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janeiro 10, 2005

Portugueses e Alemães

Não deixa de ser curiosa a diferença entre aquilo que empresários portugueses e alemães preconizam para melhoria da competitividade da economia portuguesa. Parte dessas diferenças resultam do facto de que uns são portugueses e vêem a economia portuguesa como algo de um todo em que estão inseridos – o nosso país, enquanto os alemães a vêem apenas como um meio de rendibilizarem os seus investimentos. Não quero com isto desmerecer a qualidade do investimento alemão, que tem sido, desde há muitas décadas, um dos mais sólidos sustentáculos da nossa economia, mas apenas sublinhar a génese da diferenciação de algumas motivações.

Os empresários alemães, de acordo com declarações de um representante da Câmara de Comércio Luso-Alemã, consideram indispensável um melhor funcionamento da administração pública e desburocratização de muitos procedimentos (penso que incluem aqui as questões relacionadas com uma justiça mais célere) e uma diminuição da carga fiscal.

Empresários (ou Decisores) portugueses inquiridos pelo Jornal de Negócios destacam de uma forma quase unânime, como temas principais, a reforma da Administração Pública e a celeridade da justiça. Bastante atrás vem a simplificação fiscal e, muito mais atrás, a redução das taxas de IRC.

Estas diferenças são interessantes. Os decisores portugueses conseguem conviver com a complexidade fiscal portuguesa e a carga fiscal excessiva. Adquiriram “manhas” bastantes para tornearem aqueles obstáculos e reduzirem a carga fiscal a valores “aceitáveis”. É o princípio de J.-B. Say: aumentos da carga fiscal só parcialmente geram aumentos de cobranças fiscais – uma parcela cada vez maior “evade-se”. E os portugueses estão entre os mais pertinazes fundamentadores deste princípio com mais de 2 séculos.

Num ponto estão em sintonia: celeridade da justiça. Na verdade, a celeridade da justiça e a simplificação dos processos de cobrança coerciva de dívidas e de resolução dos casos de incumprimento contratual são essenciais para um bom funcionamento da economia.

Já no que respeita à reforma e emagrecimento do sector público, os empresários alemães são omissos. As razões são evidentes. Eles apenas precisam de um bom funcionamento da Administração Pública e de uma carga fiscal mais leve. Não lhes interessa como isso é conseguido. Tal é um problema das autoridades portuguesas e manda a urbanidade que na casa dos outros, sejam os outros a mandar. Portanto, mesmo que empresários alemães achassem que o sector público português tivesse efectivos em excesso e custasse uma exorbitância, isso seria uma análise pessoal que a cortesia não aconselharia a divulgar.

Mas mais que os resultados do inquérito ao painel dos 60 decisores do Jornal de Negócios, as declarações de Miguel Cadilhe, publicadas este fim de semana no Jornal de Notícias, são uma “pedrada no charco”. Aliás, o ex-ministro das Finanças afirma mesmo que "Estado só lá vai com um abanão". Cadilhe pretende que se atinja “Uma meta difícil - mas plausível nos quatro anos de uma legislatura - deveria ser reduzir para dois terços a actual escala de actividade corrente do Sector Público Administrativo. Ao mesmo tempo, dever-se-ia acelerar e completar a modernização das principais estruturas administrativas, como as que servem a justiça, a educação, o fisco, entre outras”. ... “O rácio despesas correntes/PIB desceria assim por efeito de duas forças confluentes. Como o rácio ronda os insuportáveis 40%, a meta apontaria para 27% em 2008”.

Ora isto significa diminuir a despesa corrente pública em cerca de 7% ao ano, nos próximos 4 anos. Implicaria diminuir substancialmente os efectivos do sector público. Cadilhe começaria pelo mais fácil: Governo e Assembleia da República, que não têm contrato de trabalho e não estão sindicalizados. Mas Governo e AR seriam apenas o começo exemplar, exemplar, porque são uma gota de água no oceano. Tal implicaria rescisões (muitas), reconversões e reafectações de funcionários.

Para subsidiar esta revolução e esta hecatombe de escribas acocorados seria criado um Fundo de Investimento. E com que recursos? Bem, os que fossem destinados às requalificações poderiam provir, parcialmente, dos fundos estruturais da UE, e o restante, que seriam muitos milhares de milhões de euros, proviria de mais privatizações, alienações e da venda das reservas de ouro (avaliadas em cerca de 5 mil milhões de euros).

Portugal recuperaria assim, em 4 anos, o que andou a desperdiçar em 14 anos, visto que regressaria aos rácios orçamentais de 1990. E para isso, o Estado teria que vender todos os seus activos ... seria o preço do seu laxismo e da sua leviandade financeira.

Mas que político se atreveria a propor este “abanão”, considerado "plausível" por Cadilhe? Apenas algum que quisesse ser expulso da política activa, já com um chorudo contrato assinado para analista televisivo, especializado em comentários devastadores, mortíferos e politicamente incorrectos.

Publicado por Joana às janeiro 10, 2005 11:59 PM

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Comentários

O Cadilhe está maluco. Ele diz isso porque não está no governo nem apoia o Santana

Publicado por: aparicio às janeiro 11, 2005 12:39 AM

Era um grande "abanão". Esse sujeito não anda a bater bem da bola

Publicado por: vitapis às janeiro 11, 2005 12:42 AM

Pronto, deste cabo do Cadilhe, que ao pé de ti é uma besta quadrada.Assim , enquanto tu não fores ministra de tudo e mais alguma coisa dado seres a única pessoa inteligente em Portugal, estamos tramados.Mas sempre te digo que o que o Miguelito diz não é disparatado de todo. E deixa lá os alemães que eles nem sabem da vida deles quanto mais da dos outros. Deixa de ser xenófila que isso já não se usa.E não faças comparações com a Europa, pareces o Sócrates. Mais uma vez largas o veneno mas nunca o antídoto. Assim vai a extrema direita em Portugal (a caminho dos 10% como reza o teu amado ídolo Paulinho das feiras, mas atingindo os 6% salvo seja e uns 6/7 deputados e chega, felizmente para todos nós).Mas o que eu gostava mesmo, ó Janica Zandinga, é que tu te armasses em democrata e falasses da obra desse grande ministro do turismo que foi o Telmo anedota, e da grandiosa obra que deixou ao país. Mexe-te, caraças, não fiques agora a pensar no que o homem terá feito, pois deve estar tudo no access de papai! Já percebeste aquilo do avião do boxeur? Pois é, não se faz. Aprende que eu não duro sempre.E vai alimentando os canitos para eles não andarem atrás de mim. Bjs.

Publicado por: Átila às janeiro 11, 2005 01:16 AM


Solidariedade Portuguesa
A ONDA de solidariedade que varreu este País, para com os Povos atíngidos pelo Tsunami, foi e continua a ser impressionante, pois ainda não acabou.
Por ter atíngido uma força nunca antes vista, deveria ser motivo de reflexão para todos os nossos políticos, pois em pouco tempo, este Povo respondeu de forma unida, em torno de um ideal comum. É esta força, que já se tinha manifestado no caso de Timor, que os nossos dirigentes deveriam ser capazes de mobilizar.

Porque também no caso do Euro 2004, essa força esteve presente, e da tal maneira, que a Europa ficou impressionada, com o civismo deste povo, que tão maltratado tem sido pelas suas elites gvernamentais.

O que prova, que perante uma causa concreta, este povo tem capacidade de reagir, e de se superar as dificuldades seja, elas quais forem, tal como outrora perante Bojadores e Cabos de Tormentas.

Perante esta capacidade já demonstrada, É TEMPO DE NOSOS DIRIGENTES REFLECTIREM BEM QUAL O CAMINHO A PERCORRER, e quais os objectivos a alcançar, depois é só trabalharmos todos para que tal aconteça.

Publicado por: Templário às janeiro 11, 2005 02:41 AM

Ojectivos de desenvolvimento:

nada de discursos longos e sonolentos.

Ideias simples e claras.

Temos funcionários Publicos a mais, onde os vamos colocar ? há imensas carências a vários níveis a começar por milhares de contratados nos hospitais.

Portanto se quisermos ser sérios nem há funcionários a mais, há é uma descoordenação de tal maneira, que nem sabemos quantos são necessários, quantos estão a mais em certos ministérios, e quantos faltam noutros.

HAJA APENAS SERIEDADE A TRATAR DAS COISAS DA NAÇÃO, QUE É COMO QUEM DIZ, DE TODOS NÓS.

Publicado por: Templário às janeiro 11, 2005 02:49 AM

Ó Átila mas o Telmo era ministro ?

do turismo ?

deixa de ser maldizente man, se era do turismo andou a viajar, logo, a trabalhar para o seu ministério...e por certo aprendeu algo nessas viagens, como o seu amigo Sarmento, que descobriu o BOM-BOM.

Publicado por: Templário às janeiro 11, 2005 02:53 AM

“Isto”, pelos vistos, continua o “da Joana”...

De uma assentada, resolvem-se muitas tretas e o pobre do leitor engole tudo como se de um filme do Almodovar se tratasse : investimento estrangeiro, encaixadores de exportações, competitividade externa, competitividade interna, “justiça”, fiscalididade, “reafectação de funcionários, e sabe-se lá que mais o que calhou na rifa da “tarefa da escriba”...

Olha-se para a “tarefa” e sorrimos...

Sorrimos porque a “tarefa” obrigava a mais... muito mais... oh! se obrigava.....

Mas, sorrimos porque lobrigamos o nosso oráculo: o “economato”, quando se deveria limitar a ser economato, remete-se ao sarcástico.

Não é Cadilhe que está errado. E, muito menos, no rumo incerto...

Não são os investidores alemães – e que, afinal, sustentam a inflação portuguesa a seu bel-prazer - (foi esse o exemplo) que estão errados. E, muito menos, no rumo incerto...

Restaria indagar se alguém estará errado, no meio desta “caixa de loucas”...

Eu sei... e duvido que alguém não saiba...

Mas... a dúvida do “economato” alimenta jornais, alimenta blogs.... até me alimenta a mim que não sei passar sem preencher de letrinhas negras o espaço que as falsas tsunamis me proporcionam...

Publicado por: re-tombola_em_Lisboa às janeiro 11, 2005 02:58 AM

O tsunami Cadilhe seria uma hecatombe, mas varreria todo o lixo para o mar.

Publicado por: bsotto às janeiro 11, 2005 10:07 AM

Confesso... Sou bipolar...

Envergonho-me das posições que aqui tomo com frequência, mas comprendam, nao estou em mim. Na relação normal com as pessoas sou afável, mas compenso aqui, dizendo mal das pessoas que invejo.

Daqui a pouco, é provável que volte a escrever que não fui que escrevi isto, mas não liguem. Agora estou lúcido, estou em mim e perdoa-me por tudo, Joana. Perdoa as barbaridades que não conseguirei conter. Sou doente... não levem a mal...

Publicado por: Átila às janeiro 11, 2005 10:20 AM

Eu bem escrevia que o rapaz devia ser mais atilado. Afinal é doença. Uma visita ao Júlio ali à Av do Brasil poderá ajudar...

Publicado por: Observador às janeiro 11, 2005 10:32 AM

Bipolar? Com essa perversão o melhor é aderir ao Bloco de Esquerda

Publicado por: azimute às janeiro 11, 2005 10:44 AM

Tenho um palpite que «isto» vai acabar muito mal. É um palpite.

Publicado por: asdrubal às janeiro 11, 2005 11:22 AM

«isto» o quê?

Publicado por: hanibal às janeiro 11, 2005 01:20 PM

Os alemães são os que mais massa têm sacado de cá!

Publicado por: Rui Sá às janeiro 11, 2005 01:24 PM

Mas também são os que têm mais investido e em investimentos de tecnologia mais avançada

Publicado por: Buhler às janeiro 11, 2005 02:38 PM

Estas observações sobre as respostas diferentes de alemães e portugueses estão bem vistas. No fundo a opinião deve ser a mesma.

Publicado por: Rave às janeiro 11, 2005 02:40 PM

Eu realmente devo incomodar muita gente. Até já há quem se faça passar por mim! Estou a tornar-me um ídolo incontornável. Mas o imbecil que se fez passar por mim deixou o rabo de fora! Ó Janica, tu que tens aí os IP's diz-me lá quem é este camelo:

http://weblog.com.pt/MT/comenta1.cgi?__mode=red&id=428656

Ou serás tu? Nem quero acreditar, ehehehehehe...

Publicado por: Átila às janeiro 11, 2005 05:36 PM

Boa noite Joana, venho recordar-lhe que Semiramis foi rainha sim, mas à traição. O emagrecimento da função pública quando significa perder empregos além de que a maioria das pessoas já trabalha de mais, é mau, perverso demais.

Você é economista. Eu não. Mas deixe-me dizer-lhe que tenho vergonha da economia que os homens fizeram, e isto aplica-se sobretudo aos economistas. A economia é toda combinada, expressa ou tacitamente, e pode ser toda descombinada e recombinada. Vocês, os economistas invocarão os perigos do caos, da hiper-inflacção, da inércia dos fluxos... eu sei como é, a estabilidade das instituições, a vossa meta-referência, para poderem conceber um sistema piramidal de hierarquização.

Tretas, vocês fizeram o mundo assim porque alimenta as serotoninas dos poderosos. Tal como está feito este mundo serve a ilusão do ter em substituição metonímica do ser. Aí os budistas é que vêm bem as coisas.

Ponham lá o BCE a emitir dinheiro suficiente para financiar as seguranças sociais dos países da UE, como objectivo estratégico da humanidade e o resto logo se vê. Até vai ser engraçado.

Publicado por: pyrenaica às janeiro 11, 2005 07:53 PM

Nem era preciso o BCE. O Alves dos Reis também era um especialista em fabricar moeda.

Publicado por: Joana às janeiro 11, 2005 07:56 PM

Janica, mais água. O Alves dos Reis não era especialista a fabricar moeda, mas sim em encomendá-la aos bifes, que esses é que a produziam. O rapazito enganou-se foi nas séries e deu para o torto. Vê se aplicas mais.Vais ao access do papá e ficas "au point". E vê se quando me imitares e escreveres posts com o meu nome aqui no Sem para auto-massajares o teu enormíssimo ego não deixas o rabo de fora porque assim corre-te mal. Disfarças, pões um nick qualquer. Eu sei que te escapou, as isso só mostra que estás a ficar nervosa. As pessoas ficam a saber como tu és e depois já não ladram mais quando tu passares, mordem-te, e é bem feito.

Publicado por: Átila às janeiro 11, 2005 08:27 PM

Ahh o Alves dos Reis, esse Sidhartha metonímico do ser, um artista português ehehehe !

Publicado por: asdrubal às janeiro 11, 2005 09:19 PM


Joana

O Átila pediu-lhe que denunciasse, quem se fez passar por ele, acho que nós todos que aqui participamos, também desejamos saber, quem foi o ordinário.

Publicado por: Templário às janeiro 11, 2005 09:40 PM

Joana

O Átila pediu-lhe que denunciasse, quem se fez passar por ele, acho que nós todos que aqui participamos, também desejamos saber, quem foi o ordinário.

Publicado por: Templário às janeiro 11, 2005 09:41 PM


Lições de Economia....

Numa pequena aldeia de 1000 habitantes, todos os habitantes devido à crise, devíam una aos outros 100 euros.

O Estalajadeiro devia ao Talho 100 euros, o talhante devia 100 euros ao sapateiro, o sapateiro devia 100 euros na padaria, etc etc.

Chega um viajante logo pela manhã à Estalagem, e diz que vem fazer uma trabalho, e paga 3 dias adiantados.
O estalajadeiro, corre a pagar ao talho, o talhante corre a pagar a dívida ao sapateiro, este corre a pagar à padaria, etc etc.

Ao fim de 3 dias, tinham sido saldadas com os 100 euros iniciais 1000 dívidas, que totalizavam em conjunto 1000x100 = 100 000 euros.

É obra...como 100 euros !

Como se demonstra o dinheiro não se gasta, circula !

Publicado por: Templário às janeiro 11, 2005 09:49 PM

Caro Templário, não se canse porque ela nunca vai dizer que foi ela, não?

Publicado por: Átila às janeiro 11, 2005 09:49 PM

Templário em janeiro 11, 2005 08:45 PM:
A diferença entre essa aldeia e Portugal, é que, na nossa aldeia, todos nós devemos 100 euros ... mas a gente de outra aldeia.

Publicado por: Joana às janeiro 11, 2005 09:56 PM

Templário em janeiro 11, 2005 09:41 PM:
Em primeiro lugar não sou delatora;
Em segundo lugar há um princípio de confidencialidade neste blogue que quero preservar;
Em terceiro lugar, na quase totalidade dos casos, um IP não permite chegar a ninguém, a menos que seja alguém com IP fixo, o que é raro.
Quase todos os operadores mudam aleatoriamente os IPs dos seus alojados.
Quando me inundaram o blogue de obscenidades (cerca de 3000 comentários), há pouco mais de um ano, tentei banir o IP do sujeito mas ele cada vez aparecia com um IP diferente, até que desisti.

Publicado por: Joana às janeiro 11, 2005 10:02 PM

Janica, gostei em parte. Não és delatora, fica-te bem. Agora acaba com essas chicanices que não enaltecem o teu próprio blog.Já não tens idade para isso. Amuas e pronto.

Publicado por: Átila às janeiro 11, 2005 10:06 PM


Alvin Toffler, o 'pai' da Terceira Vaga


A Europa continua a viver no passado


É o comentário preocupado do futurista americano mais conhecido, que não vê o nosso continente seriamente empenhado em cortar com o passado. Nesta entrevista, ele revela as suas duas 'paixões'. Um investimento massivo em novas formas de ensinar com vista a uma população mais educada e numa infraestrutura electrónica e comunicacional são as duas condições básicas para uma estratégia baseada no conhecimento. É este o desafio que as Nações e os grandes blocos terão no próximo século. Eis um dos temas do seu próximo livro, que só sairá depois da poeira do milénio assentar


Jorge Nascimento Rodrigues em Los Angeles
In http://www.janelanaweb.com/manageme/toffler.html

Publicado por: Templário às janeiro 15, 2005 11:00 PM

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Publicado por: phent às fevereiro 13, 2005 10:28 PM

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