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outubro 07, 2004

O Velhaco Genial

É notório e insofismável que o ministro dos Assuntos Parlamentares Rui Gomes da Silva errou e foi inábil nas suas apreciações sobre o comentário dominical de Marcelo Rebelo de Sousa. O ministro tem todo o direito de contradizer ou opinar sobre as afirmações do professor e contestar essa faculdade seria retirar ao ministro a capacidade de exercer o seu direito de cidadania. Já o apelo feito pelo ministro à intervenção da Alta Autoridade contra um eventual delito de opinião de um comentador foi um disparate e uma inabilidade. Um disparate, porque não faz sentido o princípio do contraditório aplicado ao comentário de um dado analista político; o que interessa é haver no conjunto da programação a aplicação daquele princípio. Uma inabilidade porque cometer esse erro num acto de antagonismo com o professor é uma tremenda ingenuidade política. Pisar um ninho de cascáveis seria menos perigoso.

Em segundo lugar existe um psicodrama em Portugal. Santana Lopes (ainda mais que Paulo Portas) induz em certos meios intelectuais e da comunicação social uma patologia que é um misto de “pele de galinha”, urticária e esquizofrenia obsessiva-compulsiva. Gente que aparenta sensatez, educação, boas maneiras ... ouve falar do PSL como primeiro ministro e é acto contínuo atacada por uma paranóia maníaco-agressiva desvairada e azeda. Por exemplo, até há poucos meses julgava-se que apenas o tabaco e o FC Porto provocavam distúrbios emocionais e disfunções da personalidade de M Sousa Tavares. A partir de Junho deste ano o PSL foi acrescentado à lista de germes patogénicos que punham em risco a saúde mental do conhecido comentador.

Marcelo Rebelo de Sousa parecia imune a estas patologias. Digeriu, por exemplo, a ascensão de P Portas ao governo com a elegância que sempre o caracterizou, passando-lhe a mão pelo ombro e aproveitando-a para enterrar, afectuosa e semanalmente, a adaga acerada e subtil da sua verve. Várias vezes o apelidei aqui de velhaco genial que me parece ser o cognome que melhor caracteriza a sua personalidade de analista político.

Ora um «Velhaco Genial» com a reputação e a auréola de Marcelo não capitula num qualquer fugaz jantar com um empresário da comunicação social, isto admitindo que Paes do Amaral tenha pedido ao comentador político para se moderar nas críticas ao Governo e ao PSL, e Paes do Amaral negou que o tivesse feito. Não vou pôr em causa a sua negação. Se ele o não fez, muitos o têm feito e continuarão a fazer. Só hipócritas acreditam que todos os jornalistas escrevem (ou dizem) o que muito bem entendem. Qualquer artigo ou notícia passa pelo crivo dos escalões hierárquicos superiores e a estratégia da comunicação é definida pelas chefias.

E porque não haveria de ser assim? Quem outorgou ao jornalista A ou B a categoria de detentor da verdade absoluta e incontestável? Tem que haver equilíbrio informativo e formativo e alguém, indivíduo ou grupo, em cada órgão de comunicação social será responsável por assegurar esse equilíbrio. Quem viu o filme «Os Homens do Presidente» e observou as cautelas dos editores do Washington Post, e a «censura» que fizeram à divulgação do Caso Watergate até estarem seguros que podiam avançar com segurança e certezas, não pode deixar de estar de acordo com o processo. Mas quem apenas viu o filme até meio, e desconheceu o seu desfecho, poderia ser tentado a acusar os editores do jornal de censura hedionda. E o filme da vida real nunca termina ...

Portanto a liberdade de imprensa não é a liberdade de qualquer um dizer o que pensa, mas o equilíbrio informativo, o rigor e a permanente busca da verdade o mais objectiva possível.

É óbvio que se Paes do Amaral tivesse feito aquele pedido (e ele garante que não o fez) a instâncias do governo, o caso mudaria de figura. Os governos não devem interferir na liberdade da comunicação social, embora essa interferência sempre tenha acontecido e só tenha perdido a acutilância inicial, depois do aparecimento dos canais privados.

Rui Gomes da Silva foi (aliás, tem sido) inábil, mas nem PSL, nem Morais Sarmento cometeriam a imprudência de pressionar a TVI. Era um tiro no pé. A saída de Marcelo Rebelo de Sousa da TVI, após um conflito verbal com um ministro, seria péssima para a imagem do governo porque seria sempre lançada, quer fosse verdade ou não, a crédito da influência governativa.

Portanto, todos os protagonistas, ou alegados protagonistas, deste psicodrama negam veementemente que tenham feito, directa ou indirectamente, qualquer pressão sobre Marcelo Rebelo de Sousa, excepto o próprio Marcelo que ... guarda de Conrado o prudente silêncio.

Todavia, para quem conheça o professor não custa nada a admitir que esta saída da TVI seja uma monumental rábula, aproveitando uma série de circunstâncias que lhe confeririam uma imagem vitimizadora. Carlos Magno, que não pode ser considerado fã do PSD e do PSL, contou há horas um episódio ocorrido perto do fim do governo Balsemão, na época da demissão de Freitas do Amaral, onde Marcelo, então membro do governo, mas que garantia estar demissionário, fez a rábula de se ter ausentado para o Mónaco (com fotografia “retocada”, nos jornais, em que o seu rosto aparecia numa piscina do principado) enquanto se passeava pelo Porto, segundo testemunho do próprio Carlos Magno.

Uma coisa é gostar de ouvir o professor perorar sobre a vida política, quer se esteja ou não de acordo com ele. Ele tem uma invulgar capacidade de comunicação e sabe ministrar o veneno com a elegância e o requinte com que uma fidalga do século XVIII servia um inocente chá no seu aristocrático salão. Adoro vê-lo fazer isso! Outra é acreditar na sua fiabilidade como pessoa. Como diz o povo:«Quem vê caras, não vê corações».

O que é um facto é que Marcelo se tornou, em poucas horas, no herói impoluto de um vasto leque do espectro político, desde M S Tavares, passando pelo BE, pelo PCP, pela Intersindical, pelo PS (todo o PS!), pelo J P Pereira e acabando em ... M S Tavares. Freitas de Amaral, que só ele talvez saiba em que zona do espectro político se situa, veio compungido, de óculos embaciados pela humidade, derramar lágrimas sobre o 25 de Abril amordaçado! Neste momento de suprema emoção, todos, enternecidamente, já esqueceram a cicuta que o professor, ao longo de mais de 4 anos, os fez beber, a todos, e repetidas vezes.

Se isto foi uma rábula, eventualmente facilitada pela inabilidade do ministro Gomes da Silva, veremos nos próximos meses qual será o percurso político-mediático do «Velhaco Genial». Se me enganar, também se verá nos próximos meses.

Publicado por Joana às outubro 7, 2004 10:46 PM

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Comentários

"Portanto a liberdade de imprensa não é a liberdade de qualquer um dizer o que pensa, mas o equilíbrio informativo, o rigor e a permanente busca da verdade o mais objectiva possível."

O parágrafo basta-se a si próprio quanto à liberdade de imprensa. Sobre o equilíbrio informativo, o rigor e a permanente busca da verdade ficamos conversados. Onde é que passou esse filme?? E o DVD já está nos escaparates do Blockbuster??

Publicado por: Luís Vieira às outubro 7, 2004 11:20 PM

Vc não está totalmente enganada mas faltam alguns aspectos:

1)Paes do Amaral - após as declarações do "inábil" RGSilva, como Vc lhe chama mas que eu preferia apelidar de seguidista sem princípios de PSL - deveria ter defendido a sua estação contra a ingerência de um ministro , apelando à (triste) AACSoial.Parece que essa defesa ficou a cargo de alguns jornalistas da redaçção da TVI, quando deveria ter sido feita pela própria administração.Não tendo sido feita por Paes do Amaral , sujeita-se a todas as leituras !

2)Joana esqueceu-se , não de propósito creio eu, de referir outros que estão a defender o "herói impoluto" (ou a atacar PSL), eg : CSilva , LBeleza , MMendes . Tudo gente "perigosa" e colocada à esquerda !

3)Para o seu comentário ser subscrito pelo Largo do Caldas só lhe faltou dizer que este assunto é de caracter Laboral , entre MRSousa e a TVI !

Publicado por: zippiz às outubro 7, 2004 11:39 PM

Quem foi visado pelo "inábil" RGdaS foi Marcelo, não a TVI. Seria Marcelo a responder, como aliás disse que o ia fazer. Marcelo não era um jornalista da TVI, mas um comentador independente.
Paes do Amaral declarou, numa reunião com a redacção da TVI que não havia feito qq pressão. Como Marcelo se calou, não há "contraditório".

Quanto ao seguidismo do "inábil" RGdaS, zippiz, você não acha que também está acometido da esquizofrenia obsessiva-compulsiva que tem desvairado tanta gente, que vê PSL como causa de tudo o que acontece no nosso país?

Eu apenas referi o leque partidário em geral e o Freitas e o MST em particular.

O Cavaco, como outros, apenas pôs a questão no plano do condicional «se ... »

Publicado por: Joana às outubro 8, 2004 12:08 AM

ok , mas podia ter escolhido Cavaco , ou LBeleza como exemplo. Escolheu Freitas e MSTavares , não por acaso.Opções.
Agora diga-me aqui uma coisa que ninguém nos ouve : (1) Vc contrataria para a sua empresa o sr RGSilva ? (2)Vc também defenda que existe uma conspiração contra PSL , coitadinho ?
ps: eu não falei em pressão de PAmaral ; falei em SILÊNCIO face às desbocadas afirmações de RGS. É diferente , não é ?

Publicado por: zippiz às outubro 8, 2004 12:24 AM

Afinal, zippiz, em 2001 o Sampaio foi quase tão inábil em contestar o Marcelo e os seus comentários como o "inábil" RGdaS.

Isto dos arquivos das Têvês é terr´vel ... aparece cada telhado de vidro.

Se eu o acho inábil, nunca o contrataria.
Digo-lhe mais ... não me lembro de nenhum que contratasse
E daí ... o Bagão, o Arnaut,

Quem falou em conspiração? O PSL apenas disse que tem sido enxovalhado por diversas vezes ao longo da vida. Isso é verdade. Mas quem o enxovalha acha isso normal e mesmo um acto cívico, portanto fica ofendida por ele o referir.

O que ele disse foi que as vozes que se levantarm dentro do PSD foram as mesmas que não o queriam como 1º ministro, e isso também é verdade.

Aliás, o JPP tem dito, desde o início, muito pior do governo e do PSL que o Marcelo

Publicado por: Joana às outubro 8, 2004 12:40 AM

«Quem outorgou ao jornalista A ou B a categoria de detentor da verdade absoluta e incontestável?», pergunta Joana.

Sim, quem? - pergunto eu. Não se sabe já que essa cadeira está ocupada por Joana?

# : - ))

Publicado por: (M)arca Amarela às outubro 8, 2004 12:44 AM

Não se está a dar valor à mais a este acontecimento?
O Marcelo pode ser bom "comentador politico" porque não...
saiu da tvi por razões ainda bastante desconhecidas, já que ainda não explicou claramente as razões profundas e reais que o levaram a demitir-se...
demitiu-se sim... e então? é grave?
acho que não.
Rui Gomes da Silva disse o que disse... alguem pensa que é suficiente para abandonar a tvi por este motivo???

Uma coisa é certa a reacção "calculada" de Marcelo R Sousa, provocou instabilidade no psd porque a comunicação social aproveitou-se deste caso para enterrar um pouco mais o governo PSLopes (que é criticado por não ter comentado a saida de MRSousa da TVI) -> porque haveria de se pronunciar nosso 1º ministro sobre este caso? cada vez que um jornalista demite-se vai se perguntar a opinião do 1º ministro ?

outra coisa é certa o PS com o nosso Presidente J. SAMPAIO fez uma jogada de génio ao convidar MRSousa a Belem porque oficializa aquilo que a comunicação social tem tentado defender - DÁ crédito e grande importância à saida de MRSousa mostrando o partido PSD como um "monstro" totalitarista e ditatorial.

o PSD não sai nada bem disto tudo - portanto porquê aponta-lo como responsável da saida de MRS, já que não ganha nada com isso?

e de facto o Marcelo sai desta historia como heroi

-----------------------------------------------
obrigado Joana pelo tempo de antena e pelos seus comentários «:-)

Publicado por: Ch'ti às outubro 8, 2004 12:52 AM

Estou 50% de acordo com Joana, no que se refere a MRS: o homem é, sem dúvida, velhaco. Já quanto ao genial tenho as minhas dúvidas...

Todos sabemos que, em Portugal, a liberdade de expressão é uma liberdade condicionada. Já o era antes da demissão de Marcelo e continuará, por certo, a sê-lo.
Não são claros os motivos do pedido de demissão de Marcelo e só o próprio pode fazer alguma luz sobre o assunto.
Se o comentador se calar, todas as litanias pela liberdade de expressão carecem de sentido.
Ao contrário do magno cabotino que Joana chamou em sua defesa, não me parece que MRS tenha dado um golpe de génio. MRS tem o condão de mergulhar em águas poluídas. Desta vez, os pirolitos que vai ter que engolir podem causar-lhe alguns distúrbios gastrointestinais...
On verra.

Publicado por: (M)arca Amarela às outubro 8, 2004 12:56 AM

qui vivra verra

Publicado por: Ch'ti às outubro 8, 2004 12:58 AM

qui vivra verra

Publicado por: Ch'ti às outubro 8, 2004 12:59 AM

Eu também vi na SIC Notícias as declarações do Sampaio em 2001 a bater nos comentários do Marcelo. Até falou da falta do tal contraditório.

É giro. Na altura ninguém disse que o Sampaio estava a dar cabo da liberdade de expressão.

Publicado por: VSousa às outubro 8, 2004 01:15 AM

Eu também vi na SIC Notícias as declarações do Sampaio em 2001 a bater nos comentários do Marcelo. Até falou da falta do tal contraditório.

É giro. Na altura ninguém disse que o Sampaio estava a dar cabo da liberdade de expressão.

Publicado por: VSousa às outubro 8, 2004 01:15 AM

Eu confesso que a «hiper-excitação testoesterónica» do Professor já me cansava só de olhar. O homem não se avia ?

Publicado por: asdrubal às outubro 8, 2004 03:01 AM

Num país onde a liberdade de imprensa e de expressão é uma miragem só realizável para quem pertencer à oligarquia dominante, é enternecedor ver o pesar geral relativamente à "censura" feita a um velhaco contumaz. Todos os dias os directores de jornais censuram todo e qualquer artigo de opinião que não sirva os interesses oligárquicos, mantendo a ficção de uma abertura à esquerda e à direita, desde que se não toque nas vacas sagradas. Se não acreditarem tentem publicar um artigo de opinião em que se critique a União Europeia ou se defenda a não ratificação do Tratado Constitucional, e verão como tal artigo nunca será publicado. Tenho disso experiência pessoal, quer no "Público", quer no "Expresso", quer no "Diário de Notícias". E como já tive artigos publicados nos dois primeiros, calculo que não seja por analfabetismo da minha parte que os artigos são recusados. Mas, claro está, como não sou o MRS nem faço parte da oligarquia, nunca fui convidado pelo Presidente da República para explicar a censura de que - tal como muitos outros - tenho sido alvo. Parvos somos todos nós que ainda acreditamos que vivemos em democracia e portanto nos indignamos com os "atentados" à liberdade de expressão. Parvos somos nós por continuar a dar cobertura a um sistema tenebroso mais eficaz na censura do que alguma vez o foi o Estado Novo. Pessoalmente estou-me nas tintas para o "saneamento" de MRS, aldrabão sistemático que não conseque engolir o sapo de ter perdido a oportunidade de ser Primeiro-Ministro, e de ver figuras menores, como Durão Barroso e Santana Lopes a ocupar o lugar que ele acha dever ser seu por direito. O que eu penso deste governo nem é publicável, mas recuso-me a fazer fretes a MRS participando numa campanha de indignação falsa como Judas.

Publicado por: Albatroz às outubro 8, 2004 09:00 AM

Albatroz em outubro 8, 2004 09:00 AM

Plenamente de acordo!
Estamos a assistir a um espectáculo degradante, ao nível de uma qualquer republiqueta do 4º mundo.
Nem mais.

Publicado por: Senaqueribe às outubro 8, 2004 09:39 AM

O Albatroz tem toda a razão. Preocuparmo-nos com uma figura reles como o Marcelo que ninguém sabe o que o levou a esta comédia, não leva a nada

Publicado por: Arroyo às outubro 8, 2004 10:00 AM

Ae acordo, Albatroz

Publicado por: Adalberto às outubro 8, 2004 10:04 AM

A realidade factual é simples e não requer um profundo exercício de teorização cujo unico resultado é branquear as declarações do Governo.

1) O ministro ao exprimir o seu desconforto com as criticas dum comentador num orgão de comunicação social privado, reclama a intervenção duma entidade - a AACS - que tem influência (mais virtual que factual - diga-se em abono da verdade) na regulamentação do sector da comunicação social.

2) A Media Capital centra a sua actividade empresarial na comunicação social.

3) Para piorar o caso, o ministro tratou de deixar bem claro que estava incomodado com as criticas ao Governo veículadas através deste orgão de comunicação social privado e esta era a razão porque reclamava a intervenção da entidade "reguladora".

Conclusão: Em termos objectivos estamos perante uma pressão ilegitima (e publica) do poder sobre a comunicação social, no sentido de condicionar as apreciações sobre o seu próprio (do Governo) desempenho.

A estratégia que MRS tenha vindo a adoptar como resposta a esta situação e a natureza da sua conversa com Paes do Amaral são neste contexto secundárias. Da mesma forma que o nome das pessoas envolvidas é em rigor absolutamente irrelevante.

O que se passou ilustra aquilo que um Governo democrático verdadeiramente digno desse qualificativo jamais pode fazer. A desfaçatez com que o ministro tornou publica a sua grosseira tentativa de "controlo" apenas mostra a debilidade das suas convicções democráticas. O facto do ministro continuar a sê-lo, é ainda demonstrativo da necessidade compulsiva do actual poder em usar a comunicação social como mero instrumento de manipulação.

Carlos

PS - Se é verdade que MRS não é nenhum santo não deixo de me perguntar porque razão Paes do Amaral achou necessário "jantar" com MRS antes da habitual emissão dominical.

Publicado por: Carlos às outubro 8, 2004 10:16 AM

Carlos: Sampaio, em 2001, disse quase a mesma coisa que o Gomes da Silva agora. Só nõa se pediu a intervenção da AACS.
Pelo seu raciocínio, essas declarações do Sampaio também seriam uma pressão "demonstrativa da necessidade compulsiva do" PR "em usar a comunicação social como mero instrumento de manipulação".

Publicado por: fbmatos às outubro 8, 2004 10:30 AM

«o ministro dos Assuntos Parlamentares Rui Gomes da Silva errou e foi inábil nas suas apreciações»
«nem PSL, nem Morais Sarmento cometeriam a imprudência de pressionar a TVI. Era um tiro no pé».

Cara Semiramis,

Que a Semiramis confunda - o finja que confunde - o essencial com o acessório - sendo aquele as declarações do ministro e este a “demissão” do Prof. Rebelo de Sousa -, é algo que apenas me espanta; agora, que insista em sacrificar Gomes da Silva da silva no altar da manutenção do poder, é algo que não posso aceitar.
Rescreva o seu texto e, onde antes constava Gomes da Silva, não hesite em colocar Pedro Santana Lopes. Tem alguma dúvida que aquele não é mais do que a voz deste?
Sobre o tema leia na BLOGUITICA [1979] O VENTRÍLOQUO E A MARIONETA, [1976] SANTANA LOPES E GOMES DA SILVA, [1912] MENSAGEM CIFRADA e [1910] QUEM COMENTA OS COMENTADORES?
Não lhe peço que acredite no que lê. Mas, atente na data do post mais relevante e o modo como ali é “adivinhado” o comentário que viria a ser proferido pelo ministro “de serviço”.
Também sobre o tema, no ABRUPTO há um texto curioso: 11:15 (JPP)
RIGOROSOS E ESPECIOSOS.


«Portanto a liberdade de imprensa não é a liberdade de qualquer um dizer o que pensa, mas o equilíbrio informativo, o rigor e a permanente busca da verdade o mais objectiva possível.»

Muita haveria a dizer sobre esta afirmação, mas fico-me pelo sublinhar das palavras “qualquer um” e pouco mais.
Quando escrever coisas destas, faça-o com “tinta” azul. É mais apropriado.
Note que, se entende que, pontual ou reiteradamente, alguns comentadores pecam por falta de rigor e por veicularem “verdades” ostensivamente “subjectivas”, está a afirmar que o seu silenciamento não é uma violação ao princípio da liberdade de imprensa. Não hesitaria, pois, a Semiramis em afirmar que a censura de boa parte dos textos ou comentários do professor ou de MST - aqueles textos ou comentários mais subjectivos e pouco rigorosos, no SEU entender - não constitui uma violação da liberdade de imprensa.

«os protagonistas, ou alegados protagonistas, deste psicodrama negam veementemente que tenham feito, directa ou indirectamente, qualquer pressão sobre Marcelo Rebelo de Sousa»
“e pur si muove”...

Cumprimentos.

P.

Publicado por: Pseudoeter às outubro 8, 2004 11:02 AM

Para fbmatos -

O seu "copy / paste" selectivo do meu comentário deturpa o sentido do texto original. Acrescento ainda o seguinte:

- Factos passados com outras pessoas ou orgãos de soberania não são uma resposta às críticas formuladas no meu "post". Estamos a falar do caso concreto do ministro Gomes da Silva e do XVI Governo.

- Acresce que o teor das declarações do PR e RGS não são comparáveis e esta assimilação é intelectualmente desonesta. Concretamente ao reclamar a intervenção da AACS, RGS faz toda a diferença. É isto que configura de forma objectiva a pressão ilegítima sobre a empresa de comunicação social em questão.

Carlos

PS - já que estamos a comparar declarações seria interessante transcrever cuidadosamente ambas as declarações e o respectivo contexto para verificar se a alegação de que o PR "disse quase a mesma coisa" corresponde à realidade

Publicado por: Carlos às outubro 8, 2004 11:04 AM

Carlos: Não fiz com intenção de deturpar, nem me parece que tenha deturpado.

Se você acha que «seria interessante transcrever cuidadosamente ambas as declarações e o respectivo contexto para verificar se a alegação de que o PR "disse quase a mesma coisa" corresponde à realidade» porque escreve que «teor das declarações do PR e RGS não são comparáveis e esta assimilação é intelectualmente desonesta.»

Não acha que é intelectualmente desonesto afirmar uma coisa que depois põe em dúvida?

Publicado por: fbmatos às outubro 8, 2004 01:11 PM

O Marcelo está a preparar o terreno para ir para a SIC. Ele já estava farto de ver encurtar o seu tempo por causa da programação da TVI

Publicado por: Sa Chico às outubro 8, 2004 01:13 PM

Já hoje, como por um mero acaso, aparece escrita por aí a putativa intenção do Presidente em demitir o Governo. Não tardamos a assistir ao apelo ao "voto de cabresto" ...

Publicado por: asdrubal às outubro 8, 2004 01:34 PM

Much ado about nothing

Publicado por: Valente às outubro 8, 2004 02:17 PM

Much ado about nothing

Publicado por: Valente às outubro 8, 2004 02:18 PM

(M)arca Amarela em outubro 8, 2004 12:44 AM
«Quem outorgou ao jornalista A ou B a categoria de detentor da verdade absoluta e incontestável?», pergunta Joana. Sim, quem? - pergunto eu. Não se sabe já que essa cadeira está ocupada por Joana?

Tem toda a razão, (M)arca Amarela. Todavia eu não sou jornalista, mas apenas a detentora de um blog de quem sou a única responsável. Não tenho que dar satisfações a ninguém, apenas a mim própria e à minha consciência.

Publicado por: Joana às outubro 8, 2004 02:20 PM

Ch'ti em outubro 8, 2004 12:52 AM
De acordo consigo e escusa de agradecer

Publicado por: Joana às outubro 8, 2004 02:20 PM

(M)arca Amarela em outubro 8, 2004 12:56 AM:
Não separe, por favor, «Velhaco» de «Genial». Eu nunca disse que MRS era «Genial» ... apenas «Velhaco Genial»!!

Publicado por: Joana às outubro 8, 2004 02:21 PM

Albatroz em outubro 8, 2004 09:00 AM:
Também já me aconteceu a mim. E não vá mais longe: experimente comentar textos do Publico on-line e verá quantos comentários são publicados. Nunca consegui que nenhum comentário que eu tivesse escrito aparecesse publicado.

Publicado por: Joana às outubro 8, 2004 02:22 PM

Pseudoeter em outubro 8, 2004 11:02 AM:
Há q’anos querido amigo, que eu não tinha notícias suas!

Pseudoeter: quando presumo coisas, digo que são presunções e ajo como tal.

O que eu tenho lido dos críticos, incluindo você agora, são só presunções e daí partem para as conclusões mais imperiosas e definitivas.

Então você, que pertence à classe dos “juristas e ofícios correlativos” baseia as suas certezas em presunções? Ainda para mais presunções desmentidas por todos os visados ... excepto MRS ... que se calou!

Publicado por: Joana às outubro 8, 2004 02:25 PM

Presunções:
Já que toda a gente presume, imaginemos esta presunção: no último domingo, MRS, pressionado para acabar, disse qualquer coisa sobre o programa seguinte que tornava inadiável o fim do seu, apelidando-o da «Quinta das Tias».
Na altura não dei qualquer relevo àquela afirmação ... seria apenas uma mera piada.

Todavia, com o Futebol, o espaço de comentário do MRS estava cada vez mais reduzido e andava às bolandas, consoante o horário dos jogos. O aparecimento da «Quinta das Celebridades», que MRS chamou depreciativamente a «Quinta das Tias» seria mais um contratempo para MRS.
Porque não presumir que MRS aproveitando a celeuma criada pelas inábeis afirmações de RGS tenha resolvido sair da TVI, antes que o seu show se abandalhasse na confusão dos horários?

Esta presunção tem a vantagem de não ser desmentida pelos outros intervenientes neste psicodrama.

Publicado por: Joana às outubro 8, 2004 02:29 PM

Cara Amiga

É sempre um prazer trocar consigo umas linhas.
Eu não quero fazer juízos com base em presunções - embora tais juízos sejam legítimos, desde que bem fundamentados, mesmo neste mundo desinteressante do Direito.
De todo o modo, também não podemos esperar pela confissão do acusado para o condenar... Haverá poucos que não se declarem virgens inocentes.

Não queira julgar apenas com base nesse meio de prova perigoso que é a confissão. Julgue com base noutras provas, noutros indícios - se os houver, claro, e se forem suficientes.
Eu, já que não estou aqui a julgar quem quer que seja, permito-me formar uma opinião - provisória e “descomprometida”, claro - com base no avolumar de indícios, não esperando por uma confissão de PSL para, só então, achar que ele já estava ao corrente desta iniciativa de “indignação governativa” contra o professor, antes das declarações do seu ministro serem proferidas.

P.

Publicado por: Pseudoeter às outubro 8, 2004 02:50 PM

Pseudoeter em outubro 8, 2004 02:50 PM:
Eu não falo em confissões do PSL, mas nas declarações do Paes do Amaral, feitas repetidas vezes, inclusivamente ao colectivo dos jornalistas da TVI

Publicado por: Joana às outubro 8, 2004 02:54 PM

eSTÁ EXCELENTE, Joana. E os comentários na generalidade muito interessantes

Publicado por: cosme às outubro 8, 2004 03:21 PM

O PR, Sampaio, em 2001, fez idênticas críticas aos comentários do Marcelo, referindo a inexistência do "contraditório", embora não utilizasse esta palavra, e não houve este chiqueiro todo.
O que é que há agora de diferente?

Publicado por: Miranda às outubro 8, 2004 03:58 PM

Em democracia cada um é livre de dizer o que lhe apetece dentro do correcto em termos de educação e respeito, agora a democracia é para todos, se o Prf. marcelo pode dizer o que lhe apetece, também Rui Gomes da Silva pode tecer os comentários que bem entender, a não ser que a Democracia seja só para alguns...
Aliás esta posição de R G Silva, já tinha sido tomada pelo Sr. Pre. da Republica, e não me lembro de tanto alarido.
E para mais, não me parece que MRS com o nivel que tem se deixe ou seja obrigado a calar desta forma.
Era tão bom que os problemas de Portugal se resumissem a isto

Publicado por: Viegas às outubro 8, 2004 04:03 PM

Ok, Joana, quando falei da confissão de PSL, também não me referia à demissão do professor, mas à autoria moral das declarações do ministro. (E, quanto a isto, P. do Amaral nada terá para nos dizer).

Já quanto às pressões sobre a TVI para a saída do professor, P. do Amaral também não precisa de dizer nada.
As declarações do ministro já constituem, por si, uma pressão inadmissível. E afirmo isto ainda P. do Amaral tenha resistido à mesma e que o professor não tenha saído por outras causas.

Ou seja, independentemente do que eles (não) dizem:
- afigura-se que autoria moral das declarações do ministro cabe ao PM;
- as declarações do ministro são graves (e sintomáticas...), ainda que a TVI tenha resistido e que o professor tenha saído por outras causas.

P.

P.s. Também concordo que há por aí muitos que criticam sem autoridade moral.
O próprio PR já teve as suas tentações censórias...

Publicado por: Pseudoeter às outubro 8, 2004 05:04 PM


"professor tenha saído por outras causas"

e não

"professor não tenha saído por outras causas"

Publicado por: Pseudoeter às outubro 8, 2004 05:07 PM

Marcelo é um politico. E como politico, sempre foi diferente dos outros, pois revela uma inteligência bem superior aos seus pares. E é absolutamente maquiavélico quando se trata de tramas politicas. Dá cartas a todos.
É por isso, que eu não engulo essa da história de censura. Poderá haver de facto qualquer chamada de atenção por parte do dono da TVI, pois estão em curso negocios de muitos milhões, para que ele não fosse tão incisivo nem tão contundente nas suas criticas com este Governo, tanto mais que Santana Lopes e ele, não morrem de amores um pelo outro.
E nada me diz, que Marcelo, aproveitando-se desta pequena chamada de atenção, virasse a opinião publica a seu favor com terriveis efeitos colaterais contra Santana Lopes...e lancasse já o inicio de uma possivel opção Presidencial...com ajuda dos barões do PPD/PSD que também não viram com bons olhos a nomeação deste Primeiro Ministro.

Publicado por: Nordeste às outubro 8, 2004 05:25 PM

Vamos ver os próximos capítulos e estou cá para me rir desta trapalhada toda exacerbada pelos jornalistas sedentos de sangue e pelos desempregados da política

Publicado por: Nordeste às outubro 8, 2004 05:29 PM

Fico mutio preocupado, apesar de não ser fã do MRS, com esta situação que se me afigura preocupante para a liberdade de expressão

Publicado por: vitapis às outubro 8, 2004 05:54 PM

É preocupante de facto, amigo vitapis.
Mas não é de excluir uma fita do Marcelo para outros voos. Nunca fui à bola com aquele tipo, e não vou mudar por causa desta trapalhada

Publicado por: c seixas às outubro 8, 2004 06:01 PM

Também eu, amigo vitapis

Publicado por: c seixas às outubro 8, 2004 06:01 PM

Não separe, por favor, «Velhaco» de «Genial». Eu nunca disse que MRS era «Genial» ... apenas «Velhaco Genial»!!
Afixado por Joana em outubro 8, 2004 02:21 PM

OK, Joana. Foi assim que entendi. Onde divergimos é no facto de você considerar genial o MRS, mesmo como velhaco.
Para mim, nem como velhaco é genial. É mais assim do género velhaco saloio...

Publicado por: (M)arca Amarela às outubro 8, 2004 06:02 PM

Peço desculpa, vitapis, mas julguei que o anterior comentário não tinha entrado

Publicado por: c seixas às outubro 8, 2004 06:04 PM

Não exageremos, vitapis. Daqui a meses somos capazes de estar a dizer mal do Marcelo por causa de alguma das dele.

Publicado por: David às outubro 8, 2004 06:36 PM

O tipo da TVI também negou qq interferência. Isto é muito estranho. O Marcelo devia falar.

Publicado por: Rui Sá às outubro 8, 2004 09:41 PM

O Marca Amarela tem razão: O Marcelo tem muito mais de velhaco que de genial

Publicado por: Rave às outubro 8, 2004 11:25 PM

Ou alguém está a mentir;
Ou ninguém está a mentir (o MRS não mente porque está calado);
Ou estão todos a mentir

Publicado por: Ninguém às outubro 8, 2004 11:51 PM

Podem estar todos a mentir. Não se sabe o que o MRS disse ao PR. Certamente não ficou sempre calado.

Publicado por: Ninguém às outubro 8, 2004 11:54 PM

Também me apeteceu chorar no ombro do Director da TVI. Estavam todos tão comovidos!!

Publicado por: VSousa às outubro 9, 2004 12:59 AM

Proponho um exercício para o fim de semana:
E se a questão estivesse não no que tiraram ao Marcelo, mas no que ele quer e não tinha?
Eu sei que isto é um bocado esfíngico, mas só faz bem dar algum trabalho às células cinzentas...

PS (salvo seja) - Joana, já estava a bocejar quando cheguei ao fim da leitura do comentário, mas valeu a pena só para ler estas onze palavrinhas:
«...às vezes é na voz dos simples que florescem as verdades!»
Acho que devia exercitar mais a sua veia verrinosa. É melhor nisso que na filosofia...

# : - ))

Publicado por: (M)arca Amarela às outubro 9, 2004 02:31 AM

Por lapso o post anterior saiu aqui. Vou copiá-lo para o sítio devido.
Sorry

Publicado por: (M)arca Amarela às outubro 9, 2004 03:01 AM

Mais uma excelente intervenção mas com um erro capital.
Miguel Sousa Tavares não está em Portugal.
Conforme se lembra ele avisou-nos que abandonaria o País se PSL fosse eleito condutor de todos nós.
Assim, graças a um considerável esforço económico o IST desenhou um robot maravilha onde regularmente é inserida uma cassete com os seus comentários vinda expressamente de Paris.
O PCP, coitadinho, anda roído de inveja pois a CasseteCunhal não faz os mesmos maravilhosos efeitos.

Publicado por: Carlos Alberto às outubro 9, 2004 11:23 AM

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