Hervé Gaymard, ministro das Finanças francês, que sempre tentara dar de si mesmo uma imagem pública de modéstia, alugou um luxuoso apartamento, com 600 metros quadrados, junto aos Campos Elísios, com uma renda mensal de 14 mil euros, paga pelo erário público. As obras de remodelação do apartamento, para permitir a instalação do casal e dos seus 8 filhos, também pagas pelo Estado, custaram 150 mil euros.
Hervé Gaymard não cometeu nenhuma ilegalidade. Todavia cometeu dois erros políticos calamitosos. Numa época de austeridade em França, com uma taxa de desemprego que atingiu 10% e com uma enorme crise nas finanças públicas, que obriga a medidas severas de contenção da despesa, e quando, perante a UE, a França não cumpre os limites do PEC e argumenta que esse incumprimento resulta das reformas necessárias para pôr a economia a funcionar de forma a tornar as suas finanças saudáveis e sustentáveis, é uma machada na credibilidade da política francesa, no quadro europeu, e da política do governo, no quadro interno, um gasto tão exorbitante, feito pelo próprio ministro das Finanças.
O 1º Ministro Raffarin apressou-se a estabelecer regras para a despesa com alojamento de ministros: o Estado não poderá a seu cargo um alojamento que exceda uma superfície de 80 m2, mais 20m2 por menor a cargo (que aliás, também não serviriam para Hervé Gaymard, pois apenas tem 8 filhos ...). Hervé Gaymard apresentou hoje a sua demissão, após 3 meses no cargo. Mas o mal está feito. Não é possível praticar uma política de austeridade sem os promotores dessa política mostrarem continência nos seus próprios gastos, quando pagos pelo erário público. Não é possível pedir compreensão nas instâncias europeias, se se dá um exemplo de um gasto sumptuário.
Para agravar a situação e tornar o caso mais caricato, soube-se que, entre os bens do casal, figura um apartamento de 200 m2, no boulevard Saint-Michel, em Paris.
Chirac terá agora que nomear um novo ministro das Finanças. Será o quarto no espaço de um ano. A vida não está de feição para os ministros franceses das Finanças.
Não entendo a surpresa. a necessidade da austeridade nunca é técnica, é sempre política. As políticas de austeridade destinam-se a que alguns possam continuar a viver no luxo, e por isso a austeridade é sempre, por definição, para os outros..
Neste momento já deve haver candidatos, na nomenklatura francesa, ao tal apartamento de 600 metros quadrados. Sejam mais discretos, é o que se lhes deseja. E se os novos ocupantes vierem dos heróis da economia em vez dos vilões da política, podem ter a certeza que, mesmo continuando o contribuinte a pagar, o escândalo não se repetirá.
Zé Luiz em fevereiro 26, 2005 11:54 AM
A apetência por cargos políticos de figuras ligadas ao poder económico, (Ex. Mexia e Pinho) é uma coisa que me assusta, assusta-me porquê?
Porque eu não entendo (ou não quero entender) como é que deixam as empresas, onde ganham fortunas, para vir "até à política" ganhar os magros salários de ministros.
Os francius coitaditos ainda têm muito que aprender cá com os tugas, e é por isso, que qualquer politico português, ganhando 10 vezes menos tem 3 vezes mais de riqueza.
Comment vous faites ?
Simples: Pagamento ao KM até Lisboa.
Je ne comprends pas...
Moram todos fora de Lisboa, em Trás-os-Montes, Porto, Algarve, Alentejo. Depois têm que lhes pagar ao KM, ganham assim uma pequena fortuna.
Afixado por: Templário em fevereiro 26, 2005 03:33 PMGrande Alberto !!!
É o maior não dúvidas !
SIC dá a notícia Bombástica... Alberto João está contra o PSD Nacional...
Ouvi o homem, e de facto é tempo destes jornalistas começarem a perceber português, pois Alberto João disse que estva contra o PSD do Continente.
E mais.... que não era este o PSD dele, o PSD dele era o de Sá Carneiro Social-Democrata, e acabou frisando que era contra os Liberalismos e os Cavaquismos !!!
Grande Alberto...os jornalistas afinal é que são uns toscos !
Afixado por: Templário em fevereiro 26, 2005 08:17 PMCara Joana e demais comentadores;
Foi por uma situação semelhante que não perdoei aos Srs e Sras da coligação PSD/CDS que nos governaram (desgovernaram?) nos últimos três anos.
Então o discurso oficial foi que a situação do país exigia uma tanga e grandes sacrifícios para recuperar a riqueza perdida nos tempos do PS (o que em rigor foi verdade), Ok, eu como portuga bem comportado e cívico aceitei os sacrifícios que me pediam.
Começo então a ver situações inadmissíveis como por exemplo o Ministério da Defesa a desbaratar dinheiro com submarinos e fragatas e contratos de leasing para financiamento da actualização das FA quando o país estava a arder por falta de meios e de empenho dos homens da paz (Aqui a profissionalização era bem vinda) e demais organizações (com excepção dos privados que combatiam? o fogo); quando se abandonavam as empresas portuguesas à sua sorte e, por exemplo, as empresas espanholas são apoiadas pelo estado pelo estado espanhol (e portuguÊs nas obras públicas); pelo cheque em branco passado ao Sr. Alberto João, quando aos portugueses do continente eram exigidos mais e mais sacrifícios.
Outras situações poderiam aqui ser indicadas, mas fico por aqui para não vos maçar mais.
Alves
Afixado por: Alves em fevereiro 26, 2005 09:54 PMAlves: uma coisa é saber se uma política de armamento está correcta ou não.
Outra é usar o dinheiro para proveito próprio
Cada ano o país tem mais meios de combate aos fogos. Cada ano os fogos são maiores.
O Alves ainda não percebeu que o problema é a não limpeza das florestas, a começar pelas do Estado?
Caro David,
Nos montes algarvios da minha sogra, todos os anos são lavrados os terrenos, pois no ano passado ardeu tudo até à sua porta de casa, inclusive o galinheiro que distava apenas três metros da sua porta, fique sabendo que NINGUÉM lá apareceu (leia-se bombeiros) à porta, com excepção de dois soldados da GNR que obrigaram as duas famílias que lá vivaim a abandonar o monte e deixar as suas casas indefesas , o fogo queimou o que quis.
Como vê, não podemos acreditar em tudo o que os media difundem.
Mais lhe digo, na Arrábida o fogo tudo queimou e passeou por onde lhe apeteceu (leia-se por onde o vento o levou) os bombeiros estavam impotentes (poucos meios e pouca experiência e saber no combate a sinistros daquela amplitude).
portanto, resumindo, para o governo foi mais importante GASTAR dinheiro em submarinos do INVESTIR e criar uma esquadrilha de aviões de combate a incêndios.
todos os países com uma mancha florestal consideravel a têm, porque é que nós não temos??
Se o dinheiro é escasso, por que não investir o pouco que temos para proteger uma riqueza nacional que é a floresta?
O teor do meu comentário anterior estava relacionado com a austeridade que é pedida e o esbanjar do $$ público por parte dos governantes.
Alves
Eu falei na limpeza e desmatação (tirar o mato) que é coisa que agora poucos fazem. Já viu mato a arder?
Afixado por: David em fevereiro 27, 2005 12:50 AMAlvez não se pode perder o know-how de submarinos
é SÓ o meio mais importante de dissuação que temos. Seria um desperdício de dinheiro parar e comprar mais tarde.
Ninguém tem 5 anos para comprar e treinar uma esquadrilha de submarinos em caso de conflito.
Vai-se para a guerra com o que se tem.
Se me dissesses que tínhamos 5 e passamos a ter 8 concordaria contigo mas tinhamos 2 com 30 anos que já deviam ter sido substituídos.
Quanto aos incêndios: a falta de eficácia está ligada ao facto dos bombeiros terem sido integrados na protecção civil e das guerras intestinas que houve por causa disso.
Não esperes muitas melhoras.
Afixado por: l,ucklucky em fevereiro 27, 2005 01:11 AMÀs vezes chego a pensar que devia haver um capítulo específico, integrado na disciplina de aprendizagem cívica do Ensino Secundário, de defesa nacional em geral, e de defesa nacional militar em particular. Afinal de contas, porque não ?
Afixado por: asdrubal em fevereiro 27, 2005 02:36 AM
O PS e os "cortes" à vista, ehehehe ! Ó Deus nos acuda ...
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« (...) Quanto às capacidades na Defesa, deverá ser urgentemente alterado o modelo de Forças Armadas que está a ser implantado - característico do passado -, transformando-o num modelo ágil (em vez de pesado), ajustado às necessidades estratégicas com que nos defrontamos hoje e no futuro visível, quer nos espaços de interesse estratégico imediato e próximo, quer nos afastados (e não a necessidades estratégicas da guerra fria), e racionalizado (atendendo de forma rigorosa às prioridades).
Isto exigirá a resolução dos problemas que paralisam as Forças Armadas (pessoal, militar e civil, e orçamentos de funcionamento e de manutenção), a rearticulação dos seus comandos e dispositivos com vista à respectiva racionalização, e a revisão da Lei de Programação Militar. Nesta, deverão ser cancelados os programas de segunda prioridade (e dispendiosos) - segunda esquadra de F16 e respectivo improvement, substituição dos P3 e substituição dos submarinos. E acelerada a execução dos restantes programas, nomeadamente patrulhões (incluindo antipoluição), navio polivalente logístico, transporte aéreo táctico e estratégico, busca e salvamento, radares de defesa aérea, helicópteros para o Exército, substituição das viaturas blindadas de rodas e das espingardas G3, e estabelecimento de sistemas antiaéreos para a defesa de áreas sensíveis.
Neste primeiro e urgente esforço, deverá ainda ser revista a legislação de segurança e militar, como a Lei de Defesa Nacional.
É indispensável um esforço de todos. A começar pelos responsáveis políticos. Com demagogia, tibieza e falta de lucidez e de espírito patriótico, não será possível afastar as graves ameaças que se colocam à nossa independência nacional. Só com verdade, coragem, visão do interesse nacional e patriotismo, haverá possibilidade de o conseguir. Todos seremos julgados pela História».
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General Loureiro dos Santos ("Público";27-02)
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Este era o tipo que escrevia, quando o governo quis reformar a RTP, que estava a pôr em causa a soberania nacional?
Afixado por: Coruja em fevereiro 27, 2005 10:29 AMOs bombeiros também já se constituiram em interesses corporativos!!
Afixado por: Coruja em fevereiro 27, 2005 10:33 AMSó faltam os arrumadores
Afixado por: AJ Nunes em fevereiro 27, 2005 10:43 AMCaro David,
Já estive "sitiado" pelo fogo no concelho de Oliveira do Hospital e devo dizer-lhe que não gostei da experiência, só a tolerei porque tinha o rio Alva por ali perto...
Coitado do Hervé. Ele tem 8 filhos. Não há piedade pelas famílias numerosas?
Afixado por: bsotto em fevereiro 27, 2005 01:43 PMCoitado do Hervé. Ele tem 8 filhos. Não há piedade pelas famílias numerosas?
Afixado por: bsotto em fevereiro 27, 2005 01:43 PME que tem todos voces a ver com isso. E o que se diz aki fora, so concovelhice nesse pais.
Afixado por: Me_Titus em fevereiro 27, 2005 02:33 PMJoana em novembro 28, 2003 07:43 PM |
Portanto, nós temos uma nobre filosofia de vida que nos tem dado muita felicidade interior, permitido mais de 9 séculos de história (se incluirmos o Conde Henrique e a Teresa) e na qual nos empenhámos (*) muito, muitíssimo, que desejaríamos imenso partilhar com outros, mas que é infelizmente impossível. Alguém tem que pagar! Debitor non est sine creditore!
Claro que pagaremos... no problem, o que inventámos é formas de pagamento mais suaves... e Os liberais, se pensassem bem sem desorientações... perceberiam que, quando chegarmos ao ponto de negociarmos contratos a 80 anos, ou seja pelos nossos netos que ainda hão-de nascer, resolverão assim o problema do Aborto !!!
Afixado por: Templário em fevereiro 27, 2005 05:22 PMAinda falam de Portugal!
Afixado por: censor em fevereiro 28, 2005 12:51 AMEm França consegue ser pior
Afixado por: censor em fevereiro 28, 2005 12:52 AMEm França consegue ser pior
Afixado por: censor em fevereiro 28, 2005 12:52 AMJá agora, convem comentar o efeito deletério para a sociedade que tem o facto de o Estado subsidiar a renda do senhor Gaymard até ao montante que ele deseje. Evidentemente, isto tem o efeito de fazer subir as rendas, pois os proprietários dos apartamentos estão sempre na expetativa de encontrarem um Gaymard qualquer que lhes alugue o apartamento por um preço arbitrariamente alto.
Em Portugal, creio, passa-se uma coisa análoga com os subsídios de renda concedidos aos juízes. A Joana sabe confirmar?
Afixado por: Luís Lavoura em fevereiro 28, 2005 09:39 AM"Assessores de Santana Lopes custam 1oo mil euros por mês"..." O ordenado mais elevado é o Teresa Alexandra Pires Marques Leitão Abecasis, adjunta de Pedro Santana Lopes, que auferia 7735 euros (brutos e com despesas de representação)."..."Esta assessora trabalhou apenas dois meses no gabinete do primeiro-ministro, porque ao fim deste tempo entrou em licença de maternidade."
In Público
Cá como lá...a mesma trampa!
Isso de ordenados dos políticos, em França deve ser muito pior.
Afixado por: bsotto em março 3, 2005 09:54 AM