Em 1879!
Não é de agora que se sabe que a Constituição é um empecilho!
A legenda em baixo diz (a gravura foi muito reduzida):
- Vês como lhe atiro e não lhe faço mal?
- Pois sim! No meu tempo também fiz o mesmo, mas não lhe atirava de costas ... atirava-lhe do telhado.
Mariano de Carvalho (de pé) era Director do Diário Popular, jornal da oposição até às eleições de Julho de 1879. Mariano de Carvalho notabilizou-se pela violência das controvérsias em que se envolveu. Tornou-se membro do Partido Progressista, quando este foi criado pelo pacto da Granja, pela união dos Históricos e dos Reformistas (onde M.C. militava). Quando esta gravura foi publicada, no Antonio Maria, 9 de Outubro, o Partido Progressista estava no governo, e Mariano de Carvalho era pró-governamental.
Rodrigues Sampaio, então na oposição, está sentado em cima do Revolução de Setembro, jornal que publicou, até passar à clandestinidade, durante a revolta da Maria da Fonte. Publicou depois o Eco de Santarém e a seguir, sempre durante a Patuleia, o célebre Espectro (a partir de Dezembro de 1846), o jornal mais procurado do país. Rodrigues Sampaio todos os dias mudava o seu artesanal equipamento de impressão de um local para o outro. O Espectro era distribuído clandestinamente e aparecia, inclusive, em cima das secretárias de políticos e membros do governo.
À frente da Constituição está a figura do Rei D. Luís.
Nota: A identificação dos políticos caricaturados por Bordalo é de responsabilidade caseira. Se alguém discordar das identificações que faço, quer das anteriores, quer de outras que irei colocando aqui de vez em quando, que o diga. Se, quem quer que me leia, identificar alguns personagens caricaturados, cujo nome eu tenha omitido, que o escreva, que é bem vindo.
Olha, vem a propósito com outra leitura. O Amaral da AR é o do canhangulo e a tua amiga ministra da educação está prestes a levar uma chumbada, coisa que já lhe deviam ter dado há muito tempo por incompetência.
Afixado por: Átila em janeiro 7, 2005 10:11 PMBoa ideia. É interessante revivermos estas coisas
Afixado por: Ant Curzio em janeiro 7, 2005 10:59 PMTiros na Constituição é do que precisamos
Afixado por: Coruja em janeiro 7, 2005 11:48 PMQuando os politicos não sabem o que fazer, vai tiros na Constituição, pois ela é a culpada a Cabra !
Afixado por: Templário em janeiro 8, 2005 12:14 AMExcelente gravura
Afixado por: Ronaldo em janeiro 8, 2005 02:43 AMAi MT... MT...
Afixado por: (M)arca Amarela em janeiro 8, 2005 03:46 AMAs caricaturas daquele tempo eram verrinosas
Afixado por: J Mendes em janeiro 8, 2005 10:06 AMLá teremos, outra vez, o esquema da «alternadeira». E um povo que votará maioritáriamente nos únicos partidos que o martirizam. Gosta. Dê-se-lhe.
Eu não voto.
Eu dava um tiro,mas de frente e cheio de chumbos
Afixado por: Jarod em janeiro 8, 2005 04:44 PMTal era o desprezo pelo rei que mesmo a dar-lhe um tiro estava de costas!
Afixado por: AJ Nunes em janeiro 8, 2005 06:15 PMLeiam o texto e façam um desenho, se possível, com o talento de Bordalo Pinheiro ...
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Por VASCO PULIDO VALENTE
Sábado, 08 de Janeiro de 2005
«Não se percebe este alvoroço universal com as listas para deputados. Desde logo, é indiferente quem eles são ou deixam de ser. O eleitorado não vota pelo sr. A, "cabeça de lista", que não conhece ou conhece mal, ou pelo sr. B, nº 7 ou 17, cuja existência ignora. A seguir, em S. Bento, os candidatos que forem eleitos terão o único dever de se levantar, ou não levantar, segundo ordens superiores. Só por um estranho hábito tribal, a mesma gente que chora e lamenta a sua insignificância e o seu servilismo se interessa, no grande momento da confecção das listas, pela sua identidade. Há ainda, neste capítulo, outro ponto a considerar: em grosso, uma pessoa que aceita um lugar no Parlamento (e não se demite no minuto seguinte) prescindiu, por força, de qualquer honestidade e do simples respeito por si própria. Foi contratada para esconder a sua opinião, apoiar o que desaprova e não fazer perguntas. Ninguém, no seu juízo, se moverá por tropa assim.
Claro que a comédia das listas, principalmente agora e principalmente no PSD (e também um pouco no PS) tem alguma graça. A atracção fatal de Santana por personalidades do submundo dos "famosos" revela bem a essência do homem. E os mesquinhos cálculos de Sócrates dão uma ideia muito exacta da mercearia (e da vingança) "socialista". Mas sobretudo o exercício demonstra exuberantemente a artificialidade do sistema político português. No PSD, o chefe atafulha à vontade as "listas" com a sua seita. No PS, é atribuída ao chefe uma quota privada de 30 por cento. E no CDS, o chefe escolhe o pequeno número de "elegíveis". De facto, em conjunto, os chefes pessoalmente nomeiam metade da Assembleia da República, que, por inadvertência, a Constituição descreve ainda como órgão de soberania. A isto se chama, em Portugal, um Estado democrático.
De qualquer maneira, este Parlamento não promete. Em 20 de Fevereiro, quem se dispuser ao cívico sacrifício de votar sabe de ciência certa que não mudará coisa nenhuma. Para mudar alguma coisa, como se vai tornando cada vez mais claro, é preciso primeiro mudar o regime. Uma verdade por enquanto proibida».
Afixado por: asdrubal em janeiro 8, 2005 06:43 PMEstá bem visto
Afixado por: Nereu em janeiro 8, 2005 07:16 PMNem mais um deputado para S.Bento!!!
República Popular... Já!!!
Afixado por: em janeiro 8, 2005 09:08 PMÉ assim mesmo, em política(na nossa pelo menos), quando não se tem categoria, ou não se pode fazer o que demagogicamente se promete, há duas situações que podem acontecer...
Uma é fugir, outra é dizer que a culpa é da constituição!
Pois, amigo Oliveira, a Constituição é boa para aqueles que querem viver no asilo do funcionalismo público do estilo da antiga Europa do Leste. Depois quando chegarem à miséria acontece-lhes o mesmo. Emigram e começam a trabalhar.
Afixado por: Coruja em janeiro 9, 2005 01:17 AMasdrubal em janeiro 8, 2005 06:43 PM
Tem razão VPV: "Para mudar alguma coisa, como se vai tornando cada vez mais claro, é preciso primeiro mudar o regime". O problema é que ninguém se esforçou ainda por pensar na forma que um novo regime deveria ter. Baralhar para dar de novo não chega. A mudança terá de ser radical e terá, sobretudo, que nos livrar da ditadura dos partidos políticos, essa praga que nos infecta desde 1820.
Afixado por: Albatroz em janeiro 9, 2005 10:16 AMAfixado por: online em fevereiro 13, 2005 02:44 PM