
échappant aux objets, échappant à moi-même,...
Je suis un vrai néant ivre d'orgueil et translucide...
Aussi est-ce le monde que je veux posséder

Jean Paul Sartre

Publicado por: Templário às março 12, 2005 01:24 AM

Mais pourquoi Sartre ?
20 ans après, serait-il encore lu ?

Son œuvre inspirerait-elle encore de nouvelles générations de lecteurs, d'étudiants et de professeurs, peut-être des intellectuels, des artistes, des militants des anciennes et nouvelles causes, à la recherche de voies pour comprendre leur époque. Son œuvre serait-elle encore une source essentielle pour y puiser les solutions aux luttes nécessaires d'aujourd'hui. Son œuvre ? Mais aussi sa vie. L'édition de ses carnets et lettres le prouve, les biographies le confirment : l'homme, l'intellectuel, l'écrivain et l'artiste le compagnon, le militant, le témoin, l'insurgé, etc,… toutes les figures de Sartre fascinent encore et en dépit de tous les ragots et condamnations de ses implacables adversaires ! Il y a une gestuelle de Sartre, il en a été l'excellent improvisateur et le magnifique acteur, ses amis en ont été les généreux témoins et iconographes, ses ennemis, les contempteurs, radoteurs. Sartre serait-il vivant ?
Paradoxalement l'orchestration de la commémoration mais le retour des refoulés haineux, parfois très subtils, le prouveraient ! Comme certaines mises en bière ou momification, il en est peut-être ainsi des empathies livresques qui voient en Sartre, deux ou trois sartre, pour les opposer les uns aux autres dans des antagonismes irréductibles et ainsi " intérioriser " en " sa personne " à l a fois, et contradictoirement, la sympathie que beaucoup estiment devoir à l'homme de lettres et à la réussite de son œuvre, et la haine des " bien-pensants " que ses dénonciations et ses engagements contre les pouvoirs établis dérangeaient et visiblement dérangent encore. Bref ! Sartre est vivant et il l'est de toute son œuvre et de toute sa pensée ! Et cela est plutôt une bonne nouvelle !
Alors pourquoi ce site aujourd'hui !


http://jpsartre.free.fr/edito.html

Publicado por: Templário às março 12, 2005 01:29 AM

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Em resumo

bem que o quis matar

mas

ele

está


bem vivo !!!!!!!


Publicado por: Templário às março 12, 2005 01:33 AM

A propósito do «pour-soi».
.
La dénégation consiste à nier une vérité, contre toute évidence, et à l'encontre d'une réalité dont on a au font parfaitement conscience.
.
Por exemplo na fábula de La Fontaine em que a raposa incapaz de chegar às uvas que estavam muito alto, acaba por desistir alegando que de qualquer maneira elas estavam verdes.

Publicado por: asdrubal às março 12, 2005 01:51 AM

«Sharon pode ser acusado de belicista, mas nunca de terrorista».
Claro que pode ser acusado de terrorista. Todo e qualquer cabo de guerra, desde Alexandre Magno a Sharon, passando por Júlio César, George Washington e Napoleão, pode ser acusado de terrorista. O terrorismo é uma estratégia de guerra demasiado eficaz para não ser usada.

«[Sharon não pode] ser equiparado a Estaline ou a Bin Laden.»
Claro que pode. Qualquer ser humano pode ser equiparado a qualquer outro. E o que ele tem em comum com Bin Laden e Estaline é acreditar, como eles, que os fins justificam os meios e que do outro lado da barricada não há inocentes.

Publicado por: Zé Luiz às março 12, 2005 02:56 AM

Todos podem ser acusados de terroristas.

Por exemplo, há muitos a comentar neste blog que são autênticos terroristas verbais.

Publicado por: Mário às março 12, 2005 09:13 AM

Mas como são apenas terroristas verbais, não há crise.
Até dá colorido a isto. Blog sem fragatada não é nada

Publicado por: David às março 12, 2005 09:40 AM

Mário

Neste Blog a Chefe e Lider dos Terroristas, Chama-se Joana !

Pois sua linguagem, como detesta o romantismo, e é desprovida de sonhos humanistas, é autêntica máquina assassina, e nem Filósofos Consagrados escapam.
Julgo dever-se à crise... que já dura há mais de 100 nos filósofos de direita, e... como eles não se conseguem impor...tenta então a Joana, liquidar todos os outros de esquerda, ora...como há centenas deles...Seu Trabalho, além de árduo, agiganta-se...e perigosamente caminha para a paranóia.

Publicado por: Templário às março 12, 2005 09:41 AM

O que aqui se pode aprender....

Os que estiveram no lado errado da História de Portugal:

- D. Afonso Henriques

- D. Dinis

- Conde D. Henrique

- Pedro Álvares Cabral

- Vasco da Gama

- Afonso de Albuquerque

- Mestre de Avis


Os que estavam no Lado Certo da História:

- D. Teresa, mãe de Afonso Henriques

- D. Sebastião

- Pedro de Vasconcelos

- Filipe I de Portugal

- Filipe II de Portugal

- Filipe III de Portugal

- Paulo Portas, quando lutava bravamente contra a entrada de Portugal na CEE.


Publicado por: Templário às março 12, 2005 09:49 AM

Se você ler as citações de Sartre acima, não vejo que ele seja provido de sonhos humanistas.

Publicado por: David às março 12, 2005 09:49 AM

David
Não invente...que Sartre já foi inventado há muito...Sartre já há muito que é cultura Francesa e Europeia ( excepto portuga...claro...)

Publicado por: Templário às março 12, 2005 10:00 AM

David... não vê que o Asdrubal, já pensava que Sartre era comunista Estalinista etc etc.

Os truques da Joana, são velhos neste cantinho e já foram usados mui sabiamente por Sua Excelência o Presidente do Conselho há mais de 60 anos. ( este sim é o Grande filósofo Português dos últimos 100 anos ) pois os Agostinhos da Silva...tiveram que fugir daqui.

Portanto sejamos claros, Joana em 2005 não diz nada que o seu mentor e prof. António de Oliveira Salazar não tenha dito.

Aliás também para Salazar, Sartre era o comunista a abater.

Publicado por: Templário às março 12, 2005 10:07 AM

Tenho orgulho em juntar-me à "terrorista" Joana,

Os sonhos românticos, humanistas e todos os mais devaneios que os mediocres criaram serviram para criar mais miséria, guerras, exploração, sofrimento e morte que todos os capitalsitas gananciosos deste mundo.

Publicado por: Mário às março 12, 2005 10:50 AM

Ó Templário aí há uns largos meses atrás houve um aceso e controverso debate, no «Libération», acerca de Sartre. O pano de fundo e o tom geral, incluindo, pontualmente, o contraste com Aron, era o deste "post" de Joana. Eu não tenho ídolos e não conheço a obra de Sartre.

Publicado por: asdrubal às março 12, 2005 01:08 PM

Caro Mário:
Não há terroristas verbais, nem neste blogue, nem em lugar nenhum. Nem você é terrorista, nem a Joana, nem eu.
As nossas armas são só palavras, e só se deixa insultar quem quer.
Quanto às falácias, às desonestidades intelectuais, aos argumentos «ad hominem»... e aí todos temos culpas no cartório... o remédio é desmontá-los.
Desligado o computador, todos nós vamos às nossas vidas - e não para uma sala de operações para sermos amputados nem para o cangalheiro para sermos enterrados.

Publicado por: Zé Luiz às março 12, 2005 06:51 PM

asdrubal em março 12, 2005 01:08 PM:
Você está gastar latim. Cita-se que Sartre disse isto, isto e aquilo, ninguém põe em dúvidas a veracidade das citações. O Libération é um jornal de esquerda. A mesma tese também foi defendida no Express, cujo dossier estive a ler, etc., etc.
E o Templário nem lê (ou não percebe, ou não quer perceber) e repete sempre a mesma lenga-lenga.

Publicado por: David às março 12, 2005 06:53 PM

David lenga-lenga é a sua, e volto-lhe a repetir:

1º - Participei ao lado de Sartre em Manifs em Paris.

2º - Como é evidente, e como já o referi, se Sartre é estudado, se é considerado um dos Maiores Filósofos do Século XX, obviamente, que não se chega a um debate ou palestra e se diz:
Sartre é assim, disso isto e pronto já está !!!

Quem minimamente sabe algo sobre Sartre e sua filosofia, sabe, que ele nunca foi um Homem conformado, sabe que seu pensamento evoluíu ao longo de quase 1 século, sabe que era um Homem sujeito a controvérsia. Tal como se quisermos estudar o pensamento de Fernando Pessoa, aparecerão as mais variadas opiniões e versões, sobre esse pensador.

O que aqui se pretendeu, neste inocente Blogue, ao comparar Aron e Sartre, foi pegar em certas atitudes de Sartre e deitá-lo abaixo, vexá-lo, destruí-lo...etc. Tentou-se até provar, que era um Homem que estava do lado errado da História. Esta última barbaridade, dita sobre um grande filósofo, é como se dissessemos que Aristóteles, era o maior ignorante do seu século.

Ora...quem se meteu nesta obra imunda...ultrapassou todos os limites, do intelectualmente aceitável...isto é...tentou destruí-lo ideologicamente, numa época que os mesmos...argumentam que já não há ideologias.

Ou seja, há de facto uma...que é a da Direita que
com pézinhos de lã...( eu nunca disso isso...eu estava com pressa... parece que...etc e tal..os velhos truques,que quem lutou, os topa a léguas....) cujos objectivos agora se concentram, em mudar o curso da História, e como tal, não abdicam de recuar o tempo que for necessário, afim que possam endireitar a carneirada actual, NO BOM CAMINHO.

Publicado por: Templário às março 12, 2005 07:41 PM

Sartre viveu um tempo, que além de pensar se exigia acção para mudar, para transformar. Como ele ousou deixar a secretária, para se manifestar na Rua, foi obviamente odiado por essa linha aqui representada pela Dona Joana.

Publicado por: Templário às março 12, 2005 07:48 PM

Até o Santos Silva, hoje, no Público, refere-se ao centenário de Sartre com muitas dúvidas sobre o percurso político do homem.
E Santos Silva é da ala esquerda do PS.
Parece que não é só a Direita com pézinhos de lã!

Publicado por: Sa Chico às março 12, 2005 08:25 PM

No «L'Express», David, só consegui ler quatro pequenos textos de uns notáveis do PSF a propósito de Maio de 68. Não vejo lá nada acerca do «Jean Paul» (ehehehe) ...

Publicado por: asdrubal às março 12, 2005 08:43 PM

Asdrúbal: o dossier começa em:
http://www.lexpress.fr/info/societe/dossier/sartrearon/dossier.asp?ida=431887
É de 28-02-05.
Depois na coluna da direita estão os links para os restantes artigos do dossier

Publicado por: David às março 12, 2005 09:13 PM

Muito obrigado, David.
E aqui fica «un mot en exergue» :
.
«(...) Bien sûr, sur le plan de la lucidité politique, Aron remporte le match par KO (...)».

Publicado por: asdrubal às março 12, 2005 10:18 PM

Jean-Paul Sartre
Les grenouilles qui demandent un roi


http://www.lexpress.fr/info/societe/dossier/sartrearon/dossier.asp?ida=431839

Publicado por: Templário às março 12, 2005 10:29 PM

Non, ce n'est pas notre soutien que le général nous demande, c'est notre obéissance, sans plus. Et pourquoi donc lui obéiriez-vous? Il y a cent cinquante ans que la France est adulte. Qu'a-t-elle besoin d'un père? Prenez garde, nous aurons tôt fait de retomber dans les niaiseries de l'enfance; les adultes n'y sont que trop portés. [...] (2)


Les grenouilles qui demandent un roi Celui qui déclare aujourd'hui: «De Gaulle est le seul qui...» ne dit rien de raisonnable: il ne s'agit plus d'un rapport constaté, tel que la popularité qui, d'une certaine manière, est mesurable, mais d'une qualité unique et incomparable, qui retranche de Gaulle de notre monde. Dégoûtés de l'inefficace, nos républicains apolitiques disent «oui» à l'irrationnel, au sacré et du même coup «non» à l'égalité.


S'il existe un homme, dans l'espèce humaine, qui a des lumières que lui seul peut avoir, si ces lumières lui donnent le droit d'agir, fût-ce en bon père, sur nos destins, si ses actes sont toujours valables et bons du seul fait qu'ils expriment son essence, alors l'espèce humaine se désintègre en chaîne: plus un homme; un surhomme et des animaux. [...] S'il existe au milieu des hommes une espèce supérieure à l'homme, alors c'est elle qui est l'espèce humaine, et ceux qui n'en font pas partie sont des chiens.


Est-il si nécessaire, ô républicains gaullistes, de vous ravaler au niveau de la bête? [...] Ne l'oubliez pas; toute ambiguïté vient de là: de Gaulle n'est pas fasciste, c'est un monarque constitutionnel; mais personne ne peut plus voter pour de Gaulle aujourd'hui: votre «oui» ne peut s'adresser qu'au fascisme.


Comprenons enfin qu'on ne tire pas un pays de son impuissance en confiant la toute-puissance à un seul homme. La seule façon d'éviter à la fois ces doucereuses monarchies qui tournent à vide et le coup de main des commandos d'Alger c'est que nous nous tirions nous-mêmes de notre impuissance, c'est que nous concevions un programme, une alliance des partis, une tactique défensive et offensive contre tous ceux qui voudraient attaquer les Français. «Oui» c'est le rêve; «non» c'est le réveil. Il est temps de savoir si nous voulons nous lever ou nous coucher. (3)

Publicado por: Templário às março 12, 2005 10:34 PM

B. P.-D.: Il y aura toujours des penseurs attirés par l'énonciation, par un certain scepticisme fécond, de type aronien, et d'autres qui seront séduits par la dénonciation, l'incantation, le messianisme selon Sartre. Ces deux postulations continueront à escorter la vie des idées et de la pensée...

http://www.lexpress.fr/info/societe/dossier/sartrearon/dossier.asp?ida=431840

Publicado por: Templário às março 12, 2005 11:06 PM

Et banh, je me couche. J'ai sommeil. Salut mon pote.

Publicado por: asdrubal às março 12, 2005 11:07 PM

Esse dossier é interessante, mas está demasiado virado para o Maio de 68, o que é compreensível, dado o abalo que tal provocou na sociedade francesa

Publicado por: Hector às março 12, 2005 11:43 PM

Quanto ao Templário é natural que ele defenda o companheiro das manifs

Publicado por: Hector às março 12, 2005 11:45 PM

E o mais engraçado é que o que ele conta no post março 12, 2005 10:34 PM, é o que a Joana concluiu que foi uma má previsão do Sartre em contradição com a de Aron. E que eu também acho que foi e não apenas. De Gaulle não tornou a França numa monarquia constitucional

Publicado por: Hector às março 12, 2005 11:48 PM

Realmente Hector, confundes lutas da época, com futurologia de cartomância.....

Publicado por: Templário às março 13, 2005 12:25 AM

Essa frase não faz qualquer sentido

Publicado por: Hector às março 13, 2005 01:13 AM

Fantástico!

Grande Post, grande discussão!
Vale a pena a blogosfera com internautas deste calibre.
Obrigado Joana.

Um abração do
Zecatelhado

Publicado por: zecatelhado às março 13, 2005 02:10 AM

http://jornal.publico.pt/noticias.asp?a=2005&m=03&d=12&id=10840&sid=1167

Publicado por: pyrenaica às março 13, 2005 08:50 AM

Do link do pyrenaica em março 13, 2005 08:50 AM, retiro esta frase:
"O intelectual-farol e o intelectual-profeta pertencem felizmente ao passado. O compagnon de route, tão agudo na crítica do campo contrário quanto cego e reverente na obediência ao seu campo, carrega não pequena dose de responsabilidade pelo que de pior sucedeu no século XX. De nada disto precisamos já. Mas isso não quer dizer que possamos dispensar a crítica social, política e cultural, feita a partir da perspectiva e do meio da cultura. Para perceber bem Sartre, temos de perceber que há um depois de Sartre."
O Santos Silva é da ala esquerda do PS. Não é uma "terrorista" de direita a "soldo do Salazar"!!

Publicado por: L M às março 13, 2005 12:52 PM

E já agora faço minhas as palavras do zecatelhado às março 13, 2005 02:10 AM.
Parabéns, Joana, pela ideia e pela forma como a desenvolveu

Publicado por: L M às março 13, 2005 12:54 PM

LM

Ainda bem que concorda, que muitas das coisas boas do século XX, se devem à boa contribuição de Sartre e não só claro.

Claro que o que eu entendo por boas, provavelmente você e a Joana, as entendem por más...mas isso, é precisamente o que dividiu Sartre e os outros e que me parece a Eterna Dialéctica, pois tal como disse Aron, ainda nunca ninguém negou a existência da Luta de Classes permanente.

Publicado por: Templário às março 13, 2005 04:25 PM

Afinal quem contribuíu mais na mudança da Sociedade ? Aron ou Sartre ?

Suponhamos este exercício básico de economia Liberal:

- As empresas pagam x de salários, elas facturam, ganham mercados, os empregados não pedem aumentos, quando as vendas sobem as empresas pedem mais horas de trabalho e os operários respondem sem exigências.

Se os empregados, nunca pedirem aumento, a própria empresa predispôe-se a aumentá-los, acima da inflação ?

Ou seja, quem está do lado errado da História, os que lutam por melhorar as suas condições de vida ( e por isso, aqui chegámos) ou aqueles que a tudo se acomodam e SÃO AVERSOS À MUDANÇA ?

NÃO É A PRÓPRIA JOANA, QUE DIZ O UM DOS MAIORES PROBLEMAS DE PORTUGAL, É AS PESSOAS SEREM AVERSAS À MUDANÇA ?

Publicado por: Templário às março 13, 2005 04:37 PM

Sartre e depois (público 12/3/05)
Augusto Santos Silva

Para escrever o que escreveu, mais valia estar calado e quieto, pois não disse nada de novo, e quando falou de Sartre, elogiou, elogiou, e depois acabou também dando uma machadada no ìcone.

Logo, neste aspecto, foi Sartriano. Foi anti-ícone.

Depois falou da liberdade trá, lá, lá, como se este rapazinho, soubesse o que foi a 2ª guerra mundial e tivesse vívido sob ocupação Alemã, para depois tentar dar lições a quem ? a Sartre ? aos Franceses ?

Acabou dizendo, que fala por ele, claro, também eu falo por mim, e Sartre falava por ele, e que ....
" A condição essencial da intervenção é a pluralidade das ideias, das perspectivas, dos interesses e posicionamentos. Foi a ignorância, autêntica ou fingida, dessa pluralidade que colocou sucessivas gerações de "mestres pensadores" à mercê de seitas e ortodoxias de natureza vária. A pluralidade implica confrontação, debate, argumentação pública e para escrutínio público. "

A condição que ele evoca como essencial advém dos que lutaram, para que ela hoje seja vigente.

A melhor é esta: Foi a ignorância...da Pluralidade.. que colocou os " mestres pensadores " à mercê de seitas e ortodoxias de natureza vária.

Estará a falar de Sartre ? dele ? de Salazar ? dos Tugas ?

Irão acabar os mestres pensadores ? com ignorância da pluralidade ou com pluralidade ?

Publicado por: Templário às março 13, 2005 05:24 PM

Quando começar a levar com o Marcelo, terá boas ocasiões para demonstrar sua capacidade de pluralidade...

Publicado por: Templário às março 13, 2005 05:45 PM

E para continuar, recusar um prémio Nobel da Literatura, como o fez Sartre, é obra. Além de que "A idade da razão" é um excelente livro.

Publicado por: pyrenaica às março 13, 2005 07:30 PM

"recusar um prémio Nobel da Literatura, como o fez Sartre, é obra."
É obra é ... e que obra !
.
Porquê, pyrenaica, o prémio Nobel era «burguês» ? O prémio era um «cão anticomunista» ?
Porque é que o Sr Paul Sartre, nesse caso, não o ofereceu ao «Hôpital Maison Blanche», por exemplo, no meio de mil exemplos, onde o cheiro a urina e desinfectante, passados 32 anos, ainda hoje provocam o vómito da maior miséria humana que alguma vez se tivesse visto ? Porquê ?
E vêm com as m'erdas do «pour soi», «l'être-en-situation», que «l'existence précède l'essence» ...

Publicado por: asdrubal às março 13, 2005 10:13 PM

Depois deste debate, a História da filosofia já não será a mesma. Académicos de todo o mundo terão de vir aqui beber o juizo final sobre Sartre.
As eminentes cabeças de Mário e David terão que ser legadas à posteridade para estudo aprofundado do seu crâneo.
Quem não tiver a capacidade para separar os homens da sua circunstância e ambos da obra produzida estará ao nível dos tribunais dos «democráticos» EUA que enfiaram Ezra Pound (um dos maiores poetas do século XX) num asilo para doidos durante 13 anos. Ezra Pound – lembro a quem o não sabe – fez, em Itália, propaganda do fascismo durante a II Guerra Mundial.
Chega a causar dó ver uns cérebrozinhos destes atreverem-se a meter no caixote do lixo da História um filósofo da estirpe de Sarte.
E digo-o com toda a tranquilidade porque Sartre não faz o meu género como filósofo.
Quanto a Raymond Aron, inquestionavelmente um dos mais lúcidos pensadores franceses, dá-me vontade de rir, ao ler algumas coisas aqui escritas, só de pensar no livro que ele escreveu e em que documenta e enaltece os méritos da política de desenvolvimento económico da URSS depois de 1930.
Alô! Está alguém em casa? Há um mundo lá fora, sabiam?

Publicado por: E no entanto ela move-se... às março 14, 2005 05:38 AM

Para o Asdrubal tentar perceber porque é que Sarte recusou o Prémio Nobel em 1964:

"¿Por qué rechacé ese premio? Porque estimo que desde hace cierto tiempo tiene un color político.

Si hubiera aceptado el Nobel - y aunque hubiera hecho un discurso insolente en Estocolmo, lo que hubiera sido absurdo - habría sido recuperado. Si hubiera sido miembro de un partido, del partido comunista, por ejemplo, la situación hubiera sido diferente. Indirectamente hubiera sido a mi partido que el premio habría sido discernido; es a él, en todo caso, que hubiera podido servir. Pero cuando se trata de un hombre aislado, aunque tenga opiniones "extremistas" se lo recupera necesariamente de un cierto modo, coronándolo. Es una manera de decir: "Finalmente es de los nuestros". Yo no podía aceptar eso.

La mayoría de los diarios me han atribuido razones personales: estaría herido porque Camus lo había obtenido antes que yo...tendría miedo que Simone de Beauvoir se sintiera celosa, a lo mejor era un alma bella que rechazaba todos los honores por orgullo. Tengo una respuesta muy simple: si tuviéramos un gobierno de Frente Popular y que me hubiera hecho el honor de discernirme un premio, lo habría aceptado con placer. No pienso para nada que los escritores deban ser caballeros solitarios, por el contrario. Pero no deben meterse en un avispero.

Lo que más me ha molestado en este asunto son las cartas de los pobres. Los pobres para mí son las personas que no tienen dinero pero que están suficientemente mistificadas para aceptar el mundo tal cual es. Esa gente forma legión. Me han escrito cartas dolorosas: "Deme a mí el dinero que rechaza".

En el fondo lo que escandaliza es que ese dinero no haya sido gastado. Cuando Mauriac escribe en su agenda: "Yo lo hubiera usado para arreglar mi cuarto de baño y el cerco de mi parque", es un maligno: sabe que no provocará ningún escándalo. Si hubiera distribuido ese dinero habría chocado más a la gente. Rechazarlo es inadmisible. Un norteamericano ha escrito: "Si me dan 100 dólares y los rechazo, no soy un hombre". Y además está la idea de que un escritor no merece ese dinero. El escritor es un personaje sospechoso. No trabaja, gana dinero y puede ser recibido, si lo quiere, por un rey de Suecia. Eso ya es escandaloso. Si además rechaza el dinero que no ha merecido, es el colmo. Se considera natural que un banquero tenga dinero y no lo dé. Pero que un escritor pueda rechazarlo, eso no pasa.

Todo esto es el mundo del dinero y las relaciones con el dinero son siempre falsas. Rechazo 26 millones y me lo reprochan, pero al mismo tiempo me explican que mis libros se venderán más porque la gente va a decirse: "¿Quién es este atropellado que escupe sobre semejante suma?". Mi gesto va pues a reportarme dinero. Es absurdo pero no puedo hacer nada. La paradoja es que rechazando el premio no he hecho nada. Aceptándolo hubiera hecho algo, que me habría dejado recuperar por el sistema".

(entrevista ao Nouvel Observateur em 19 Nov 64)

Publicado por: E no entanto ela move-se... às março 14, 2005 05:52 AM

Pois eu não vejo grande diferença entre o texto da Joana e este, hoje, no Público:
.............................
Um espectador comprometido
No centenário de Aron, celebremos o homem livre que tão bem percebeu os riscos do pensamento utópico
1905 viu nascerem dois dos intelectuais franceses mais marcantes deste século: Raymond Aron e Jean-Paul Sartre. Mas se o primeiro foi quase sempre mal-amado e o segundo idolatrado, o julgamento da história mostra-nos que Aron teve razão em quase todos os grandes combates que travou, enquanto Sartre esteve por sistema do lado errado da barricada. Mesmo assim o centenário do nascimento do primeiro, que hoje se assinala, merece muito menos atenção do que a celebração do centenário do segundo.
O que é que isto quer dizer? No essencial que o diagnóstico de Raymond Aron numa das obras seminais do século passado, O Ópio dos Intelectuais, editado há exactamente 50 anos, continua a ter uma enorme actualidade. É certo que o comunismo, que Aron combateu com empenho, já desapareceu, e por isso deixou de fascinar os intelectuais, mas não desapareceu a atracção destes pelo pensamento utópico. Ainda hoje podemos repetir, sem nos enganarmos, que "os revolucionários têm como que um ódio ao mundo e um desejo da catástrofe" porque "todos os regimes conhecidos são condenáveis face a um ideal abstracto de igualdade e liberdade" - só temos é de substituir o termo "revolucionário", que passou de moda, por "altermundialista" ou por defensor da "esquerda autêntica", seja lá o que isso for.
Aron, que percebeu os riscos do pensamento utópico, pode em contrapartida ser definido, e cito Roger Kimball, como alguém que era em parte filósofo, em parte sociólogo, em parte jornalista, mas que era sobretudo "o porta-voz da mais rara das formas de idealismo, o idealismo do senso comum". O que o levou a combater, antes de tudo o mais, os fanatismos que, mesmo inspirados pelos ideais mais generosos, conduziam irremediavelmente à tragédia.
Cem anos depois de seu nascimento, 22 passados sobre a sua morte, meio século após O Ópio dos Intelectuais, a verdade é que muitos continuam a não aceitar que ele tivesse tido razão tão cedo. "Teve razão sobre Hitler, teve razão sobre Estaline, teve razão sobre os regimes ocidentais representarem, com todos os seus defeitos, a melhor e única esperança da humanidade" escreveu a seu propósito Allan Bloom. E teve razão porque era um espírito aberto e livre, alguém que não era um "intelectual orgânico", essa espécie de figura pronta a defender qualquer nova religião secular, antes alguém fascinado pela política, que tinha em alta estima, mas se definia a si próprio apenas como um "espectador comprometido".
Nunca deveu por isso obediência a um partido ou mesmo a uma escola de pensamento, foi odiado pela esquerda sem nunca aceitar que fosse de direita - considerava-se mesmo um homem de esquerda, mas da esquerda liberal pré-marxista -, era politicamente um liberal mas economicamente um keynesiano. Sobretudo pensava pela sua cabeça e considerava que uma das qualidades indispensáveis nos intelectuais era saberem escutar os argumentos adversários.
É por tudo isso, e ainda pela imensa densidade e erudição da forma como pensava, escrevia e polemizava que tantos hoje reconhecem como, nestes tempos difíceis, nos faz falta tê-lo por perto para escutar o que teria a dizer. Como escreveu Pierre Hassner, falta-nos alguém "capaz de nos alertar para os perigos gémeos do triunfalismo e do pessimismo, do aventureirismo e da passividade, do maniqueísmo e do relativismo". Alguém com a sua mistura de paixão e moderação e a sua percepção de que, mesmo na incerteza, há escolhas indispensáveis. Sendo que Aron teve quase sempre a intuição de fazer as escolhas certas. José Manuel Fernandes

Publicado por: David às março 14, 2005 10:18 AM

A «E no entanto ...»,
.
Eu percebo mal o espanhol. Mas não acredito, nem por um segundo, na bondade destas palavras :

"Los pobres para mí son las personas que no tienen dinero pero que están suficientemente mistificadas para aceptar el mundo tal cual es".
.
Sartre nunca visitou, ou sequer alguma vez se interrogou, acerca de um Hospital psiquiátrico e acerca das pessaoas que aí vivem. Teria tido uma excelente ocasião para distinguir o insuportável narcisismo ideológico da sua recusa, dos que enlouqueceram porque não puderam suportar o mundo tal qual o viveram. Não teve, Jean Paul Sartre não, não teve, nem a título póstumo continua a ter, por onde justificar-se.

Publicado por: asdrubal às março 14, 2005 11:36 AM

A Joana adiantou-se a uma série de artigos que começaram agora a sair no Público, por exemplo. Teve sorte, senão não faltariam aqui aqueles que, à falta de melhor, a criticariam por plágio.
A ideia geral do artigo do JMF é idêntica à sua, embora apresentada de outra forma.
Menos provocatória! Mas a ideia geral está lá toda.

Publicado por: L M às março 14, 2005 02:47 PM

Texto importnte, oportuno, acutilante. Diversos comentários excelentes.
Parabéns

Publicado por: Ricardo Pereira às março 14, 2005 03:30 PM

Resta-me acrescentar que este blogue continua com um elevado nível.
Que prossiga.

Publicado por: Ricardo Pereira às março 14, 2005 03:32 PM

asdrubal às março 14, 2005 11:36 AM

Essa sua obsessão pelo hospital psiquiátrico é interessante. Já agora, como é que sabe que Sartre nunca se interrogou sobre os que vivem nos hospitais psiquiátricos?
Quanto ao não acreditar na «bondade das palavras», está no seu direito, claro. Desde a pré-história que os homens acreditam naquilo que querem. Há, até, uns mais crentes que outros.

Publicado por: Anonymous às março 14, 2005 04:23 PM

David às março 14, 2005 10:18 AM

Um dia você vai perceber porque é que o José Manuel Fernandes, leitor assíduo de Joana, a plagia tão descaradamente.
Ou pensa que foi coincidência?
Além do mais, que autoridade intelectual tem essa chamuça com barbas para justificar uma citação de um artigo sobre Sartre?

Publicado por: E no entanto ela move-se... às março 14, 2005 04:28 PM

Anonymous,
Não lhe parece uma trágica ironia este homem ter estado na origem e fundamento do "movimento anti-psiquiátrico" de Laing e Cooper e ter recusado a partilha do Nobel «porque os pobres estão suficientemente mistificados para aceitar o mundo tal qual é»?

Publicado por: asdrubal às março 14, 2005 05:32 PM

Aron!
ora aqui está um amigo "póstumo" de Portugal e de Timor por interposta pessoa:
atente-se no que se diz no Publico de hoje (certamente "picado" da Joana pelo JMF,,eheheh no caso e pra não se desconfiar por alguem que dá pelo nome de JAFernandes):
"Dele escreveu Henry Kissinger: "Ninguém exerceu sobre mim uma tão grande influência intelectual. Foi um crítico benevolente quando ocupei funções oficiais. A sua aprovação encorajava-me, as críticas que me dirigia refreavam-me muitas vezes."
naquele caso, não foi o caso,,,

Publicado por: xatoo às março 14, 2005 06:59 PM

Que conclusão tão exdrúxula! Então todos os conhecidos de Kissinger estão envolvidos com a questão de Timor?

Publicado por: Coruja às março 14, 2005 07:35 PM

Wellington foi o homem que derrotou Napoleão. Para conseguir chamar a atenção para Aron dá um certo jeito falar de Sartre. Para celebrar o centenário de Sartre não é preciso fazê-lo subir às cavalitas de ninguém. Esse as pessoas conhecem. Não admiro particularmente Sartre mas senti-me na obrigação de escrever dois posts sobre ele no meu blog. Era o mínimo que podia fazer. Aron era um homem honesto que recusou apoiar de Gaulle na aventura da guerra da Argélia. Honra lhe seja feita. Durante a guerra colonial francesa que acabou em 62 não se discutia o políticamente correcto. Quem se opunha à guerra normalmente acabava mal. Não havia muito mais liberdade na França do final dos anos 50 do que no Portugal de Salazar. Já agora aproveito para lembrar que o regime cubano pré Castro era uma ditadura obscena. Fidel Castro só conseguiu derrotá-la porque ela não tinha qualquer apoio do povo. Na lógica da guerra fria não havia lugar para uma terceira via. Castro foi atirado para os braços dos comunistas e transformou-se no tirano que todos conhecemos. Não vejo porém qualquer interesse em esquecer como as coisas se passaram.

Publicado por: ON às março 21, 2005 09:46 PM

ON às março 21, 2005 09:46 PM
Esse comentário é algo descabido, porquanto esquece a ligação entre esses dois vultos. Nasceram no mesmo ano, frequentaram a mesma turma, na Escola Normal Superior e estiveram em todos os eventos importantes do século XX, mas quase sempre em campos opostos.
Não fui apenas eu a estabelecer a comparação. Dias depois apareceram no Público, pelo menos, vários textos sobre o mesmo tema.
E 2005 é o centenário do nascimento de ambos.
O resto é especulação

Publicado por: Joana às março 21, 2005 10:17 PM

Falei a várias pessoas cultas de diferentes idades. Todos me disseram o mesmo. Quem é Aron? Sartre toda a gente conhece. Eu também fui colega do Mourinho no Liceu. Ele nunca irá mencionar isso. Ninguém que queira celebrar Sartre vai referir Aron. Falar em politicamente correcto a propósito destes tempo não faz nenhum sentido. Nessa altura o termo não existia. Afirmações que são políticamente correctas davam direito a passar umas semanas na prisão naquela altura.

Publicado por: ON às março 22, 2005 02:12 AM

ON: quanto à ignorância, não há nada a fazer. Você não sabe quem foi Aron (nem as várias pessoas "cultas" de diferentes idades que conhece); julga que a França também vivia naquela época sob o regime salazarista; só conhece o Mourinho, de quem foi colega no liceu ...

Publicado por: Joana às março 22, 2005 09:41 AM

Cara Joana. Não sei quem é que estará agora a ser ignorante. Acho melhor ficar por aqui. Hei-de cá voltar numa próxima oportunidade.

Publicado por: ON às março 22, 2005 10:15 AM

Para que se perceba melhor a diferença entre Sartre e Aron:

É como comparar Saramago a José Manuel Casqueiro !!!

Publicado por: Templário às março 24, 2005 11:57 PM

« (...) Cada um tinha amantes, e, no caso de Simone, havia homens e mulheres. (...). Às vezes Sartre e Simone trocavam amantes. Mas tiveram um princípio que suscitou o espanto e admiração de várias gerações: defenderam uma relação fundada numa transparência absoluta. Porque não há em Sartre espaço para o inconsciente (...)».
.
(Eduardo Prado Coelho, no "Público" de 30-03-2005)
.
PS: Essa de, em Sartre, não haver espaço para o inconsciente, é das melhores que tenho lido ; como diria a minha sogra, que é doméstica, «com a verdade me enganas» ...

Publicado por: asdrubal às março 30, 2005 11:38 AM

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