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julho 14, 2004
Desemprego, produtividade e despesa
Em complemento ao meu texto de ontem, queria deixar algumas adendas na intenção de clarificar conceitos que, porventura, ficaram menos claros:
1 Os investimentos públicos têm, no imediato, um efeito dinamizador no nível da actividade económica e no volume de emprego. Todavia esse efeito só é sustentável se essa despesa pública não for feita à custa de um défice orçamental excessivo, nem provocar, pelo aumento das importações induzido pelo aumento do rendimento disponível, um défice excessivo na balança de pagamentos. Portanto, tem um efeito positivo, mas que pode tornar-se ilusório, se não se tiverem em conta os restantes parâmetros macroeconómicos.
O que se verifica pela experiência é que os investimentos públicos não são, por si só, o motor da economia. Vejamos alguns casos:
1 a A New Deal? Roosevelt nunca conseguiu restabelecer o pleno emprego antes da guerra. O boom americano do após guerra deveu-se ao extraordinário aumento de produtividade durante a guerra, quando a indústria americana teve que produzir mais com menos gente (devido ao recrutamento militar). Foi esse boom que gerou o crescimento acelerado da economia e do volume de emprego após o fim da guerra.
1 b O enorme crescimento económico da UE durante as 3 décadas que se seguiram ao lançamento do plano Marshall? Resultou do enorme aumento de produtividade conjugado com um substancial alargamento dos mercados e a ausência de uma concorrência internacional competitiva. Mas, por exemplo, o excesso de intervencionismo na economia britânica levou ao seu declínio, às derrapagens orçamentais, à instabilidade monetária e à revolução Thatcheriana que apostou em menos Estado, num Estado apenas regulador. Mesmo a «terceira via» de Blair é contra a herança keynesiana do voluntarismo da despesa pública.
1 c E onde estão hoje a França e a Alemanha? Incapazes de controlar a despesa pública, com economias estagnadas, sem conseguirem reformar o Estado Social, nem o manterem, embora tentem alimentar, junto dos eleitores, a ilusão de que tal é possível. As políticas públicas podem ser destabilizadoras. Injectar dinheiro na economia pública é como consumir droga: quando acaba o efeito ilusório é preciso mais, cada vez mais.
2 - A teoria keynesiana da propensão marginal ao aforro está errada e os estudos estatísticos demonstram-no. Os agentes económicos determinam os seus comportamentos em termos de consumo e poupança em função da soma actualizada dos seus rendimentos futuros esperados e não na base do rendimento instantâneo. Também há a poupança de precaução que tem a ver com as expectativas relativas à segurança social e sistema de reformas, à evolução do risco de desemprego, etc.. Portanto, parte substancial da formulação teórica básica de Keynes foi contrariada pelos estudos estatísticos posteriores.
3 No que se refere a Portugal, quando aderimos à moeda única, as taxas de juro portuguesas aproximaram-se por essa razão das que vigoravam no núcleo da futura União. Como Portugal era dos países que tinha taxas de juro mais elevadas, foi dos que mais beneficiou com essa descida. Esse factor, por si só, teve uma incidência acentuada na diminuição do défice pela diminuição dos encargos com a dívida pública. Assim Portugal pôde manter, durante os governos de Guterres, uma política orçamental expansionista e, simultaneamente, reduzir o défice orçamental. Determinados investimentos públicos, como o caso das SCUTs, que, sem dispêndio de meios financeiros, geraram imediatamente receitas fiscais volumosas (embora criando obrigações futuras) igualmente ajudaram a nascer a ilusão que esta política era sustentável, apesar do excesso de procura criado por aquela política orçamental gerar por sua vez um défice externo crescente.
O resultado foi, posteriormente, a recessão e o desemprego, com as causas e os sintomas que descrevi ontem aqui.
4 Produtividade
A produtividade, tal como é apresentada nos debates, neste nível de análise, é uma grandeza macroeconómica agregada que tem que ser vista com cautela. Por exemplo, Portugal tem conseguido manter alguma competitividade externa apesar de uma maior inflação e de outros factores negativos decorrentes do excesso de despesa pública. Se a produtividade do sector exportador tivesse aumentado ao ritmo da produtividade da economia portuguesa, já não tínhamos sector exportador. As empresas deste sector tinham falido e estávamos na ruína total. Isto significa que a produtividade do sector exportador aumentou muito mais que a média nacional.
Aliás, o que condiciona o valor da produtividade de um país é a produtividade dos sectores abertos ao exterior. Como a produtividade é medida em termos de capitação do VAB (Valor Acrescentado Bruto), é óbvio que a produtividade dos sectores abrigados do exterior decorre da produtividade dos sectores abertos ao exterior.
Tomemos o exemplo dos cabeleireiros, um sector completamente abrigado do exterior. O custo deste serviço está relacionado com o nível de rendimentos de um dado país, quer no preço da prestação, quer no custo do factor trabalho. O mesmo trabalho é muito mais bem pago em Oslo do que em Lisboa, quer no que respeita à remuneração dos trabalhadores, quer no que respeita ao preço cobrado às clientes. Sendo assim, a produtividade (macroeconómica) do sector cabeleireiro será muito superior na Noruega (o VAB é muito maior, pois os salários e as vendas per capita são muito mais elevados), apesar da produtividade, em termos físicos, ser, mais ou menos, idêntica em Portugal e na Noruega.
Um país é rico e com elevada produtividade quando concorre no mercado internacional com competitividade nas áreas de elevada tecnologia e valor acrescentado. O resto da economia (os sectores mais ou menos abrigados) alinha sempre e necessariamente pela produtividade «macroeconómica» dos sectores abertos, como se viu no exemplo dos cabeleireiros.
Quanto à produtividade do sector público, o seu efeito positivo ou negativo mede-se, de forma indirecta, pelo ónus que isso representa para o sector produtivo. Quanto mais ele custar, para o mesmo serviço que presta, mais dinheiro é cobrado, para o sustentar, às famílias e às empresas, o que faz aumentar os custos no sector produtivo, diminuir a sua competitividade perante o exterior e deteriorar a situação económica do país.
Adicionalmente a sua ineficácia (como a demora da justiça ou a excessiva burocracia, por exemplo) é um factor desmotivador do investimento, interno ou externo, para além de representar um acréscimo de custos no funcionamento das empresas.
Publicado por Joana às julho 14, 2004 09:17 PM
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Comentários
Gostei, concordo consigo!
Continue!
Publicado por: Alves às julho 14, 2004 10:09 PM
Está excelente: claro, rigoroso, embora sucinto.
Publicado por: Novais de Paula às julho 14, 2004 10:24 PM
Quando escrevi "sucinto" não era crítica. Neste caso é uma virtude.
Publicado por: Novais de Paula às julho 14, 2004 10:26 PM
Muito interessante este post.
Parabéns
Publicado por: Rave às julho 14, 2004 10:35 PM
Está tudo dito pela Joana. Excelente artigo.
Publicado por: Fred às julho 14, 2004 11:54 PM
Excelente
Publicado por: Trofa às julho 14, 2004 11:54 PM
Quando se sabe as coisas parecem simples
Publicado por: Rudy às julho 15, 2004 12:00 AM
Texto muito didáctico. Gostei
Publicado por: Hector às julho 15, 2004 12:24 AM
Um texto acessível, compreensível e, até onde percebo, correcto.
Publicado por: Sargão às julho 15, 2004 01:28 AM
Está interessada na pasta da economia?
As Finanças já nãopois têm dono.
Publicado por: SL às julho 15, 2004 01:29 AM
É um convinte sincero.
Eu, quando ando na «nite» só digo verdades
Publicado por: SL às julho 15, 2004 01:30 AM
Tanta lenga-lenga pra justificar a política reaccionária
Publicado por: Cisco Kid às julho 15, 2004 10:58 AM
Concordo absolutamente!
Mais uma vez, excelente!
Ana de Matos
Publicado por: Ana Soares de Matos às julho 15, 2004 11:21 AM
Olá Joana:
O que diz tem toda a razão. Aqui na Alemanha foi-se muito longe no Estado Social e agora não se sabe que volta se pode dar a isto.
Os governos tentam mudar, mas os sindicatos opõem e a barafunda é total
Publicado por: Filipa Zeitzler às julho 15, 2004 03:59 PM
Por exemplo, a Siemens está a negociar a passagem do horário actual de 35 h/semana para as 40h em troca de não transferir 2.000 postos de trabalho para a Hungria.
Publicado por: Filipa Zeitzler às julho 15, 2004 04:02 PM
A Bosch que estava igualmente a pensar transferir uma unidade fabril para a República Checa, está agora a negociar com os sindicatos as diminuições de regalias dos trabalhadores para o não fazer
Publicado por: Filipa Zeitzler às julho 15, 2004 04:04 PM
A Opel nem ligou patavina. O novo modelo vai ser construído numa fábrica a construir na Polónia.
Os trabalhadores daqui ficam a chuchar no dedo.
Publicado por: Filipa Zeitzler às julho 15, 2004 04:07 PM
O pessoal da DailerChrysler está em greve. A empresa prepara-se para transferir 6.000 (!!) postos de trabalho para a África do Sul se não houver acordo com os sindicatos sobre o aumento do horário laboral.
Os sindicatos falam em chantagem. Não é chantagem, é apenas negócio. Se a Joana puder comprar um vestido muito mais barato em Espanha que em Portugal, e se o preço de transporte não for significativo, comprará em Espanha.
Publicado por: Filipa Zeitzler às julho 15, 2004 04:11 PM
Repare que ninguém fala em ir para Portugal. Portugal tornou-se uma carta fora do baralho. Tem uma mão de obra muito cara para a qualificação que tem e tem uma rigidez laboral que afugenta as empresas.
E muitos das que aí estão, pensam na melhor maneira de sair.
E os sindicatos assistem a isso tudo convencidos não sei do quê. O que é que esperam? O quanto pior, melhor?
Publicado por: Filipa Zeitzler às julho 15, 2004 04:15 PM
Interessantes, estas informações da Filipa. Afinal não é só cá.
Publicado por: David às julho 15, 2004 05:04 PM
pois a vida é injusta, mas isso não justifica a imoralidade que é por exemplo a transferencia de postos de trabalho da alemanha para paises que tão de tanga e aceitam trabalhar por tuta e meia. Essa situação só me faz lembrar os fura greves no tempo da revolução industrial. Se houvesse um sindicato mundial dos trabalhadores já não se assistiria a estas situações onde vale tudo. Dizem que portugal tem mao de obra desqualificada, mas alguem me esplica porque é que por exemplo os trabalhadores da volkswagen de palmela ,sendo considerados uma das unidades mais produtivas do grupo não tem salários iguais aos dos operários alemâes?
O mundo económico é realmente complexo mas quanto a mim o problema reside no facto de haver ainda tantas ditaduras no mundo (como na china e em Africa) e no facto de não haver um governo mundial que olhe por todos os povos com o mesmo grau de preocupação.
Publicado por: Luis às julho 15, 2004 08:48 PM
Hoje ao ver o Jornal TV na rtp1, anunciou-se a candidatura de Sócrates durante largos minutes e em alguns segundos, sem imagens de Ferro Rodrigues, disse-se que ele tinha dirigido duras críticas ao Presidente Jorgio Sampaio (o seu antigo amigo)
1) Alguém sabe-me dizer quais foram estas terríveis críticas e porquê?
2) E havendo neste momento 3 candidatos para secretário geral do Ps, porquê os jornalistas afirmam sem quaisquer dúvidas que Sócrates vai ser o boss do Ps?
Obrigado
Ps. Já agora, alguém me sabe dizer porquê o Jorge Sampaio não aceita que nosso nove 1º ministro anuncie na segunda feira (dia importante para o PSD. Sá Carneiro etc.) qual vai ser o seu governo... obrigando o Pedro S.L. a divulgar os nomes dos ministros tão aguardados por todos...
Porventura o PR deve pensar que ainda ha tempo ... ou então estará ele a espera que o PS se reconstitue depois do pontapé dado ao Ferro...
Cumprimentos
Publicado por: Ch'ti às julho 15, 2004 08:55 PM
Muito interessante a opinião alemã... é aquilo que se pode apreciar um pouco por todo lado...
Porquê pagar os empregados portugueses da Volkswagen de palmela ou outras empresas em Portugal com salários mais altos, se estes trabalham assim sem se queixarem e neste momento até contentes de não estarem desempregados?
Os salários baixos ainda são uma forma de não deixar fugir os grupos estrangeiros
mas Leste é cada vez mais atractivo... até para firmas e empresários portugueses
Publicado por: Ch'ti às julho 15, 2004 09:04 PM
Bonito texto tirado dos manuais da biblioteca. Pode-se dizer tudo ao contrário e ter na mesma razão, como sabe! Só não disse o mais importante, é que o capitalismo está falido e esgotado. Tal como tudas as outras teorias económicas. Aí é que está o busilis. E também no facto de agora não haver guerras, só guerrinhas tipo Iraque (os cámones sabem e têm meios...).Mas tem muitos adeptos, pelo que se vê!Tristes, mas tem.
Publicado por: Átila às julho 16, 2004 12:20 AM
ó atila, o capitalismo tá falido o comunismo tá morto e enterrado. Então como é que nos vamos governar? espero que tenhas ideias luminosas já que sabes tanto.
Publicado por: atilakiller às julho 16, 2004 02:14 PM
Jesus morreu
Marx também
e eu próprio já não me sinto nada bem
Publicado por: Ferro às julho 16, 2004 02:44 PM
Atilakiller (deves ser o Vôvô Isaías...)
Olha, para ti é simples, atiras-te da Ponte 25 de Abril abaixo...
Publicado por: Átila às julho 16, 2004 08:50 PM
ó atila a tua resposta vem confirmar as minhas suspeitas. És daqueles que diz mal de tudo e arma-se em chico esperto a dizer que topa tudo. O problema é quando te pedem para dizer algo de construtivo. ´Nesse momento revelas-te em todo o teu esplendor de mediocridade e atavismo.
ps- de vôvô só tenho os meus 31 anos
Publicado por: atilakiller às julho 17, 2004 02:08 PM
Ó Atilakiller,
Não passo cartucho a putos, ainda por cima cretinos.Vai brincar com os meninos da tua idade!
Publicado por: Átila às julho 17, 2004 07:19 PM
pois ó atila a tua inteligencia nem dá para argumentares com putos cretinos.
Publicado por: atilakiller às julho 17, 2004 10:04 PM
A economia é, por um lado, uma coisa que se compreende sem grande dificuldade nas suas linhas gerais, mas que exige, ao mesmo tempo, algum cuidado. É louvável a preocupação de Joana com as questões económicas, mas as coisas não são assim tão lineares como lhe podem parecer.
Durante décadas (e até séculos), alguns países europeus dominaram politica e economicamente graças a enormes vantagens tecnológicas e a uma acumulação de capital que permitiram a chamada revolução industrial. Com o acto suicida a que chamamos Segunda Guerra Mundial, a Europa colocou-se fora de jogo. E agora, com a crescente capacidade técnica e produtiva de países como a China, a Índia e o Brasil, a Europa encontra-se verdadeiramente acossada, a caminho da segunda divisão.
Nem a iniciativa privada nem a intervenção estatal podem, só por si, resolver a questão. Porque o problema não é de liberalismo ou de keynesianismo, mas de competitividade, e a Europa está condenada a perder competitividade. Os problemas da Europa resumem-se a dois: manter ou melhorar o nível de vida dos europeus e eliminar a exclusão social. Objectivos esses aparentemente incompatíveis no quadro liberal globalizante em que vivemos. Com efeito, a esfera económica e a esfera social são concorrentes na captação de recursos escassos. Canalizar fundos para a esfera social significa subtrair esses mesmos fundos à esfera produtiva. Face à concorrência cada vez mais feroz de países menos desenvolvidos, a tentação é canalizar tudo - ou quase - para a esfera produtiva, sacrificando o chamado modelo social europeu. E aumentando assim a exclusão social. Daí as dificuldades não só de países menos prósperos como Portugal, mas também de países como a França e a Alemanha. Por este caminho vamos conseguir adiar um pouco o mais grave da crise, enquanto sacrificamos a esfera do social, mas o dia chegará quando não teremos estado social e não teremos economia. A alternativa, num quadro europeu, seria pegar no mercado de 500 milhões de pessoas que iremos representar, e fechar as fronteiras. Exportando apenas o que fosse necessário para pagar as importações por enquanto indispensáveis, como o petróleo.
Poderá isto parecer uma tontice, mas não esqueçamos que o modelo social europeu foi construido à sombra do proteccionismo. Foi porque as empresas europeias, protegidas, geravam lucros significativos, que foi possível canalizar fundos suficientes para a segurança social. Vínculos laborais estáveis, subsídios de desemprego e de doença, complementos de reforma, tudo conseguido à custa de uma forte rentabilidade empresarial. Com a necessidade de fazer face à concorrência internacional e portanto de reduzir drasticamente os custos de produção, tudo isto é posto em causa. Dada a capacidade europeia de produzir quase tudo o que precisa, o encerramento das fronteiras económicas permitir-nos-ia manter e até aumentar a nossa prosperidade. Mesmo que muitos produtos fossem mais caros na Europa do que noutros países, a nossa prosperidade não seria ameaçada, porque não haveria saída de meios monetários da área económica europeia. Se necessário, até se poderia tornar o euro numa moeda não livremente convertível. E já seria possível canalizar mais fundos para os países menos desenvolvidos da Europa - como Portugal -, para acelerar a sua convergência com a média europeia. Quinhentos milhões de pessoas seriam suficientes, durante alguns séculos, para garantir a prosperidade geral.
Publicado por: Albatroz às julho 18, 2004 11:09 PM
Albatroz: fazendo minhas as suas palavras: « as coisas não são assim tão lineares como lhe podem parecer».
Em primeiro lugar, o grande avanço na prosperidade europeia deu-se nos «30 gloriosos», isto é, nas 3 décadas que sucederam ao fim da II Guerra e das suas sequelas.
Em segundo lugar, a União Europeia é o principal exportador mundial ( e também importador). Portanto não pode fechar as fronteiras. Isso seria um suicídio económico.
A UE tenta manter pautas elevadas para as importações exteriores ao seu espaço. Mas isso tem limites e a UE tem sido obrigada, pelas próprias necessidades do comércio internacional, a estabelecer alguns acordos baixando essas pautas.
A questão é que os países da Ásia Oriental conseguem concorrer no espaço europeu, mesmo com as taxas aduaneiras actuais.
Publicado por: Joana às julho 19, 2004 12:17 AM
A solução é aumentar a qualificação e a inovação tecnológica. Quem estiver à frente nestas áreas goza de vantagens competitivas.
Mas a inovação tecnológica exige avultados investimentos e, ela própria, exige uma forte qualificação. As empresas, no seu funcionamento, têm que ter uma elevada capacidade de autofinanciamento. Precisam portanto de um excedente elevado.
A qualificação refere-se não apenas aos que vão ingressar no mercado de trabalho mas, principalmente, aos que já lá estão. Ora um dos principais incentivos à qualificação é a existência de mobilidade laboral. Não sendo facilitada essa mobilidade, a maioria dos trabalhadores prefere manter-se no ramerrão. Não perdem nada com isso!
Publicado por: Joana às julho 19, 2004 12:19 AM
Outra questão é a da baixa da natalidade. Cada vez somos menos a trabalhar para sustentar mais inactivos. Isso é, directa ou indirectamente, um ónus para as empresas, porque é do tecido produtivo que sai o dinheiro para pagar tudo. Em Portugal, afirmou outro dia Medina Carreira, 60% da população é paga pelo sector produtivo: função pública, pensionistas, diversos subsidiados, etc..
Portanto o Estado Social tem que ser repensado, porque se não for reformado pode, daqui a 15 ou 20 anos, ir à falência. Quanto mais cedo for reformado, menos custos a sua reforma terá para toda a população.
Mas como a sua reforma é impopular, os políticos vão adiando
Publicado por: Joana às julho 19, 2004 12:21 AM
Não tenho os números à mão, mas calculo que, vista a UE no seu conjunto, o comércio externo não deve representar mais do que 10 ou 15% do PIB conjunto. Ou seja, o comércio externo não é vital. E não esqueçamos que, cada vez mais, as empresas europeias têm de deslocalizar a produção, se quiserem vender fora da Europa. E indústrias deslocalizadas podem ser boas para os capitalistas, mas não são grande coisa para quem trabalha. Depois, a grande prosperidade dos países europeus, no pós-guerra, verificou-se antes de 1973, quando o proteccionismo era a regra. Só que esse proteccionismo era de base nacional, e os mercados nacionais eram demasiado pequenos. Um mercado de 500 milhões de consumidores já se podia dar ao luxo de voltar a fechar as fronteiras económicas, criando assim as condições para restabelecer uma prosperidade suficiente para aguentar e alargar o Estado Social (acabando, por exemplo, com a exclusão social de raiz económica). A capacidade inovadora dos europeus podia assim voltar a beneficiar os europeus, sem o perigo de sermos vítimas do "dumping social". É o liberalismo fundamentalista que nos cria problemas, quando visto numa perspectiva global. Num quadro estrictamente europeu já podíamos ser liberais cá dentro e proteccionistas relativamente aos outros países. Mais tarde ou mais cedo vamos redescobrir esta realidade.
Publicado por: Albatroz às julho 19, 2004 07:47 PM
Gosto desblog. Parabéns
Publicado por: Américo às julho 22, 2004 02:58 PM
Queria dizer que gosto deste blog!
Publicado por: Américo às julho 22, 2004 02:59 PM
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Publicado por: texa às fevereiro 28, 2005 01:20 AM