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março 17, 2004
Jornalistas e Sacerdotes
O Sindicato dos Jornalistas defendeu ontem na Assembleia da República a revisão do regime do sigilo profissional dos jornalistas de modo a que estes passem a ter um regime de protecção semelhante àquele de que gozam os sacerdotes, ou seja, total.
Pelo que os jornalistas consideram que a cobertura que fazem dos acontecimentos e as informações que recebem têm as mesmas característica que o múnus sacerdotal no que respeita à confissão dos crentes.
Portanto, quando a Manuela Moura Guedes escancara a boca para os telespectadores está, ao contrário do que a terrificada audiência possa julgar, a recitar uma piedosa homilia no legítimo exercício do seu múnus jornalístico. As fontes fidedignas e anónimas que servem de suporte às suas vociferações são apenas humildes pecadores que resolveram escolher o caminho do Senhor e confessarem os seus (e dos outros) ominosos pecados ao jornalista mais próximo, em sotaina ou à civil.
Quanto aos sacerdotes têm agora a via aberta para concorrerem com os jornalistas no que toca às notícias. Numa primeira, e prudente, fase dedicar-se-ão, durante as homilias, apenas a notícias locais, da sua paróquia:
- Segundo asseguraram fontes fidedignas no meu confessionário, a Dona Gertrudes anda a cometer um pecaminoso e reiterado adultério com o Chico do Cabeço dos Sapos; de acordo com as mesmas fontes, estes pecados já são do conhecimento do home da Dona Gertrudes e aguarda-se um iminente desfecho. No próximo domingo pô-los-ei ao corrente dos novos desenvolvimentos, a menos que os desígnios insondáveis do Senhor levem a que os acontecimentos se precipitem. Se isso ocorrer darei deles notícia na missa (ou missas) de corpo presente do(s) protagonista(s) deste hediondo caso.
Depois, à medida que a capacidade sacerdotal do tratamento informativo se desenvolver e tornar mais abrangente, teremos nas homilias e prédicas de domingo nas TVs, verdadeiros noticiários a concorrer abertamente com os telejornais, apesar do horário não aparentar ser dos mais apropriados. E, quiçá, os horários nobres começarem a transferir-se para as manhãs de domingo pelo incremento inusitado das audiências do pessoal entusiasmado pelas sanguinolentas descrições dos sacerdotes-notícia.
A parenética portuguesa vai sofrer uma reviravolta drástica, não apenas a parenética até agora circunscrita ao múnus sacerdotal, como a nova parenética jornalista que emergirá destes novos conceitos defendidos pelo Sindicato dos Jornalistas. Quem sabe se os sermões da Manuela Moura Guedes não se tornarão um clássico, não da literatura, obviamente, mas do audiovisual. Porque ouvir aquelas prédicas sem lhes visualizar a origem, aquela boca magnífica que ocupa dezenas de polegadas em qualquer televisor, por pequeno que seja, é perder 99% do impacte e da quantidade artística.
Publicado por Joana às março 17, 2004 07:58 PM
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Comentários
Se o sindicato dos jornalistas, não conseguir ver aprovado este magnífico projecto, têm ainda uma alternativa que não pode falhar:
- irem fazer o curso sacerdotal !
até que a manelinha devia ficar gira...com o hábito de freira.
Publicado por: Templário às março 17, 2004 08:40 PM
Falando agora mais a sério, eu não tenho acompanhado essa acção desenvolvida por esse sindicato, como tal, eu julgava que o Estatuto de Jornalista já os protegia muito, e devido a ele, eu via e ouvia mentiras do tamanho do mundo, ou seja..afinal que mais haverá a proteger ?
Ou dito por outras palavras, afinal a que nível, querem eles ter direito de destruir pessoas, vidas privadas, carreiras, etc. Será que na senda do terrorismo, querem também fazer gosto ao dedo ?
Não lhes chega já os estragos que causam ?
Publicado por: Templário às março 17, 2004 08:49 PM
Li isso no Público. Os jornalistas não têm a noção da sua verdadeira posição e dos limites que a informação deve ter. Julgam-se acima dos outros mortais.
Publicado por: Nereu às março 17, 2004 09:26 PM
Será que os tipos da TVI julgam que a Manela aumenta as audiências? Acho que estão enganados.
Se não estão, o melhor é fugir do país!
Publicado por: Gros às março 17, 2004 10:10 PM
O governo quer é destruir a liberdade de imprensa à conta do caso da Casa Pia.
E depois aparece esta tipa com estes escritos a atirar o barro à parede
Publicado por: Cisco Kid às março 17, 2004 11:50 PM
A Joana apanhou bem esta ridícula exigência do Sindicato dos Jornalistas. Está feito com espírito!
Publicado por: Hector às março 18, 2004 12:01 AM
Andei a ler uma data de artigos da joana come as papas na cabeça dos tolos e respectivos comentários e cheguei à conclusão que há um monte de tontos que escreve sem saber ponta dum chifre daquilo que fala e um monte quase tão grande de lambe botas que beija o traseiro à joana escreva ela os disparates que escrever. O Hector é um deles e é talvez o mais sério candidato a presidente honorário dos lambe botas.
Publicado por: Bocejo às março 18, 2004 01:27 AM
Pró Bocejo
Boceje lá uns comentários seus, e exponha suas ideias, homem !
Ou será que é jornalista ?
Publicado por: Templário às março 18, 2004 12:02 PM
Templário: tirou-me as palavras da boc!
Publicado por: Hector às março 18, 2004 01:51 PM
Templário: tirou-me as palavras da boca!
Publicado por: Hector às março 18, 2004 01:51 PM
Cara Joana,
Nós vivemos na sociedade do espectáculo. A morbidez, o sangue, as audiências, tudo isto temperado com uns BB's e umas telenovelas são o alimento da alma lusitana.
Os artistas têm que ser protegidos.
Mais alto do que a ética e a moralidade cívica, falam as receitas publicitárias.
Publicado por: Paulo às março 18, 2004 05:21 PM
O Paulo tem razão. Agora não vejo é a necessidade para esses espectáculos de morbidez e sangue os jornalistas ficarem comparados aos sacerdotes
Publicado por: Rave às março 18, 2004 06:43 PM
Concordo com esta sua blague sobre a pretensão do Sindicato dos Jornalistas.
Você, quando se despe da política de combate e se limita a criticar os costumes e as incongruências da nossa sociedade tem normalmente piada e cria imagens interessantes.
Publicado por: Vitapis às março 18, 2004 10:14 PM
Bocejo: Julgo que você, para ilustrar a sua "conclusão que há um monte de tontos que escreve sem saber ponta dum chifre daquilo que fala" desempenhou um papel tão perfeito que se tornou o exemplo mais acabado do tipo de comentador que descreveu.
Publicado por: Joana às março 19, 2004 12:04 AM
Havia um jornalista da RTP, muito conhecido dos telejornais de antes do 25 de Abril, que confessava que o que gostava era de fazer reportagens religiosas.
Publicado por: Ricardo às março 19, 2004 09:10 AM
Havia um jornalista da RTP, muito conhecido dos telejornais de antes do 25 de Abril, que confessava que o que gostava era de fazer reportagens religiosas.
Publicado por: Ricardo às março 19, 2004 09:10 AM