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novembro 10, 2004
Atrasado para o Funeral
Já está tudo organizado. As exéquias realizam-se no Cairo, na próxima 6ª-feira, e no sábado será enterrado em Ramallah, no seu QG de Muqata. Diversos estadistas, políticos e outras personalidades do mundo inteiro já estão convidados para aqueles dois eventos que serão retransmitidos por todo o planeta.
Percebe-se, em tudo isto, uma sólida capacidade de decisão e organização. A escolha dos locais, os convites, os lugares e a sua distribuição, sempre delicada para não ferir susceptibilidades, a parte logística, os abastecimentos, as flores, as instalações sonoras, a sequência dos cânticos, a colocação das câmaras, etc., etc..
Apenas falta uma minudência. É pequena, está mirrada, está silenciosa e está imóvel, mas deveria ser o protagonista principal daqueles eventos Falta o cadáver de Arafat!
Mas Arafat, que sempre foi um obstinado, para o bem e para o mal, recusa-se sistematicamente a morrer. Há uma semana estava em coma; no dia seguinte foi dado em estado de morte cerebral; anteontem afirmava-se que tinha apenas algumas horas de vida. Os organizadores dos eventos roem as unhas nervosos ... toca o telefone ... acorrem pressurosos o gajo já ... ? pergunta-se com angústia, e a resposta é um abanar desolado da cabeça: nada ... isto está a ficar feio ... ainda temos que devolver os bilhetes ...
A mulher de Arafat, Suha, acusou anteontem a direcção palestiniana de querer "enterrar vivo" o seu marido. Julgo que Suha não está a compreender a gravidade da situação. As mulheres têm frequentemente destes desvarios: não terem a racionalidade adequada à grandeza dos acontecimentos. Vivo ou morto (de preferência morto, como diriam aqueles cartazes no Far-West), Arafat terá que comparecer, 6ª feira ao seu próprio funeral. Todos o exigem, está tudo marcado e seria de uma enorme deselegância para com todos os convidados, se Arafat não comparecesse.
A Autoridade Palestiniana assumiu compromissos e terá que os cumprir. Suha terá que se conformar. Sexta-feira, vivo ou morto, Arafat estará no Cairo como prometido.
Publicado por Joana às novembro 10, 2004 11:10 PM
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Comentários
Joana:
Se fosse a si nao me preocupava.
Por exemplo, se fosse comigo e eu lesse num jornal que o meu funeral era ja de aqui a 2 dias, ate me dava uma coisa ma...
Publicado por: P Vieira às novembro 10, 2004 11:11 PM
Suha terá que se conformar em continuar em Paris , que parece ser um lugar de seu agrado nos últimos 2-3 anos !
Publicado por: zippiz às novembro 10, 2004 11:14 PM
P Vieira: Felizmente para Arafat, ele não tem lido os jornais, nem visto TV.
zippiz: a continuar tudo como está ... Suha arrisca-se a ficar os próximos 2 anos a fazer companhia ao marido e às máquinas que o mantêm vivo.
Publicado por: Joana às novembro 10, 2004 11:25 PM
do blog Glória Fácil ... para contrariar Joana acerca do "politicamente correcto" :
O jornalismo isento segundo Helena Matos...
...pratica-se assim: quando um marroquino assassina um cineasta que realizou filmes sobre barbaridades islâmicas praticadas contra as mulheres é imperdoável não usar, na caracterização do assassinado adjectivos como "corajoso" e outros de igual calibre ("heróico", "destemido", etc).
Já quanto ao assassino deve-se usar essa palavra ("assassino", não "homicida", que é muito frio e politicamente correcto), além de "facínora", "troglodita islâmico", "besta selvagem". E isto conjugado com a conclusão de que o assassino, por ser marroquino e por estar vestido como um muçulmano, não podia deixar de estar evidentemente a soldo, com avenças acumuladas, da OLP, do Hamas, da Al Qaeda e, em suma, de todas as principais organizações terroristas islâmicas.
Este é o dicionário de Helena Matos. Uma cronista que só não é absolutamente demagoga porque não revela inteligência suficiente para isso.
# posted by JPH @ 15:21
Publicado por: zippiz às novembro 10, 2004 11:32 PM
Os franceses deixá-lo-ão partir sem uma autópsia ?
Publicado por: asdrubal às novembro 10, 2004 11:34 PM
zippiz em novembro 10, 2004 11:32 PM
Concordando ou não com a Helena Matos, você acha bem que um blogue, onde 3 dos 4 blogueiros são jornalistas do Público, incluindo a nossa querida Ana Sá Lopes, apareça um deles, também jornalista do Público e colega da Helena Matos, um tal João Pedro Henriques a chamar estúpida à colega em público?
Você não se apercebe de qualquer atropelo à ética profidssional?
Há algo de muito errado e perverso em tudo isto.
Publicado por: Joana às novembro 11, 2004 12:02 AM
asdrubal em novembro 10, 2004 11:34 PM:
Em último caso, procederão à autópsia com ele ainda vivo.
Isto, de facto, está a tornar-se caricato e inconveniente para a situação de um sujeito que, quer se goste ou não dele, está às portas da morte. Isto admitindo que ele ainda está vivo.
Publicado por: Joana às novembro 11, 2004 12:05 AM
Joana ,
e como é que se diz/escreve "estúpida" em politicamente correcto ?
e a douta senhora é jornalista ou colunista/cronista semanal ?
o seu "amigo" de estimação, Eduardo P. Coelho é , no Público , um colunista/cronista semanal.
Publicado por: zippiz às novembro 11, 2004 12:22 AM
"Embora oficialmente Arafat continue vivo
Israel anuncia funeral
O chefe dos serviços secretos israelitas, Avi Dichter, disse hoje perante o gabinete de segurança do governo de Israel que o funeral de Yasser Arafat deverá realizar-se quinta-feira no Cairo e o enterro sexta-feira em Ramallah."
in Expresso online
Embora esteja acordado com as autoridades palestinas em exercício, é claro que nada se faz na Palestina sem autorização de Israel.
Assumindo a ingenuidade implícita na interrogação, pergunto: Porquê?
Publicado por: Manela às novembro 11, 2004 02:05 AM
Joana em novembro 11, 2004 12:02 AM
Não conheço nenhuma das personagens, não sei quem é estúpido e quem é inteligente e por isso não meto ali colher.
Mas o seu post deixou-me na dúvida:
É errado o JPH chamar estúpida à HM, ou só é errado se for em público?
É errado, mesmo que ela seja, de facto, estúpida, ou só é errado se ela for inteligente?
E se ela, sendo realmente estúpida, manifestar essa estupidez em público, continua a ser errado chamar-lhe estúpida em público?
Quanto ao atropelo à ética profissional, fui consultar o Código Deontológico dos Jornalistas e não vi lá nenhuma disposição que impeça um jornalista de chamar estúpido a outro. Creio, mesmo, que isso é um desporto muito popular entre os jornalistas...
# : - ))
Publicado por: (M)arca Amarela às novembro 11, 2004 02:51 AM
A propósito do que aqui tenho visto escrito sobre Arafat: há palavras que não engrandecem quem as escreve.
E não digo mais.
Publicado por: (M)arca Amarela às novembro 11, 2004 02:56 AM
Chamo a atenção para o facto de, nos últimos dias, os boletins referentes a Arafat mencionarem a "estabilidade" da sua condição. Ora, haverá algo mais estável do que a morte?... Não me parece duvidoso que Arafat estivesse morto há vários dias - embora talvez ligado a uma qualquer máquina - e que apenas se esperasse pelos arranjos funerários para anunciar essa morte. Afinal de contas o islamismo exige que o enterro se realize nas 24 horas seguintes ao óbito, o que complicava muito a "pompa e cerimónia"... Para lá do "pormenor" da sucessão...
Publicado por: Albatroz às novembro 11, 2004 09:31 AM
As últimas notícias dão-no como morto. Mas só no funeral é que se saberá de certeza.
Publicado por: Sa Chico às novembro 11, 2004 11:36 AM
Eu vi-o chegar a Pércy com um ar bonzinho. A folhas tantas andaram a fazer-lhe uma plástica e vão recriar Tróia em casa de Sharon ...
Publicado por: asdrubal às novembro 11, 2004 12:37 PM
(M)arca Amarela em novembro 11, 2004 02:51 AM
Talvez não tenha sido clara. Num empresa normal, onde trabalham dois colegas, se um deles usasse um órgão de comunicação exterior para chamar estúpida e incompetente à colega pela forma como ela exerce a profissão naquela empresa, e escrevesse aquelas coisas, tão mal alinhavadas, que ressumam um ódio profundo, não era apenas um caso de falta de ética e de respeito entre colegas - apanhava com um processo disciplinar.
Como não se trata de uma empresa normal mas de um jornal, além de um processo disciplinar por insultar uma colega pelo exercício da profissão na própria empresa, levaria com outro, por incompetência profissional aquele texto é apenas um (mau) exercício de um ódio exacerbado à colega. Está muito mal escrito.
Publicado por: Joana às novembro 11, 2004 12:52 PM
A incompetência gera estes comportamentos. Há semanas entrevistaram o Medina Carreira para o Diga lá Excelência. O Medina Carreira disse o que entendeu face às perguntas e interpelações dos entrevistadores. O Eduardo Dâmaso era um deles e ouviu as teses do Medina Carreira sempre sorridente sem nunca o interpelar sobre possíveis erros. Dias depois, no Público, julgo que num editorial, escreveu uns parágrafos dizendo exactamente o oposto das conclusões do Medina Carreira. Se ele não concordava com MC, porque não o interpelou então sobre essa matéria?
Eu respondo-lhe: porque não se sentiu competente, ali, para confrontar as suas opiniões com MC, e preferiu fazê-lo num local seguro, sem receio de contraditório. Isto, para além de falta de ética, é cobardia.
A qualidade de escrita daquele jornalista mostra o mesmo. Como você escreveu há palavras que não engrandecem quem as escreve.
E acredito que os jornalistas chamarem estúpidos uns aos outros seja um desporto muito popular entre eles. Provavelmente terão todos razão. Aliás, tenho uma opinião péssima dessa classe.
Publicado por: Joana às novembro 11, 2004 12:53 PM
Ironia quanto baste.
Gostei.
:-)
Publicado por: André às novembro 11, 2004 02:41 PM
Afixado por Joana em novembro 11, 2004 12:53 PM
Vc não gosta mesmo do Público, pois não ?
Prefere o DN ...
PS: Helena Matos é jornalista ou simplesmnete colaboradora, semanal, do Público ?
Publicado por: zippiz às novembro 11, 2004 08:04 PM
zippiz em novembro 11, 2004 08:04 PM:
Não sei zippiz. Só sei que ela escreve de vez em quando para o Público. Deve ter o chamado estatuto de colaboradora permanente.
Engana-se. Prefiro o Público ao DN. Não por uma questão de independência política, mas porque os colaboradores, em média, têm melhor qualidade.
Aliás, do ponto de vista estritamente político-partidário, o Público é independente. Onde ele não é independente é na ideologia (em sentido lato) veiculada, que é a do segmento do que costumo designar por «intelectual urbano elitista». Mas isso é uma pecha muito comum no jornalismo que tem a ver com a sua origem social.
Tem a ver com a esquerda, mas não só. O PCP é completamente discriminado na Comunicação Social face ao BE e aos outros partidos. Todavia é de esquerda. Mas é uma esquerda que não pertence àquele segmento.
Publicado por: Joana às novembro 11, 2004 11:58 PM
Agora, sim. Começamos a convergir quanto à natureza da ideologia reinante em alguns sectores da comunicação social.
# : - ))
Publicado por: (M)arca Amarela às novembro 12, 2004 02:34 AM
Os jornalistas gostam de se insultar uns aos outros. Mas preferem insultar a nossa inteligência.
Publicado por: Mario às novembro 12, 2004 10:55 AM
Ana Sá Lopes tem mais de mil razões para estar bem aborrecida.
A sua querida última página de domingo foi dada ao Vasco, se isto não é razão para desejar um terramoto na Rua Viriato, não consigo arranjar melhor.
Publicado por: Carlos Alberto às novembro 13, 2004 07:15 PM
Afixado por: (M)arca Amarela em novembro 12, 2004 02:34 AM
Será que se notou ai, um pequenino ressentimento pelo PCP aparecer pouco, quase nada, nada mesmo ?
Publicado por: Carlos Alberto às novembro 13, 2004 11:40 PM
A Suha vendeu a desligação da máquina por milhões de euros. Pagar tanto dinheiro para interromper um trabalho! Ainda dizem que a FP portuguesa é bem paga.
Publicado por: arceu às novembro 15, 2004 05:16 PM
E deve haver mais gente a ganhar dinheiro para não fazer coisas. Os franceses devem ter feito a autópsia, mas devem ter feito um contrato: recebem alguns milhões de euros para ficarem calados!
Publicado por: arceu às novembro 15, 2004 05:19 PM