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outubro 04, 2003
Mídia-dependência
O país, ou melhor, a comunicação social e os mídia-dependentes (nomeadamente os políticos), estão ávidos de informação. Tudo é esmiuçado até ao mais ínfimo pormenor. A DGS decidiu que vão ser analisadas com a máxima profundidade todas, e uma a uma, as certidões de óbito emitidas a partir de 1 de Julho.
Se restarem dúvidas, é óbvio que se prefigura uma medida imprescindível para a prosperidade do país - exumarem-se os corpos de todos os falecidos naquele período e entregá-los à observação detalhada dos Institutos de Medicina Legal.
Aliás, a informação é preciosa neste domínio: a televisão declarou que a falta de informação sobre o calor provocou muitas mortes. As pessoas estão de tal maneira dependentes da informação que só notam os factos depois de serem informados dos mesmos. Sem essa informação prévia nada feito. Estou a ouvir um pastor de Oleiros, 45º à sombra, a contestar agastado: calor? Não sei de nada. Aqui na serra não temos televisão.
Assim, se a minha casa estiver a arder e eu tiver cometido a imprudência de ter desligado a TV, ou de ter sintonizado o Canal Hollywood, as labaredas consumir-me-ão enquanto eu, tranquilamente desinformada, não esboçarei qualquer tentativa de apagar o fogo, ou mesmo de fuga.
Incapazes de resolvermos os problemas, impotentes após gerações de desleixos e incúrias, descobrimos a nossa especialidade: dissecar os resultados, reais ou imaginários, dos nossos desleixos.
Somos uma espécie de sociedade só com médicos legistas. Não fazemos profilaxia nem tratamos as maleitas, mas realizamos análises post-mortem com todo o rigor.
18 de Agosto de 2003
Publicado por Joana às outubro 4, 2003 12:01 AM
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Comentários
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Publicado por: Elisha Tyesha às julho 15, 2004 05:58 PM
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Publicado por: riuse às julho 15, 2004 06:59 PM